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42 GÁVEA
da forma plástica e se limitaram quase a uma imitação da forma pictórica. Da estrutura de
aço inoxidável elástica e deformável passamos aos Trepantes, sem charneira, que ela
chama de “ antes e depois” — e finalmente Obras Moles, distanciando-se então completamente
da concretude da tradição construtiva pelo material, a borracha.
Caminhando. Fragmento do Tempo Captado
Lygia Clark chega ao Caminhando através da Fita de Moebius e das pesquisas com o
espaço não-euclidiano, o dentro e o fora, o direito e o avesso. Já nas primeiras experiências
com a linha orgânica, conseguiu estendê-la para fora da tela e chegou aos Bichos (dobradiças),
aos Trepantes e às Obras Moles.
Caminhando é a experiência de um tempo sem limite e de um espaço continuo. É o
espaço topológico, “em que as distâncias não são medidas abstratas e inatingíveis nas
relações, situações em função deste Eu exterior e o Eu interior” (12). Após certas Vivências
em campo de forças, de impulsos, de motivações, de atração e repulsão, deslancha-se a
poesia do ato e do momento. Cada Caminhando é uma realidade que se revela na totalidade
no tempo da expressão. Ele enfatiza o gesto efêmero e a função-arte é questionada no
momento em que perde o valor de mercadoria. O Caminhando é um “ faça você mesmo” ,
com uma tira de papel e tesoura. Aproxima o sujeito do objeto, corpo-a-corpo existencial,
tematiza o vir-a-ser.
Nos Bichos — o gesto
No Caminhando — o ato
E a questão da Intuição de Malevitch; a obra aparecendo em sua singularidade.
Lygia Clark considera 0 Caminhando um ato imanente realizado pelo participante,
com todas as responsabilidades que se ligam a uma ação individual, permitindo a escolha,
o imprevisivel e a transformação de uma virtualidade em um empreendimento concreto.