38 EDUCAÇÃO FEEDBACKS LEVAM AO SUCESSO NO EMPREENDEDORISMO “EU QUIS DIZER, VOCÊ NÃO QUIS ESCUTAR...”. É com este trecho clássico dos Paralamas do Sucesso que início esta pequena reflexão sobre escuta, feedback, coragem e comprometimento. Provavelmente você sabe, mas vale reforçar: um dos gaps de (quase) todos ambientes corporativos é comunicação entre pessoas, com feedbacks inadequados, em momento inoportuno ou a própria resistência a eles. É a falta de prática que leva à (im)perfeição desta poderosa ferramenta de desenvolvimento chamada feedback. Pode ser colaborador, gestor, estagiário, empresário, tanto faz. Independente do cargo, pessoas tendem a reagir mal ao que elas desconhecem. E, muitas vezes, elas não conhecem nem a si mesmas, portanto, um dos pilares do desenvolvimento é autoconhecimento. Eu diria que além de fundamental, ele é um processo contínuo de “autoindagações”: quem eu sou? O que eu quero realmente? Estou aberto à mudança, à crítica? Costumo sempre dizer que todos nós somos empreendedores individuais, sabemos nossos compromissos, demandas, entregas, mas, por outro lado, nos perdemos no individualismo e na prepotência de pensar que já sabemos o suficiente. Seres humanos que falam, falam, mas que nunca escutam. Crítica? Sugestão de melhoria? Feedback? Nem pensar. Sem tempo, irmão! E estamos diante do pecado mortal da maioria dos profissionais: a falta de humildade e adaptação às mudanças. Quanto menos somos dispostos a ouvir e aprender, mais cedo nos tornamos inflexíveis, arcaicos, obsoletos nos nossos espaços de trabalho. Ok que existem feedbacks que colegas de trabalho e amigos nos dão que podem estar carregados de emoções e outras variáveis. Mas sermos cabeça dura e batermos sempre o pé que estamos corretos pode bloquear nosso sucesso. Não é vergonha nenhuma mudar de ideia ou assumir fracassos. Converse com empreendedores de sucesso e verá que mudaram de ideia várias vezes ao longo do percurso até encontrar o caminho ideal. Para nos mantermos no jogo, precisamos de aprendizado constante. E, certamente, se você tem essa possibilidade, você já pode se considerar privilegiado. Busque cursos, ferramentas gratuitas disponíveis, leia muito (e não só na internet!). Não tem desculpa para não ter autoconhecimento, basta ter organização e disciplina para lançar mão do que está à disposição. Em tempo, além do aprendizado contínuo, a escuta, sim, com ela que comecei esta retórica. E, além de refletirmos com atenção tudo que nos dizem, precisamos também ir atrás de feedbacks quando eles não surgem espontaneamente. Pergunte às pessoas de sua confiança o que acham de uma ideia ou de uma atitude sua. Pode ser que você se surpreenda positivamente ou fique chocado com o que escutar, mas tanto faz, o importante é ser resiliente e reflita sobre as informações que recebeu. Pedir feedbacks, principalmente no papel de empreendedor, encoraje as pessoas ao seu redor a fazerem a mesma coisa. Crie ambientes de transparência e confiança na sua empresa. E esteja de fato disposto a evoluir e a mudar de ideia e de atitude. Brené Brown, que tem várias palestras no TED e até Netflix, afirma que “é preciso coragem para ser imperfeito. Aceitar e abraçar as nossas fraquezas e amá-las. E deixar de lado a imagem da pessoa que devia ser, para aceitar a pessoa que realmente sou.” A partir disso, a dica é criar uma rotina de conversa sincera, despida de resistência e desfrute de ambientes onde todos jogam juntos, por uma causa maior, um propósito em comum. Uma gama de ferramentas tem surgido para facilitar a vida dos profissionais e apoiar no desenvolvimento de pessoas que desejam construir juntas uma cultura forte, de conhecimento e trocas contínuas. Empreendedores, empresas, colaboradores, só crescem quando se reciclam constantemente, aprendem, ensinam, trocam e aceitam suas vulnerabilidades. Finalizo este artigo com mais uma frase de Brené Brown que define este ambiente que queremos, e devemos nos comprometer a criar: “Precisamos que as pessoas sejam mais corajosas, e precisamos criar uma cultura que permita a coragem”. BOX DE DICAS INTRAEMPREENDEDORISMO E FEEDBACK • ANTES DE ENCORAJAR AS PESSOAS A DISTRIBUÍREM FEEDBACKS, ENCORAJE-AS A PEDIREM. O PRIMEIRO PASSO PARA MUDAR ESTA CULTURA NEGATIVA É ENTENDER QUE PRECISAMOS DO OUTRO PARA NOSSO DESENVOLVIMENTO. PEÇA FEEDBACK! • UM FEEDBACK POR DIA NÃO FAZ MAL A NINGUÉM. TORNE ISSO UM HÁBITO! • ESCUTE SEM MODERAÇÃO. NOSSO PODER DE INFLUÊNCIA É DIRETA- MENTE PROPORCIONAL À CAPACIDADE DE ESCUTA. • QUANDO ENTRAR EM UM DIÁLOGO, PERMITA-SE QUESTIONAR AS PRÓPRIAS CONVICÇÕES. • EMPRESAS NÃO CONTRATAM PESSOAS APENAS PARA EXECUTAR O TRABALHO, PRECISAM DELAS PARA MELHORAR RESULTADOS E DE- SENVOLVER A ORGANIZAÇÃO, ENTÃO, TORNA-SE VITAL QUE AS PES- SOAS TENHAM VOZ E SEJAM OUVIDAS. • VALORIZE OS “SINCERICIDAS”! SIM, ELES TÊM UM PAPEL IMPOR- TANTE NA ORGANIZAÇÃO. • VALORIZEM TAMBÉM OS INQUIETOS E INCONFORMADOS - ESTAS SÃO CARACTERÍSTICAS DE PESSOAS EMPREENDEDORAS. CESAR ROSSI é CEO e co-founder do grupo BWG – um dos principais players do mercado nacional de RH e Comunicação Corporativa no segmento de tecnologia aplicada a gestão de pessoas.
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