edição de 3 de fevereiro de 2020

agências
Haus tem duas trans no time e
ganha selo de “empresa de respeito”
Holding assinou compromisso com a consultoria Transcendemos;
iniciativa com evento na W3haus foi encabeçada por duas funcionárias
JÉSSICA OLIVEIRA
gora estou em uma empresa
que está me consultan-
“A
do e valorizando o lado profissional
para falar de uma população
na qual me encaixo. Isso é uma
vitória enorme”. A declaração é
de Monique Rodrigues, travesti
e publicitária na W3haus.
A profissional teve “péssimas
experiências” no trabalho
durante sua transição. Em um
processo administrativo ouviu
que estava “ao avesso”. Mas na
W3haus encontrou um lar logo
no primeiro contato. “Foi gostoso
demais e aliviante. Saí do
metrô para fazer a entrevista,
não conhecia o bairro, não sabia
a distância da numeração
de casas. Assim que olhei pra
uma, vi a bandeira trans pendurada
na janela, o que significou
muito pra mim. É mexer nas
estruturas internas e externas,
entende?”, diz.
Hoje Monique é peça-chave
da mudança por meio do projeto
#VisãoT, uma campanha da
holding Haus, que engloba as
empresas W3haus, Huia, Hopo,
Brooke e Now3.
Como parte das iniciativas
do mês de janeiro, em que se
comemora a visibilidade trans,
foram feitas diversas ações de
comunicação interna e externa.
A iniciativa começou por Monique
e por Yggy Escobar, mulher
trans que trabalha na agência
em Porto Alegre (RS).
Cartazes sobre boas práticas
de conduta com a população T
foram espalhados pelas sedes
da W3haus. Frases como “nos
olhe com naturalidade” e “busque
informação com pessoas
T” são algumas mensagens.
Monique e Yggy também assinaram
um artigo sobre o que
as marcas podem fazer para
transformar sua relação com as
pessoas T, como incluí-las na
equipe, no casting, na criação
e na produção das campanhas.
No evento, as duas conversaram
com Gabriela Augusto,
Gabriela Augusto, Monique Rodrigues, Yggy Escobar, Larissa Magrisso e Tiago Ritter firmam compromisso pela Transcendemos
“as agências estão
se mostrando
lugares férteis
para a gente
crescer”
Divulgação
mulher trans e fundadora da
consultoria Transcendemos.
Para Monique, é preciso
quebrar estereótipos. Travesti
sempre foi um termo marginalizado,
alguém que não é visto
de dia numa empresa. “A gente
está conseguindo recriar novos
espaços e as agências estão se
mostrando lugares férteis para
a gente crescer”, disse. Yggy
comentou a importância do
espaço. “Quando uma pessoa
cisgênera aprende a usar os
privilégios que tem para ouvir
e ajudar pessoas trans, facilita
muito a nossa vida, porque há
muitas pessoas trans com garra
e com vontade de aprender.”
O debate mostrou como
agências e empresas da economia
criativa se mostram um
campo fértil para a população
T. Ao final do evento, Tiago Ritter,
cofundador da Haus e CEO
da W3haus; Larissa Magrisso,
sócia e VP de criação e conteúdo
da W3haus; e Gabriela assinaram
carta de compromisso.
O documento certifica a
Haus como “empresa de respeito”
pela Transcendemos. É o
primeiro passo para que as empresas
sejam reconhecidas pela
consultoria por ter ambientes
onde todos são respeitados, independentemente
de gênero,
orientação sexual, deficiência
ou outra característica.
O próximo passo é fazer uma
imersão na holding e analisar os
pilares conscientização e treinamento,
igualdade de oportunidades
e comunicação inclusiva.
Ao final do processo, será
entregue um relatório à Haus.
Gabriela destaca a necessidade
da postura ativa em relação
à população trans. “A empresa
precisa oferecer uma cultura
que seja de acolhimento, além
de pensar em mecanismos para
que se desenvolvam e sejam
promovidas”, afirma.
jornal propmark - 3 de fevereiro de 2020 29