ABRIL 2020 - nº 263
Edição Abril, nº 263 Excepcionalmente devido à Pandemia, é distribuída apenas em formato digital.
Edição Abril, nº 263
Excepcionalmente devido à Pandemia, é distribuída apenas em formato digital.
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
EDIÇÃO
DIGITAL
[ ABRIL 2020 | Edição Nº. 263 | ANO XXVI | Direcção: Sandra Ferreira + Armindo Alves | Publicação mensal gratuita ]
PELA SUA FAMÍLIA, PELOS SEUS AMIGOS, PELA NOSSA VIDA, PROTEJA-SE!
FIQUE EM
CASA!
W W W . C L D Z . C H
EDITORIAL
COVID-19
PÁGINA 3
CONSULADO
INFORMAÇÃO
COVID-19
PÁGINA 5
SINDICALISMO
LINHA DE
EMERGÊNCIA
PÁGINA 12
2
PUBLICIDADE
Centro Lusitano de Zurique
Birmensdorferstr, 48
8004 Zürich
www.cldz.eu - info@cldz.eu
Bufete, reserva de refeições 077 403 72 55
Cursos de alemão 076 332 08 34
Consulado Geral de Portugal em Zurique
Zeltweg 13 - 8032 Zurique
Tel. Geral: 044 200 30 40
Serviços de ensino: 044 200 30 55
Serviços sociais: 044 261 33 32
Abertura de segunda a sexta-feira das
08:30 às 14:30 horas
Embaixada de Portugal
Weitpoststr. 20 - 3000 Bern 15
Secção consular: 031 351 17 73
Serviçoa sociais: 031 351 17 42
Serviços de ensino: 031 352 73 49
Edição anterior
[ MARÇO 2020 | Edição Nº. 262 | ANO XXVI | Direcção: Sandra Ferreira + Armindo Alves | Publicação mensal gratuita ]
JANEIRAS
A tradição portuguesa em
em terras helvéticas
Direcção
044 241 52 60 / info@cldz.eu
Futebol armindo.alves@garage-mutschellen.ch / 079 222 09 14
InCentro
incentro@cldz.ch
Publicidade 079 913 00 30/pub.lusitano@gmail.com
Rancho folclórico 079/549 99 10 / rancho@cldz.ch
Vamos contar uma história 079 647 01 46
Serviços municipais de informação para
imigrantes - Zurique (Welcome Desk)
Stadthausquai 17 - Postfach 8022 Zurique
Tel.: 044 412 37 37
Polícia 117
Bombeiros 118
Ambulância 144
Intoxicações 145
Rega 1414
WWW.CLDZ.CH
EDITORIAL
LUANDA LEAKS
INVESTIGAÇÃO
PÁGINA 3
EPILEPSIA
PÁGINA 19
SAÚDE
CIDADANIA
DENTRO DA LEI
EM 2020
PÁGINA 17
Missão Católica de Língua Portuguesa – ZH
Katholische Mission der Portugiesischsprechenden
Fellenbergstrasse 291, Postfach 217 - 8047 Zürich
Tel.: 044 242 06 40 7 044 242 06 45 - Email: mclp.zh@gmail.com
Horário de atendimento:
- segunda a sexta-feira das 8h às 13h00 e das 13h30 às 17h
Publicidade
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
EDITORIAL
3
Fique em casa!
SANDRA FERREIRA
Directora - jornalista CC12 A
Caros leitores,
Confesso que este mês não foi fácil idealizar a nossa revista.
Primeiro porque parece que o único tema da actualidade
é o vírus que invadiu a Europa no início deste
ano: o Coronavirus; mas porque também nós tivemos de
nos adaptar às dificuldades que nos trouxe esta situação.
Também devido a esta pandemia e as mudanças que
esta veio causar nas nossa vidas, a Revista Lusitano teve
de tomar a decisão de no mês de Abril fazer a revista e
distribui-la apenas em formato digital online. Esperemos
que os nossos leitores e patrocinadores compreendam
esta decisão e que esta situação se resolva o mais rápido
possível para podermos voltar a distribuir a nossa revista
por toda a cidade de Zurique.
Em segundo gostaria de dar a boa nova a todos os sócios
e amigos do Centro Lusitano de Zurique, que a sua direcção
conseguiu arranjar um novo local para a associação.
Como todos sabem este era um tema que preocupava a
família CLZ desde há algum tempo e para a qual estava a
ser muito difícil arranjar uma solução. Mas com o esforço
de todos, conseguiu-se um local que irá fazer crescer a
nossa associação ainda mais. Este local trata-se de uma
casa que funcionou muitos anos como restaurante em
Leimbach. Com a saída dos seus actuais exploradores, o
CLZ teve a oportunidade de ficar com este local e usufruir
das excelentes infra-estruturas que o espaço oferece. Para
alegria dos nossos sócios e amigos também gostaríamos de
informar que o espaço de restauração da nossa associação
não estará aberto apenas aos fins-de-semana, mas também
durante a semana na hora de almoço e jantar (excepto
segundas e terças-feiras). Assim, partir de Julho poderá
visitar-nos e comemorar connosco a nossa nova casa.
Caro leitor, eu sei que tendo em conta o nosso quotidiano
e vida activa é muito difícil compreender e aceitar
esta situação em que nos mandam ficar em casa. Contudo,
parece que esta é de momento a única forma de nos
protegermos e protegermos aqueles que mais amamos.
Vamos todos ter fé e esperança que isto vai passar e que
vamos poder reunir-nos todos novamente, para podermos
celebrar a Páscoa, o 25 de Abril, o primeiro de Maio, as
festas tradicionais, os aniversários, mas principalmente,
para podermos celebrar a vida.
Mantenham-se em casa e, acima de tudo, mantenham-se
saudáveis!
EQUIPA REDACTORIAL
EMAIL: LUSITANOZURIQUE@GMAIL.COM
Sandra Ferreira
Armindo Alves
DIRECTOR A CC12 A
SUB-DIRECTOR CC15 A
Natascha D´Amore
Domingos Pereira
Maria dos Santos
Carmindo de
Carvalho
Lúcia Sousa
Euclides Cavaco
Zuila Messmer
Joana Araújo
CC11 A
Carlos Matos
Gomes
Cristina F. Alves
CC 16 A
Manuel Araújo
jornalista 3000 A
Jorge Macieira
CC28 A
EDIÇÃO,
COMPOSIÇÃO
E PAGINAÇÃO
Manuel Araújo
Jornalista 3000 A
araujo@manuelaraujo.org
Tel.:(+351) 912 410 333
PUBLICIDADE
pub.lusitano@
gmail.com
Tel.: 079 913 00 30
Pedro Nogueira
IMPRESSÃO
Diário do Minho
Tiragem: 2000 exemplares
Periodicidade: Mensal
Distribuição gratuita
PROPRIEDADE
& ADMINISTRAÇÃO:
Centro Lusitano de Zurique
Birmensdorferstr. 48
8004 Zürich
Tel.: 044 241 52 60 - Fax: 044
241 53 59
Web: www.cldz.eu
E-mail: info@cldz.eu
Nuno
Brandão
Esta publicação não
adopta nem respeita o inútil
(des)Acordo Ortográfico
Apoios:
Daniel Bohren
Jurista
Pedro Nabais
CC14 A
Aragonez
Marquez
Ivo Margarido Jeremy da Costa Nelson Lima
NOTA: Os artigos assinados reflectem tão-somente a opinião dos seus
autores e não vinculam necessariamente a direcção desta revista
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
4
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
COMUNIDADES
5
Informação consular
Gostava de recordar que o Consulado, em estreita
coordenação com a Embaixada em Berna,
tem atualizado diariamente a página web, publicando
toda e qualquer informação que seja útil
à Comunidade portuguesa.
Por decisão superior, e também em estreita
coordenação com a Embaixada de Portugal, e
à semelhança do que as autoridades suíças decidiram,
estes serviços consulares restringiram
o atendimento ao público até ao dia 15 de abril,
a fim de reduzirmos drasticamente os contactos
humanos, potenciadores da propagação do Covid-19.
Caso a situação o justifique, este regime
de atendimento poderá voltar a ser prorrogado.
Paulo Maia e Silva
Cônsul-Geral de Portugal em Zurique
Caros compatriotas,
Gostaria de vos transmitir, na qualidade de
Cônsul Geral de Portugal em Zurique, umas
breves palavras de solidariedade neste momento
difícil, que todos estamos a atravessar
perante a pandemia do novo coronavírus.
Estou certo de que esta difícil conjuntura não
abalará a confiança da Comunidade portuguesa,
habituada a grandes desafios e que sabe
respeitar as indicações, que para o seu próprio
interesse lhe são transmitidas, quer pelas autoridades
suíças quer pelas autoridades portuguesas.
No entanto, garanto-vos que nos mantemos
disponíveis para atender a Comunidade portuguesa.
Contudo, permito-me apelar para o
bom senso de todas e todos vós, no sentido de
apenas nos dirigirem pedidos, cujo tratamento
e presença não possam, de maneira nenhuma,
ser adiados. Acrescento que continuamos
a dar resposta a todo e qualquer pedido, que
não requeira a presença dos nossos utentes,
tais como pedidos de certidões, por exemplo.
Não nos esquecemos de quem necessita de
regressar definitivamente a Portugal, sendo essas
situações consideradas prioritárias, caso o
regresso seja para breve. O tratamento de pedidos
de renovação do cartão de cidadão tem
igualmente sido considerado prioritário, desde
que esteja em vista uma viagem de regresso a
Portugal, situação essa que não é aconselhável
neste momento, conforme a Embaixada de
Portugal também já o fez saber, à exceção dos
nossos compatriotas trabalhadores sazonais,
muitos dos quais precisam de regressar ao nosso
país.
Continuamos a privilegiar o contacto por e-mail,
embora estejamos, naturalmente, disponíveis
através da nossa linha telefónica.
Paulo Maia e Silva
Cônsul-Geral de Portugal em Zurique
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
6
COVID-19
Departamento Federal da Administração Interna (EDI)
Serviço Federal da Saúde Pública (BAG)
Novo coronavírus Atualizado a 10/03/2020
Folha informativa
Informações importantes sobre o novo coronavírus e sobre a campanha "Como nos devemos
proteger".
O que pode fazer?
Lavar bem as mãos.
Tossir e espirrar para um lenço ou a zona interior do cotovelo.
Manter distância.
Evitar apertos de mão.
Permanecer em casa em caso de febre e tosse.
Dirigir-se a um consultório médico ou a uma unidade de urgência apenas após
um contacto telefónico.
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
Portugiesisch / portugais / portoghese / português
COVID-19
7
As perguntas mais frequentes e respetivas respostas quanto ao
novo coronavírus
Contágio e riscos
Porque são tão importantes estas regras de higiene e conduta?
O novo coronavírus é um novo vírus para o qual as pessoas ainda não têm defesas imunitárias. O
número de pessoas contagiadas e doentes pode ser elevado. Por isso, a propagação do novo
coronavírus tem de ser abrandada o máximo possível.
As pessoas com um maior risco de adoecerem gravemente, em particular, têm de ser protegidas.
Estas são as pessoas com mais de 65 anos e pessoas com uma doença pré-existente: hipertensão,
diabetes, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias crónicas, cancro, bem como doenças e
terapias que enfraquecem o sistema imunitário.
Se todos cumprirmos as regras, poderemos proteger melhor estas pessoas. Dessa forma,
contribuímos também para que as pessoas com doenças graves continuem a ser tratadas
adequadamente nas instituições de saúde. Isto porque, nas unidades de cuidados intensivos, as
salas de tratamentos e os aparelhos de ventilação disponíveis são limitados.
Quem apresenta um risco elevado?
Na maioria das pessoas, uma doença pelo novo coronavírus evolui de forma inofensiva. Quem corre
maior risco de adoecer gravemente são as pessoas com mais de 65 anos e as pessoas com uma
destas doenças pré-existentes:
- Hipertensão
- Diabetes
- Doenças cardiovasculares
- Doenças respiratórias crónicas
- Doenças e terapias que enfraquecem o sistema imunitário
- Cancro
É possível o contágio pelo novo coronavírus na Suíça?
Sim, na Suíça está a aumentar o risco de contágio pelo novo coronavírus.
Como é transmitido o novo coronavírus?
O novo coronavírus é essencialmente transmitido por meio de contacto próximo e prolongado:
quando se mantém uma distância inferior a 2 metros durante mais de 15 minutos em relação a uma
pessoa doente. A transmissão ocorre por meio de gotículas: se uma pessoa infetada espirrar ou
tossir, os vírus podem atingir diretamente as mucosas do nariz, da boca ou dos olhos de outras
pessoas. Através das mãos: nestas podem-se encontrar gotículas contagiosas expelidas através de
tosse e espirros. Estas passam para a boca, o nariz ou os olhos ao tocar neles.
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
8
COVID-19
Sintomas, diagnóstico e tratamento
Que sintomas surgem em caso de doença pelo novo coronavírus?
Os sintomas mais frequentes são febre, tosse e dificuldades respiratórias. A gravidade destes
sintomas pode variar. São também possíveis complicações como, por exemplo, uma pneumonia.
Alguns doentes também apresentam problemas digestivos ou oculares (conjuntivite).
Tenho febre e tosse, o que devo fazer?
Caso tenha sintomas da doença, deve permanecer em casa, para não contagiar ninguém.
São sintomas da doença:
- Febre (temperatura corporal superior a 38 °C, acompanhada de sensação de cansaço, por
vezes com dores musculares)
- Tosse seca, podendo estar associada a dores de garganta
Se os sintomas forem ligeiros, poderá cuidar de si mesmo(a). Se apenas sair novamente de casa 24
horas após os seus sintomas terem desaparecido, evitará o contágio de outras pessoas. Então,
respeite as regras de higiene e conduta (veja na primeira página "O que pode fazer?").
Se apresentar um risco maior de adoecer gravemente ou se os sintomas se agravarem: telefone ao
seu médico ou médica. Este(a) irá decidir se é necessária uma avaliação médica ou se basta
permanecer em casa e cuidar de si mesmo(a).
Como é tratada uma doença pelo novo coronavírus?
Até à data, não existe qualquer tratamento para doenças por coronavírus. O tratamento restringe-se
ao alívio dos sintomas. Para proteger as outras pessoas, os doentes são isolados.
Caso a doença seja grave, é geralmente necessário um tratamento numa unidade de cuidados
intensivos. Em certas circunstâncias, é necessária uma ventilação artificial.
Medidas de proteção
O que é importante em caso de viagem?
Em quase todas as regiões do mundo existe o risco de contágio pelo novo coronavírus. No entanto,
até ao momento, a OMS não anunciou quaisquer restrições de viagem. Em muitos aeroportos
existem medidas de controlo reforçadas para os passageiros.
Nas suas viagens, cumpra também as recomendações de higiene e conduta. Dessa forma, poderá
proteger-se de um contágio pelo coronavírus.
Tem mais de 65 anos ou uma doença pré-existente (hipertensão, doenças respiratórias crónicas,
diabetes, doenças cardiovasculares, doenças e terapias que enfraquecem o sistema imunitário,
cancro)? Tenha em atenção as nossas recomendações para pessoas particularmente vulneráveis.
Em alguns países existem regiões que estão sob quarentena. Aí, as entradas e saídas são,
eventualmente, apenas possíveis com uma autorização especial. Não nos é possível estimar durante
quanto tempo irão vigorar estas restrições e prescrições.
Nos aeroportos internacionais os viajantes devem contar com medidas de controlo reforçadas.
Linha informativa para pessoas que vão viajar para a Suíça:
Apresenta sintomas (dificuldades respiratórias, tosse, febre), deseja viajar para a Suíça e tem dúvidas
médicas? Ligue para: +41 (0)58 464 44 88
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
3/4
O que é o novo coronavírus?
O que é o SARS-CoV-2 e a COVID-19?
Informações O novo coronavírus relativas a foi dúvidas descoberto médicas no final para de a 2019 sua viagem: na China, em virtude de um surto incomum de
pneumonias na cidade de Wuhan, na região central da China. O vírus foi denominado de SARS-CoVwww.safetravel.ch
2 e pertence à mesma família dos vírus da MERS (Síndrome Respiratória do Médio Oriente) e da
SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave).
Antes A de 11 uma de fevereiro viagem, de informe-se 2020, a OMS junto atribuiu da embaixada à doença ou causada do consulado pelo novo do coronavírus país de destino um nome quanto oficial:
às medidas COVID-19, atualmente a abreviatura em vigor de (website "coronavirus do Departamento disease 2019" Federal ou, em dos português, Negócios doença Estrangeiros pelo coronavírus (EDA)
> Representações 2019. estrangeiras na Suíça).
O que chinesas. é o novo coronavírus?
O que é o SARS-CoV-2 e a COVID-19?
COVID-19
As informações atualmente disponíveis sugerem que o vírus foi transmitido ao ser humano por
animais e que este agora se propaga de pessoa para pessoa. O local de origem é provavelmente um
mercado de peixes e animais na cidade de Wuhan, que foi entretanto fechado pelas autoridades
O novo coronavírus foi descoberto no final de 2019 na China, em virtude de um surto incomum de
pneumonias na cidade de Wuhan, na região central da China. O vírus foi denominado de SARS-CoV-
2 e pertence à mesma família dos vírus da MERS (Síndrome Respiratória do Médio Oriente) e da
SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave).
A 11 de fevereiro de 2020, a OMS atribuiu à doença causada pelo novo coronavírus um nome oficial:
COVID-19, a abreviatura de "coronavirus disease 2019" ou, em português, doença pelo coronavírus
2019.
As informações atualmente disponíveis sugerem que o vírus foi transmitido ao ser humano por
animais e que este agora se propaga de pessoa para pessoa. O local de origem é provavelmente um
mercado de peixes e animais na cidade de Wuhan, que foi entretanto fechado pelas autoridades
chinesas.
9
Mais informações:
www.bag-coronavirus.ch
www.bag.admin.ch/neues-coronavirus
(Alemão, francês, italiano, inglês)
Mais informações:
www.bag-coronavirus.ch
www.bag.admin.ch/neues-coronavirus Créditos & Seguros
4/4
Contabilidade
(Alemão, Andrade francês, Finance GmbH italiano, inglês)
Declaração de impostos
SEGUROS CRÉDITOS desde 6.95%
• Doença / Krankenkasse * discreto, simples, eficaz
..os prémios mais baratos
* possível a compra do cédito existente
• Vida, Jurídico, Acidente ...peça informação
• Empresa, Poupança Reforma
• Recheio, Responsabilidade Civil Tel. 076 336 93 71
• Responsabilidade Profissional Tel. 043 811 52 80
• Automóvel
Birmensdorferstrasse 55- 8004 Zürich
Info@andradefinance.ch
www.andradefinace.ch
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
4/4
10
COVID-19
As fases de combate à
As fases de combate à pandemia COVID-19
em Portugal e na Suíça
Apesar de cada país ter uma estratégia e um plano de combate em situações pandêmicas, a verdade é que estes planos
nunca tinham sido postos em prática e, para além de agora estarem a ser testados, muitos deles terão de ser completa-
pandemia COVID-19 em
A pandemia do Covid-19 entrou devagar pela Europa e neste momento está a afectar em
grande
Portugal
escala os vários países da
e
União
na
Europeia e
Suíça
não só.
Apesar de cada país ter uma estratégia e um plano de combate em situações pandêmicas, a
verdade é que estes planos nunca tinham sido postos em prática e, para além de agora estarem
a ser testados, muitos deles terão de ser completamente reformulados depois desta pandemia
ter passado.
SANDRA O Lusitano FERREIRA de Zurique quis fazer uma pesquisa, neste sentido, e dar a conhecer aqui as fases e
medidas que estavam previstas pela direcção nacional de saude, quer em Portugal quer na
Suíça. Como vamos poder verificar os planos tem algumas diferenças e, como temos vindo a
da assistir, União Europeia tem sido e não aplicadas só. de forma diferente. Enquanto que Portugal procurou agir
preventivamente e logo no início do aparecimento dos primeiros casos, jà a Suíça deixou a
situação avançar muito rapidamente tendo, sem que as medidas adequadas fosses logo
mente activadas. reformulados Assim depois sendo, desta apesar pandemia a ter Suíça passado. estar no momento no nono lugar dos países com
mais contaminados (sendo que a suíça é um pais pequeno), este foi muito lento a tomar as
A pandemia do Covid-19 entrou devagar pela Europa e neste momento está a afectar em grande escala os vários países
O Lusitano de Zurique quis fazer uma pesquisa, neste sentido, e dar a conhecer aqui as fases e medidas que estavam
previstas pela direcção nacional de saude, quer em Portugal quer na Suíça. Como vamos poder verificar os planos tem
medidas necessárias e a decretar estado de emergência.
algumas diferenças e, como temos vindo a assistir, tem sido aplicadas de forma diferente. Enquanto que Portugal procurou
agir preventivamente e logo no início do aparecimento dos primeiros casos, jà a Suíça deixou a situação avançar
muito Portugal rapidamente tendo, sem que as medidas adequadas fosses logo activadas. Assim sendo, apesar de a Suíça estar
no momento no nono lugar dos países com mais contaminados (sendo que a suíça é um pais pequeno), este foi muito lento
a
Em
tomar
Portugal
as medidas
foi lançado,
necessárias
a
e
meados
a decretar
de
estado
Março,
de emergência.
um plano especifico para responder à pandemia
do Covid-19, pela Direção-Geral da Saude (DGS). O plano chamado de "Plano Nacional de
Preparação e Resposta à doença por novo Coronavírus“, foi elaborado por uma equipa de vários
Portugal
especialistas que foram destacados para dar resposta ao surto do COVID-19. Este plano foi
elaborado com base no plano de contingência existente e dividido em três fases, como podemos
ver no quadro a baixo:
Em Portugal foi lançado, a meados de Março, um plano especifico para responder à pandemia do Covid-19, pela Direção-Geral da
Saude (DGS). O plano chamado de “Plano Nacional de Preparação e Resposta à doença por novo Coronavírus“, foi elaborado por
uma equipa de vários especialistas que foram destacados para dar resposta ao surto do COVID-19. Este plano foi elaborado com
base no plano de contingência existente e dividido em três fases, como podemos ver no quadro a baixo:
Fase de preparação
Não existe epidemia ou epidemia
concentrada fora de Portugal
1. Contenção 1,1 Epicentro identificado fora de Portugal em
Transmissão internacional
1,2 Casos importados na Europa
Fase de Respostas
2. Contençao alargada 2,1 Cadeias secundarias de transmissão na
Europa
Fase de recuperação
2,2 Casos importados em Portugal, sem
cadeias secundarias
3. Mitigação 3,1 Transmissao local em ambiente fechado
3,2 Transmissão comunitária
Actividade da doença decresce em
Portugal e no Mundo
Níveis das fases de preparação, resposta e recuperação, Direção-Geral da Saúde
Níveis das fases de preparação, resposta e recuperação, Direção-Geral da Saúde
Portugal entrou no passado dia 26 de Março na fase de mitigação, ou seja, a fase mais critica da
pandemia. Nesta fase "as medidas passam ser focadas na mitigação dos efeitos do covid-19 e
na diminuição da sua propagação, de forma a minimizar a morbimortalidade - a relação entre o
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
COVID-19
11
Portugal entrou no passado dia 26 de Março na fase de mitigação, ou seja, a fase mais critica da pandemia. Nesta fase “as medidas
passam ser focadas na mitigação dos efeitos do covid-19 e na diminuição da sua propagação, de forma a minimizar a morbimortalidade
- a relação entre o numero de mortes provocadas pela doença, num determinado local e período de tempo - até o surgimentos
de uma vacina ou novo tratamento eficaz“.
Assim sendo a DGS decretou como plano que todos os hospitais do SNS, assim como hospitais do sector privado sejam chamados
a dar resposta todos os casos, quer em fase de diagnostico do doente e na gestão dos casos; procurar que o isolamento do doente
seja feito em casa e que o uso de mascara possa ser recomendado para pessoas com “susceptibilidade acrescida.
Suíça
Na Suíça desde 2018 que existe um manual de comportamento em situações de pandemia lançado pelo “Bundesamt für Gesundeheit
BAG“ - o equivalente à portuguesa DGS, intitulado “Influenza-Pandemieplan Schweiz 2018“.
Segundo este manual o nível de contagio acontece apenas em duas fases sendo que a ultima pode-se subdividir: Situação normal
( Normale Lage), Situação especial ou extraordinária ( Besondere oder ausserordentliche Lage).
Na primeira fase tenta-se fazer uma actualização continua dos planos de pandemia; a prática dos processos; estabelece-se cooperação
entre actores e os canais de comunicação necessários; faz-se a provisão dos recursos; celebra-se contratos com fabricantes
de medicamentos, testa-se novas estratégias e medidas, planeia-se a recuperação após a pandemia.
De seguida, e já entrando na segunda fase, esta é iniciada logo que a organização mundial de saúde proclame emergência sanitária
a nível internacional. Aí deve-se ajustar e testar os processos planejados com base na situação actual e na necessidade predominante
de coordenação; Realizar-se contratos (por exemplo na compra de vacinas) e compensar medidas preparatórias. Declarada a
segunda fase esta exige a preparação de soluções “ad hoc“ para imprevistos.
Sendo que a Suíça nunca viveu uma situação de Pandemia, assim como muitos dos outros países este manual deixa muito em aberto,
sendo flexível a que muita coisa seja mudada e melhorada.
A Suíça já anunciou a sua fase de “besondere Lage“ a 28 de Fevereiro e a de “ausserordentliche lage“ a 16 de Março. As semanas
vão passando e acreditasse que a pior fase desta pandemia ainda não chegou à Suíça. As medidas tomadas pelo governo também
tem sido poucas e saem a conta-gotas. Apesar do estados já ter fechado tudo, tirando supermercados, farmácias , bancos e correios,
e ser noticiado constantemente que as ruas estão vazias, a verdade é que essa mudança ainda está a ser muito lenta e não
este a ser bem aceite por todos, que procuram sempre motivos para sair à rua.
Saiba tudo sobre o Coronavírus neste esclarecedor video legendado: https://youtu.be/BtN-goy9VOY
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
12
COMUNIDADE
Sindicato Unia cria linha de emergência
para questões laborais
Coronavírus: quais são os meus direitos?
Com a situação devida ao novo coronavírus,
surgem questões urgentes no mundo do trabalho:
O que fazer se o meu filho adoecer? O
empregador pode obrigar-me ao isolamento (à
quarentena)? Continuo a ganhar o meu salário
completo? Estas são muitas das questões a que
o sindicato Unia responde diariamente.
O sindicato Unia criou uma linha de emergência
para responder a questões relacionadas com os
problemas que surgiram, nas relações laborais,
em consequências das medidas tomadas contra
o coronavírus.
A linha de emergência está aberta a todas as
pessoas que tenham questões e funciona também
em português. O número de telefone é o
0848 240 240. As perguntas também podem
ser colocadas através de formulário nesta página
web: HTTPS://WWW.UNIA.CH/DE/ARBEITSWELT/
VON-A-Z/CORONAVIRUS/PORTUGUES
São inúmeros os trabalhadores que estão a
ser directamente afectados com as medidas
do estado suíço.
PORTUGUESES
RESIDENTES NO ESTRANGEIRO
NÃO IMPORTA
ONDE ESTÁ.
COM A CAIXA
FICA MAIS PERTO.
Escritório de Representação da CGD - Suíça
Rue de Lausanne 67/69, 1202 Genève
Tel: Genève - 022 9080360 I Tel: Zurique - 078 6002699 I Tel: Lausanne – 078 9152465
email: geneve@cgd.pt
A Caixa Geral de Depósitos, S.A. é autorizada pelo Banco de Portugal.
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
ACTUALIDADE
13
Data de entrega de declaração
de impostos prolongada
A cidade de Zurique decidiu, face à actual situação de
pandemia do coronavirus, prolongar a data de entrega
da declaração de importo de 2019. Assim os habitantes
do cantão de Zurique poderão entregar o seu „steuererklärung“
até dia 31 de Maio.
Esta foi uma das medidas tomadas a nível financeiro pelo cantar de
Zurique. O diretor financeiro decidiu que o prazo normal para a apresentação
da declaração fiscal de 2019 para toda a população (pessoas
físicas) será de 31 de Março a 31 de Maio de 2020. Com essa diretiva,
o diretor financeiro pretende apoiar famílias e indivíduos que estão sob
forte pressão. O prolongamento do prazo também ajuda porque muitos
municípios fecharam seus balcões e fornecem apenas informações por
telefone. Além disso, se as empresas anteciparem perdas, devido aos
efeitos do vírus ou os indivíduos perderem renda, poderão exigir que as
contas fiscais provisórias dos impostos cantonais e locais sejam ajustadas.
Assim, empresas e indivíduos que não conseguem pagar as notas fiscais
finais devido aos efeitos do coronavirus podem solicitar que o prazo ou
as prestações habituais do pagamento sejam prorrogados. No caso de
imposto federal direto, as contas provisórias também podem ser diferidas.
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
14 Do nosso cantinho para o vosso cantão
CRÓNICA
A PREGUIÇA
ARAGONEZ MARQUES
Hoje não me apetece escrever, se o faço é para “picar o ponto” e cumprir calendário.
Estou sem sair de casa há 5 dias e as notícias são sobre o mesmo: Covid-19,
número de mortes, de infectados,..
Não! Não vou escrever sobre nada disto.
Mas porque o tenho que fazer, deveres de consciência, e na última crónica falei
sobre o Panteão Nacional, continuo, para que haja alguma relação, por uma
notícia sobre um herói, num país tão carente deles e que, num repente, ganhou
milhares sem nome, na primeira linha do combate à saúde de todos nós.
Vou falar de Salgueiro Maia, cidadão do meu distrito que vai aparecer em filme
próprio.
Quem foi?
Fernando José Salgueiro Maia foi um dos capitães que protagonizaram a revolução
de Abril de 1974 e terá agora um filme biográfico, realizado por Sérgio
Graciano, de seu nome: “Salgueiro Maia – O Implicado”.
O filme é descrito como “o primeiro retrato a projectar no grande ecrã, daquele
que é considerado o herói e o símbolo mais puro do 25 de Abril de 1974”, pode
ler-se no comunicado de imprensa. Já o argumento da obra cinematográfica
ficou a cargo de João Lacerda de Matos e tem por base a biografia “Salgueiro
Maia – Um Homem da Liberdade”, da autoria de António de Sousa Duarte, doutorado
em Ciência Política e ex-jornalista.
No mesmo comunicado pode ler-se ainda: “Através de uma abordagem moderna,
intimista e emocional, “Salgueiro Maia – O Implicado” retrata as histórias
que ainda não foram contadas sobre o capitão de Abril”.
O filme terá o actor Tomás Alves no papel do Capitão Salgueiro Maia. O actor
Tiago Teotónio Pereira e as actrizes Filipa Areosa e Gabriela Barros também
farão parte do elenco.
Nas próximas sete semanas, a produção irá passar por Lisboa, Santarém,
Pombal e Castelo de Vide. “Salgueiro Maia – o Implicado” estreará depois a 1
de Outubro.
Mas, se hoje me fosse exigido escrever sobre algo, teria que falar sobre a morte
de um amigo dos bancos da escola, o Cabé - Prof. Carlos Alberto Martins
Vintém - que me acompanhou toda a vida e que acabou por morrer em Timor-
-Leste.
Esperamos a chegada do seu corpo à sua terra, Portalegre.
Será mesmo preguiça? Ou não me apetece escrever, porque sim.
Até ao próximo mês e cuidem-se.
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
15
FOTO:
ALFREDO CUNHA
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
16
MARIZA
A diva do Fado:
«20 Years Jubilee Concert»
www.mariza.com
Únicos concertos na Suíça!
9.9.20, Théâtre du Léman Genève
esgotado!
Quinta-feira 10.9.20 20.00 Samsung Hall Zürich
Nova data!
VENDAS ANTECIPADAS: allblues.ch ticketcorner.ch
Tel. 0900 800 800 (CHF 1.19/min.) • todos los Ticketcorner, La Poste, Manor ORGANIZADOR: AllBlues Konzert AG
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
17
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
18
PUBLICIDADE
G
https://www.facebook.com/transportes.fernandes
DA SUÍÇA PARA PORTUGAL
PORTUGAL SEMPRE
NO NOSSO CORAÇÃO
Vantagens do SERVIÇO
DE TRANSFERÊNCIAS:
Simples
Online ou por correio, os seus recursos ficam disponíveis
com rapidez na conta do Banco Santander Totta.
Próximo
O seu Banco sempre perto de si. Na Suíça ou em Portugal.
Justo
Câmbio favorável. Agora com despesas reduzidas.
Online
Acesso fácil via e-banking.
Através do Site da Postfinance ou do seu Banco na Suíça utilize
a opção: “ordem de pagamento com o boletim vermelho”.
Preencher todos os campos conforme o vale de correio vermelho
fornecido pelos escritórios de representação.
Não esquecer:
conta do Banco Santander Totta (30-175563-2)
IBAN, nome e morada do beneficiário
Novo endereço
Correio
Utilizando o Impresso (Vale de correio vermelho)
Boletim/Vale vermelho requisitado através dos escritórios
de representação de Genebra ou Zurique e entregue com
a Ordem de Pagamento ao seu Banco na Suíça
(preferencialmente no PostFinance) para concretizar
o pagamento.
Boletim vermelho
(fornecido pelos escritórios de representação
de Genebra ou Zurique)
+
Ordem de pagamento
(fornecido pelo seu banco suíço ou Postfinance)
+
Envelope
(fornecido pelo seu banco suíço ou Postfinance)
Envio por correio para o seu banco suíço
ou Postfinance
Pelas regras em vigor é obrigatória a identificação do ordenante, IBAN e morada
do beneficiário realizando-se a transferência para débito em conta. Interdita
a utilização de numerários (cash).
A utilização do ST (Serviço Transferências) apesar de permitir custos reduzidos não
dispensa a consulta do preçário em santandertotta.pt, com as condições de cada
entidade bancária na Suíça e em Portugal.
Escritório de Representação de Genebra
Rue de Genève 134, C.P. 156 | 1226 Thônex - Genève | Tel. 022 348 47 64
Escritório de Representação de Zurique
Badenerstrasse 382, Postfach 687 | 8040 Zürich | Tel. 043 243 81 21
Baslerstrasse, 117 - 8048
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
NEUROCIÊNCIA
19
Estado de Emergência
UMA NOVA MENTALIDADE
Nelson S Lima (*)
O ritmo de transformações que estamos a vivenciar
na sociedade humana a nível global empurrou-nos
para uma situação que pode ser incómoda e causar
“estragos” no modelo de civilização tal como o
conhecemos.
Ondas de choque estão a repercutir-se na vida das
pessoas de todo o mundo. Algumas estão preparadas,
outras não. Muitas ficarão surpreendidas. E outras nem
vão compreender o que está a passar-se.
Da economia à psicologia humana iremos ter
complicações esmagadoras. Os acontecimentos desta
relevância vão suceder-se a um ritmo avassalador.
Por isso é que “tempos diferentes exigem mentes
diferentes”. E esse é o nosso maior desafio. Seremos
capazes de uma nova mentalidade ?
Março 2020
OS PERIGOS DO ISOLAMENTO
O Presidente da República e o Primeiro-ministro de Portugal disseram que, apesar do Estado de
Emergência, o país deve continuar a funcionar dentro dos condicionalismos impostos. É óbvio que há
mais vida para além do coronavirus.
Mas a obrigatoriedade do resguardo em casa 24 horas por dia traz também perigos e riscos onde, muitas
vezes, já não há paz. Casais desavindos podem não suportar o isolamento a longo prazo. E não será
novidade se a violência doméstica aumentar e fazer disparar o número de vítimas. Serão os efeitos colaterais
do Estado de Emergência e que as pessoas (e as autoridades) não poderão ignorar.
“Preocupa-me o historial de violência doméstica. Haverá certamente mais casos nestas semanas de
isolamento. E o que me preocupa também são as dinâmicas de casais divorciados. São dois dos fatores
preocupantes”, disse Miguel Ricou, presidente da Comissão de Ética da Ordem dos Psicólogos.
Leia aqui o trabalho do jornal “i” onde encontra mais informação e outros depoimentos sobre esta delicada
matéria: IONLINE.SAPO.PT - www.shorturl.at/ajmsx
(*) Coordenador do Centro de Investigação para o Envelhecimento Saudável na Universidade do Futuro, Director of Research and
Development no Centro de Desenvolvimento Humano e Evolução, Investigador Senior do Center for Healthy Aging and Neuroscience
Brazil na Universidade do Futuro, Membro 41728849 da AAAS - The American Association for the Advancement of Science, Senior
Researcher na Comissão Científica na Universidade do Futuro, Senior Research Associate na Seniors Rock UK
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
20
DESPORTO
José Pereira
ÁRBITRO DE FUTEBOL
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
José Pereira, natural de Viseu, que actualmente tem 24
anos de idade. Mas foi muito jovem, com apenas 16 anos
de idade, que entrou no mundo da arbitragem, onde hoje
em dia já esta no nível muito superior, participando em
todos internacionais. Já conta com uma carreira de 8
anos e avizinha-se um futuro brilhante pela frente.
DESPORTO
21
JORGE MACIEIRA
Lusitano Zurique - Quem é o José Pereira?
José Pereira - Sou um jovem rapaz de 24
anos que nasceu e cresceu em Herisau,
cantão de Apenzeller, mas com as suas
origens na zona de Viseu. No meio de duas
culturas tento tirar o melhor das duas partes,
para mim. Estando envolvido em vários
projectos, o que pessoalmente mais tempo
me ocupa de momento é a arbitragem.
L.Z. - Em criança tinha jeito para jogar
futebol e/ou já mostrava apetência para
arbitrar?
J.P. - Muito novo comecei a jogar futebol
nas camadas jovens da equipa da minha vila
aqui na suíça. O talento não era muito, mas
a paixão pelo futebol era bem maior. A arbitragem
surgiu no decorrer do tempo e que
pôs fim a minha actividade como jogador.
L.Z. - Como surgiu e quando o José ao
mundo da arbitragem?
J.P. - Tudo começa em um jogo que eu estava
a jogar como júnior B. Não gostei do
desempenho daquele árbitro que estava
naquele jogo. A minha frustração foi enorme
e logo ao fim do jogo dei a conhecer
directamente ao árbitro. Mas como gosto
de desafios e queria ver e provar que conseguia
fazer melhor, pouco tempo depois
me inscrevi para o curso de arbitragem.
Ainda me lembro bem quando falei com
o meu treinador nas camadas jovens do
Herisau, adorou a ideia e apoiou desde o
primeiro dia. Naquele tempo não imaginava
o que me esperava, mas hoje olho
para trás e vejo que foi uma boa decisão.
L.Z. - Qual a categoria que está neste
momento?
J.P. - De momento desempenho 3 funções
para a federação suíça de futebol: sou árbitro
assistente na 1a Liga, onde estou a terminar
o último ano da academia nacional,
que potencia jovens talentos a passarem
das suas regiões para a federação nacional;
como árbitro principal arbitro jogos na
2ª liga regional; e depois ainda sou árbitro
de futsal na Swiss Futsal Premier League.
L.Z. - O José, por ser um árbitro jovem,
sente que os jogadores têm mais ou
menos respeito por ti do que por outros
árbitros mais velhos?
J.P. - Comecei com 16 anos na arbitragem
e quando passei a arbitrar jogos de seniores
por vezes notava que muitos jogadores
tentavam coisas que, com árbitros mais
velhos, não faziam. Esses comportamentos,
da parte dos jogadores, só me motivavam
a dar o meu melhor para mostrar que
apesar de ser novo conseguia arbitrar o
jogo sem problemas.
L.Z. - Qual foi o jogo mais importante
que arbitrou?
J.P. - No decorrer destes anos tive vários
jogos interessantes onde pude estar presente.
A federação tenta constantemente
dar aos jovens talentos jogos que nos obrigam
ir aos nossos limites, para que a nossa
aprendizagem e evolução seja maior.
Em especial ficaram dois torneios internacionais
onde pude estar presente em
Altstätten e Ruggell. Nestes torneios estavam
presentes as camadas jovens de
várias equipas como por exemplo Benfica,
Leicester, Eintracht Frankfurt, SÁS.
Internacional, etc., alguns dos jogadores
presentes nestes torneios hoje já jogam
nas respectivas equipas principais.
L.Z. - Qual o objectivo que tem traçado
para a sua carreira como arbitro?
J.P. - No dia que entrei na arbitragem nunca
pensei que iria alcançar tudo isto que
consegui até agora. O meu foco está em
ser árbitro assistente e no futsal. Tenho
que aproveitar todas as chances para dar
o meu máximo e demonstrar as minhas capacidades
da melhor maneira. Lutar muito
e ver ate onde posso chegar. Como é claro
sonho em alcançar um patamar internacional,
mas também sei tudo o que isso implica
e que é impossível chegarem lá todos.
L.Z. - Qual a visão como árbitro do actual
futebol na Suíça e mundial?
J.P. - O profissionalismo do futebol é cada
vez maior. Todos os envolvidos em campo
têm que estar cada vez melhor preparados
fisicamente e psicologicamente.
Arbitrei muitos jogos das camadas jovens
aqui na suíça e vejo que há muito talento,
tal como em Portugal também existe.
Mas hoje em dia penso que só o talento
não chega para chegarem ao topo. Só
com muito trabalho e sacrifício é que os
jovens talentos irão chegar ao topo do
futebol profissional. Pessoalmente gosto
de ver equipas que praticam um futebol
diferente do comum, treinadores que
apostem em sistemas de jogos novos.
L.Z. - As novas tecnologias (Var e Tecnologia
da Linha de Golo) vieram melhorar
o futebol ou tirar um pouco da
essência do futebol?
J.P. - O VAR muda o futebol e as emoções
que envolve este desporto. Em primeiro
estamos a falar de uma tecnologia que
ainda esta no início e que no decorrer do
tempo com certeza que se ira adaptar e
melhorar. Estas novas tecnologias entraram
no futebol para corrigir erros óbvios
em campo, vistos que qualquer arbitro
quer arbitrar os seus jogos sem erros.
Depois há outra coisa: há decisões que
são claras onde não há espaço de interpretação
como por exemplo a tecnologia
de linha de golo a bola entrou ou não. Por
outro lado, há decisões que são tomadas
onde há uma certa interpretação, onde se
tem que fazer uma certa análise de vários
aspetos e aí nunca será possível agradar
a todos. Na minha visão todas as tecnologias
que ajudem a evitar erros óbvios e
graves são uma mais-valia para o futebol.
L.Z. - De tantos jogos que já arbitrou,
tem alguma história para partilhar connosco?
JP - Uma história especial é o meu primeiro
jogo na 5ª liga, como um jovem rapaz
de 17 anos. Nervoso pelo novo passo que
estava a traçar junto de equipas seniores,
consegui dirigir o jogo sem quaisquer
problemas e estava num óptimo caminho
para terminar o jogo. Até que ao minuto
80, uns senhores vieram resolver uns assuntos
pessoais com um jogador em campo,
e eu vi-me obrigado a terminar o jogo
naqueles momentos, visto que não havia
condições para continuar aquele jogo. O
meu observador naquele jogo motivou-me
e demonstrou-me claramente que aquilo
não se tinha passado por causa de mim.
Naquele momento vi que não está sempre
tudo nas nossas mãos, do outro lado motivou-me
a dar ainda mais em cada jogo.
Ainda pensei em desistir porque como
podem imaginar para um rapaz novo viver
aquilo não é fácil, mas motivei-me e voltei
ainda mais forte e com mais vontade.
L.Z. - Que conselho deixa a árbitros
mais jovens que agora iniciam a sua actividade?
J.P.- A última opção é desistir. No decorrer
de uma carreira haverá altos e baixos, o
importante é estar fixado nas coisas boas
e que brevemente haverá um próximo jogo
para fazer tudo melhor. Dos jogos menos
conseguidos o mais importante é ser auto-crítico
e ver o que se poderá melhorar
para os próximos jogos. Mais importante
que qualquer avaliação pelo conselho de
arbitragem, é manter a felicidade quando
se esta a arbitrar. Posso dizer que ter
entrado tão cedo na arbitragem fez me
crescer e amadurecer muito mais rápido,
e que foi e é uma grande escola de vida.
L.Z. - Que mensagem deixa aos jogadores,
treinadores, directores e
adeptos como arbitro? Que conselhos
dá para o melhor do futebol?
J.P.- Todos trabalham para dar o seu melhor
nos dias dos jogos, por isso em primeiro
lugar: Respeito por todos que estão
envolvidos neste desporto, tanto faz em
que posto, porque todos são importantes.
Penso que algo importante seria que todos
os envolvidos no futebol procurassem os
próprios erros para depois poder opinar
pelo dos outros e assim se evitaria muitos
problemas e escândalos. Emoções são um
elemento do jogo, mas o mais importante é
saber, depois de um jogo, olhar para tudo
de uma maneira calma e objectiva.
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
22
COVID-19
SUÍÇA NA LUTA CONTRA O COVID-19
Máscaras protetoras: onde,
qual, para quem?
Pessoas que sofram de doenças crônicas ou idosos devem usar uma máscara de proteção. Importante também é manter distância sempre que possível.
(SWISSINFO.CH)
POR PETER SIEGENTHALER (*)
Pessoas saudáveis não deveriam estar usando máscaras protetoras nas ruas,
como nos países asiáticos? Por que não se encontram mais máscaras nas farmácias?
As autoridades sanitárias explicam estas e outras perguntas.
Ainda é possível encontrar máscaras de proteção?
Marlen Aeschlimann tinha apenas dois pacotes de 10 máscaras protetoras nas prateleiras da sua farmácia até o início da semana.
Cada um é vendido a 29 francos. Uma nova remessa de mil pacotes está a caminho, disse a jovem empresária, que prefere não
usar máscaras protetoras enquanto trabalha.
Só nos últimos dois dias, 200 pacotes foram vendidos no balcão da sua farmácia. No rótulo, o fabricante promete “máscara de
proteção, 3 camadas, antivírus, TUV testado, com certificado ISO.”
As máscaras foram fabricadas pela Victory Switzerland, em Kirchberg, Cantão de Berna. A empresa entregou 350 mil peças deste
tipo em lares de idosos e farmácias nas últimas 48 horas, diz o diretor-executivo Daniel Gerber. Espera-se que as encomendas
aumentem muito nos próximos dias.
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
COVID-19
23
Dicas
Principais formas de transmissão do Covid-19, como os pesquisadores até então confirmaram:
- Por contato próximo e prolongado: se você se aproximar de uma pessoa doente menos de 2 metros, por mais de 15 minutos.
- Por gotículas (pingos de saliva): se a pessoa doente espirrar ou tossir, os vírus podem chegar diretamente às membranas mucosas
do nariz, boca ou olhos de outras pessoas.
- Através das mãos: gotas contagiosas de tosse, espirros ou de superfícies contaminadas podem se encontrar sobre as mãos. Elas
podem chegar à boca, nariz ou olhos se a pessoa lhes tocar.
FONTE: BAG
Gerber compra atualmente essas máscaras a um valor de 1,20 francos suíços de um vendedor na China, onde são produzidas por
2 centavos cada. Seus clientes pagam 1,57 francos. Nas farmácias, os consumidores pagam 2,90 francos.
Uma das razões de não se produzir mais máscaras protetoras na Suíça é o custo de fabricação. Estes são na China muito menores.
Com a falta do produto no mercado e a atual crise, duas ou três empresas suíças voltam a produzi-las.
A China, onde a força da pandemia parece diminuir, poderia fornecer atualmente vários milhões de unidades, diz o diretor-executivo
da Victory. O fato de ele ter recebido apenas uma fracção disso deve-se às dificuldades atuais com o transporte de mercadorias,
seja pelo bloqueio das rotas e fronteiras.
Faltam máscaras nos hospitais suíços?
Victory também abastece hospitais, mas não com máscaras desse tipo, mas sim com as máscaras de uso profissional, as chamadas
FFP2. Atualmente não é mais possível encomendá-las por internet. O site da empresa indica que estão “esgotadas”.
Essas máscaras profissionais ainda são oferecidas em outros portais online, mas custam até dez vezes mais do que antes da pandemia.
Bernhard Roder, chefe de compras e logística do Hospital Municipal da cidade de Bienne (meia hora distante de Berna), revelou
à televisão suíça que pagavam 75 centavos por unidade até então.
As máscaras FFP2 (proteção da boca e do nariz) e FFP3
(proteção da boca, do nariz e dos olhos) estão em falta
e a sua aquisição tornou-se mais difícil, segundo informações
de vários hospitais.
O governo federal mantém um estoque obrigatório de 180
mil peças, o que não basta para atender à atual demanda.
Porém o objetivo é aumentar o estoque, como confirmou
Daniel Koch, chefe da divisão de doenças transmissíveis
do Departamento Federal de Saúde Pública (BAG, na sigla
em alemão), ao ser entrevistado pela televisão pública.
“E isso será suficiente, pois já temos uma produção de
máscaras no país. Todos os dias são produzidas cerca de
40 mil máscaras FFP2 para o pessoal de enfermagem”,
assegurou Koch.
Contra o que é que as máscaras protegem?
“Para pessoas saudáveis, essas máscaras não protegem
Máscaras protetoras como essas são vendidas nas farmácias suíças. Elas são pouco utilizadas realmente contra o vírus”, disse Koch. Se distanciar e
e consideradas “de pouca utilidade” pelas autoridades. (SWISSINFO.CH)
lavar as mãos regularmente é muito mais eficaz.
No site do BAG, sob o título “Máscaras de Higiene”, existe uma recomendação para a população de que cada pessoa mantenha um
estoque de 50 máscaras em casa. Ao mesmo tempo escreve: “O BAG não recomenda que pessoas saudáveis usem máscaras de
higiene em locais públicos.”
O material de proteção deve ser utilizado principalmente para proteger os profissionais de saúde que tratam os pacientes, bem como
para proteger as pessoas particularmente vulneráveis.
Se pessoas saudáveis utilizarem máscaras, elas vão faltar nos hospitais?
Koch, especialista do BAG, nega: “As máscaras têm um efeito quando as pessoas infectadas as usam, porque evitam que os vírus
se disseminem. Mas se a pessoa já está infectada, ela deve ficar de quarentena em casa.
As máscaras devem ser usadas em situações onde as pessoas estão realmente em risco, ou seja, nos hospitais ou lares de idosos.
Lá, as máscaras são obrigatórias porque, caso contrário, há o risco de que enfermeiros ou outro funcionário infecte os pacientes,
diz Koch.
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
24
COVID-19
As pessoas infectadas, mas que não o sabem, não estariam reduzindo o risco de disseminar o vírus se
usarem máscaras nas ruas?
Não necessariamente, diz o BAG. Em primeiro lugar, uma máscara protetora pode acalmar a população, dando uma falsa sensação
de segurança. Assim muitos poderiam ignorar mais facilmente, ou esquecer, as regras de distanciamento. Em segundo
lugar, estas máscaras de proteção são um risco se forem utilizadas de forma imprópria.
Por que é que as pessoas nos países asiáticos usam ou usaram máscaras em público?
Não se pode descartar que isso possa ocorrer na Suíça. As autoridades discutem atualmente a possibilidade de tornar o uso de
máscaras obrigatório, pelo menos para profissionais altamente expostos no comércio e transportes públicos.
No entanto, o BAG segue uma estratégia diferente, pelo menos por enquanto: na Suíça, são principalmente os vulneráveis (doentes
crónicos e idosos) que devem ser protegidos. Sempre que possível, eles não devem sair de suas casas. E parentes, amigos e
conhecidos devem manter distância. De acordo com o BAG, o cumprimento dessas regras ajuda mais do que o uso de máscaras.
A população parece confiar nas autoridades. Nas ruas se veem poucas pessoas utilizando máscaras, apesar de estarem esgotadas
nas farmácias.
Uso correto das máscaras de higiene
- Antes de colocar a máscara, lave as mãos com água e sabão ou com um desinfetante.
- Coloque a máscara de higiene cuidadosamente para que ela cubra o nariz e a boca e puxe-a com força para que se ajuste ao
seu rosto.
- Não toque na máscara depois de tê-la colocado. Lave as mãos com água e sabão ou com um desinfetante após cada toque
em uma máscara de higiene usada, por exemplo, ao removê-la.
- As máscaras de higiene podem ser usadas por, pelo menos, 2 a 4 horas (até 8 horas), mesmo que estejam húmidas.
- Depois substitua por uma máscara de higiene nova, limpa e seca.
- As máscaras de higiene descartáveis não devem ser reutilizadas.
- Jogue fora as máscaras de higiene descartáveis imediatamente após cada utilização.
De acordo com o BAG, as principais rotas de transmissão do vírus atualmente conhecidas são as seguintes:
Se houver contato com uma pessoa doente durante vários minutos, a uma distância inferior a dois metros.
Se uma pessoa doente espirrar ou tossir, os vírus podem alcançar as membranas mucosas não só da boca e do nariz, mas também
dos olhos, com os respingos. Uma máscara de proteção da boca e nariz não protege contra essa forma de difusão do vírus.
A proteção da boca, nariz e olhos FFP3 (a chamada proteção aerossol) também proporciona apenas uma proteção limitada, porque
os respingos contagiosos da pessoa que tosse ou espirra também podem atingir as mãos da pessoa oposta. E dali podem
entrar na boca, nariz ou olhos quando a pessoa toca o rosto. Por isso a regra: evitar tocar o rosto.
Fonte: BAG
(*) Escreve em português do Brasil
Adaptação: Flávia C. Nepomuceno dos Santos, SWISSINFO.CH
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
COVID-19
25
Jovem suíça conta como é
se recuperar do coronavírus
SWISSINFO (*)
Veja o vídeo: HTTPS://BIT.LY/2WQ7QBK
O número de contaminações por Covid-19 aumenta exponencialmente na Suíça. Porém mais de 98 mil se recuperaram e estão
imunes. Um deles é uma jovem suíça, que conta o que passou à televisão.
Bettina Sooder foi a terceira pessoa oficialmente na Suíça a ser testada positivo com Covid-19. "Foi uma sensação estranha saber
que era um perigo para os outros. Você também se sente tão só", lembra-se.
A jovem de 26 anos se infectou provavelmente na Itália, quando foi assistir a Semana da Moda de Milão. Ao regressar, uma amiga
lhe aconselhou a fazer o teste do coronavírus. O primeiro caso na Suíça só tinha sido identificado no dia anterior.
Ela permaneceu isolada no Hospital Universitário de Zurique durante quatro dias. Depois ficou de quarentena em casa por mais
alguns dias. Diariamente os médicos telefonavam a Sooder. Por não apresentar nenhum sintoma no espaço de 48 horas, foi então
declarada recuperada e pode retornar ao trabalho. Mesmo assim muitos tinham medo de se aproximar dela. "Você fica um pouco
estigmatizada. As pessoas me evitam até agora, pois têm medo de ser infectar, o que posso compreender."
Assine a nossa Newsletter e acompanhe as atualidades direto da Suíça
Sooder trabalha como secretária em um consultório em Zurique. Hoje aproveita que está imune e retira sangue dos pacientes na
clínica. Como profissional de saúde treinada, gostaria de oferecer seus serviços a um hospital caso o consultório seja fechado.
Marcel Salathé, chefe do Laboratório de Epidemiologia Digital do Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), diz que as pessoas
recuperadas em breve desempenharão um papel muito importante: "Não apenas para o sistema de saúde, mas para o sistema em
geral". Pessoas imunes não serão mais afetadas pelo vírus".
De acordo com Salathé, eles reforçar o sistema de saúde do país. "Dentre outros, assumindo tarefas importantes dos que estão
infectados ou correndo risco de se infectar", diz. - (*) Escreve em português do Brasil
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
26
COVID-19
Não há ventiladores
para todos
LUÍS OSÓRIO
1.A mortandade instalou-se na Europa. As imagens em Espanha e Itália (tão perto daqui) ferem o entendimento. Médicos têm que
decidir quais os infetados que devem ser ligados a ventiladores e quais os que têm de ser abandonados. Os italianos já o fazem
há pelo menos dez dias. Os espanhóis começaram a fazê-lo há três ou quatro.
2.
O protocolo tenta ser o mais claro possível para desfazer ambiguidades impossíveis de existir num campo de guerra. Acima dos
70 anos, na maioria dos casos, não vale a pena. Em Itália, e agora em Espanha, quem decide tem de levar em linha de conta a
esperança média de vida e o valor social do cidadão. Centenas de pessoas têm assim morrido auxiliados apenas por drogas
que menorizem a dor ou a sensação de asfixia. Não há mais nada que possa ser feito por não existirem ventiladores para todos.
3.
Talvez seja o pior de tudo o que já vi por estes dias. Democracias que não têm condições para resistir a uma ameaça como esta.
Democracias que não cuidaram que os seus sistemas de saúde estivessem equipados com material que prevenisse uma crise
como esta. Que não estão prevenidos para o imprevisível.
Os hospitais públicos não têm ventiladores suficientes porque todo o nosso sistema económico está alicerçado em critérios
economicistas que trataram a saúde como se fosse uma área igual a todas as outras. O desinvestimento não é um exclusivo
português, muito pelo contrário. O que está a acontecer em Itália, Espanha e França prova-o à saciedade.
4.
É muito triste ver os mais velhos serem abandonados à morte porque são mais velhos. É muito triste ver pessoas que são também
deixadas à porta do fim por não terem tido uma vida relevante ou por acrescentarem alguma coisa de palpável à comunidade.
Não me atrevo a criticar os critérios – postos perante tal limitação alguém tem de decidir e os procedimentos têm de ser racionais.
Não é isso que me choca. Quem tem o dever de decir é um verdadeiro herói. O que me escandaliza é a constatação de que
uma democracia jamais deveria ser colocada perante o dilema de escolher entre os mais capazes e os outros ou entre os mais
velhos e os mais novos.
5.
Não consigo evitar pensar que os nazis, nos campos de extermínio, também escolhiam os mais aptos para o trabalho. E deixavam
os outros, mais velhos ou debilitados, morrer nas câmaras de gás. É uma analogia terrível e injusta, sem dúvida. Não há
comparação possível. Porque num caso a decisão parte de uma ideia de mal necessário e tem o pressuposto de salvar vidas. E
na outra a decisão parte de uma ideia de extermínio.
Mas é uma ironia que nos envergonha. E que espero possa levar a uma mudança civilizacional que obrigue as democracias
representativas, em que continuo a acreditar, a fazer opções que coloquem sempre as pessoas no centro das suas políticas.
E que não poupem na saúde, o nosso bem mais precioso. O bem que infelizmente só nos lembramos quando nos toca a nós.
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
COVID-19
27
Dados úteis
NUNO CRAVEIRO LOPES (*)
* O vírus não é um organismo vivo, mas uma molécula de proteína,
coberta por uma camada protetora de gordura que é absorvida pelas
células da mucosa ocular, nasal ou bucal, causando o contágio.
* Como o vírus não é um organismo vivo, ele não é morto, mas se
decompõe por si próprio. O tempo de desintegração depende da
temperatura, humidade e do tipo de material em que se encontra.
* A única coisa que protege o vírus é a fina camada externa de
gordura. É por isso que qualquer sabão é o melhor meio de o
destruir, porque a espuma de sabão dissolve a gordura. Para isso
é preciso esfregar por pelo menos 20 segundos e fazer muita espuma.
Ao dissolver a camada de gordura, o vírus desintegra-se.
* O calor ajuda a derreter a gordura; por isso deve-se usar água
acima de 25 graus para lavar as mãos, roupas e tudo mais. A
água quente produz mais espuma, o que a torna ainda mais eficaz.
* Álcool ou qualquer líquido com álcool superior a 65% dissolve
qualquer gordura, incluindo a camada lipídica externa do vírus,
provocando também a sua desintegração.
* Qualquer mistura com 1 parte de hipoclorito (lexivia) e 5 partes
de água dissolve diretamente a proteína do virus, destruindo-o.
* O peróxido de hidrogênio (água oxigenada) também é eficaz,
depois do sabão, álcool e cloro, porque dissolve as proteínas do
vírus, mas é necessário usá-lo puro o que causa lesão da pele.
* O ozono, é eficaz para inativar o virus desde que se consiga
uma concentração de 25 ppm e humidade de mais de 95%. Essa
concentração é tóxica para as pessoas respirarem pelo que deve
ser utilizado num recipiente fechado ao ar livre.
* Os antibióticos não são eficazes. O vírus não é um organismo
vivo como as bactérias; Não se pode matar o que não é um organismo
vivo com antibióticos.
* O vinagre não é útil porque não dissolve a camada protetora de
gordura do vírus.
* As bebidas alcoólicas não são eficazes. A vodka mais forte só
tem 40% de álcool. Para ser eficaz é necessário álcool a 65%.
* O frio (frigorífico, ar condicionado) não inativa os vírus em geral.
Eles são mais estáveis a baixas temperaturas do que a temperaturas
mais elevadas do que 25°C.
Deve-se lavar com detergente/sabão as embalagens e fruta antes
de as colocar no frigorífico.
* Numa superfície porosa como a roupa, o Corona virus desintegra-se
após 3 horas, 4 horas em superfícies de cobre e madeira,
1 dia em papelão, 2 dias em metal, 3 dias no plástico e 9 DIAS
no chão/asfalto. Use apenas um par de sapatos para ir à rua e
deixe-os fora da porta.
* NUNCA agite roupas, lençóis ou roupas usadas ou não utilizadas
e não use espanador, pois as moléculas do vírus flutuam no ar
por até 3 horas e podem ser aspiradas pelo nariz ou pela boca.
As moléculas virais permanecem muito estáveis no frio exterior ou
artificial produzido pelos aparelhos de ar condicionado. Também
precisam de humidade para permanecer estáveis e principalmente
de escuridão. Portanto, ambientes secos, quentes e brilhantes
degradam-no mais rapidamente.
* A luz ultravioleta em qualquer objeto que possa conter vírus,
lesa a proteína do vírus. É útil para por exemplo, desinfetar e
reutilizar uma máscara.
* O vírus não atravessa uma pele saudável.
* Quanto mais limitado é o espaço onde se encontram as pessoas,
maior a concentração do vírus. Quanto mais aberto ou naturalmente
ventilado, menor a concentração e menor a possibilidade
de contágio.
* Lave as mãos antes e depois de tocar nas membranas mucosas
( boca, nariz e olhos), na comida, nas fechaduras, maçanetas,
interruptores, controle remoto, telefone celular, relógios, computadores,
mesa de trabalho, TV, etc.
* Mantenha também as unhas curtas para que o vírus não se
aloje sob as unhas.
(*) - Ortopedista e Traumatologista na empresa Hospital Cruz VermelhaTrabalhou
como Director do Serviço de Ortopedia e Traumatologia na empresa Hospital
Garcia de Orta, E.P.E.Trabalhou como Medical Doctor (MD) na empresa Hospital
Garcia de Orta, EPETrabalhou como Médico Interno da Especialidade na
empresa Hospital Ortopédico de Sant’AnaTrabalhou como Médico - Interno na
empresa Hospital Ortopédico Sant’Iago do OutãoEstudou Medicina e Cirurgia
em Faculdade de Medicina ULisboa
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
28
CRÓNICA
Showcase intimista
‘Bora lá, Portugal
ANTONIO MANUEL RIBEIRO (*)
Produzimos hoje (21/03) o nosso primeiro MMC – Momento Musical Caseiro – para unir os que
gostam dos UHF numa causa nacional. Dar o que sabemos fazer, música, contacto, comunicação.
Durante quase uma hora desmontámos o segredo das nossas vidas fechados numa sala de
ensaios, como nos encontramos para ouvir e seleccionar canções, errando, rindo e recomeçando.
Seguindo todas as regras das autoridades sanitárias do país, juntei-me ao Ivan Cristiano (percussão)
e ao Bruno Neves (booking e cineasta nas horas vagas…) e soltámos as rédeas para
uma boa vibração.
Noites Lisboetas, Do Zero, Dançando na Noite, Hey! Hey! (‘Bora lá), Quero Entrar em Tua Casa,
A Saudade é Uma Ressaca, Cascais ’79 (inédito), Fã Número 1 (sou e + nenhum) e Nove Anos,
constituíram o alinhamento tocado entre as 16h00 e as 17h00. Houve cortes na transmissão, o
FB dos UHF falhou logo de início, mas isso faz parte da riqueza do momento; o meu FB entrou
em substituição; o Instagram dos UHF aguentou-se. Foi mesmo caseiro. Na próxima semana
será melhor.
Estiveram connosco amigos de Albergaria-a-Nova; Aldeia do Meco; Almada; Alverca; Amarante;
Anadia; Angra do Heroísmo; Aroeira; Baixa da Banheira; Barcelos; Bidoeira; Braga; Cabanas
de Tavira; Chamusca; Coimbra; Corroios; Costa de Caparica; Entroncamento; Felgueiras;
Figueira da Foz; Fornos de Algodres; Freixieiro; Fronteira; Funchal; Glória do Ribatejo; Gouveia;
Grândola; Guarda; Guimarães; Ladoeiro; Lisboa; Machico; Mafra; Malveira; Marinha Grande;
Matosinhos; Monchique; Montemor-o-Velho; Montijo; Mozelos; Nogueira do Cravo; Odemira;
Olhão; Paços de Ferreira; Paredes de Coura; Pedome; Penafiel; Pinhal Novo; Pombal; Ponta
Delgada; Portalegre; Portimão; Porto; Póvoa do Varzim; Quinta do Conde; Rinchoa; Rio
Tinto; Santa Maria da Feira; Santarém; São Paio de Oleiros; Setúbal; Silves; Sintra; Tavira;
Torres Vedras; Vale de Cambra; Vale Fetal; Vendas Novas; Vialonga; Vidigueira; Vila Franca de
Xira; Viseu, entre outros. E ainda, desde a Alemanha; Canadá/Ontário; Canadá/Perteborough;
França/Paris; Holanda; Luxemburgo; Suíça/Genebra; Suiça/ Bad Ragaz.
Canção escolhida: “A Saudade é Uma Ressaca” – que iremos minimizar. ‘Bora lá, Portugal.
YOUTUBE.COM - UHF - A Saudade é uma ressaca - shorturl.at/bgkI1
É domingo
ANTONIO MANUEL RIBEIRO
É verdade, afinal é domingo, depois de três dias
a parecer-me sábado. Só há pouco deixei a mesa
do almoço – almocei-me devagarinho e o tinto, reserva
da Quinta dos Aciprestes, estava um primor.
Os gatos vêm à janela chorar (?) por comida – alimento os gatos
da rua, eu e os meus vizinhos da frente, são gatos espertos que
andam pelo take away entre as duas casas.
As abelhas cirandavam à volta das flores abertas da cameleira
e isso significa que a primavera está no grande despertar e a
vida no seu equilíbrio. Apesar de… É domingo, e eu vacilo entre
a escrita e a leitura, oiço Lindisfarne, o folk britânico que foi tão
importante na minha cultura musical quanto os Doors, os Stones
ou os Ramones. Certamente, por isso, a minha colecção
de violas acústicas.Estamos de férias, pensem que estamos de
férias e que as ditas não são para criar sarilhos – aqui não há
inutilidades, há rigor no estancamento da pandemia. Sigamos
o que o governo nos diz. Depois, se verá o resto, mas este é o
tempo da colaboração, como afirmou Rui Rio no parlamento.
Assim, somos um todo, porque este é um tempo de combate
de todos contra o intruso.
Os que programaram férias exóticas, coloquem esses legítimos
desejos em moratória, reprogramem a inteligência. Portugal
precisa de nós, os portugueses à beira do desemprego esperam
a nossa acção directa. Façam férias cá dentro, minimizem
os estragos duros que o sector vai receber – são milhares de
portugueses com medo do dia de amanhã. Façamos de Pai Natal
em pleno verão.
Peço-vos uma moratória para as viagens ao estrangeiro, traiçoeiros
lugares nos tempos que correm. Cumpram o dever patriótico:
360 é mesmo bom! Comprem nacional.Canção escolhida:
“Tudo o Que é Nosso”
(*) Fundador e vocalista do Grupo UHF
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
OPINIÃO
29
Europa: a enorme vantagem
do Sul sobre o Norte
MIGUEL SZYMANSKI
O sul da Europa cultiva o respeito pelos mais velhos de uma forma muito mais intensa do que a Mitteleuropa e o norte da Europa. Vivo
metade da minha vida na Alemanha, conheço bem a Holanda, a Dinamarca e a Áustria, e vejo isso em todos os aspectos das vidas
pública e privada.
Num país como Portugal os laços familiares - com todas as falhas e excepções - têm um peso muito maior do que na Europa mais
próspera e 'desenvolvida'. No Sul, na falta de uma rede de apoio social eficaz - mas fria e burocrática -, a mãe e o pai, os avós e os
tios, com quem convivemos muito de perto, são a verdadeira rede de apoio social.
No resto da Europa, marcada por uma visão focada no crescimento económico, na eficiência e produtividade os mais velhos são
dispensáveis na vida do dia-a-dia sem grande envolvimento emocional. Se a opção for entre a 'indústria automóvel' ou os condutores
acima dos 65, qual será dentro de três semanas a decisão da maior empresa europeia, a 'Alemanha S.A.'?
Mas não é só na Alemanha que o sistema económico e os dogmas financeiros dominam a estrutura mental e acentuam o relativismo
ético. O mesmo acontece nos círculos do poder em Portugal.
A questão não é saber onde é que já morreu mais gente, ou quem é que saiu da última crise sem ter de sacrificar o seu sistema de
saúde pública (mas impôs aos outros que desmantelassem os seus) como a Alemanha, a Áustria ou a Holanda. A questão é se estamos
dispostos a pagar o preço para impedir mais mortes. Porque é só um preço, não é um valor.
Só espero que em Portugal as pessoas se mantenham firmes. Sofreremos menos com menos viagens, menos turistas e menos centros
comerciais, menos roupas e menos carros, do que sem pais e sem avós.
O escravo forro
CARLOS MATOS GOMES
O escravo forro. A propósito das “repugnantes” declarações do ministro
das finanças holandês e do seu equivalente local, o Chega, que afinal é
holandês, como o Pingo Doce, a Galp, a Sonae e as grandes empresas
cotadas na bolsa de Lisboa.
O partido racista Chega defende a mesma política dos ministros da Holanda
e há quem apoie patrioticamente o Chega português e desanque patrioticamente
o Chega holandês!
É que, para o governo holandês, os latinos, no caso portugueses, espanhóis
e italianos são os ciganos e os imigrantes do Chega português.
Em 2017, o ministro das finanças holandês, Jeroen Dijsselbloem disse,
dirigindo-se aos países do sul, que “não se pode gastar todo o dinheiro
em mulheres e álcool e depois, pedir ajuda”. Há dias, o atual ministro das
finanças da Holanda, Wopke Hoekstra, disse, a propósito das dificuldades
de Espanha que esta “devia ser investigada por ter dito que não tinha margem
orçamental para responder à crise.”
Para os holandeses, os portugueses, os espanhóis e os italianos são como
os ciganos e os imigrantes para o partido Chega. Chupistas, malta que
gasta o que tem em mulheres e álcool, já agora música e raspadinhas, e
depois pede ajuda ao Estado.
Há uns ditos patriotas portugueses que se sentem bem com quem os trata
como subespécie humana e que, por isso, aplaudem o Chega português
e se reveem nas suas propostas de acabar com o Serviço Nacional de Saúde, a escola pública e afirmam terem orgulho em serem
portugueses, mesmo que tratados como parasitas pelos nórdicos!
É uma moral do escravo forro, que se sente superior por chicotear os seus semelhantes. São masoquistas, mas segundo as sondagens
estão a crescer como o coronavirus.
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
30
PUBLICIDADE
Em tempo de Pandemia...
Amigos, espero que estejam todos bem. Para entreter nestes tempos conturbados
lembrem-se que na ausência de melhor, leiam os meus livros... Cuidem-se!
encurtador.com.br/ahorU
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
PEDRO
BARROSO
ÓBITO
31
“só peço que na fase pior, depois me
dêem muita morfina...” - Pedro Barroso
MANUEL ARAÚJO
Pedro Barroso, que foi colaborador do Lusitano de
Zurique, morreu na terça-feira, dia 17, aos 69 anos,
em Lisboa, onde se encontrava internado desde o dia
8 de Março.
Começo por dizer, que sinto-me ainda desconfortável a escrever
sobre a morte do meu amigo Pedro Barroso. Irei ser breve e apenas
dizer, que senti a dor do seu desaparecimento, lento e doloroso,
como senti em alguns casos da perda de pessoas próximas.
Conheci o Pedro pessoalmente há quase três décadas, primeiro
devido à profissão e mais tarde na luta pela vida, contra o maldito
cancro. Sobre essa luta, poderia escrever muito mais, mas acho
que não é ainda o momento para o fazer. Apenas direi, que tudo fiz
para o ajudar a ultrapassar o problema oncológico que o minava,
uma doença que eu bem conhecia e nos tornaou cumplices e nos
fez tremer. O esforço de ambos pelo êxito foi grande, mas devido a
vários factores que agora não interessa especificar, falhamos.
Durante todos estes anos, o Pedro foi um amigo incondicional,
conselheiro e colaborador do jornal que fundei na Suíça na década
de noventa, tendo no início de 2005, a colaborador com a revista
do Centro Lusitano de Zurique, a qual edito desde esse ano. Em
meados do ano 2000, convidado por mim, deu apoio a um projecto
interessante mas falhado, destinado às Comunidades no estrangeiro,
de uma “rádio, jornal e TV”, criado em Braga por um lunático
pouco digno.
Ficou tanta coisa por dizer e fazer. Entre outras, vir a Braga comer
aquele “Bacalhau à Braga” prometido, “mas desta vez uma coisa
de jeito”, pois o último que comemos na zona do Porto, de “Bacalhau
à Braga” só tinha o nome e desapontou-nos. Ficou também
por “fazer a prova dos nove” à minha afirmação, de que a melhor
Lampreia que se come no norte, é na terra do Chefe Silva, Termas
de Caldelas, a minha terra.
O prefácio - “meia página”- de um livro de “apontamentos” que
ainda estou a escrever, ficou também por concretizar. O encurtamento
precoce da vida, não lhe deu tempo de o escrever, mas o
espaço no livro irá ficar em branco, em sua memória…
O tempo estava a esgotar-se e ele sabia isso melhor que ninguém.
As idas aos hospitais eram constantes e o prognóstico era sombrio…
Pouco tempo antes de uma das suas últimas idas ao hospital, estivemos
a conversar via Skype, onde a tristeza, preocupação e o
desânimo era notório e indisfarçável. Triste e com o coração acelerado,
eu bem tentei mostrar-me forte e transmitir-lhe ânimo, mas
erai difícil... Pedi-lhe desculpa por não o poder ter ajudado mais e
pelo falhanço do plano que havíamos previsto. Ele, já conformado
com o veredicto dos médicos, com uma voz estranhamente firme e
calma respondeu-me - “Desculpa bom amigo, mas só peço que na
fase pior, depois me dêem muita morfina e pronto. Mas obrigado,
obrigado mesmo e nunca és chato... grande abraço”...
Aos filhos e à esposa Manuela, apresento os meus mais sentidos e
profundos pêsames.
Adeus amigo, adeus companheiro!
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
32
ÓBITO
UM GÉNIO QUE PARTIU
LUÍS BEJA
A cultura portuguesa ficou muito mais pobre, com
a partida de Pedro Barroso, cantautor e músico que
nunca baixou os braços na luta pela liberdade. Vítima
de doença prolongada e com apenas 69 anos,
deixou-nos no passado dia 16 de Março.
Em Dezembro de 1969, aos 19 anos, estreia-se no saudoso programa
televisivo “Zip Zip”, apresentado por Raul Solnado, Fialho
Gouveia e Carlos Cruz.
Grava o seu primeiro EP, “Trova-dor”, com a mesma etiqueta (Zip
Zip), editado no ano seguinte.
Com uma longa carreira, o músico viu letras serem cortadas,
canções proibidas, discos apreendidos pela censura, mas fazia
ouvir a sua mensagem de liberdade através da intensidade e da
beleza da sua música. Percorreu Portugal de lés-a-lés e actuou
nos mais diversos palcos no estrangeiro.
Particularmente a partir de 2014, na sequência de graves problemas
de saúde, retira-se temporariamente: por diversas vezes
hospitalizado, esteve sem andar, em coma, foi operado, fez tratamentos
de quimioterapia - sem nunca se dar por vencido.
Quando chegou a bonança, Pedro Barroso voltou à sua música
e aos discos. O seu novo trabalho ficou concluído em Novembro
– mês do seu nascimento – altura em que se previa ser lançado,
mas viria a ser adiado com a morte de Patxi Andión, artista espanhol
com quem o músico português tinha gravado um dueto.
Exactamente 50 anos após a sua estreia, como forma de celebrar
cinco décadas de música e em jeito de despedida do público,
apesar de já fisicamente debilitado, deu o seu último concerto em
Dezembro de 2019 no Teatro Virgínia em Torres Novas, terra natal
do seu pai e que adoptou como sua.
Concerto emocionante e memorável para todos aqueles que se
despedem através da música, todos unidos pela liberdade e amizade,
foi o adeus aos palcos deste “monstro” da música e da
cultura portuguesa.
Conheci o Pedro Barroso pessoalmente numa festa na Volkshaus
em Zurique, por ocasião das comemorações do 25 de Abril, organizada
pela APZ (Associação Portuguesa de Zurique) já lá vão
muitos anos. Trocámos galhardetes de amizade, admiro a sua
obra de rara beleza, que acompanhei sempre à distância.
Pedro Barroso: um génio - como compositor, trovador, músico
popular, de intervenção, intérprete de canções com recital dos
poemas que escreveu, pintor e artista plástico amador, sob o
nome de Pedro Chora.
Pedro Barroso, um “alfacinha de gema”, lutador, frontal, poeta da
palavra. Lisboa o viu nascer, Lisboa o viu partir, mas não morrerá
– ele continuará a viver através do legado da sua obra.
“Viva quem canta/Que quem canta é quem diz/
Quem diz o que vai no peito/No peito vai-me um país”!
Paz à sua alma.
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
ÓBITO
33
Morreu
Pedro Barroso
Foto: Manuel Araúujo
MANUEL ARAÚJO
“Homem de música e palavras”, considerado por muitos como sendo o “Último Trovador”. Pedro Barroso,
de 69 anos, que gravou mais de 30 discos, intérprete de êxitos como “Menina dos Olhos D’Água” ou
“ Viva quem Canta”, foi uma das vozes da Revolução de Abril e que celebrou recentemente o seu 50.º
aniversário de carreira num espectáculo [premonitório] de despedida dos palcos e das canções, morreu
no passado dia 17 de Março num hospital em Lisboa.
Pedro Barroso deixou um último álbum gravado, “Novembro”, que foi a sua “despedida das canções”, o qual a sua Editora (Ovação)
irá lançar neste mês de Abril.
O trabalho chama-se Novembro, por ter sido o mês em que foi terminado e também o mês do nascimento do autor. Para Pedro
Barroso, este novo trabalho, Novembro, foi a sua despedida das canções. Refira-se que Novembro, inclui um tema - Que Rumos -,
cantado em parceria com o Patxi Andión, músico espanhol que faleceu dias antes deste último espectáculo, num acidente de viação.
Com percurso iniciado nos anos 1960, Pedro Barroso revelou-se como músico e cantor, ao grande público, no programa Zip-Zip,
da RTP, em 1969, tendo nas cinco décadas seguintes dado centenas de concertos, em Portugal e no estrangeiro e publicado mais
de 30 discos, entre álbuns e ‘singles’. O músico nasceu em Lisboa, em 28 de Novembro de 1950, numa família de Riachos, Torres
Novas, cidade onde viveu desde os quatro anos de idade e que sempre considerou a sua terra natal.
Maestro Pedro Barroso, escritor, poeta, autor, compositor, pintor, pensador, libertário, republicano, agnóstico, pai, avô e sobretudo
músico, actuou por todo o mundo; Espanha, França, Croácia, Canadá, Estados Unidos, Brasil, Países Baixos, Bélgica, Suécia, Suíça,
Luxemburgo, Hungria, Alemanha e China.
Pedro Barroso fez o curso de Educação Física do Instituto Nacional de Educação Física (actual Faculdade de Motricidade Humana)
(1973) e foi professor no Ensino Secundário, durante mais de vinte anos. Mais tarde obteve um diploma pós-graduado em Psicoterapia
Comportamental (1988), tendo trabalhado na área da Saúde Mental e Musico-terapia durante alguns anos.
Como referido na edição anterior desta revista, Pedro Barroso neste campo, foi pioneiro no ensino de crianças surdas-mudas, numa
escola de ensino especial de Lisboa. Foi co-autor de um tema “Afrodite” com poema de José Saramago - prémio Nobel da Literatura
e foi distinguido com vários prémios nacionais e no estrangeiros e recebeu a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores.
Actuou por todo o país e efetuou concertos em Espanha, França, Croácia, Canadá, Estados Unidos, Brasil, Países Baixos, Bélgica,
Suécia, Suíça, Luxemburgo, Hungria, Alemanha e China. Barroso foi distinguido com vários prémios nacionais e no estrangeiro e
recebeu a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores.
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
34
ÓBITO
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
ÓBITO
35
Adeus pai... (*)
Foste entregue ao infinito
Enquanto Portugal e o mundo combatiam a pandemia da Covid-19, o funeral de Pedro Barroso era realizado
no recato da família.
É apenas conhecida uma fotografia do Nuno, filho de Pedro Barroso, a despedir-se do pai.
Trata-se de uma emocionante imagem da autoria do fotógrafo Joaquim Galante, que acompanha este
texto sentido e comovente.
Foste entregue ao infinito
Do universo
Como um poema
Que honrou com nobreza
a arte de viver!
Eles não sabem nem sonham...
Viva quem canta !!!
“Cantarei “
a menina dos olhos d´Água
A partir de agora em diante sempre que possa, irei os cantar
e relembrar !!
Sempre irei honrar a tua obra e o teu legado teus valores
de humanidade de nobreza e altivez
grandiosa e expressiva !
Foi a tua passagem pela vida
Eras um um homem do povo
Amavas a cultura
Amavas a liberdade
A República
Amavas Portugal
E o sonho
De construir um futuro
Onde o belo e o conhecimento e a sabedoria
eram sempre uma condição obrigatória !
Semeavas cultura e arte da beleza por onde passavas
Ousaste acontecer a poesia e foste um enorme poeta !
Tocaste a guitarra e o piano e foste maestro da arte de
viver !
A MÚSICA foi um Grande amor
As mulheres fonte de inspiração
Cantaste com amor
PORTUGAL
Tiveste milhares de fãs espalhados pelo mundo
E deixas muita muita saudade aos filhos netos familiares
e amigos ,
Portugal está mais pobre...e nós também
Eras um homem
Que preferia a lezíria a
Loucura desenfreada da cidade de Lisboa que te viu nascer
Riachos e o Ribatejo nossa pátria !
Essa onde percorreste com amor a nobreza do amor cavalos
A pesca etc etc
Levas simbolicamente
as cordas da guitarra contigo !
E um cachecol do nosso Belenenses !
Para qual fizeste hino e eu a marcha
Esta altura foi a pior para cerimónias
o nosso querido Ribatejo terá
Mais tarde a oportunidade de se despedir agora não foi
possível ...
Que triste fim não merecias isto... esta altura onde até nos
abraços
Existe crise ...
Portugal está mais pobre muito mais pobre ...
De facto o processo de vida foi concluído com distinção e
por isso tás de parabéns enriqueceste quem te conheceu
com a tua voz doce forte e melodiosa que continuará certamente
a ecoar em muitos lugares ...
E eu tenho a herança de uma Pátria despida
De amor a si própria...
Cantaste a portugalidade
E foste poeta tal como Luís Vaz de Camões
Lá perto do Castelo Almourol o Tejo irá ser eternidade...
Foste um amante da educação física e serviste na Marinha
foste professor toda a vida
mas foi a Música que te levou a cantar e a conhecer todo
o mundo !
O ultimo trovador ...
António Pedro da Silva Chora Barroso
O maior canta-autor português !
De Sempre !!
foi entregue ao eterno !
Não merecia estes tempos ... nem este adeus, os palcos vão sentir
a tua falta as pessoas também e eu vou sentir falta de ti pai.
Amo-te muito e agradeço a honra de ter sido teu filho.
Os aplausos da despedida talvez mais tarde se ouçam...
Talvez mais tarde ...
Obrigado pai
Até sempre saudade
Do teu filho
(*) Nuno Barroso - filho
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
36
ENTREVISTA
Nuno Barroso, escreve ‘O Último
Trovador’, em memória de Pedro
Barroso, durante a entrevista
O FOCUSMSN foi encontrar Nuno Barroso, no seu
retiro em praia de São Julião, freguesia da Carvoeira,
onde vive há 15 anos, com um sentimento
de dor, pela recente perda da sua referência familiar
e poética, mas ao mesmo tempo sereno,
movido pela inspiração e esperança para encarar
o futuro com firmeza e honrar o legado poético,
deixado pelo seu pai.
Numa sala rodeado de instrumentos musicais,
Nuno Barroso, aceitou conversar, recordar e sonhar.
Obrigado por me receberes, é uma honra partilhar
contigo memórias de um homem que muito deu a
cultura em Portugal e que tu com certeza as irás
perpetuar.
JOAQUIM GALANTE
FOCUSMSN: Nuno, fala-me da tua infância, como e onde
a passaste, os amigos, onde estudaste, as brincadeiras,
eras um jovem rebelde? Fala-me de ti.
Nuno: Tive uma infância relativamente boa, nasci em Oeiras,
cresci em Carcavelos, mas a primeira fase da minha vida passei-a
no bairro de Caselas, perto do Restelo, estudei na Voz
do Operário na instrução primária, na Ajuda, e depois mudamo-nos
para Carcavelos onde a minha mãe também tinha uma
casa, aí estudei na preparatória e secundária.
Foi uma infância muito feliz dividida entre Carcavelos e Riachos
(Torres Novas), sempre com o Ribatejo no coração, onde
era a casa de família do meu pai e eu, ou estava com ele ou
com a minha mãe.
F: Eras rebelde…
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
ENTREVISTA
37
Nuno: Sim, fui um jovem rebelde, mas criativo, gostava de estar
com os amigos, de andar pela rua, de brincar, de dar voltas
de bicicleta, era louco por jogar futebol, sempre fui traquinas,
parti várias vezes a cabeça nas minhas brincadeiras, fazia trinta
por uma linha (rs).
F: Sentes saudades desses tempos, que sentimentos de
nostalgia te trazem à memória ?
Nuno: Sinto muita nostalgia desses tempos, de ser jovem, de
não ter as responsabilidades que tenho hoje. Foi nessa altura
que a música começou a mexer comigo, o facto de estar rodeado
de instrumentos musicais, como podes ver aqui na sala,
foi o catalisador que precisei para seguir os meus sonhos.
F: Quando decidiste que os querias realizar ?
Nuno: Foi na secundária em Carcavelos, que surgiu o meu
primeiro projecto musical, chamou-se Anubis, tinha 14 anos,
antes disso já fazia alguns espectáculos nas escolas da linha
de Cascais, e desde aí nunca mais parei, recordo um concerto
para crianças de escola, em que imitei o Michael Jackson
(rs)
F: Que importância teve a tua mãe na tua evolução como
pessoa e se também te apoiou no teu percurso profissional
?
Nuno: A minha mãe foi das pessoas que mais me ajudou e
impulsionou a seguir a carreira artística, curiosamente eu entro
no mundo da música através da minha mãe. Quando eu estava
no 9º ano, ela percebeu que eu estava interessado e ligado
a área musical, eu até tinha escolhido a área de saúde, tive
também uma breve passagem por economia, mas ela colocou-me
numa escola profissional de artes no Estoril. Na altura
os professores dessa escola tinham pertencido a orquestra de
Moscovo, tinham ido tocar a Gulbenkian e acabaram por pedir
asilo politico e ficaram em Portugal. A partir daqui deu-se a
transformação total da minha vida em termos académicos e
profissionais.
F: Como surgiu esse teu amor incondicional pelo Belenenses
?
Nuno: Eu morei no bairro de Caselas, estudei na Voz do Operário,
na Ajuda, o meu avô e o meu pai, levavam-me a assistir
aos jogos no Restelo, comecei a frequentar as piscinas do
clube, com cerca de cinco anos, mas como não era do meu
agrado, mais tarde inscrevi-me no futebol.
Entrei num torneio inter-escolas pela Voz do Operário que vencemos,
o Belenenses convocou-me para os treinos de captação
e por lá fiquei a jogar futebol, dos sete aos dezassete anos
e depois ainda joguei no Estoril-Praia.
O meu amor incondicional ao Belenenses vem desde muito
cedo, onde passei toda a minha juventude ligado ao clube
desportivamente falando, acompanho a sua vida, embora a
maioria das vezes à distância, compus a marcha do ‘Belém’, o
meu pai compôs o hino, que foi gravado em Riachos no nosso
estúdio chamado ‘Quinta da voz’. É assim, sempre que posso
ajudo naquilo que me pedem.
Curiosamente eu e o meu pai cantámos no CCB no Centenário
do Clube, no grande auditório, foi dos últimos espectáculos
em que cantamos juntos e mesmo estando muito debilitado,
ele não quis deixar de estar presente. Foram momentos que
nunca irei esquecer.
F: Fotografei o teu pai no Restelo aquando da festa de subida
de divisão em 2013, em que também estiveste presente,
e novamente em 2019 na gala do Centenário. Mesmo
debilitado o teu pai fez questão de estar no CCB. Diz-me o
que representava para ele o Clube e ser Belenenses, costumavam
falar acerca disso ?
Nuno: O meu pai, levado pelo meu avô começou a frequentar
o Restelo, naqueles gloriosos anos, em que o Belenenses
lutava por títulos nacionais e enchia o estádio. Mas para além
disso havia outros factores que faziam com que o meu pai levasse
o Belenenses no coração.
O Belenenses está ligado a portugalidade, ao expansionismo,
a Cruz de Cristo representa a fé e era a Cruz que ondulava nas
velas dos navegadores, ver o Tejo das bancadas, era um simbolismo
muito forte.
O Belenenses representa desportivamente toda a glória de um
país nas suas formas de arte, de cultura e dos descobrimentos,
como o meu pai foi muito ligado às questões do mar e do
rio Tejo, compôs muito sobre isso, viu talvez no Belenenses
uma fonte de inspiração musical paralelamente ao aspecto
desportivo.
É um amor que tem passado gerações.
F: Como foi crescer ao lado de um pai que era uma figura
pública muito querida, um homem da arte e da cultura.
Sentias-te orgulhoso ? Ele era muito exigente contigo ?
Que conselhos te dava ?
Nuno: Crescer ao lado de uma figura pública é realmente diferente
do normal, tive que ter mais cuidado no que dizia e fazia
para que isso não me pudesse prejudicar a mim e beliscar a
carreira do meu pai.
Ele nem sempre estava presente, por vezes ausentava-se em
tourné, mas quando comecei a poder ir com ele, muita coisa
mudou, ajudou-me a conhecer o mundo do espectáculo, os
bastidores, os camarins e comecei logo a ver como as coisas
se processavam. Toda aquela paixão do meu pai pelo palco,
a envolvência com o público marcou-me profundamente. Ser
filho de uma figura conhecida da arte e da cultura, é como tudo
na vida, tem coisas boas e más mas no geral ajudou-me muito
a crescer como pessoa e músico, o que foi positivo.
F: Orgulhoso do teu pai…
Nuno: Sempre tive orgulho no meu pai pelo seu trajecto, embora
por vezes tivéssemos discordado em algumas ocasiões,
pois éramos diferentes na nossa maneira de pensar e de agir,
mas sempre me aconselhou de forma a que eu tivesse os pés
bem assentes na terra em relação à minha carreira, para não
pensar que era um mar-de-rosas, que no mundo da música
era muito dificil singrar, mas eu estava decidido e quis segui-lo.
F: Estavas decidido, era o mundo que querias abraçar. De
que forma o teu pai te ajudou ?
Nuno: Ajudou-me muito na minha carreira antes, depois e durante,
era jovem e levou-me em tourné com ele durante 3 anos,
aí pude aprender e experimentar vários instrumentos musicais,
aliás foi o lançamento para largos anos de parceria. Foi quando
comecei a tocar percursões, cavaquinhos, pianos, guitarra,
fiz vozes, tudo sob orientação do meu maestro, mentor e ídolo.
F: Quando começaste a compor as tuas próprias músicas
?
Nuno: Desde muito novo que comecei a compor e a tocar piano
nos seus temas, fizemos algumas canções em parceria,
umas vezes fazia a música e ele o poema e vice versa, partilhamos
sempre a paixão por criar, eramos ambos cantautores.
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
38
ENTREVISTA
F: Mas querias seguir o teu próprio caminho……
Nuno: Sempre segui um trajecto individual, paralelo ao do meu
pai, sempre quis ser independente, trilhar o meu próprio caminho
e evitei que o meu percurso musical ficasse conotado ao
nome do meu pai.
F: Por isso criaste os Alémmar ?
Nuno: Sim, criei os Alémmar sem que soubessem que era filho
do Pedro Barroso (rs). Durante anos os meus colegas não souberam
e só quando comecei a editar os meus discos a solo é
que ficaram a saber. Sempre quis fugir da comparação e também
que dissessem que singrava na carreira por influência do
meu pai.
F: Querias ter sucesso por mérito teu….
Nuno: Foi isso, queria ter sucesso por méritos próprios embora
sempre houvesse uma ligação muito forte e essa ligação esta
espelhada em muitos trabalhos que fizemos em parceria e que
perdurarão para sempre. No último álbum fizemos dois duetos,
partilhamos imensas músicas ao longo da minha carreira, tanto
nos meus discos como nos dele.
F: Tens algum trabalho em perspectiva para ser editado em
breve ?
Nuno: Vai sair em breve um álbum que se irá chamar ‘Novembro’,
é um álbum do meu pai em que eu gravei os pianos. Em relação
a mim estou em duas frentes, a compor para os Alémmar
e também para a minha carreira a solo, saiu há pouco tempo o
single ‘Mundos cruzados’ dos Alémmar. Hoje acabei de compor
a canção ‘O último trovador’, dedicada ao meu pai.
F: O teu estilo de compor é identico ao do teu pai ?
Nuno: Sempre senti uma grande diferença entre mim e ele na
forma de arranjar os temas, ele usava um estilo minimalista na
composição, poucos arranjos e muito pensados, de modo a
que se pudesse ouvir o silêncio, era um pensador, um trovador,
de voz melodiosa, forte mas suave. Era uma voz de uma textura
fascinante, para mim uma das melhores vozes da música portuguesa,
foi uma honra partilhar o palco com ele.
F: Ele sabia como conquistar o público…
Nuno: Tinha uma enorme personalidade poética, grandiosidade
e sensibilidade, sabia fazer vibrar uma plateia com emoções,
com palavras, a música era o veículo para a beleza dos poemas
e isso está cada vez mais ultrapassado, a expressão das palavras
caiu em desuso, cantava Portugal, o mar, as mulheres, a
paixão, o amor, etc
F: Sentias que o teu pai procurava a perfeição ?
Nuno: Sempre procurou a beleza das coisas, encontrar o belo,
a arquitetura das palavras, encontrar o jardim de poetas que
ele tanto falava, e construir o templo da beleza. Neste aspecto
o meu pai foi um navegador do futuro, um navegador das palavras,
procurando sempre algo que fizesse mais sentido que a
razão, foi muito crítico socialmente e muito interventivo, não se
calava, gostava de dar a sua opinião, sempre numa visão construtiva,
sempre com intenção de melhorar.
F: Foi nestas premissas que foste construindo a tua carreira
?
Nuno: Exactamente, fomos construindo a nossa carreira, ele
claro ja com ela consolidada, eu iniciando o meu trajecto com
os Alémmar e com projectos a solo, escrevi e compus para ele
e outros artistas, trilhei o meu caminho como Nuno Barroso.
F: Tiveste êxito imediato ou demorou a atingir o patamar
que pretendias ?
Nuno: Recolhi alguns êxitos logo no inicio da minha carreira,
nomeadamente com os Alémmar, com músicas como ‘Deixa-
-me olhar’, ‘Já não há mais baladas’, ‘Mais um dia’, ‘Acreditar’, ‘A
vida dá muitas voltas’, ‘Poeta solitário’, ‘Só tu podes ser’, entre
outros, canções que as pessoas cantam por Portugal fora em
diversas situações. O disco ‘Deixa-me olhar’ permaneceu durante
cinco meses no top um das rádios nacionais.
F: Qual a música que o teu pai tocava que mais te marcou,
que mais te fazia sonhar e que sonhos ficaram por realizar
?
Nuno: Uma das canções que sempre gostei muito de o ouvir
cantar era ‘Viva quem canta’, e claro também ‘Cantarei’, ‘Menina
dos olhos d’água e ‘Pedra filosofal’. Um sonho ficou por realizar,
foi o de fazer com ele um disco de piano e poesia, talvez o
faça um dia a solo para o homenagear.
F: O teu pai sempre foi fonte de inspiração para ti mas o
teu estilo musical é diferente, tens um estilo pop/rock nos
Alémmar e a solo não és um trovador e nem cantor de intervenção.
Achas que os estilos teu e do teu pai se completam,
são divergentes ou tem pontos comuns ?
Nuno: Somos estilos diferentes na forma de cantar, divergentes
mas ao mesmo tempo com pontos comuns, eu tenho um timbre
de voz que ao longo do tempo foi-se aproximando da do meu
pai, embora eu tenha mais agudos e ele tivesse mais graves.
F: E na escrita ?
Nuno: Em relação aos poemas tenho alguns que são muito parecidos
com o estilo do meu pai, o próximo trabalho a solo que
estou a preparar, vai ter uma dose maior de intimismo, aproximando-me
em alguns trechos do estilo dele. Muito diferente
são as músicas que componho e canto nos Alémmar que tem
características musicais completamente distintas, mais pop/
rock.
F: Cresceste numa época musical diferente.
Nuno: Sim, apesar dos pontos comuns, eu tenho uma obra que
considero bastante boa tanto a solo, como com os Alémmar,
uma discografia rica e premiada, com alguns discos de Ouro.
Cresci numa geração pop/rock, o meu pai abraçou um estilo
mais tradicional, mais intimista, mais acústica que particularmente
gosto e me fascina. Vamos ver o que vai acontecer num
próximo trabalho.(rs)
F: Sinto-te empolgado, o que estás a pensar fazer, queres
revelar ?
Nuno: Estou a pensar em o homenagear, aproximando-me da
sua forma de pensar, de falar e cantar, honrar o seu legado, tentarei
dar o melhor de mim cantando algumas coisas dele, nos
próximos espectáculos a solo ou quem sabe até também nos
Alémmar, fazendo alguns arranjos, numa homenagem à carreira
dele, ao autor, ao poeta, no fundo dedicá-lo ao meu pai.
F: Como surgem os Alémmar ?
Nuno: Surgem como evolução do projecto Anubis criado em
1991, éramos muito jovens, começamos a ter algum sucesso,
os concertos começaram a ter muito público, era uma banda de
culto da linha de Cascais, a uma dada altura, resolvemos então
mudar o nome da banda para Alémmar, em 1996, porque tinha
mais a ver com Portugal.
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
ENTREVISTA
39
Quando em 1991 reuni um grupo de músicos, começamos logo
a fazer ensaios e a coisa foi-se tornando cada vez mais séria.
Logo no início disse aos meus colegas, que isto ía ser a minha
vida, motivei-os para não faltarem aos ensaios, a estudarem e a
investir na música (rs). Tinha 14 anos na altura e foi uma evolução
muito bonita, muito ‘naíve’ de amor à criação e à arte.
Mais tarde os Alémmar passaram a ter a sua ‘base’ em Riachos
(Torres Novas) onde ensaiamos, nesta fase editamos em 1997 o
álbum ‘Carolina, de onde saíram os singles “Deixa-me Olhar” e
“Já não há mais baladas”. Em 1999, lançamos o segundo álbum,
‘Viver’, onde se destaca os singles “Ordem Natural”, “Olhares
Cúmplices” e “Império em Chamas”.
Depois de alguns anos em ponto-morto, regressamos em 2006
com o álbum ‘Acreditar’. A música ‘Deixa-me olhar’ foi adoptada
pela TVI para título e canção de uma das suas novelas.
F: Tens uma carreira a solo e esporadicamente actuações
com os Alémmar porque é que os Alémmar nunca foram
uma banda com um trajecto contínuo ?
Nuno: Os Alémmar são uma banda de sonoridade ligada ao pop/
rock e de algumas baladas, quando eu componho canções dentro
deste estilo, são os Alémmar que a interpretam. Não fazia
sentido eu compor fados ou o estilo de música do disco ‘Música
mundi’ e canta-los nos Alémmar, que tem sonoridades alicerçadas
na bateria, guitarra acústica, eléctrica, teclado, etc., eu a solo
tenho maior liberdade para cantar e tocar outros estilos musicais
e maior versatilidade na utilização de outros instrumentos.
F: O Nuno Barroso e os Alémmar têm estilos musicais distintos
?
Nuno: Sim, temos estilos distintos e caminhos diferentes a percorrer,
durante o meu percurso a solo também componho para
outros artistas, o que enriquece o meu trajecto, acabei de compor
um fado para a Dora Maria, ja escrevi para a Yola Dinis, no
álbum de duetos que compus a solo, trabalhei com muita gente
de diversas áreas da música e isso é algo que me enriquece.
F: Isso não será um dilema…
Nuno: Tenho vários dilemas (rs) não fosse eu poeta ou seja, sou
pianista de formação, compositor, ao mesmo tempo tenho uma
banda (Alémmar), a par das minhas ambições autorais que por
vezes não se enquadram no estilo da banda (rs), como sou eu
o compositor das minhas coisas, vou utilizando os mecanismos
que tenho para escoar a minha obra autoral. Acima de tudo sou
um cantor, compositor e pianista.
Neste momento com os Alémmar, um grupo de excelentes músicos,
juntos há largos anos, estamos a trabalhar afincadamente
para em breve anunciarmos uma tourné pelo país e dar com certeza
muitas alegrias aos fans.
F: Os anos vão passando e a vida começa a ter altos e baixos,
em termos profissionais quais foram os teus momentos
altos e os momentos baixos ?
Nuno: Obviamente na vida de um autor, cantor, pianista, poeta,
esses momentos fazem parte da nossa vida de artista, não se
pode ser sempre numero um (rs), já fui numero um, cem, dez,
cinco, são as diversas fases da nossa vida, onde há alturas que
obtemos mais reconhecimento do público em detrimento de outras.
Não trabalho apenas pelo reconhecimento mas pelo gosto
que tenho pela profissão que abracei. Adoro produzir obra e esse
vai ser o meu legado. Também pintei diversos quadros e cheguei
a fazer algumas exposições (rs).
A minha necessidade de criar é natural, é assim que me sinto
bem, o amor à arte ter-se tornado também em profissão, deixa-
-me feliz e realizado.
F: Como estas a viver este momento atribulado da pandemia
do Covid, tens tido muitos espectáculos cancelados ?
Nuno: Devido à situação pandémica que atravessamos, muitos
concertos foram cancelados, cerca de trinta e cinco, e não sei
quando serão retomados, tenho conversado com a agência que
cuida da minha agenda, a ‘Simples aplauso’, e vamos ver o que
acontece num futuro muito próximo.
Obrigado Nuno por me teres recebido. Foi um prazer enorme ter
conversado contigo.
Single de regresso:
https://youtu.be/AyNwfS1lWx8
Discografia:
ALÉMMAR:
1998: Álbum – “Alémmar” (Disco de Ouro nesse ano)
1999: Álbum – “Viver”
2007: Álbum -“Acreditar”
2020: Lançamento do single – “Mundos Cruzados” (single de
regresso)
Em nome próprio Nuno Barroso:
2001: Álbum – ”Mistério sem Fim”
2006: Álbum – ”A vida dá muitas voltas “
2011: Álbum – “Música Mundi” (piano)
2014: Álbum – ”Coração Rebelde”
2018: “Amigos & Duetos” (Disco de ouro em 2019)
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
40
PUBLICIDADE
SOLUÇÕES DE CRÉDITO
– NOVO CRÉDITO
– AUMENTO DE CAPITAL
– TRANSFERÊNCIA DE BANCO
Concretize o seu sonho.
Escolha a melhor opção!
– PESSOAL
– HABITAÇÃO (Compra ou renovação)
– AUTOMÓVEL
– PROJECTOS VÁRIOS
– INVESTIMENTOS
agência félix
Kalkbreitestr. 40
CH-8003 Zürich
Tel. 044 450 82 22
info@agenciafelix.ch
www.agenciafelix.ch
facebook.com/reiseburofelix
O seu objetivo está a um passo de se tornar real. Os empréstimos são calculados e
adaptados em base ás suas capacidades financeiras, com as mais baixas taxas de
juro, para que possa usufruir do seu dinheiro sem percalços.
Trabalhamos com prestigiadas Instituições bancárias na Suiça. Oferecemos aos
nossos clientes todo o aconselhamento necessário e procuramos sempre a melhor
oferta. Tratamos de todo o processo com total profissionalismo e sigilo absoluto.
A concessão de um credito é proibida se levar a um endividamento excessivo (art. 3).
Silva Automobile
Silva António Filipe
Heinrich Stutz-Strasse 2
8902 Urdorf
Tel: 043 817 34 60
Natel: 076 396 65 77
silva.automobile@bluewin.ch
Silva Automobile
Silva António Filipe
Heinrich Stutz-Strasse 2
8902 Urdorf
Tel: 043 817 34 60
Natel: 076 396 65 77
silva.automobile@bluewin.ch
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
41
Os grandes homens
morreram porquê?
No entanto deviam ter surgido, se fosse cumprida a definição
de loucura erradamente atribuída a Einstein e a Benjamim
Franklin: “ loucura é fazer a mesma coisa uma vez e outra e
esperar obter resultados diferentes”. Podíamos dizer que circunstâncias
idênticas produzem resultados idênticos e concluir
que as grandes crises produzem grandes homens. Ora,
não produziram.
A explicação da História a partir da ação e do impacto dos indivíduos
determinantes por carisma, génio ou impacto político
foi muito popular na Europa no final do século XIX e no início
do XX. Em Portugal manteve-se dominante durante o Estado
Novo, com uma historiografia assente na epopeia e na figura
do “herói”, de Viriato a Salazar, passando por Vasco da Gama.
Thomas Carlyle, um historiador, ensaísta e professor escocês
durante a era vitoriana considerou que “A história do mundo é
apenas a biografia de grandes homens”, mas teve a presciência
de definir a economia como uma “ciência sombria”.
Então porque não produziram “grandes homens” as crises das
últimas décadas, desde o desaparecimento dos que dividiram
o mundo em Ialta, no pós-Segunda Guerra (Roosevelt, Estaline
e Churchill) e dos que se reuniram em Bandung, na Indonésia,
em 1955 para lançarem o conceito de Terceiro Mundo e o Movimento
Descolonizador (Nheru, Sukarno, Nasser) e do emergir
da China como ator mundial com Mao Tse Tung? Porque desapareceram
os “grandes homens” da paisagem da história?
CARLOS MATOS GOMES (*)
Por homem, neste contexto, entenda-se um ser
humano, masculino ou feminino. Neste sentido
tanto serve para o 3º Conde de Castelo Melhor,
reorganizador das tropas portuguesas para expulsar
os espanhóis após 1640, como para a rainha
Filipa de Lencastre, inspiradora (no mínimo)
da expansão marítima portuguesa. Parece que
sim, que os “grandes homens” morreram sem
descendência. Pelo menos não os encontramos
nesta crise, nem na anterior, a de 2008, a do sistema
financeiro, nem na guerra da Sérvia, nem na
Invasão do Iraque, nem no ataque ao Afeganistão,
nem na implosão da União Soviética… nem…
nem…
A má qualidade das classes dirigentes, má semente de onde
não brotam “grandes homens”, tem servido para justificar quer
o atraso quer a decadência de Portugal após a já longínqua
loucura de Alcácer Quibir, quer a atual insignificância da União
Europeia nos jogos de poder mundial, mas se continuamos
a acreditar no padrão histórico de que as grandes ocasiões
produzem grandes homens, porque não os têm gerado estas
últimas crises?
Aqui em Portugal o terramoto de 1755 teve o condão de fazer
grande (o que é distinto de engrandecer) um vulgar cortesão,
o que viria a ser o Marquês de Pombal — enterremos os mortos
e tratemos dos vivos. Foi um grande homem apesar das
monstruosidades cometidas e não só contra os Távoras. Mais
perto no tempo, a Segunda Guerra transformou um truculento
e pouco considerado Primeiro Lord do Almirantado, criticado
por belicista e imprudente, no Winston Churchill, primeiro-ministro
e figura decisiva nos destinos da humanidade ameaçada
nos seus fundamentos pelas potências do Eixo, isto apesar
da linguagem desbragada, do comportamento pessoal pouco
formal, do alcoolismo e do tabaco. E do humor cáustico, hoje
inadmissível num político.
Estamos “habituados” a ver surgirem grandes homens nos momentos
de crise, que apesar das suas imperfeições são uma
força positiva, promotores do bem, da melhoria da justiça, do
bem-estar, que vencem perigos. E necessitamos deles, apesar
das críticas à visão da História centrada nas personalidades,
porque exclui da definição do destino coletivo grupos inteiros,
os “movimentos de massas”, tão bem representados na im-
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
42
Do filme, “Novecento”, de Bernardo Bertolucci
pressionante e bela fotografia do thrilller do filme Novecento,
de Bernardo Bertolucci, com os camponeses a avançarem em
direção a nós, à câmara, que representa o futuro.
A imagem é muito romântica, mas não corresponde à realidade
histórica. Atrás daqueles camponeses em revolta existiam
dirigentes, ativistas, pensadores. Existia um trabalho de organização,
de mobilização. Como, aliás, existiu na retaguarda das
“massas” de sans culottes que assaltaram a Bastilha, ou na dos
proletários que entraram no Palácio de Inverno. Ou até na condução
dos camponeses que em Portugal, em 1975, ocuparam
os latifúndios alentejanos. Não existem revoluções selvagens.
É falaciosa a tese de as decisões nas grandes voltas da História
da humanidade terem resultado de “movimentos de massas”,
espontaneamente desencadeados por uma quebra da coesão
social provocada por insuportáveis tensões. Os movimentos de
massas são tão espontâneos como a explosão de uma granada.
Antes da explosão o artefacto teve de ser preparado e de
seguida lançado sobre um objetivo previamente escolhido e os
resultados foram apropriados por alguém. Não há tsunamis sociais.
Mesmo os tsunamis naturais resultam de um processo de
acumulação de energia que obedece às leis da física.
O que vai seguir-se em termos políticos, sociais e económicos
a esta crise causada pela epidemia do coronavírus será conduzido
por alguém que não sabemos quem é — e devíamos
saber. Uma das vantagens dos “grandes homens” nos grandes
momentos é terem rosto, serem identificáveis. Eles não surgem
porque há quem deliberadamente os impeça de se desenvolverem.
Esta é a questão!
É estranho que não perguntemos a razão de ter secado o meio
e de terem sido esterilizadas as condições que tornavam indispensáveis
os “chefes”. A mais conhecida revolta de escravos,
em Roma, teve uma chefia representada por Spartacus. As revoltas
camponesas na Idade Média, as revoltas de cariz ideológico-religioso,
as lutas contra as heresias, a revolução francesa,
a revolução russa, as revoltas dos escravos brasileiros que
originaram os quilombos tiveram sempre em fundo uma ideologia
resultante de um processo de análise de uma situação,
uma hierarquia e um grupo dirigente. O golpe militar do 25 de
abril de 1974, um caso que nos diz diretamente respeito e que
ocorreu com uma geração ainda em parte sobrevivente, não foi
um ato espontâneo, mas sim fruto da organização de um grupo
restrito, com chefias e hierarquias criadas para responder
a uma circunstância de impasse militar e político. O processo
revolucionário, o dito PREC, resultou da ação de personagens
que organizaram e chefiaram vários grupos. Os movimentos de
massas foram, como é historicamente recorrente, peões de um
jogo dirigido por reis, rainhas, bispos. A manifestação da Fonte
Luminosa, as mocas de Rio Maior, ou os assaltos às sedes dos
partidos de esquerda no Norte, foram movimentos tão “espontâneos”
como a criação dos SUV (Soldados Unidos Vencerão),
os desfiles de camponeses alentejanos e de operários da Lisnave
em Lisboa! A realidade é que a humanidade, como uma
espécie gregária, só sobrevive em cooperação dos seus elementos
e com uma direção.
Estamos habituados a definir os “grandes homens” como aqueles
que dirigem os seus povos na “boa direção”, que lhes criam
as melhores condições de sobrevivência. Mas há o reverso, os
“grandes homens negros”, os que conduzem as massas para o
abismo. E são esses “invisíveis grandes homens negros” que
nos têm marcado o destino e nos conduziram ao vazio e à “terra
arrasada” a que se referiu Bolsonaro, um dos mais recentes e
toscos exemplares dessa nova espécie de dirigentes de saque,
como os definiu Voltaire: “Daqueles que comandaram batalhões
e esquadrões só resta o nome. O género humano nada
tem para mostrar de uma centena de batalhas travadas. Mas
os grandes homens de que falo prepararam puros e perenes
prazeres para os homens que ainda vão nascer. Uma eclusa
ligando dois mares, um quadro de Poussin, uma bela tragédia,
uma nova verdade — são coisas mil vezes mais preciosas do
que todos os anais da corte ou todos os relatos de campanhas
militares. Sabem que, comigo, os grandes homens são os primeiros
e os heróis os últimos. Chamo «grandes homens» a todos
aqueles que se distinguiram na criação daquilo que é útil
ou agradável. Os saqueadores de províncias são meros heróis.”
Repugna-me a ideia de estarmos à mercê de saqueadores
de províncias. Apesar do risco, entendo que faltam os “grandes
homens”, os que transmitem grandes esperanças, como
os definiu Thomas Fuller, um religioso e historiador inglês do
século dezassete. “As grandes esperanças fazem os grandes
homens.“ A afirmação pode ser colocada de forma inversa: os
grandes homens são os que motivam grandes esperanças.
Aqueles cujo caráter é sempre grande, sempre igual em todos
os momentos.
Stephen King, um escritor norte-americano de best-sellers, por
isso pouco conceituado entre os intelectuais, mas que é um
“rapaz” da minha idade, com alguns vícios de vida, incluindo o
álcool, e de quem gosto, não por isso, mas pela liberdade de
pensar, distinguiu a grandeza das obras da grandeza do ser:
“Quase sempre admiramos os homens por aquilo que criaram;
e criar é usar uma capacidade que recebemos gratuitamente
e desenvolvemos por nosso esforço. Mas nem todo o valor de
uma pessoa se encontra naquilo que ela cria: o ser humano é
sempre superior ao fruto do seu trabalho.”
Não é certo que o ser humano seja sempre superior ao fruto
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
43
do seu trabalho, mas é quase certo que seja diferente. Parece
no entanto aceitável admitir que a grandeza do homem não depende
da criação de nenhuma obra visível e muitos são grandes
simplesmente pelo que são, e não pelo que fazem. Precisamos
de quem seja. De quem nos motive a esperança aqui em Portugal,
na Europa, no Mundo. Mas para eles surgirem necessitam
de condições de nascimento e desenvolvimento e é a sociedade,
somos nós, os que vivemos no mesmo grupo que temos o dever
de proporcionar o ambiente que promova hierarquias resultantes
de uma seleção dos melhores e dos mais capazes, como fazem
os enxames com a abelha-mestra, por exemplo.
Embora a cultura nos distinga dos outros animais, porque promove
transformações na forma como os humanos se relacionam
entre si e o meio ambiente, na essência somos animais sociais.
Esopo, o escravo que no século sexto antes de Cristo inventou as
fábulas, atribuiu aos animais as características dos homens adequados
a encontrar o caminho da sobrevivência em momentos
de crise. O leão representa a força; a raposa, a astúcia; a formiga,
o trabalho.
Através de Esopo obtivemos uma primeira aproximação ao que
no Ocidente pode ser entendido como um grande homem. Será
aquele que conjuga adequadamente força, astúcia e trabalho
para se impor no seu grupo. As fábulas de Esopo, curiosa e sabiamente,
não promovem salvadores, mas referem muitas vezes
um monstro que tudo devora e que é necessário vencer. La Fontaine,
um dos maiores divulgadores dos textos de Esopo, considerava
que ele criou as fábulas com o objetivo de transmitir a
verdadeira sabedoria, assente na capacidade de os humanos se
organizarem e de utilizarem os melhores de entre o seu grupo, o
bando inicial, para se adaptarem às circunstâncias e sobreviverem.
O discurso de “os políticos são todos farinha do mesmo saco”
assenta na convicção que os populistas e os “corruptos de banda
larga e grande profundidade”, os donos de tudo, de facto,
foram inculcando nas “massas” de que os dirigentes são extraterrestres.
Este tipo de discurso demagógico que os órgãos de
comunicação de massas se encarregam de impor é tudo menos
inocente e bem-intencionado. É uma estratégia política friamente
elaborada. É uma caça seletiva que impede, sob a aparência de
luta contra a corrupção, a favor da transparência, da busca dos
escândalos nos interstícios mais recônditos da vida, que ascendam
ao poder aqueles que podem ser incómodos à minoria dos
detentores dos poderes de facto, os que na sombra desencadeiam
guerras para garantirem lucros e domínio. A informação
tablóide, sob a aparência de neutralidade e de atacar todos por
igual, é uma arma nessa estratégia de arrasar e matar seletivamente
e à nascença aqueles que podem causar prejuízos à ordem
estabelecida.
A estratégia do populismo assenta na máscara. Apresenta-se
como um impoluto movimento de incorruptíveis, como uma Inquisição,
ou uma igreja evangelista, como uma santa religião
cujos pregadores, televangelistas, jornalistas de sextas à noite e
de tudo a nu, exorcistas que acusam quem convém ser anulado
e exigem de braços elevados aos céus e vozes esganiçadas medidas
de sanidade, de bons costumes, práticas de honestidade e
pureza, exigência de qualidades angelicais, de castidade e até de
santidade aos candidatos a dirigentes políticos, mas por detrás
dessa máscara, o populismo é uma ideologia e uma estratégia de
tomada e manutenção do poder — que secou deliberadamente a
terra de onde podiam surgir os tais “ditos grandes homens” que,
por definição, agem fora dos cânones.
O populismo dominante, neoliberal e global, tem imposto com
sucesso uma interpretação metafísica que já os sumérios faziam
sobre os responsáveis pelas calamidades e que teve em Portugal
duas expressões, uma no sebastianismo e outra no marianismo,
de que o “milagarismo” de Fátima é a marca mais visível. Agora
substituídas pelas campanhas de desinformação e de manipulação
nos órgãos de comunicação social, através de santos e santas
de olhos arregalados, equipados e equipadas com câmaras
e telemóveis, como as antigas mulheres de virtude se equipavam
de bolas de cristal e tijelas para fumigações.
O populismo levou aqui em Portugal à demissão de um ministro
(João Soares) por ter oferecido um par de bofetadas a um cronista
maldizente, mas esse é apenas um aspeto caricato que esconde
a “essência do mal”: o populismo que nos centros de poder
mundial mantém presos Julien Assange, ou Snowden por serem
detentores de segredos que são uma arma de chantagem a utilizar
contra quem ameaçar a “ordem” estabelecida e de promoção
de factótuns insípidos e conduzidos pela trela
Os “grandes homens” existem. A diferença do nosso tempo para
os anteriores é que os “poderes” se tornaram invisíveis, logo muito
mais perigosos. Ameaçam a nossa sobrevivência. Os grandes
homens, os autores e atores das transformações, não surgem
porque foram esmagados pelas bases de dados de informações
das grandes corporações, que mantêm uma lâmina de guilhotina
sobre o pescoço dos que poderiam desempenhar esse papel
com um escândalo sempre à mão para ser transmitido às cadeias
de manipulação.
Sobrevivência! É disso que se trata quer nos tempos de normalidade
quer nos de turbulenta incerteza. A questão que esta epidemia
nos coloca é a da sobrevivência e daí a necessidade de
“grandes homens” visíveis, expostos, com virtudes e defeitos,
com escândalos, mas que acendam uma luz que permita descobrir
um caminho e vencer os monstros que nos aprisionam na
Caverna, aquela que na alegoria de Platão pretende incentivar
o ser humano a libertar-se. O politicamente correto promovido
pelos politicamente determinados é uma ameaça à nossa sobrevivência.
O papa Francisco, e eu não sou religioso, expôs esse
perigo ao afirmar ser preferível um pecador que não acredita em
Deus a um hipócrita cristão.
O politicamente correto é um movimento de hipocrisia para esconder
a grande corrupção, a que permite dominar povos e continentes,
desencadear proveitosas guerras e desgraças associadas
à destruição e à reconstrução. A propósito, os populistas e
os seus meios de comunicação expõem à turba os criminosos
depositantes em offshores, uma ação meritória, mas nunca atacam
quem cria as condições para operar e instalar offshores, o
maior dos quais é a City de Londres, seguido de Wall Street…
Escondem sempre a mão que atira a pedra!
Correndo o risco de levantar um clamor de conhecidas rejeições
— do perigo alemão à ausência de carisma — a única figura
que a Europa tem neste tempo para apresentar como “grande
homem” é uma mulher insípida e aparentemente triste, Angela
Merkel, que foi o melhor que se pode conseguir e a quem, apesar
da sua insossa normalidade ainda assim os tais monstros da caverna
chantageiam e procuram limitar o raio de ação, mandando
publicar de tempos a tempos umas imagens ditas de juventude,
com ela ou alguém parecido nua a passear num campismo.
Mas, além de Angela Merkel, o resto dos dirigentes europeus
com que um cidadão de regular comportamento pode conversar
e beber um copo são patrulhas, como afirmava o meu amigo
Armando Baptista Bastos na sua época de militância no Partido
Comunista, a uma mesa de tertúlia, referindo-se às pequenas
formações de esquerda radical de que eu e o tão mal reconhecido
Nuno de Bragança éramos próximos. O máximo que o populismo
deixa surgir na direção da Europa são funcionários mais ou
menos simpáticos, mas que não ponham em causa a “ordem”,
que sejam obedientes e respeitem a cartilha.
***
O tema dos “grandes homens” continuará a entreter-me e a estar
à disposição dos meus amigos num próximo texto.
Interrogo-me porque considero Boris Johnson o grande homem
do momento na Europa, em versão negra, do tipo do Nero, ou
de Coriolano que irá pegar fogo a esta herança romana que é a
União Europeia… isto apesar de saber que está infetado pelo coronavirus…
e lhe desejar as melhoras, como a todos os doentes.
(*) Escritor e ex-Militar de Abril
(*) autor escreve segundo o novo acordo ortográfico
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
44
HUMOR
ÁGUA VINHO?
Foi comprovado em pesquisa científica que
se beberes mais de 1 litro de água por dia,
durante 1 ano, no final do ano terás ingerido
mais de 1 quilograma de coliformes fecais
que estão diluídos na água, ou seja: 1 quilo
DE MERDA!!!
Já bebendo vinho... não se corre esse risco
uma vez que esses coliformes não sobrevivem
ao processo de fermentação.
Por isso peço que comuniquem a todos os
que bebem água que essa porra faz mal!
Está dado o alerta! Depois não digam que
não avisamos.
Quem tiver consciência vai chegar à conclusão
de que:
É muito melhor beber vinho e dizer umas
merdas, do que beber umas merdas e não
dizer nada'.
Emergência no avião
Há cinco pessoas no avião: Bolsonaro, Boris
Johnson, o Papa, a Angela Merkel e um
garoto de 10 anos de idade.
O avião avariou e estava a cair e no avião
só havia quatro para-quedas.
Bolsonaro diz: “Um é meu. Eu já fui para-
-quedista e Brasil precisa de mim”. Coloca-o
às costas e salta.
Johnson diz: “O Reino Unido está numa
encrizilhada e precisa de mim”. Pega em
outro para-quedas e salta.
O Papa diz: “A Igreja de Pedro precisa de
mim para a guiar”. Pega outro e salta.
Merkel diz: “Vai lá, garoto. Pega o para-
-quedas que sobrou. A minha vida está a
terminar e a tua está no começo”.
E o garoto aflito responde: “Não precisa,
porque há ainda dois para-quedas. Aquele
senhor que disse que já foi para-quedista
saltou com minha mochila de escola”.
Problemas de um polícia de trânsito,
em tempos de quarentena.
....
Depois de arrumar toda a bagagem do Papa
FRANCISCO, o motorista reparou que o
Papa ainda se encontrava no exterior do
veículo. --”Desculpe-me Sua Santidade”,
disse o motorista, “Não se importa de ocupar
o seu lugar para que possamos seguir?”.
--”Bem, para dizer a verdade”, diz o Papa,
“No Vaticano nunca me deixavam conduzir
quando era Cardeal, como Papa ainda menos,
e apetecia-me mesmo conduzir hoje!”.
--”Desculpe-me Sua Santidade, mas não
posso fazer isso. Perderia o meu emprego!
E se acontecesse alguma coisa?” protestou
o motorista, desejando não ter ido trabalhar
nessa manhã.
--”E quem é que vai contar?, diz o Papa
com um sorriso.
Relutante, o motorista senta-se atrás, enquanto
o Papa ocupa o lugar ao volante.
O motorista imediatamente se arrepende
pois, mal deixam o aeroporto o Papa mete
o prego a fundo acelerando o carro até aos
cento e muitos km/h.
.--”Por favor, Sua Santidade!” implora o
preocupado motorista; mas o Papa continua
com o prego a fundo até que se ouvem
sirenes.
--”Oh, meu Deus, vou perder a minha carta
de condução e o emprego!”,
soluçava o motorista.
O Papa encosta o carro e desce o vidro
quando o polícia se aproxima;
Quando este olha para ele, regressa à mota
e estabelece contacto rádio com a Central.
--”Preciso de falar com o Chefe”, informa
ao operador.
O Chefe responde e o guarda diz-lhe que
mandou parar um carro que seguia a mais
de 120 km/h.
--”Então aplica-lhe a multa”, diz o Chefe.
--”Não creio que devamos fazer isso, ele é
mesmo importante”, diz o polícia.
O Chefe exclama, “Por isso mesmo, multa
o sacana!”
--”Não, é que é MESMO importante”, insiste
o guarda.
Então o Chefe pergunta, “Quem tens aí, o
Presidente da Câmara?”
E o polícia: “Mais alto”.
O Chefe: “Um deputado?”
Polícia: “Mais importante”.
Chefe: “O Primeiro Ministro?”.
Polícia: “Muito mais!”.
--”Bolas”, diz o Chefe, “Então quem é?”.
O polícia: “Acho que é Deus!”.
O Chefe fica atrapalhado, “E o que te leva
a pensar que seja Deus?”.
Polícia: “É que o motorista dele ... é o
Papa!”.
DATAS COMEMORATIVAS - 2020
01 QUA Dia das Mentiras - 1º de Abril
01 QUA Dia Internacional da Diversão no Trabalho
02 QUI Dia Internacional do Livro Infantil
02 QUI Dia Mundial da Consciencialização do
Autismo
04 SÁB Dia Mundial do Rato
04 SÁB Dia Internacional Contra as Minas Antipessoais
05 DOM Domingo de Ramos
05 DOM Dia Nacional da Artrite Reumatoide
06 SEG Dia Mundial da Actividade Física
06 SEG Dia Internacional do Desporto ao Serviço
do Desenvolvimento e da Paz
07 TER Dia Mundial da Saúde
07 TER Dia Internacional do Castor
07 TER Dia Internacional para Reflexão do Genocídio
de 1994 contra os Tutsi em Ruanda
08 QUA Dia Internacional do Cigano
10 SEX Sexta-Feira Santa
11 SÁB Sábado Santo
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
11 SÁB Dia Mundial da Doença de Parkinson
12 DOM Páscoa
13 SEG Dia do Beijo
14 TER Dia Internacional do Café
15 QUA Dia Mundial da Arte
16 QUI Dia Mundial da Voz
17 SEX Dia Mundial da Hemofilia
22 QUA Dia Mundial da Terra
23 QUI Dia Mundial do Livro
23 QUI Dia Mundial do Escutismo
23 QUI Dia Nacional da Educação de Surdos
24 SEX Dia Mundial do Animal de Laboratório
25 SÁB Dia da Liberdade - 25 de Abril
26 DOM Dia Mundial da Propriedade Intelectual
27 SEG Dia Mundial do Design Gráfico
28 TER Dia Nacional de Prevenção e Segurança
no Trabalho
29 QUA Dia Mundial da Dança
29 QUA Dia Internacional do Cão-Guia
30 QUI Dia Internacional do Jazz
Confie em si...
Controle a ansiedade de uma
forma natural
Sabia que você é a sua melhor companhia? Só você pode e deve ditar o
rumo da sua vida. Então confie em si e invista numa bela parceria com você
mesmo. Leia, escreva e oiça boa música de qualidade. E desta forma você
será forte para lidar com a ansiedade do dia a dia.
45
Baptista Soares
(Endireita)
MASSAGISTA TERAPEUTA DE RELAXAMENTO
MUSCULAR DESPORTIVO
MASSEUR UND KÖRPERTHERAPEUT
KLASSISCHE SPORT UND RELAX MASSAGEN
Zürichstrasse 112, 8123 Ebmatingen
Natel 078 754 18 31
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
46
HORÓSCOPO
RV - JOANA ARAÚJO (*)
CARNEIRO
Muita energia durante toda a semana. A única
coisa a que deve prestar mais atenção é
à ingestão de água, que deve ser abundante.
No amor terá muita necessidade de demonstrar
os seus sentimentos, podendo
chegar ao exagero.
Não encontrará a resposta que procura na
pessoa que ama.
No trabalho demonstrará muita actividade
e capacidade de improvisação para solucionar
alguns problemas.
Esta altura constitui já a passagem a um
momento mais tranquilo, mais interiorizado.
A passagem da Lua será responsável por
esta gradual transformação do seu diálogo
com o mundo. Pode trazer-lhe, por um lado,
uma súbita falta de confiança, mas, por outro,
um diálogo esclarecedor e construtivo.
LEÃO
Se necessita tomar medicamentos, opte
pela via natural, e melhorará a sua qualidade
de vida.
Sairá com a pessoa que ama mais vezes do
que o habitual e procurarão locais diferentes
para os momentos de mais intimidade.
Um trabalho que dava por terminado, reaparecerá
para sofrer pequenas alterações
e ser melhorado na sua totalidade.
SAGITÁRIO
As costas e os órgãos sexuais poderão
dar-lhe algum problema que será de fácil
solução se consultar o médico a tempo.
Uma ligeira indisposição deixará a pessoa
que ama em baixo de forma, mas saberá
como levantar- lhe a moral e o ânimo.
Assumirá responsabilidades que não são
suas e saberá ultrapassar as dificuldades
que surgirem.
Touro
Marte em Oposição à Lua representa um
momento de emoções intensas e conflitos
emocionais. Neste momento poderá ser
difícil lidar com o sexo oposto, embora fosse
bom nesta altura desse mais importância
aos aspectos positivos de qualquer relação.
Virgem
Como está com uma certa falta de concentração
nesta fase deve evitar tomar decisões
importantes tanto nos negócios como na
sua vida pessoal. Poderá sentir-se enervado
sem saber a causa. Este é uma boa altura
para se auto examinar.
Capricórnio
Embora possa sentir uma maior vontade de
tirar mais partido da casa e da família, vai
ser aí onde as coisas se poderão mostrar
um pouco mais atabalhoadas, menos harmoniosas
ou menos controladas.
GÉMEOS
Haverá uma preocupação exagerada com a
saúde e com a estética corporal, podendo
chegar à obsessão.
Continuará a pensar em alguém do seu
passado que deixou marcas profundas na
sua vida e a pessoa que está actualmente
consigo notá-lo-á.
A chegada de novos companheiros de trabalho
serão a desculpa para um rendimento
mais alto do que o habitual e também para
quebrar a rotina.
Caranguejo
BALANÇA
Necessitará dormir mais horas do que tem
dormido até aqui e o seu organismo agradecerá
se fizer alguma dieta depurativa.
A sua relação não passa por dos seus melhores
momentos e a pessoa que ama estará
em baixo de forma e necessitando estar
sozinha. Façam uma pausa no caminho!
Sentirá o apoio dos seus companheiros de
trabalho para realizar uma tarefa que é da
sua responsabilidade.
Escorpião
Está a entrar num momento de grande descontracção,
sobretudo devido à sua paz
interior. Terá uma real sensação de segurança,
tranquilidade, sem a preocupação
de assuntos pendentes que noutras alturas,
embora nem sejam significativos, o deixam
insatisfeito.
AQUÁRIO
Respire mais ar puro e melhorará grandemente
a sua saúde. Corrija posições incorrectas
no trabalho.
A pessoa que comparte a sua vida, comparte
também os seus gostos e juntos poderão
viver momentos de muita cumplicidade.
Começa uma nova etapa profissional que
estimulará a sua competitividade e dará a
conhecer as suas capacidades.
Peixes
Durante este trânsito de Mercúrio pode tomar
iniciativas, mas prepare-se para defender
as suas ideias com unhas e dentes.
Da sua convicção e determinação poderá
nascer a vitória. A insatisfação e intranquilidade
que agora sente é passageira, ainda
assim, no entanto, preferirá o isolamento e
a reflexão ao convívio.
(*) COORDENAÇÃO, RECOLHA E ADAPTAÇÃO
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
PUBLICIDADE
47
Muito fácil para o
melhor Serviço.
Somos o seu parceiro para reparações e serviços.
Connosco o seu Volkswagen está em mãos firmes. Todos os nossos serviços são especialmente
adaptados para você e seu Volkswagen. Garantimos uma manutenção e suporte profissional e
barato na sua área.
Para que o seu Volkswagen permaneça um
Volkswagen. Serviço da Volkswagen.
Garage Mutschellen AG
Bernstrasse 4, 8965 Berikon
Tel. 056 633 15 79
Scanned with CamScanner
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
48
OPINIÃO
Sobre os 46 anos
do 25 de Abril
MANUEL ARAÚJO
Muitos saudosistas, dizem hoje que naquele tempo
é que era bom e que, até éramos ricos. Sim, éramos
ricos, os cofres do Estado Novo estavam a abarrotar,
mas o povo morria com fome, havia miséria, não
tinha liberdade de pensar, de agir e a grande maioria
da população era ainda por cima analfabeta, sendo
este era o grande trunfo do Estado Novo. — Quanto
mais ignorante e burro melhor —
Havia bufos da PIDE por todo o lado, que intimidavam
e prendiam indiscriminadamente quem lhe
apetecia e muitas vezes, os prisioneiros eram deportados
para o Tarrafal, o campo de concentração
do ditador Salazar, onde muitos chegaram a morrer
sem sequer serem julgados…
É desse tempo que uma classe política, que com
a ajuda de quase toda a comunicação social nos
querem fazer esquecer…
Salazar, a Igreja e o regime caminharam sempre
lado a lado. O Estado Novo orientava-se segundo
os princípios da tradição: Deus, Pátria, Família,
Autoridade, Hierarquia, Moralidade, Paz Social e
Austeridade.
Esses princípios, foram os principais causadores do
atraso, da tirania, da prepotência da classe dominadora,
da fome, da falta de liberdade, da censura,
do analfabetismo, do medo e da guerra colonial,
onde ingloriamente, morreram perto de DEZ MIL
jovens portugueses… para nada.
Salazar, foi para Portugal e para o seu povo, o PIOR
de todos os portugueses, desde a fundação da nacionalidade.
Pensemos um pouco…
Hoje, o povo poderá não estar a viver como desejaria
e devemos continuar a lutar para melhorar as suas
condições de vida, mas aqueles que comparm o
tempo da escravatura, da fome, do arbítrio, da deportação,
da censura, do obscurantismo, da opressão
do maldito ditador Salazar, com o tempo que hoje
vivemos, é pura má-fé, ignorância, estupidez, (ou
tudo junto) do que foi uma das mais tenebrosas,
estúpidas, retrógradas e analfabetas ditaduras da
Europa, marcada pela máxima, orgulhosamente sós.
Viva a Democracia, viva o 25 de Abril!
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
Escravos, sonâmbulos e zombies
CARMINDO DE CARVALHO
LITERATURA
49
Mais um sábado temperado com uma sessão de trabalho.
Saio de casa. São 4:20. A cidade dorme. Mesmo indo por zona residencial, em cerca de 9 quilómetros
não vejo vivalma.
Cruzo-me com um gato, mais à frente outro e eles fazem-me pensar que afinal tinha razão quando por
várias vezes disse que a noite existe para os animais caçarem.
Na noite, os humanos normais, ora se divertem em festanças, ora se refregam numa saborosa massagem
enrolados em lençóis, ora dormem o sono dos justos.
Na lista musical procuro algo que me espicace, que me remexa os neurónios, que sirva de tónico para
arranjar apetite para enfrentar mais um sábado danado.
Agora, que de uns tempos a esta parte, trabalhamos quase grátis para arranjar minutos que diariamente
nos vão tirando. Simplesmente porque os senhores do grande capital cada vez mais alargam o cinto e de
nós exigem cada vez mais.
E assim vão eliminando direitos que levaram décadas a serem conseguidos.
Tudo isto nas barbas dos governantes cúmplices, calados e tolerantes porque é esse mesmo grande capital
que os senta no cadeirão do poder.
Porque sou branco, sinto-me um escravo moderno.
E lembro-me e comparo-me àqueles desgraçados escravos negros de outros tempos .
“ Sou mais um escravo caçado por um qualquer negreiro e este meu carro é o navio negreiro que me vai
levar até lá, à casa da escravatura”, penso.
Sinto-me violado, violentado na minha dignidade de Ser humano, prostituto, neste meu querer tentar
aguentar até à meta por mim traçada.
Há-de chegar o dia de fazer uma faixa a dizer : “Adeus casa de ratazanas.”
Já nas redondezas da fábrica começo a ver outros que também se vão pôr a jeito...
Lá dentro os do turno da noite, circulam amarelados, calados como ratos, sonâmbulos, mais zombies
que humanos.
E hoje, tenho que trabalhar mais quinze minutos porque o senhor, decidiu não pagar todo o tempo da
pausa. Coisa nunca vista nestes vinte e sete anos que por aqui, por estas paredes já cumpri.
18 de Março de 2017
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
50
LITERATURA
Mãe galinha
Mãe, teu ventre me gerou
E o berço me embalou.
Teu doce falar
Ao acarinhar
Teu saber grandioso
Para a vida me soube preparar
Fazendo de mim trabalhador lutador
E não ocioso preguiçoso.
No ventre me transportaste
Imagino quanto peso carregaste!
Quantos sacrifícios passaste!
Tantos filhos criaste!
Mãe, sei que meu silêncio te faz sofrer.
Olha, não é palavra vã
Mesmo, mesmo amanhã te vou escrever.
E para alegrar teu coração
Sem mais demora
Que já é hora
A carta mando de avião.
Por favor
Se não gostas do meu sim
Então faz uso do teu direito
Eleva a essência
Do teu Ser
Dá-me o teu não
E a acutilância
Da tua indignação.
Mas por favor
Não me dês a conhecer
O que certamente
Será amargo
E degradante
O Sabor
Da tua Submissão.
Junho, 2016
Embalo envolvente
Se é verdade que uma imagem vale por
mil palavras, também verdade é que apenas
algumas palavras ( menos de mil ), podem
gerar muitas imagens.
Bastará que nos deixemos levar na
melodia que elas nos cantam! ...
E assim num embalo envolvente e
cativante poderemos ir, sem sair ... a sítios
onde nunca iríamos de outra forma.”
Junho, 2016
VCARMINDO
DE CARVALHO
Ghttps://www.fa-
cebook.com/carmindo.
carvalho
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
PUBLICIDADE
51
Todo o tipo de frutas
e legumes da época
numa sò casa!
Horário
Seg. a Sexta. — 08h00 às 20h00
Sábado — 08h00 às 19h00
Meienbreitenstrasse 15 CH-8153 Rümlang
Tel: 044 945 02 20 | 044 945 02 21 Fax: 044 945 02 22
Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
CLZ
1. Fique em casa.
INFECTADO?
Cuidados a ter no domicílio
EDIÇÃO
DIGITAL
Abril 2020
2. Evite contacto com outras pessoas dentro de casa, dentro do possível. Deve ficar numa divisória arejada separada dos restantes
conviventes, com a porta fechada. Preferencialmente, use um quarto de banho próprio, bem como toalhas e utensílios de
higiene pessoal. Na impossibilidade de quarto de banho individual, reforce a limpeza da casa de banho após a sua utilização,
com água e lixívia.
3. Use uma máscara facial (cirúrgica) sempre que contactar com outras pessoas.
4. Cubra a boca com o braço ou um lenço de papel sempre que tossir ou espirrar. Coloque o lenço usado no lixo.
5. Lave as mãos com frequência com água e sabão durante 20 segundos e seque-as bem. Evite tocar nos olhos, nariz e boca
com as mãos sujas.
6. Evite a partilha de objetos dentro de casa.
7. A louça e a roupa usadas podem ser lavadas como habitualmente.
8. Não receba visitas.
9. Evite o contacto com animais domésticos. Caso o faça, lave as mãos antes e após o contacto.
10. Coloque todo o lixo, incluindo lenços de papel e máscaras, num saco e feche-o quando cheio. Insira esse saco dentro de
um segundo saco e feche-o e coloque-o no lixo normal.
11. Vigie os sintomas. Em caso de agravamento, em Portugal contacte a linha de apoio SNS 24 através do número 804 24 24 24,
indicando preferencialmente o seu número de utente, antes de se dirigir ao hospital, na Suíça +41 (0)58 464 44 88.
12. Mantenha estas medidas até 14 dias após o regresso da área ou contacto de risco e até resolução completa dos sintomas.
13. Todos os conviventes devem reforçar a higiene das mãos.
Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital São João - Porto
Saiba tudo sobre o Coronavírus neste esclarecedor video: https://youtu.be/BtN-goy9VOY