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Abusam, humilham<br />
Tiram a gente de louco<br />
Me matam todo dia mais um pouco<br />
[...]<br />
À margem de tudo a gente marcha<br />
Pra manter-se vivo<br />
Respirando nessa caixa<br />
Eu quero mais<br />
Eu vou no desdobramento<br />
Nem que pra isso eu tenha que formar um movimento<br />
E agora é apertando o comando no empoderamento<br />
O mar da contestação é sempre navegado pelo rap. Recentemente, uma ação<br />
conjunta da comunidade do rap me chamou a atenção e, acredito, é parte desse<br />
diálogo com o tombamento. Um encontro musical entre seis rappers — Drik<br />
Barbosa, Amiri, Rico Dalasam, Muzzike, Raphão Alaafin e Emicida — diz:<br />
Eles querem que alguém<br />
Que vem de onde nóis vem<br />
Seja mais humilde, baixa a cabeça<br />
Nunca revide, finja que esqueceu a coisa toda<br />
Eu quero é que eles se...!<br />
“Mandume”, que é o título dessa música, não surpreende apenas pela letra,<br />
mas também pelo pensamento de coletividade, pois JUNTOS (em maiúsculas<br />
mesmo) eles cantam sobre tudo aquilo que os aflige, colocando a poesia a<br />
serviço do empoderamento. A frase que aparece no início do clipe é: “Sobre<br />
crianças, quadris, pesadelos e lições de casa”.<br />
Todos esses cantores são apenas exemplos de um movimento que se inicia e<br />
que percebi dentro da minha própria casa, com minha esposa. Eu mesmo ouvi<br />
recentemente que sou da geração tombamento.<br />
A questão racial sempre esteve presente na vida de Taís. Talvez por ter<br />
começado jovem na televisão e, consequentemente, se tornado cedo uma pessoa<br />
pública, ela encarou muitos comentários e atitudes ofensivos. Os pais de Taís,<br />
economista e pedagoga (atualmente aposentados), se preocuparam em oferecer<br />
uma estrutura financeira confortável e vigilância constante.<br />
Tenho falado pouco de Taís porque, principalmente nesse assunto, ela tem<br />
uma voz que é só dela. Por respeito, e até mesmo por uma questão ética, eu não<br />
quis falar por ela. Neste livro, com relação a Taís, eu falo como um observador