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ABRIL 2020 - nº 263

Edição Abril, nº 263 Excepcionalmente devido à Pandemia, é distribuída apenas em formato digital.

Edição Abril, nº 263
Excepcionalmente devido à Pandemia, é distribuída apenas em formato digital.

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EDIÇÃO

DIGITAL

[ ABRIL 2020 | Edição Nº. 263 | ANO XXVI | Direcção: Sandra Ferreira + Armindo Alves | Publicação mensal gratuita ]

PELA SUA FAMÍLIA, PELOS SEUS AMIGOS, PELA NOSSA VIDA, PROTEJA-SE!

FIQUE EM

CASA!

W W W . C L D Z . C H

EDITORIAL

COVID-19

PÁGINA 3

CONSULADO

INFORMAÇÃO

COVID-19

PÁGINA 5

SINDICALISMO

LINHA DE

EMERGÊNCIA

PÁGINA 12


2

PUBLICIDADE

Centro Lusitano de Zurique

Birmensdorferstr, 48

8004 Zürich

www.cldz.eu - info@cldz.eu

Bufete, reserva de refeições 077 403 72 55

Cursos de alemão 076 332 08 34

Consulado Geral de Portugal em Zurique

Zeltweg 13 - 8032 Zurique

Tel. Geral: 044 200 30 40

Serviços de ensino: 044 200 30 55

Serviços sociais: 044 261 33 32

Abertura de segunda a sexta-feira das

08:30 às 14:30 horas

Embaixada de Portugal

Weitpoststr. 20 - 3000 Bern 15

Secção consular: 031 351 17 73

Serviçoa sociais: 031 351 17 42

Serviços de ensino: 031 352 73 49

Edição anterior

[ MARÇO 2020 | Edição Nº. 262 | ANO XXVI | Direcção: Sandra Ferreira + Armindo Alves | Publicação mensal gratuita ]

JANEIRAS

A tradição portuguesa em

em terras helvéticas

Direcção

044 241 52 60 / info@cldz.eu

Futebol armindo.alves@garage-mutschellen.ch / 079 222 09 14

InCentro

incentro@cldz.ch

Publicidade 079 913 00 30/pub.lusitano@gmail.com

Rancho folclórico 079/549 99 10 / rancho@cldz.ch

Vamos contar uma história 079 647 01 46

Serviços municipais de informação para

imigrantes - Zurique (Welcome Desk)

Stadthausquai 17 - Postfach 8022 Zurique

Tel.: 044 412 37 37

Polícia 117

Bombeiros 118

Ambulância 144

Intoxicações 145

Rega 1414

WWW.CLDZ.CH

EDITORIAL

LUANDA LEAKS

INVESTIGAÇÃO

PÁGINA 3

EPILEPSIA

PÁGINA 19

SAÚDE

CIDADANIA

DENTRO DA LEI

EM 2020

PÁGINA 17

Missão Católica de Língua Portuguesa – ZH

Katholische Mission der Portugiesischsprechenden

Fellenbergstrasse 291, Postfach 217 - 8047 Zürich

Tel.: 044 242 06 40 7 044 242 06 45 - Email: mclp.zh@gmail.com

Horário de atendimento:

- segunda a sexta-feira das 8h às 13h00 e das 13h30 às 17h

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Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU


EDITORIAL

3

Fique em casa!

SANDRA FERREIRA

Directora - jornalista CC12 A

Caros leitores,

Confesso que este mês não foi fácil idealizar a nossa revista.

Primeiro porque parece que o único tema da actualidade

é o vírus que invadiu a Europa no início deste

ano: o Coronavirus; mas porque também nós tivemos de

nos adaptar às dificuldades que nos trouxe esta situação.

Também devido a esta pandemia e as mudanças que

esta veio causar nas nossa vidas, a Revista Lusitano teve

de tomar a decisão de no mês de Abril fazer a revista e

distribui-la apenas em formato digital online. Esperemos

que os nossos leitores e patrocinadores compreendam

esta decisão e que esta situação se resolva o mais rápido

possível para podermos voltar a distribuir a nossa revista

por toda a cidade de Zurique.

Em segundo gostaria de dar a boa nova a todos os sócios

e amigos do Centro Lusitano de Zurique, que a sua direcção

conseguiu arranjar um novo local para a associação.

Como todos sabem este era um tema que preocupava a

família CLZ desde há algum tempo e para a qual estava a

ser muito difícil arranjar uma solução. Mas com o esforço

de todos, conseguiu-se um local que irá fazer crescer a

nossa associação ainda mais. Este local trata-se de uma

casa que funcionou muitos anos como restaurante em

Leimbach. Com a saída dos seus actuais exploradores, o

CLZ teve a oportunidade de ficar com este local e usufruir

das excelentes infra-estruturas que o espaço oferece. Para

alegria dos nossos sócios e amigos também gostaríamos de

informar que o espaço de restauração da nossa associação

não estará aberto apenas aos fins-de-semana, mas também

durante a semana na hora de almoço e jantar (excepto

segundas e terças-feiras). Assim, partir de Julho poderá

visitar-nos e comemorar connosco a nossa nova casa.

Caro leitor, eu sei que tendo em conta o nosso quotidiano

e vida activa é muito difícil compreender e aceitar

esta situação em que nos mandam ficar em casa. Contudo,

parece que esta é de momento a única forma de nos

protegermos e protegermos aqueles que mais amamos.

Vamos todos ter fé e esperança que isto vai passar e que

vamos poder reunir-nos todos novamente, para podermos

celebrar a Páscoa, o 25 de Abril, o primeiro de Maio, as

festas tradicionais, os aniversários, mas principalmente,

para podermos celebrar a vida.

Mantenham-se em casa e, acima de tudo, mantenham-se

saudáveis!

EQUIPA REDACTORIAL

EMAIL: LUSITANOZURIQUE@GMAIL.COM

Sandra Ferreira

Armindo Alves

DIRECTOR A CC12 A

SUB-DIRECTOR CC15 A

Natascha D´Amore

Domingos Pereira

Maria dos Santos

Carmindo de

Carvalho

Lúcia Sousa

Euclides Cavaco

Zuila Messmer

Joana Araújo

CC11 A

Carlos Matos

Gomes

Cristina F. Alves

CC 16 A

Manuel Araújo

jornalista 3000 A

Jorge Macieira

CC28 A

EDIÇÃO,

COMPOSIÇÃO

E PAGINAÇÃO

Manuel Araújo

Jornalista 3000 A

araujo@manuelaraujo.org

Tel.:(+351) 912 410 333

PUBLICIDADE

pub.lusitano@

gmail.com

Tel.: 079 913 00 30

Pedro Nogueira

IMPRESSÃO

Diário do Minho

Tiragem: 2000 exemplares

Periodicidade: Mensal

Distribuição gratuita

PROPRIEDADE

& ADMINISTRAÇÃO:

Centro Lusitano de Zurique

Birmensdorferstr. 48

8004 Zürich

Tel.: 044 241 52 60 - Fax: 044

241 53 59

Web: www.cldz.eu

E-mail: info@cldz.eu

Nuno

Brandão

Esta publicação não

adopta nem respeita o inútil

(des)Acordo Ortográfico

Apoios:

Daniel Bohren

Jurista

Pedro Nabais

CC14 A

Aragonez

Marquez

Ivo Margarido Jeremy da Costa Nelson Lima

NOTA: Os artigos assinados reflectem tão-somente a opinião dos seus

autores e não vinculam necessariamente a direcção desta revista

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Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU


COMUNIDADES

5

Informação consular

Gostava de recordar que o Consulado, em estreita

coordenação com a Embaixada em Berna,

tem atualizado diariamente a página web, publicando

toda e qualquer informação que seja útil

à Comunidade portuguesa.

Por decisão superior, e também em estreita

coordenação com a Embaixada de Portugal, e

à semelhança do que as autoridades suíças decidiram,

estes serviços consulares restringiram

o atendimento ao público até ao dia 15 de abril,

a fim de reduzirmos drasticamente os contactos

humanos, potenciadores da propagação do Covid-19.

Caso a situação o justifique, este regime

de atendimento poderá voltar a ser prorrogado.

Paulo Maia e Silva

Cônsul-Geral de Portugal em Zurique

Caros compatriotas,

Gostaria de vos transmitir, na qualidade de

Cônsul Geral de Portugal em Zurique, umas

breves palavras de solidariedade neste momento

difícil, que todos estamos a atravessar

perante a pandemia do novo coronavírus.

Estou certo de que esta difícil conjuntura não

abalará a confiança da Comunidade portuguesa,

habituada a grandes desafios e que sabe

respeitar as indicações, que para o seu próprio

interesse lhe são transmitidas, quer pelas autoridades

suíças quer pelas autoridades portuguesas.

No entanto, garanto-vos que nos mantemos

disponíveis para atender a Comunidade portuguesa.

Contudo, permito-me apelar para o

bom senso de todas e todos vós, no sentido de

apenas nos dirigirem pedidos, cujo tratamento

e presença não possam, de maneira nenhuma,

ser adiados. Acrescento que continuamos

a dar resposta a todo e qualquer pedido, que

não requeira a presença dos nossos utentes,

tais como pedidos de certidões, por exemplo.

Não nos esquecemos de quem necessita de

regressar definitivamente a Portugal, sendo essas

situações consideradas prioritárias, caso o

regresso seja para breve. O tratamento de pedidos

de renovação do cartão de cidadão tem

igualmente sido considerado prioritário, desde

que esteja em vista uma viagem de regresso a

Portugal, situação essa que não é aconselhável

neste momento, conforme a Embaixada de

Portugal também já o fez saber, à exceção dos

nossos compatriotas trabalhadores sazonais,

muitos dos quais precisam de regressar ao nosso

país.

Continuamos a privilegiar o contacto por e-mail,

embora estejamos, naturalmente, disponíveis

através da nossa linha telefónica.

Paulo Maia e Silva

Cônsul-Geral de Portugal em Zurique

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COVID-19

Departamento Federal da Administração Interna (EDI)

Serviço Federal da Saúde Pública (BAG)

Novo coronavírus Atualizado a 10/03/2020

Folha informativa

Informações importantes sobre o novo coronavírus e sobre a campanha "Como nos devemos

proteger".

O que pode fazer?

Lavar bem as mãos.

Tossir e espirrar para um lenço ou a zona interior do cotovelo.

Manter distância.

Evitar apertos de mão.

Permanecer em casa em caso de febre e tosse.

Dirigir-se a um consultório médico ou a uma unidade de urgência apenas após

um contacto telefónico.

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Portugiesisch / portugais / portoghese / português


COVID-19

7

As perguntas mais frequentes e respetivas respostas quanto ao

novo coronavírus

Contágio e riscos

Porque são tão importantes estas regras de higiene e conduta?

O novo coronavírus é um novo vírus para o qual as pessoas ainda não têm defesas imunitárias. O

número de pessoas contagiadas e doentes pode ser elevado. Por isso, a propagação do novo

coronavírus tem de ser abrandada o máximo possível.

As pessoas com um maior risco de adoecerem gravemente, em particular, têm de ser protegidas.

Estas são as pessoas com mais de 65 anos e pessoas com uma doença pré-existente: hipertensão,

diabetes, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias crónicas, cancro, bem como doenças e

terapias que enfraquecem o sistema imunitário.

Se todos cumprirmos as regras, poderemos proteger melhor estas pessoas. Dessa forma,

contribuímos também para que as pessoas com doenças graves continuem a ser tratadas

adequadamente nas instituições de saúde. Isto porque, nas unidades de cuidados intensivos, as

salas de tratamentos e os aparelhos de ventilação disponíveis são limitados.

Quem apresenta um risco elevado?

Na maioria das pessoas, uma doença pelo novo coronavírus evolui de forma inofensiva. Quem corre

maior risco de adoecer gravemente são as pessoas com mais de 65 anos e as pessoas com uma

destas doenças pré-existentes:

- Hipertensão

- Diabetes

- Doenças cardiovasculares

- Doenças respiratórias crónicas

- Doenças e terapias que enfraquecem o sistema imunitário

- Cancro

É possível o contágio pelo novo coronavírus na Suíça?

Sim, na Suíça está a aumentar o risco de contágio pelo novo coronavírus.

Como é transmitido o novo coronavírus?

O novo coronavírus é essencialmente transmitido por meio de contacto próximo e prolongado:

quando se mantém uma distância inferior a 2 metros durante mais de 15 minutos em relação a uma

pessoa doente. A transmissão ocorre por meio de gotículas: se uma pessoa infetada espirrar ou

tossir, os vírus podem atingir diretamente as mucosas do nariz, da boca ou dos olhos de outras

pessoas. Através das mãos: nestas podem-se encontrar gotículas contagiosas expelidas através de

tosse e espirros. Estas passam para a boca, o nariz ou os olhos ao tocar neles.

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8

COVID-19

Sintomas, diagnóstico e tratamento

Que sintomas surgem em caso de doença pelo novo coronavírus?

Os sintomas mais frequentes são febre, tosse e dificuldades respiratórias. A gravidade destes

sintomas pode variar. São também possíveis complicações como, por exemplo, uma pneumonia.

Alguns doentes também apresentam problemas digestivos ou oculares (conjuntivite).

Tenho febre e tosse, o que devo fazer?

Caso tenha sintomas da doença, deve permanecer em casa, para não contagiar ninguém.

São sintomas da doença:

- Febre (temperatura corporal superior a 38 °C, acompanhada de sensação de cansaço, por

vezes com dores musculares)

- Tosse seca, podendo estar associada a dores de garganta

Se os sintomas forem ligeiros, poderá cuidar de si mesmo(a). Se apenas sair novamente de casa 24

horas após os seus sintomas terem desaparecido, evitará o contágio de outras pessoas. Então,

respeite as regras de higiene e conduta (veja na primeira página "O que pode fazer?").

Se apresentar um risco maior de adoecer gravemente ou se os sintomas se agravarem: telefone ao

seu médico ou médica. Este(a) irá decidir se é necessária uma avaliação médica ou se basta

permanecer em casa e cuidar de si mesmo(a).

Como é tratada uma doença pelo novo coronavírus?

Até à data, não existe qualquer tratamento para doenças por coronavírus. O tratamento restringe-se

ao alívio dos sintomas. Para proteger as outras pessoas, os doentes são isolados.

Caso a doença seja grave, é geralmente necessário um tratamento numa unidade de cuidados

intensivos. Em certas circunstâncias, é necessária uma ventilação artificial.

Medidas de proteção

O que é importante em caso de viagem?

Em quase todas as regiões do mundo existe o risco de contágio pelo novo coronavírus. No entanto,

até ao momento, a OMS não anunciou quaisquer restrições de viagem. Em muitos aeroportos

existem medidas de controlo reforçadas para os passageiros.

Nas suas viagens, cumpra também as recomendações de higiene e conduta. Dessa forma, poderá

proteger-se de um contágio pelo coronavírus.

Tem mais de 65 anos ou uma doença pré-existente (hipertensão, doenças respiratórias crónicas,

diabetes, doenças cardiovasculares, doenças e terapias que enfraquecem o sistema imunitário,

cancro)? Tenha em atenção as nossas recomendações para pessoas particularmente vulneráveis.

Em alguns países existem regiões que estão sob quarentena. Aí, as entradas e saídas são,

eventualmente, apenas possíveis com uma autorização especial. Não nos é possível estimar durante

quanto tempo irão vigorar estas restrições e prescrições.

Nos aeroportos internacionais os viajantes devem contar com medidas de controlo reforçadas.

Linha informativa para pessoas que vão viajar para a Suíça:

Apresenta sintomas (dificuldades respiratórias, tosse, febre), deseja viajar para a Suíça e tem dúvidas

médicas? Ligue para: +41 (0)58 464 44 88

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O que é o novo coronavírus?

O que é o SARS-CoV-2 e a COVID-19?

Informações O novo coronavírus relativas a foi dúvidas descoberto médicas no final para de a 2019 sua viagem: na China, em virtude de um surto incomum de

pneumonias na cidade de Wuhan, na região central da China. O vírus foi denominado de SARS-CoVwww.safetravel.ch

2 e pertence à mesma família dos vírus da MERS (Síndrome Respiratória do Médio Oriente) e da

SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave).

Antes A de 11 uma de fevereiro viagem, de informe-se 2020, a OMS junto atribuiu da embaixada à doença ou causada do consulado pelo novo do coronavírus país de destino um nome quanto oficial:

às medidas COVID-19, atualmente a abreviatura em vigor de (website "coronavirus do Departamento disease 2019" Federal ou, em dos português, Negócios doença Estrangeiros pelo coronavírus (EDA)

> Representações 2019. estrangeiras na Suíça).

O que chinesas. é o novo coronavírus?

O que é o SARS-CoV-2 e a COVID-19?

COVID-19

As informações atualmente disponíveis sugerem que o vírus foi transmitido ao ser humano por

animais e que este agora se propaga de pessoa para pessoa. O local de origem é provavelmente um

mercado de peixes e animais na cidade de Wuhan, que foi entretanto fechado pelas autoridades

O novo coronavírus foi descoberto no final de 2019 na China, em virtude de um surto incomum de

pneumonias na cidade de Wuhan, na região central da China. O vírus foi denominado de SARS-CoV-

2 e pertence à mesma família dos vírus da MERS (Síndrome Respiratória do Médio Oriente) e da

SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave).

A 11 de fevereiro de 2020, a OMS atribuiu à doença causada pelo novo coronavírus um nome oficial:

COVID-19, a abreviatura de "coronavirus disease 2019" ou, em português, doença pelo coronavírus

2019.

As informações atualmente disponíveis sugerem que o vírus foi transmitido ao ser humano por

animais e que este agora se propaga de pessoa para pessoa. O local de origem é provavelmente um

mercado de peixes e animais na cidade de Wuhan, que foi entretanto fechado pelas autoridades

chinesas.

9

Mais informações:

www.bag-coronavirus.ch

www.bag.admin.ch/neues-coronavirus

(Alemão, francês, italiano, inglês)

Mais informações:

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COVID-19

As fases de combate à

As fases de combate à pandemia COVID-19

em Portugal e na Suíça

Apesar de cada país ter uma estratégia e um plano de combate em situações pandêmicas, a verdade é que estes planos

nunca tinham sido postos em prática e, para além de agora estarem a ser testados, muitos deles terão de ser completa-

pandemia COVID-19 em

A pandemia do Covid-19 entrou devagar pela Europa e neste momento está a afectar em

grande

Portugal

escala os vários países da

e

União

na

Europeia e

Suíça

não só.

Apesar de cada país ter uma estratégia e um plano de combate em situações pandêmicas, a

verdade é que estes planos nunca tinham sido postos em prática e, para além de agora estarem

a ser testados, muitos deles terão de ser completamente reformulados depois desta pandemia

ter passado.

SANDRA O Lusitano FERREIRA de Zurique quis fazer uma pesquisa, neste sentido, e dar a conhecer aqui as fases e

medidas que estavam previstas pela direcção nacional de saude, quer em Portugal quer na

Suíça. Como vamos poder verificar os planos tem algumas diferenças e, como temos vindo a

da assistir, União Europeia tem sido e não aplicadas só. de forma diferente. Enquanto que Portugal procurou agir

preventivamente e logo no início do aparecimento dos primeiros casos, jà a Suíça deixou a

situação avançar muito rapidamente tendo, sem que as medidas adequadas fosses logo

mente activadas. reformulados Assim depois sendo, desta apesar pandemia a ter Suíça passado. estar no momento no nono lugar dos países com

mais contaminados (sendo que a suíça é um pais pequeno), este foi muito lento a tomar as

A pandemia do Covid-19 entrou devagar pela Europa e neste momento está a afectar em grande escala os vários países

O Lusitano de Zurique quis fazer uma pesquisa, neste sentido, e dar a conhecer aqui as fases e medidas que estavam

previstas pela direcção nacional de saude, quer em Portugal quer na Suíça. Como vamos poder verificar os planos tem

medidas necessárias e a decretar estado de emergência.

algumas diferenças e, como temos vindo a assistir, tem sido aplicadas de forma diferente. Enquanto que Portugal procurou

agir preventivamente e logo no início do aparecimento dos primeiros casos, jà a Suíça deixou a situação avançar

muito Portugal rapidamente tendo, sem que as medidas adequadas fosses logo activadas. Assim sendo, apesar de a Suíça estar

no momento no nono lugar dos países com mais contaminados (sendo que a suíça é um pais pequeno), este foi muito lento

a

Em

tomar

Portugal

as medidas

foi lançado,

necessárias

a

e

meados

a decretar

de

estado

Março,

de emergência.

um plano especifico para responder à pandemia

do Covid-19, pela Direção-Geral da Saude (DGS). O plano chamado de "Plano Nacional de

Preparação e Resposta à doença por novo Coronavírus“, foi elaborado por uma equipa de vários

Portugal

especialistas que foram destacados para dar resposta ao surto do COVID-19. Este plano foi

elaborado com base no plano de contingência existente e dividido em três fases, como podemos

ver no quadro a baixo:

Em Portugal foi lançado, a meados de Março, um plano especifico para responder à pandemia do Covid-19, pela Direção-Geral da

Saude (DGS). O plano chamado de “Plano Nacional de Preparação e Resposta à doença por novo Coronavírus“, foi elaborado por

uma equipa de vários especialistas que foram destacados para dar resposta ao surto do COVID-19. Este plano foi elaborado com

base no plano de contingência existente e dividido em três fases, como podemos ver no quadro a baixo:

Fase de preparação

Não existe epidemia ou epidemia

concentrada fora de Portugal

1. Contenção 1,1 Epicentro identificado fora de Portugal em

Transmissão internacional

1,2 Casos importados na Europa

Fase de Respostas

2. Contençao alargada 2,1 Cadeias secundarias de transmissão na

Europa

Fase de recuperação

2,2 Casos importados em Portugal, sem

cadeias secundarias

3. Mitigação 3,1 Transmissao local em ambiente fechado

3,2 Transmissão comunitária

Actividade da doença decresce em

Portugal e no Mundo

Níveis das fases de preparação, resposta e recuperação, Direção-Geral da Saúde

Níveis das fases de preparação, resposta e recuperação, Direção-Geral da Saúde

Portugal entrou no passado dia 26 de Março na fase de mitigação, ou seja, a fase mais critica da

pandemia. Nesta fase "as medidas passam ser focadas na mitigação dos efeitos do covid-19 e

na diminuição da sua propagação, de forma a minimizar a morbimortalidade - a relação entre o

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COVID-19

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Portugal entrou no passado dia 26 de Março na fase de mitigação, ou seja, a fase mais critica da pandemia. Nesta fase “as medidas

passam ser focadas na mitigação dos efeitos do covid-19 e na diminuição da sua propagação, de forma a minimizar a morbimortalidade

- a relação entre o numero de mortes provocadas pela doença, num determinado local e período de tempo - até o surgimentos

de uma vacina ou novo tratamento eficaz“.

Assim sendo a DGS decretou como plano que todos os hospitais do SNS, assim como hospitais do sector privado sejam chamados

a dar resposta todos os casos, quer em fase de diagnostico do doente e na gestão dos casos; procurar que o isolamento do doente

seja feito em casa e que o uso de mascara possa ser recomendado para pessoas com “susceptibilidade acrescida.

Suíça

Na Suíça desde 2018 que existe um manual de comportamento em situações de pandemia lançado pelo “Bundesamt für Gesundeheit

BAG“ - o equivalente à portuguesa DGS, intitulado “Influenza-Pandemieplan Schweiz 2018“.

Segundo este manual o nível de contagio acontece apenas em duas fases sendo que a ultima pode-se subdividir: Situação normal

( Normale Lage), Situação especial ou extraordinária ( Besondere oder ausserordentliche Lage).

Na primeira fase tenta-se fazer uma actualização continua dos planos de pandemia; a prática dos processos; estabelece-se cooperação

entre actores e os canais de comunicação necessários; faz-se a provisão dos recursos; celebra-se contratos com fabricantes

de medicamentos, testa-se novas estratégias e medidas, planeia-se a recuperação após a pandemia.

De seguida, e já entrando na segunda fase, esta é iniciada logo que a organização mundial de saúde proclame emergência sanitária

a nível internacional. Aí deve-se ajustar e testar os processos planejados com base na situação actual e na necessidade predominante

de coordenação; Realizar-se contratos (por exemplo na compra de vacinas) e compensar medidas preparatórias. Declarada a

segunda fase esta exige a preparação de soluções “ad hoc“ para imprevistos.

Sendo que a Suíça nunca viveu uma situação de Pandemia, assim como muitos dos outros países este manual deixa muito em aberto,

sendo flexível a que muita coisa seja mudada e melhorada.

A Suíça já anunciou a sua fase de “besondere Lage“ a 28 de Fevereiro e a de “ausserordentliche lage“ a 16 de Março. As semanas

vão passando e acreditasse que a pior fase desta pandemia ainda não chegou à Suíça. As medidas tomadas pelo governo também

tem sido poucas e saem a conta-gotas. Apesar do estados já ter fechado tudo, tirando supermercados, farmácias , bancos e correios,

e ser noticiado constantemente que as ruas estão vazias, a verdade é que essa mudança ainda está a ser muito lenta e não

este a ser bem aceite por todos, que procuram sempre motivos para sair à rua.

Saiba tudo sobre o Coronavírus neste esclarecedor video legendado: https://youtu.be/BtN-goy9VOY

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12

COMUNIDADE

Sindicato Unia cria linha de emergência

para questões laborais

Coronavírus: quais são os meus direitos?

Com a situação devida ao novo coronavírus,

surgem questões urgentes no mundo do trabalho:

O que fazer se o meu filho adoecer? O

empregador pode obrigar-me ao isolamento (à

quarentena)? Continuo a ganhar o meu salário

completo? Estas são muitas das questões a que

o sindicato Unia responde diariamente.

O sindicato Unia criou uma linha de emergência

para responder a questões relacionadas com os

problemas que surgiram, nas relações laborais,

em consequências das medidas tomadas contra

o coronavírus.

A linha de emergência está aberta a todas as

pessoas que tenham questões e funciona também

em português. O número de telefone é o

0848 240 240. As perguntas também podem

ser colocadas através de formulário nesta página

web: HTTPS://WWW.UNIA.CH/DE/ARBEITSWELT/

VON-A-Z/CORONAVIRUS/PORTUGUES

São inúmeros os trabalhadores que estão a

ser directamente afectados com as medidas

do estado suíço.

PORTUGUESES

RESIDENTES NO ESTRANGEIRO

NÃO IMPORTA

ONDE ESTÁ.

COM A CAIXA

FICA MAIS PERTO.

Escritório de Representação da CGD - Suíça

Rue de Lausanne 67/69, 1202 Genève

Tel: Genève - 022 9080360 I Tel: Zurique - 078 6002699 I Tel: Lausanne – 078 9152465

email: geneve@cgd.pt

A Caixa Geral de Depósitos, S.A. é autorizada pelo Banco de Portugal.

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ACTUALIDADE

13

Data de entrega de declaração

de impostos prolongada

A cidade de Zurique decidiu, face à actual situação de

pandemia do coronavirus, prolongar a data de entrega

da declaração de importo de 2019. Assim os habitantes

do cantão de Zurique poderão entregar o seu „steuererklärung“

até dia 31 de Maio.

Esta foi uma das medidas tomadas a nível financeiro pelo cantar de

Zurique. O diretor financeiro decidiu que o prazo normal para a apresentação

da declaração fiscal de 2019 para toda a população (pessoas

físicas) será de 31 de Março a 31 de Maio de 2020. Com essa diretiva,

o diretor financeiro pretende apoiar famílias e indivíduos que estão sob

forte pressão. O prolongamento do prazo também ajuda porque muitos

municípios fecharam seus balcões e fornecem apenas informações por

telefone. Além disso, se as empresas anteciparem perdas, devido aos

efeitos do vírus ou os indivíduos perderem renda, poderão exigir que as

contas fiscais provisórias dos impostos cantonais e locais sejam ajustadas.

Assim, empresas e indivíduos que não conseguem pagar as notas fiscais

finais devido aos efeitos do coronavirus podem solicitar que o prazo ou

as prestações habituais do pagamento sejam prorrogados. No caso de

imposto federal direto, as contas provisórias também podem ser diferidas.

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14 Do nosso cantinho para o vosso cantão

CRÓNICA

A PREGUIÇA

ARAGONEZ MARQUES

Hoje não me apetece escrever, se o faço é para “picar o ponto” e cumprir calendário.

Estou sem sair de casa há 5 dias e as notícias são sobre o mesmo: Covid-19,

número de mortes, de infectados,..

Não! Não vou escrever sobre nada disto.

Mas porque o tenho que fazer, deveres de consciência, e na última crónica falei

sobre o Panteão Nacional, continuo, para que haja alguma relação, por uma

notícia sobre um herói, num país tão carente deles e que, num repente, ganhou

milhares sem nome, na primeira linha do combate à saúde de todos nós.

Vou falar de Salgueiro Maia, cidadão do meu distrito que vai aparecer em filme

próprio.

Quem foi?

Fernando José Salgueiro Maia foi um dos capitães que protagonizaram a revolução

de Abril de 1974 e terá agora um filme biográfico, realizado por Sérgio

Graciano, de seu nome: “Salgueiro Maia – O Implicado”.

O filme é descrito como “o primeiro retrato a projectar no grande ecrã, daquele

que é considerado o herói e o símbolo mais puro do 25 de Abril de 1974”, pode

ler-se no comunicado de imprensa. Já o argumento da obra cinematográfica

ficou a cargo de João Lacerda de Matos e tem por base a biografia “Salgueiro

Maia – Um Homem da Liberdade”, da autoria de António de Sousa Duarte, doutorado

em Ciência Política e ex-jornalista.

No mesmo comunicado pode ler-se ainda: “Através de uma abordagem moderna,

intimista e emocional, “Salgueiro Maia – O Implicado” retrata as histórias

que ainda não foram contadas sobre o capitão de Abril”.

O filme terá o actor Tomás Alves no papel do Capitão Salgueiro Maia. O actor

Tiago Teotónio Pereira e as actrizes Filipa Areosa e Gabriela Barros também

farão parte do elenco.

Nas próximas sete semanas, a produção irá passar por Lisboa, Santarém,

Pombal e Castelo de Vide. “Salgueiro Maia – o Implicado” estreará depois a 1

de Outubro.

Mas, se hoje me fosse exigido escrever sobre algo, teria que falar sobre a morte

de um amigo dos bancos da escola, o Cabé - Prof. Carlos Alberto Martins

Vintém - que me acompanhou toda a vida e que acabou por morrer em Timor-

-Leste.

Esperamos a chegada do seu corpo à sua terra, Portalegre.

Será mesmo preguiça? Ou não me apetece escrever, porque sim.

Até ao próximo mês e cuidem-se.

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15

FOTO:

ALFREDO CUNHA

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NEUROCIÊNCIA

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Estado de Emergência

UMA NOVA MENTALIDADE

Nelson S Lima (*)

O ritmo de transformações que estamos a vivenciar

na sociedade humana a nível global empurrou-nos

para uma situação que pode ser incómoda e causar

“estragos” no modelo de civilização tal como o

conhecemos.

Ondas de choque estão a repercutir-se na vida das

pessoas de todo o mundo. Algumas estão preparadas,

outras não. Muitas ficarão surpreendidas. E outras nem

vão compreender o que está a passar-se.

Da economia à psicologia humana iremos ter

complicações esmagadoras. Os acontecimentos desta

relevância vão suceder-se a um ritmo avassalador.

Por isso é que “tempos diferentes exigem mentes

diferentes”. E esse é o nosso maior desafio. Seremos

capazes de uma nova mentalidade ?

Março 2020

OS PERIGOS DO ISOLAMENTO

O Presidente da República e o Primeiro-ministro de Portugal disseram que, apesar do Estado de

Emergência, o país deve continuar a funcionar dentro dos condicionalismos impostos. É óbvio que há

mais vida para além do coronavirus.

Mas a obrigatoriedade do resguardo em casa 24 horas por dia traz também perigos e riscos onde, muitas

vezes, já não há paz. Casais desavindos podem não suportar o isolamento a longo prazo. E não será

novidade se a violência doméstica aumentar e fazer disparar o número de vítimas. Serão os efeitos colaterais

do Estado de Emergência e que as pessoas (e as autoridades) não poderão ignorar.

“Preocupa-me o historial de violência doméstica. Haverá certamente mais casos nestas semanas de

isolamento. E o que me preocupa também são as dinâmicas de casais divorciados. São dois dos fatores

preocupantes”, disse Miguel Ricou, presidente da Comissão de Ética da Ordem dos Psicólogos.

Leia aqui o trabalho do jornal “i” onde encontra mais informação e outros depoimentos sobre esta delicada

matéria: IONLINE.SAPO.PT - www.shorturl.at/ajmsx

(*) Coordenador do Centro de Investigação para o Envelhecimento Saudável na Universidade do Futuro, Director of Research and

Development no Centro de Desenvolvimento Humano e Evolução, Investigador Senior do Center for Healthy Aging and Neuroscience

Brazil na Universidade do Futuro, Membro 41728849 da AAAS - The American Association for the Advancement of Science, Senior

Researcher na Comissão Científica na Universidade do Futuro, Senior Research Associate na Seniors Rock UK

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20

DESPORTO

José Pereira

ÁRBITRO DE FUTEBOL

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José Pereira, natural de Viseu, que actualmente tem 24

anos de idade. Mas foi muito jovem, com apenas 16 anos

de idade, que entrou no mundo da arbitragem, onde hoje

em dia já esta no nível muito superior, participando em

todos internacionais. Já conta com uma carreira de 8

anos e avizinha-se um futuro brilhante pela frente.


DESPORTO

21

JORGE MACIEIRA

Lusitano Zurique - Quem é o José Pereira?

José Pereira - Sou um jovem rapaz de 24

anos que nasceu e cresceu em Herisau,

cantão de Apenzeller, mas com as suas

origens na zona de Viseu. No meio de duas

culturas tento tirar o melhor das duas partes,

para mim. Estando envolvido em vários

projectos, o que pessoalmente mais tempo

me ocupa de momento é a arbitragem.

L.Z. - Em criança tinha jeito para jogar

futebol e/ou já mostrava apetência para

arbitrar?

J.P. - Muito novo comecei a jogar futebol

nas camadas jovens da equipa da minha vila

aqui na suíça. O talento não era muito, mas

a paixão pelo futebol era bem maior. A arbitragem

surgiu no decorrer do tempo e que

pôs fim a minha actividade como jogador.

L.Z. - Como surgiu e quando o José ao

mundo da arbitragem?

J.P. - Tudo começa em um jogo que eu estava

a jogar como júnior B. Não gostei do

desempenho daquele árbitro que estava

naquele jogo. A minha frustração foi enorme

e logo ao fim do jogo dei a conhecer

directamente ao árbitro. Mas como gosto

de desafios e queria ver e provar que conseguia

fazer melhor, pouco tempo depois

me inscrevi para o curso de arbitragem.

Ainda me lembro bem quando falei com

o meu treinador nas camadas jovens do

Herisau, adorou a ideia e apoiou desde o

primeiro dia. Naquele tempo não imaginava

o que me esperava, mas hoje olho

para trás e vejo que foi uma boa decisão.

L.Z. - Qual a categoria que está neste

momento?

J.P. - De momento desempenho 3 funções

para a federação suíça de futebol: sou árbitro

assistente na 1a Liga, onde estou a terminar

o último ano da academia nacional,

que potencia jovens talentos a passarem

das suas regiões para a federação nacional;

como árbitro principal arbitro jogos na

2ª liga regional; e depois ainda sou árbitro

de futsal na Swiss Futsal Premier League.

L.Z. - O José, por ser um árbitro jovem,

sente que os jogadores têm mais ou

menos respeito por ti do que por outros

árbitros mais velhos?

J.P. - Comecei com 16 anos na arbitragem

e quando passei a arbitrar jogos de seniores

por vezes notava que muitos jogadores

tentavam coisas que, com árbitros mais

velhos, não faziam. Esses comportamentos,

da parte dos jogadores, só me motivavam

a dar o meu melhor para mostrar que

apesar de ser novo conseguia arbitrar o

jogo sem problemas.

L.Z. - Qual foi o jogo mais importante

que arbitrou?

J.P. - No decorrer destes anos tive vários

jogos interessantes onde pude estar presente.

A federação tenta constantemente

dar aos jovens talentos jogos que nos obrigam

ir aos nossos limites, para que a nossa

aprendizagem e evolução seja maior.

Em especial ficaram dois torneios internacionais

onde pude estar presente em

Altstätten e Ruggell. Nestes torneios estavam

presentes as camadas jovens de

várias equipas como por exemplo Benfica,

Leicester, Eintracht Frankfurt, SÁS.

Internacional, etc., alguns dos jogadores

presentes nestes torneios hoje já jogam

nas respectivas equipas principais.

L.Z. - Qual o objectivo que tem traçado

para a sua carreira como arbitro?

J.P. - No dia que entrei na arbitragem nunca

pensei que iria alcançar tudo isto que

consegui até agora. O meu foco está em

ser árbitro assistente e no futsal. Tenho

que aproveitar todas as chances para dar

o meu máximo e demonstrar as minhas capacidades

da melhor maneira. Lutar muito

e ver ate onde posso chegar. Como é claro

sonho em alcançar um patamar internacional,

mas também sei tudo o que isso implica

e que é impossível chegarem lá todos.

L.Z. - Qual a visão como árbitro do actual

futebol na Suíça e mundial?

J.P. - O profissionalismo do futebol é cada

vez maior. Todos os envolvidos em campo

têm que estar cada vez melhor preparados

fisicamente e psicologicamente.

Arbitrei muitos jogos das camadas jovens

aqui na suíça e vejo que há muito talento,

tal como em Portugal também existe.

Mas hoje em dia penso que só o talento

não chega para chegarem ao topo. Só

com muito trabalho e sacrifício é que os

jovens talentos irão chegar ao topo do

futebol profissional. Pessoalmente gosto

de ver equipas que praticam um futebol

diferente do comum, treinadores que

apostem em sistemas de jogos novos.

L.Z. - As novas tecnologias (Var e Tecnologia

da Linha de Golo) vieram melhorar

o futebol ou tirar um pouco da

essência do futebol?

J.P. - O VAR muda o futebol e as emoções

que envolve este desporto. Em primeiro

estamos a falar de uma tecnologia que

ainda esta no início e que no decorrer do

tempo com certeza que se ira adaptar e

melhorar. Estas novas tecnologias entraram

no futebol para corrigir erros óbvios

em campo, vistos que qualquer arbitro

quer arbitrar os seus jogos sem erros.

Depois há outra coisa: há decisões que

são claras onde não há espaço de interpretação

como por exemplo a tecnologia

de linha de golo a bola entrou ou não. Por

outro lado, há decisões que são tomadas

onde há uma certa interpretação, onde se

tem que fazer uma certa análise de vários

aspetos e aí nunca será possível agradar

a todos. Na minha visão todas as tecnologias

que ajudem a evitar erros óbvios e

graves são uma mais-valia para o futebol.

L.Z. - De tantos jogos que já arbitrou,

tem alguma história para partilhar connosco?

JP - Uma história especial é o meu primeiro

jogo na 5ª liga, como um jovem rapaz

de 17 anos. Nervoso pelo novo passo que

estava a traçar junto de equipas seniores,

consegui dirigir o jogo sem quaisquer

problemas e estava num óptimo caminho

para terminar o jogo. Até que ao minuto

80, uns senhores vieram resolver uns assuntos

pessoais com um jogador em campo,

e eu vi-me obrigado a terminar o jogo

naqueles momentos, visto que não havia

condições para continuar aquele jogo. O

meu observador naquele jogo motivou-me

e demonstrou-me claramente que aquilo

não se tinha passado por causa de mim.

Naquele momento vi que não está sempre

tudo nas nossas mãos, do outro lado motivou-me

a dar ainda mais em cada jogo.

Ainda pensei em desistir porque como

podem imaginar para um rapaz novo viver

aquilo não é fácil, mas motivei-me e voltei

ainda mais forte e com mais vontade.

L.Z. - Que conselho deixa a árbitros

mais jovens que agora iniciam a sua actividade?

J.P.- A última opção é desistir. No decorrer

de uma carreira haverá altos e baixos, o

importante é estar fixado nas coisas boas

e que brevemente haverá um próximo jogo

para fazer tudo melhor. Dos jogos menos

conseguidos o mais importante é ser auto-crítico

e ver o que se poderá melhorar

para os próximos jogos. Mais importante

que qualquer avaliação pelo conselho de

arbitragem, é manter a felicidade quando

se esta a arbitrar. Posso dizer que ter

entrado tão cedo na arbitragem fez me

crescer e amadurecer muito mais rápido,

e que foi e é uma grande escola de vida.

L.Z. - Que mensagem deixa aos jogadores,

treinadores, directores e

adeptos como arbitro? Que conselhos

dá para o melhor do futebol?

J.P.- Todos trabalham para dar o seu melhor

nos dias dos jogos, por isso em primeiro

lugar: Respeito por todos que estão

envolvidos neste desporto, tanto faz em

que posto, porque todos são importantes.

Penso que algo importante seria que todos

os envolvidos no futebol procurassem os

próprios erros para depois poder opinar

pelo dos outros e assim se evitaria muitos

problemas e escândalos. Emoções são um

elemento do jogo, mas o mais importante é

saber, depois de um jogo, olhar para tudo

de uma maneira calma e objectiva.

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COVID-19

SUÍÇA NA LUTA CONTRA O COVID-19

Máscaras protetoras: onde,

qual, para quem?

Pessoas que sofram de doenças crônicas ou idosos devem usar uma máscara de proteção. Importante também é manter distância sempre que possível.

(SWISSINFO.CH)

POR PETER SIEGENTHALER (*)

Pessoas saudáveis não deveriam estar usando máscaras protetoras nas ruas,

como nos países asiáticos? Por que não se encontram mais máscaras nas farmácias?

As autoridades sanitárias explicam estas e outras perguntas.

Ainda é possível encontrar máscaras de proteção?

Marlen Aeschlimann tinha apenas dois pacotes de 10 máscaras protetoras nas prateleiras da sua farmácia até o início da semana.

Cada um é vendido a 29 francos. Uma nova remessa de mil pacotes está a caminho, disse a jovem empresária, que prefere não

usar máscaras protetoras enquanto trabalha.

Só nos últimos dois dias, 200 pacotes foram vendidos no balcão da sua farmácia. No rótulo, o fabricante promete “máscara de

proteção, 3 camadas, antivírus, TUV testado, com certificado ISO.”

As máscaras foram fabricadas pela Victory Switzerland, em Kirchberg, Cantão de Berna. A empresa entregou 350 mil peças deste

tipo em lares de idosos e farmácias nas últimas 48 horas, diz o diretor-executivo Daniel Gerber. Espera-se que as encomendas

aumentem muito nos próximos dias.

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COVID-19

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Dicas

Principais formas de transmissão do Covid-19, como os pesquisadores até então confirmaram:

- Por contato próximo e prolongado: se você se aproximar de uma pessoa doente menos de 2 metros, por mais de 15 minutos.

- Por gotículas (pingos de saliva): se a pessoa doente espirrar ou tossir, os vírus podem chegar diretamente às membranas mucosas

do nariz, boca ou olhos de outras pessoas.

- Através das mãos: gotas contagiosas de tosse, espirros ou de superfícies contaminadas podem se encontrar sobre as mãos. Elas

podem chegar à boca, nariz ou olhos se a pessoa lhes tocar.

FONTE: BAG

Gerber compra atualmente essas máscaras a um valor de 1,20 francos suíços de um vendedor na China, onde são produzidas por

2 centavos cada. Seus clientes pagam 1,57 francos. Nas farmácias, os consumidores pagam 2,90 francos.

Uma das razões de não se produzir mais máscaras protetoras na Suíça é o custo de fabricação. Estes são na China muito menores.

Com a falta do produto no mercado e a atual crise, duas ou três empresas suíças voltam a produzi-las.

A China, onde a força da pandemia parece diminuir, poderia fornecer atualmente vários milhões de unidades, diz o diretor-executivo

da Victory. O fato de ele ter recebido apenas uma fracção disso deve-se às dificuldades atuais com o transporte de mercadorias,

seja pelo bloqueio das rotas e fronteiras.

Faltam máscaras nos hospitais suíços?

Victory também abastece hospitais, mas não com máscaras desse tipo, mas sim com as máscaras de uso profissional, as chamadas

FFP2. Atualmente não é mais possível encomendá-las por internet. O site da empresa indica que estão “esgotadas”.

Essas máscaras profissionais ainda são oferecidas em outros portais online, mas custam até dez vezes mais do que antes da pandemia.

Bernhard Roder, chefe de compras e logística do Hospital Municipal da cidade de Bienne (meia hora distante de Berna), revelou

à televisão suíça que pagavam 75 centavos por unidade até então.

As máscaras FFP2 (proteção da boca e do nariz) e FFP3

(proteção da boca, do nariz e dos olhos) estão em falta

e a sua aquisição tornou-se mais difícil, segundo informações

de vários hospitais.

O governo federal mantém um estoque obrigatório de 180

mil peças, o que não basta para atender à atual demanda.

Porém o objetivo é aumentar o estoque, como confirmou

Daniel Koch, chefe da divisão de doenças transmissíveis

do Departamento Federal de Saúde Pública (BAG, na sigla

em alemão), ao ser entrevistado pela televisão pública.

“E isso será suficiente, pois já temos uma produção de

máscaras no país. Todos os dias são produzidas cerca de

40 mil máscaras FFP2 para o pessoal de enfermagem”,

assegurou Koch.

Contra o que é que as máscaras protegem?

“Para pessoas saudáveis, essas máscaras não protegem

Máscaras protetoras como essas são vendidas nas farmácias suíças. Elas são pouco utilizadas realmente contra o vírus”, disse Koch. Se distanciar e

e consideradas “de pouca utilidade” pelas autoridades. (SWISSINFO.CH)

lavar as mãos regularmente é muito mais eficaz.

No site do BAG, sob o título “Máscaras de Higiene”, existe uma recomendação para a população de que cada pessoa mantenha um

estoque de 50 máscaras em casa. Ao mesmo tempo escreve: “O BAG não recomenda que pessoas saudáveis usem máscaras de

higiene em locais públicos.”

O material de proteção deve ser utilizado principalmente para proteger os profissionais de saúde que tratam os pacientes, bem como

para proteger as pessoas particularmente vulneráveis.

Se pessoas saudáveis utilizarem máscaras, elas vão faltar nos hospitais?

Koch, especialista do BAG, nega: “As máscaras têm um efeito quando as pessoas infectadas as usam, porque evitam que os vírus

se disseminem. Mas se a pessoa já está infectada, ela deve ficar de quarentena em casa.

As máscaras devem ser usadas em situações onde as pessoas estão realmente em risco, ou seja, nos hospitais ou lares de idosos.

Lá, as máscaras são obrigatórias porque, caso contrário, há o risco de que enfermeiros ou outro funcionário infecte os pacientes,

diz Koch.

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COVID-19

As pessoas infectadas, mas que não o sabem, não estariam reduzindo o risco de disseminar o vírus se

usarem máscaras nas ruas?

Não necessariamente, diz o BAG. Em primeiro lugar, uma máscara protetora pode acalmar a população, dando uma falsa sensação

de segurança. Assim muitos poderiam ignorar mais facilmente, ou esquecer, as regras de distanciamento. Em segundo

lugar, estas máscaras de proteção são um risco se forem utilizadas de forma imprópria.

Por que é que as pessoas nos países asiáticos usam ou usaram máscaras em público?

Não se pode descartar que isso possa ocorrer na Suíça. As autoridades discutem atualmente a possibilidade de tornar o uso de

máscaras obrigatório, pelo menos para profissionais altamente expostos no comércio e transportes públicos.

No entanto, o BAG segue uma estratégia diferente, pelo menos por enquanto: na Suíça, são principalmente os vulneráveis (doentes

crónicos e idosos) que devem ser protegidos. Sempre que possível, eles não devem sair de suas casas. E parentes, amigos e

conhecidos devem manter distância. De acordo com o BAG, o cumprimento dessas regras ajuda mais do que o uso de máscaras.

A população parece confiar nas autoridades. Nas ruas se veem poucas pessoas utilizando máscaras, apesar de estarem esgotadas

nas farmácias.

Uso correto das máscaras de higiene

- Antes de colocar a máscara, lave as mãos com água e sabão ou com um desinfetante.

- Coloque a máscara de higiene cuidadosamente para que ela cubra o nariz e a boca e puxe-a com força para que se ajuste ao

seu rosto.

- Não toque na máscara depois de tê-la colocado. Lave as mãos com água e sabão ou com um desinfetante após cada toque

em uma máscara de higiene usada, por exemplo, ao removê-la.

- As máscaras de higiene podem ser usadas por, pelo menos, 2 a 4 horas (até 8 horas), mesmo que estejam húmidas.

- Depois substitua por uma máscara de higiene nova, limpa e seca.

- As máscaras de higiene descartáveis não devem ser reutilizadas.

- Jogue fora as máscaras de higiene descartáveis imediatamente após cada utilização.

De acordo com o BAG, as principais rotas de transmissão do vírus atualmente conhecidas são as seguintes:

Se houver contato com uma pessoa doente durante vários minutos, a uma distância inferior a dois metros.

Se uma pessoa doente espirrar ou tossir, os vírus podem alcançar as membranas mucosas não só da boca e do nariz, mas também

dos olhos, com os respingos. Uma máscara de proteção da boca e nariz não protege contra essa forma de difusão do vírus.

A proteção da boca, nariz e olhos FFP3 (a chamada proteção aerossol) também proporciona apenas uma proteção limitada, porque

os respingos contagiosos da pessoa que tosse ou espirra também podem atingir as mãos da pessoa oposta. E dali podem

entrar na boca, nariz ou olhos quando a pessoa toca o rosto. Por isso a regra: evitar tocar o rosto.

Fonte: BAG

(*) Escreve em português do Brasil

Adaptação: Flávia C. Nepomuceno dos Santos, SWISSINFO.CH

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COVID-19

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Jovem suíça conta como é

se recuperar do coronavírus

SWISSINFO (*)

Veja o vídeo: HTTPS://BIT.LY/2WQ7QBK

O número de contaminações por Covid-19 aumenta exponencialmente na Suíça. Porém mais de 98 mil se recuperaram e estão

imunes. Um deles é uma jovem suíça, que conta o que passou à televisão.

Bettina Sooder foi a terceira pessoa oficialmente na Suíça a ser testada positivo com Covid-19. "Foi uma sensação estranha saber

que era um perigo para os outros. Você também se sente tão só", lembra-se.

A jovem de 26 anos se infectou provavelmente na Itália, quando foi assistir a Semana da Moda de Milão. Ao regressar, uma amiga

lhe aconselhou a fazer o teste do coronavírus. O primeiro caso na Suíça só tinha sido identificado no dia anterior.

Ela permaneceu isolada no Hospital Universitário de Zurique durante quatro dias. Depois ficou de quarentena em casa por mais

alguns dias. Diariamente os médicos telefonavam a Sooder. Por não apresentar nenhum sintoma no espaço de 48 horas, foi então

declarada recuperada e pode retornar ao trabalho. Mesmo assim muitos tinham medo de se aproximar dela. "Você fica um pouco

estigmatizada. As pessoas me evitam até agora, pois têm medo de ser infectar, o que posso compreender."

Assine a nossa Newsletter e acompanhe as atualidades direto da Suíça

Sooder trabalha como secretária em um consultório em Zurique. Hoje aproveita que está imune e retira sangue dos pacientes na

clínica. Como profissional de saúde treinada, gostaria de oferecer seus serviços a um hospital caso o consultório seja fechado.

Marcel Salathé, chefe do Laboratório de Epidemiologia Digital do Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), diz que as pessoas

recuperadas em breve desempenharão um papel muito importante: "Não apenas para o sistema de saúde, mas para o sistema em

geral". Pessoas imunes não serão mais afetadas pelo vírus".

De acordo com Salathé, eles reforçar o sistema de saúde do país. "Dentre outros, assumindo tarefas importantes dos que estão

infectados ou correndo risco de se infectar", diz. - (*) Escreve em português do Brasil

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COVID-19

Não há ventiladores

para todos

LUÍS OSÓRIO

1.A mortandade instalou-se na Europa. As imagens em Espanha e Itália (tão perto daqui) ferem o entendimento. Médicos têm que

decidir quais os infetados que devem ser ligados a ventiladores e quais os que têm de ser abandonados. Os italianos já o fazem

há pelo menos dez dias. Os espanhóis começaram a fazê-lo há três ou quatro.

2.

O protocolo tenta ser o mais claro possível para desfazer ambiguidades impossíveis de existir num campo de guerra. Acima dos

70 anos, na maioria dos casos, não vale a pena. Em Itália, e agora em Espanha, quem decide tem de levar em linha de conta a

esperança média de vida e o valor social do cidadão. Centenas de pessoas têm assim morrido auxiliados apenas por drogas

que menorizem a dor ou a sensação de asfixia. Não há mais nada que possa ser feito por não existirem ventiladores para todos.

3.

Talvez seja o pior de tudo o que já vi por estes dias. Democracias que não têm condições para resistir a uma ameaça como esta.

Democracias que não cuidaram que os seus sistemas de saúde estivessem equipados com material que prevenisse uma crise

como esta. Que não estão prevenidos para o imprevisível.

Os hospitais públicos não têm ventiladores suficientes porque todo o nosso sistema económico está alicerçado em critérios

economicistas que trataram a saúde como se fosse uma área igual a todas as outras. O desinvestimento não é um exclusivo

português, muito pelo contrário. O que está a acontecer em Itália, Espanha e França prova-o à saciedade.

4.

É muito triste ver os mais velhos serem abandonados à morte porque são mais velhos. É muito triste ver pessoas que são também

deixadas à porta do fim por não terem tido uma vida relevante ou por acrescentarem alguma coisa de palpável à comunidade.

Não me atrevo a criticar os critérios – postos perante tal limitação alguém tem de decidir e os procedimentos têm de ser racionais.

Não é isso que me choca. Quem tem o dever de decir é um verdadeiro herói. O que me escandaliza é a constatação de que

uma democracia jamais deveria ser colocada perante o dilema de escolher entre os mais capazes e os outros ou entre os mais

velhos e os mais novos.

5.

Não consigo evitar pensar que os nazis, nos campos de extermínio, também escolhiam os mais aptos para o trabalho. E deixavam

os outros, mais velhos ou debilitados, morrer nas câmaras de gás. É uma analogia terrível e injusta, sem dúvida. Não há

comparação possível. Porque num caso a decisão parte de uma ideia de mal necessário e tem o pressuposto de salvar vidas. E

na outra a decisão parte de uma ideia de extermínio.

Mas é uma ironia que nos envergonha. E que espero possa levar a uma mudança civilizacional que obrigue as democracias

representativas, em que continuo a acreditar, a fazer opções que coloquem sempre as pessoas no centro das suas políticas.

E que não poupem na saúde, o nosso bem mais precioso. O bem que infelizmente só nos lembramos quando nos toca a nós.

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COVID-19

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Dados úteis

NUNO CRAVEIRO LOPES (*)

* O vírus não é um organismo vivo, mas uma molécula de proteína,

coberta por uma camada protetora de gordura que é absorvida pelas

células da mucosa ocular, nasal ou bucal, causando o contágio.

* Como o vírus não é um organismo vivo, ele não é morto, mas se

decompõe por si próprio. O tempo de desintegração depende da

temperatura, humidade e do tipo de material em que se encontra.

* A única coisa que protege o vírus é a fina camada externa de

gordura. É por isso que qualquer sabão é o melhor meio de o

destruir, porque a espuma de sabão dissolve a gordura. Para isso

é preciso esfregar por pelo menos 20 segundos e fazer muita espuma.

Ao dissolver a camada de gordura, o vírus desintegra-se.

* O calor ajuda a derreter a gordura; por isso deve-se usar água

acima de 25 graus para lavar as mãos, roupas e tudo mais. A

água quente produz mais espuma, o que a torna ainda mais eficaz.

* Álcool ou qualquer líquido com álcool superior a 65% dissolve

qualquer gordura, incluindo a camada lipídica externa do vírus,

provocando também a sua desintegração.

* Qualquer mistura com 1 parte de hipoclorito (lexivia) e 5 partes

de água dissolve diretamente a proteína do virus, destruindo-o.

* O peróxido de hidrogênio (água oxigenada) também é eficaz,

depois do sabão, álcool e cloro, porque dissolve as proteínas do

vírus, mas é necessário usá-lo puro o que causa lesão da pele.

* O ozono, é eficaz para inativar o virus desde que se consiga

uma concentração de 25 ppm e humidade de mais de 95%. Essa

concentração é tóxica para as pessoas respirarem pelo que deve

ser utilizado num recipiente fechado ao ar livre.

* Os antibióticos não são eficazes. O vírus não é um organismo

vivo como as bactérias; Não se pode matar o que não é um organismo

vivo com antibióticos.

* O vinagre não é útil porque não dissolve a camada protetora de

gordura do vírus.

* As bebidas alcoólicas não são eficazes. A vodka mais forte só

tem 40% de álcool. Para ser eficaz é necessário álcool a 65%.

* O frio (frigorífico, ar condicionado) não inativa os vírus em geral.

Eles são mais estáveis a baixas temperaturas do que a temperaturas

mais elevadas do que 25°C.

Deve-se lavar com detergente/sabão as embalagens e fruta antes

de as colocar no frigorífico.

* Numa superfície porosa como a roupa, o Corona virus desintegra-se

após 3 horas, 4 horas em superfícies de cobre e madeira,

1 dia em papelão, 2 dias em metal, 3 dias no plástico e 9 DIAS

no chão/asfalto. Use apenas um par de sapatos para ir à rua e

deixe-os fora da porta.

* NUNCA agite roupas, lençóis ou roupas usadas ou não utilizadas

e não use espanador, pois as moléculas do vírus flutuam no ar

por até 3 horas e podem ser aspiradas pelo nariz ou pela boca.

As moléculas virais permanecem muito estáveis ​no frio exterior ou

artificial produzido pelos aparelhos de ar condicionado. Também

precisam de humidade para permanecer estáveis e principalmente

de escuridão. Portanto, ambientes secos, quentes e brilhantes

degradam-no mais rapidamente.

* A luz ultravioleta em qualquer objeto que possa conter vírus,

lesa a proteína do vírus. É útil para por exemplo, desinfetar e

reutilizar uma máscara.

* O vírus não atravessa uma pele saudável.

* Quanto mais limitado é o espaço onde se encontram as pessoas,

maior a concentração do vírus. Quanto mais aberto ou naturalmente

ventilado, menor a concentração e menor a possibilidade

de contágio.

* Lave as mãos antes e depois de tocar nas membranas mucosas

( boca, nariz e olhos), na comida, nas fechaduras, maçanetas,

interruptores, controle remoto, telefone celular, relógios, computadores,

mesa de trabalho, TV, etc.

* Mantenha também as unhas curtas para que o vírus não se

aloje sob as unhas.

(*) - Ortopedista e Traumatologista na empresa Hospital Cruz VermelhaTrabalhou

como Director do Serviço de Ortopedia e Traumatologia na empresa Hospital

Garcia de Orta, E.P.E.Trabalhou como Medical Doctor (MD) na empresa Hospital

Garcia de Orta, EPETrabalhou como Médico Interno da Especialidade na

empresa Hospital Ortopédico de Sant’AnaTrabalhou como Médico - Interno na

empresa Hospital Ortopédico Sant’Iago do OutãoEstudou Medicina e Cirurgia

em Faculdade de Medicina ULisboa

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CRÓNICA

Showcase intimista

‘Bora lá, Portugal

ANTONIO MANUEL RIBEIRO (*)

Produzimos hoje (21/03) o nosso primeiro MMC – Momento Musical Caseiro – para unir os que

gostam dos UHF numa causa nacional. Dar o que sabemos fazer, música, contacto, comunicação.

Durante quase uma hora desmontámos o segredo das nossas vidas fechados numa sala de

ensaios, como nos encontramos para ouvir e seleccionar canções, errando, rindo e recomeçando.

Seguindo todas as regras das autoridades sanitárias do país, juntei-me ao Ivan Cristiano (percussão)

e ao Bruno Neves (booking e cineasta nas horas vagas…) e soltámos as rédeas para

uma boa vibração.

Noites Lisboetas, Do Zero, Dançando na Noite, Hey! Hey! (‘Bora lá), Quero Entrar em Tua Casa,

A Saudade é Uma Ressaca, Cascais ’79 (inédito), Fã Número 1 (sou e + nenhum) e Nove Anos,

constituíram o alinhamento tocado entre as 16h00 e as 17h00. Houve cortes na transmissão, o

FB dos UHF falhou logo de início, mas isso faz parte da riqueza do momento; o meu FB entrou

em substituição; o Instagram dos UHF aguentou-se. Foi mesmo caseiro. Na próxima semana

será melhor.

Estiveram connosco amigos de Albergaria-a-Nova; Aldeia do Meco; Almada; Alverca; Amarante;

Anadia; Angra do Heroísmo; Aroeira; Baixa da Banheira; Barcelos; Bidoeira; Braga; Cabanas

de Tavira; Chamusca; Coimbra; Corroios; Costa de Caparica; Entroncamento; Felgueiras;

Figueira da Foz; Fornos de Algodres; Freixieiro; Fronteira; Funchal; Glória do Ribatejo; Gouveia;

Grândola; Guarda; Guimarães; Ladoeiro; Lisboa; Machico; Mafra; Malveira; Marinha Grande;

Matosinhos; Monchique; Montemor-o-Velho; Montijo; Mozelos; Nogueira do Cravo; Odemira;

Olhão; Paços de Ferreira; Paredes de Coura; Pedome; Penafiel; Pinhal Novo; Pombal; Ponta

Delgada; Portalegre; Portimão; Porto; Póvoa do Varzim; Quinta do Conde; Rinchoa; Rio

Tinto; Santa Maria da Feira; Santarém; São Paio de Oleiros; Setúbal; Silves; Sintra; Tavira;

Torres Vedras; Vale de Cambra; Vale Fetal; Vendas Novas; Vialonga; Vidigueira; Vila Franca de

Xira; Viseu, entre outros. E ainda, desde a Alemanha; Canadá/Ontário; Canadá/Perteborough;

França/Paris; Holanda; Luxemburgo; Suíça/Genebra; Suiça/ Bad Ragaz.

Canção escolhida: “A Saudade é Uma Ressaca” – que iremos minimizar. ‘Bora lá, Portugal.

YOUTUBE.COM - UHF - A Saudade é uma ressaca - shorturl.at/bgkI1

É domingo

ANTONIO MANUEL RIBEIRO

É verdade, afinal é domingo, depois de três dias

a parecer-me sábado. Só há pouco deixei a mesa

do almoço – almocei-me devagarinho e o tinto, reserva

da Quinta dos Aciprestes, estava um primor.

Os gatos vêm à janela chorar (?) por comida – alimento os gatos

da rua, eu e os meus vizinhos da frente, são gatos espertos que

andam pelo take away entre as duas casas.

As abelhas cirandavam à volta das flores abertas da cameleira

e isso significa que a primavera está no grande despertar e a

vida no seu equilíbrio. Apesar de… É domingo, e eu vacilo entre

a escrita e a leitura, oiço Lindisfarne, o folk britânico que foi tão

importante na minha cultura musical quanto os Doors, os Stones

ou os Ramones. Certamente, por isso, a minha colecção

de violas acústicas.Estamos de férias, pensem que estamos de

férias e que as ditas não são para criar sarilhos – aqui não há

inutilidades, há rigor no estancamento da pandemia. Sigamos

o que o governo nos diz. Depois, se verá o resto, mas este é o

tempo da colaboração, como afirmou Rui Rio no parlamento.

Assim, somos um todo, porque este é um tempo de combate

de todos contra o intruso.

Os que programaram férias exóticas, coloquem esses legítimos

desejos em moratória, reprogramem a inteligência. Portugal

precisa de nós, os portugueses à beira do desemprego esperam

a nossa acção directa. Façam férias cá dentro, minimizem

os estragos duros que o sector vai receber – são milhares de

portugueses com medo do dia de amanhã. Façamos de Pai Natal

em pleno verão.

Peço-vos uma moratória para as viagens ao estrangeiro, traiçoeiros

lugares nos tempos que correm. Cumpram o dever patriótico:

360 é mesmo bom! Comprem nacional.Canção escolhida:

“Tudo o Que é Nosso”

(*) Fundador e vocalista do Grupo UHF

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OPINIÃO

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Europa: a enorme vantagem

do Sul sobre o Norte

MIGUEL SZYMANSKI

O sul da Europa cultiva o respeito pelos mais velhos de uma forma muito mais intensa do que a Mitteleuropa e o norte da Europa. Vivo

metade da minha vida na Alemanha, conheço bem a Holanda, a Dinamarca e a Áustria, e vejo isso em todos os aspectos das vidas

pública e privada.

Num país como Portugal os laços familiares - com todas as falhas e excepções - têm um peso muito maior do que na Europa mais

próspera e 'desenvolvida'. No Sul, na falta de uma rede de apoio social eficaz - mas fria e burocrática -, a mãe e o pai, os avós e os

tios, com quem convivemos muito de perto, são a verdadeira rede de apoio social.

No resto da Europa, marcada por uma visão focada no crescimento económico, na eficiência e produtividade os mais velhos são

dispensáveis na vida do dia-a-dia sem grande envolvimento emocional. Se a opção for entre a 'indústria automóvel' ou os condutores

acima dos 65, qual será dentro de três semanas a decisão da maior empresa europeia, a 'Alemanha S.A.'?

Mas não é só na Alemanha que o sistema económico e os dogmas financeiros dominam a estrutura mental e acentuam o relativismo

ético. O mesmo acontece nos círculos do poder em Portugal.

A questão não é saber onde é que já morreu mais gente, ou quem é que saiu da última crise sem ter de sacrificar o seu sistema de

saúde pública (mas impôs aos outros que desmantelassem os seus) como a Alemanha, a Áustria ou a Holanda. A questão é se estamos

dispostos a pagar o preço para impedir mais mortes. Porque é só um preço, não é um valor.

Só espero que em Portugal as pessoas se mantenham firmes. Sofreremos menos com menos viagens, menos turistas e menos centros

comerciais, menos roupas e menos carros, do que sem pais e sem avós.

O escravo forro

CARLOS MATOS GOMES

O escravo forro. A propósito das “repugnantes” declarações do ministro

das finanças holandês e do seu equivalente local, o Chega, que afinal é

holandês, como o Pingo Doce, a Galp, a Sonae e as grandes empresas

cotadas na bolsa de Lisboa.

O partido racista Chega defende a mesma política dos ministros da Holanda

e há quem apoie patrioticamente o Chega português e desanque patrioticamente

o Chega holandês!

É que, para o governo holandês, os latinos, no caso portugueses, espanhóis

e italianos são os ciganos e os imigrantes do Chega português.

Em 2017, o ministro das finanças holandês, Jeroen Dijsselbloem disse,

dirigindo-se aos países do sul, que “não se pode gastar todo o dinheiro

em mulheres e álcool e depois, pedir ajuda”. Há dias, o atual ministro das

finanças da Holanda, Wopke Hoekstra, disse, a propósito das dificuldades

de Espanha que esta “devia ser investigada por ter dito que não tinha margem

orçamental para responder à crise.”

Para os holandeses, os portugueses, os espanhóis e os italianos são como

os ciganos e os imigrantes para o partido Chega. Chupistas, malta que

gasta o que tem em mulheres e álcool, já agora música e raspadinhas, e

depois pede ajuda ao Estado.

Há uns ditos patriotas portugueses que se sentem bem com quem os trata

como subespécie humana e que, por isso, aplaudem o Chega português

e se reveem nas suas propostas de acabar com o Serviço Nacional de Saúde, a escola pública e afirmam terem orgulho em serem

portugueses, mesmo que tratados como parasitas pelos nórdicos!

É uma moral do escravo forro, que se sente superior por chicotear os seus semelhantes. São masoquistas, mas segundo as sondagens

estão a crescer como o coronavirus.

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30

PUBLICIDADE

Em tempo de Pandemia...

Amigos, espero que estejam todos bem. Para entreter nestes tempos conturbados

lembrem-se que na ausência de melhor, leiam os meus livros... Cuidem-se!

encurtador.com.br/ahorU

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PEDRO

BARROSO

ÓBITO

31

“só peço que na fase pior, depois me

dêem muita morfina...” - Pedro Barroso

MANUEL ARAÚJO

Pedro Barroso, que foi colaborador do Lusitano de

Zurique, morreu na terça-feira, dia 17, aos 69 anos,

em Lisboa, onde se encontrava internado desde o dia

8 de Março.

Começo por dizer, que sinto-me ainda desconfortável a escrever

sobre a morte do meu amigo Pedro Barroso. Irei ser breve e apenas

dizer, que senti a dor do seu desaparecimento, lento e doloroso,

como senti em alguns casos da perda de pessoas próximas.

Conheci o Pedro pessoalmente há quase três décadas, primeiro

devido à profissão e mais tarde na luta pela vida, contra o maldito

cancro. Sobre essa luta, poderia escrever muito mais, mas acho

que não é ainda o momento para o fazer. Apenas direi, que tudo fiz

para o ajudar a ultrapassar o problema oncológico que o minava,

uma doença que eu bem conhecia e nos tornaou cumplices e nos

fez tremer. O esforço de ambos pelo êxito foi grande, mas devido a

vários factores que agora não interessa especificar, falhamos.

Durante todos estes anos, o Pedro foi um amigo incondicional,

conselheiro e colaborador do jornal que fundei na Suíça na década

de noventa, tendo no início de 2005, a colaborador com a revista

do Centro Lusitano de Zurique, a qual edito desde esse ano. Em

meados do ano 2000, convidado por mim, deu apoio a um projecto

interessante mas falhado, destinado às Comunidades no estrangeiro,

de uma “rádio, jornal e TV”, criado em Braga por um lunático

pouco digno.

Ficou tanta coisa por dizer e fazer. Entre outras, vir a Braga comer

aquele “Bacalhau à Braga” prometido, “mas desta vez uma coisa

de jeito”, pois o último que comemos na zona do Porto, de “Bacalhau

à Braga” só tinha o nome e desapontou-nos. Ficou também

por “fazer a prova dos nove” à minha afirmação, de que a melhor

Lampreia que se come no norte, é na terra do Chefe Silva, Termas

de Caldelas, a minha terra.

O prefácio - “meia página”- de um livro de “apontamentos” que

ainda estou a escrever, ficou também por concretizar. O encurtamento

precoce da vida, não lhe deu tempo de o escrever, mas o

espaço no livro irá ficar em branco, em sua memória…

O tempo estava a esgotar-se e ele sabia isso melhor que ninguém.

As idas aos hospitais eram constantes e o prognóstico era sombrio…

Pouco tempo antes de uma das suas últimas idas ao hospital, estivemos

a conversar via Skype, onde a tristeza, preocupação e o

desânimo era notório e indisfarçável. Triste e com o coração acelerado,

eu bem tentei mostrar-me forte e transmitir-lhe ânimo, mas

erai difícil... Pedi-lhe desculpa por não o poder ter ajudado mais e

pelo falhanço do plano que havíamos previsto. Ele, já conformado

com o veredicto dos médicos, com uma voz estranhamente firme e

calma respondeu-me - “Desculpa bom amigo, mas só peço que na

fase pior, depois me dêem muita morfina e pronto. Mas obrigado,

obrigado mesmo e nunca és chato... grande abraço”...

Aos filhos e à esposa Manuela, apresento os meus mais sentidos e

profundos pêsames.

Adeus amigo, adeus companheiro!

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ÓBITO

UM GÉNIO QUE PARTIU

LUÍS BEJA

A cultura portuguesa ficou muito mais pobre, com

a partida de Pedro Barroso, cantautor e músico que

nunca baixou os braços na luta pela liberdade. Vítima

de doença prolongada e com apenas 69 anos,

deixou-nos no passado dia 16 de Março.

Em Dezembro de 1969, aos 19 anos, estreia-se no saudoso programa

televisivo “Zip Zip”, apresentado por Raul Solnado, Fialho

Gouveia e Carlos Cruz.

Grava o seu primeiro EP, “Trova-dor”, com a mesma etiqueta (Zip

Zip), editado no ano seguinte.

Com uma longa carreira, o músico viu letras serem cortadas,

canções proibidas, discos apreendidos pela censura, mas fazia

ouvir a sua mensagem de liberdade através da intensidade e da

beleza da sua música. Percorreu Portugal de lés-a-lés e actuou

nos mais diversos palcos no estrangeiro.

Particularmente a partir de 2014, na sequência de graves problemas

de saúde, retira-se temporariamente: por diversas vezes

hospitalizado, esteve sem andar, em coma, foi operado, fez tratamentos

de quimioterapia - sem nunca se dar por vencido.

Quando chegou a bonança, Pedro Barroso voltou à sua música

e aos discos. O seu novo trabalho ficou concluído em Novembro

– mês do seu nascimento – altura em que se previa ser lançado,

mas viria a ser adiado com a morte de Patxi Andión, artista espanhol

com quem o músico português tinha gravado um dueto.

Exactamente 50 anos após a sua estreia, como forma de celebrar

cinco décadas de música e em jeito de despedida do público,

apesar de já fisicamente debilitado, deu o seu último concerto em

Dezembro de 2019 no Teatro Virgínia em Torres Novas, terra natal

do seu pai e que adoptou como sua.

Concerto emocionante e memorável para todos aqueles que se

despedem através da música, todos unidos pela liberdade e amizade,

foi o adeus aos palcos deste “monstro” da música e da

cultura portuguesa.

Conheci o Pedro Barroso pessoalmente numa festa na Volkshaus

em Zurique, por ocasião das comemorações do 25 de Abril, organizada

pela APZ (Associação Portuguesa de Zurique) já lá vão

muitos anos. Trocámos galhardetes de amizade, admiro a sua

obra de rara beleza, que acompanhei sempre à distância.

Pedro Barroso: um génio - como compositor, trovador, músico

popular, de intervenção, intérprete de canções com recital dos

poemas que escreveu, pintor e artista plástico amador, sob o

nome de Pedro Chora.

Pedro Barroso, um “alfacinha de gema”, lutador, frontal, poeta da

palavra. Lisboa o viu nascer, Lisboa o viu partir, mas não morrerá

– ele continuará a viver através do legado da sua obra.

“Viva quem canta/Que quem canta é quem diz/

Quem diz o que vai no peito/No peito vai-me um país”!

Paz à sua alma.

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ÓBITO

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Morreu

Pedro Barroso

Foto: Manuel Araúujo

MANUEL ARAÚJO

“Homem de música e palavras”, considerado por muitos como sendo o “Último Trovador”. Pedro Barroso,

de 69 anos, que gravou mais de 30 discos, intérprete de êxitos como “Menina dos Olhos D’Água” ou

“ Viva quem Canta”, foi uma das vozes da Revolução de Abril e que celebrou recentemente o seu 50.º

aniversário de carreira num espectáculo [premonitório] de despedida dos palcos e das canções, morreu

no passado dia 17 de Março num hospital em Lisboa.

Pedro Barroso deixou um último álbum gravado, “Novembro”, que foi a sua “despedida das canções”, o qual a sua Editora (Ovação)

irá lançar neste mês de Abril.

O trabalho chama-se Novembro, por ter sido o mês em que foi terminado e também o mês do nascimento do autor. Para Pedro

Barroso, este novo trabalho, Novembro, foi a sua despedida das canções. Refira-se que Novembro, inclui um tema - Que Rumos -,

cantado em parceria com o Patxi Andión, músico espanhol que faleceu dias antes deste último espectáculo, num acidente de viação.

Com percurso iniciado nos anos 1960, Pedro Barroso revelou-se como músico e cantor, ao grande público, no programa Zip-Zip,

da RTP, em 1969, tendo nas cinco décadas seguintes dado centenas de concertos, em Portugal e no estrangeiro e publicado mais

de 30 discos, entre álbuns e ‘singles’. O músico nasceu em Lisboa, em 28 de Novembro de 1950, numa família de Riachos, Torres

Novas, cidade onde viveu desde os quatro anos de idade e que sempre considerou a sua terra natal.

Maestro Pedro Barroso, escritor, poeta, autor, compositor, pintor, pensador, libertário, republicano, agnóstico, pai, avô e sobretudo

músico, actuou por todo o mundo; Espanha, França, Croácia, Canadá, Estados Unidos, Brasil, Países Baixos, Bélgica, Suécia, Suíça,

Luxemburgo, Hungria, Alemanha e China.

Pedro Barroso fez o curso de Educação Física do Instituto Nacional de Educação Física (actual Faculdade de Motricidade Humana)

(1973) e foi professor no Ensino Secundário, durante mais de vinte anos. Mais tarde obteve um diploma pós-graduado em Psicoterapia

Comportamental (1988), tendo trabalhado na área da Saúde Mental e Musico-terapia durante alguns anos.

Como referido na edição anterior desta revista, Pedro Barroso neste campo, foi pioneiro no ensino de crianças surdas-mudas, numa

escola de ensino especial de Lisboa. Foi co-autor de um tema “Afrodite” com poema de José Saramago - prémio Nobel da Literatura

e foi distinguido com vários prémios nacionais e no estrangeiros e recebeu a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores.

Actuou por todo o país e efetuou concertos em Espanha, França, Croácia, Canadá, Estados Unidos, Brasil, Países Baixos, Bélgica,

Suécia, Suíça, Luxemburgo, Hungria, Alemanha e China. Barroso foi distinguido com vários prémios nacionais e no estrangeiro e

recebeu a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores.

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ÓBITO

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ÓBITO

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Adeus pai... (*)

Foste entregue ao infinito

Enquanto Portugal e o mundo combatiam a pandemia da Covid-19, o funeral de Pedro Barroso era realizado

no recato da família.

É apenas conhecida uma fotografia do Nuno, filho de Pedro Barroso, a despedir-se do pai.

Trata-se de uma emocionante imagem da autoria do fotógrafo Joaquim Galante, que acompanha este

texto sentido e comovente.

Foste entregue ao infinito

Do universo

Como um poema

Que honrou com nobreza

a arte de viver!

Eles não sabem nem sonham...

Viva quem canta !!!

“Cantarei “

a menina dos olhos d´Água

A partir de agora em diante sempre que possa, irei os cantar

e relembrar !!

Sempre irei honrar a tua obra e o teu legado teus valores

de humanidade de nobreza e altivez

grandiosa e expressiva !

Foi a tua passagem pela vida

Eras um um homem do povo

Amavas a cultura

Amavas a liberdade

A República

Amavas Portugal

E o sonho

De construir um futuro

Onde o belo e o conhecimento e a sabedoria

eram sempre uma condição obrigatória !

Semeavas cultura e arte da beleza por onde passavas

Ousaste acontecer a poesia e foste um enorme poeta !

Tocaste a guitarra e o piano e foste maestro da arte de

viver !

A MÚSICA foi um Grande amor

As mulheres fonte de inspiração

Cantaste com amor

PORTUGAL

Tiveste milhares de fãs espalhados pelo mundo

E deixas muita muita saudade aos filhos netos familiares

e amigos ,

Portugal está mais pobre...e nós também

Eras um homem

Que preferia a lezíria a

Loucura desenfreada da cidade de Lisboa que te viu nascer

Riachos e o Ribatejo nossa pátria !

Essa onde percorreste com amor a nobreza do amor cavalos

A pesca etc etc

Levas simbolicamente

as cordas da guitarra contigo !

E um cachecol do nosso Belenenses !

Para qual fizeste hino e eu a marcha

Esta altura foi a pior para cerimónias

o nosso querido Ribatejo terá

Mais tarde a oportunidade de se despedir agora não foi

possível ...

Que triste fim não merecias isto... esta altura onde até nos

abraços

Existe crise ...

Portugal está mais pobre muito mais pobre ...

De facto o processo de vida foi concluído com distinção e

por isso tás de parabéns enriqueceste quem te conheceu

com a tua voz doce forte e melodiosa que continuará certamente

a ecoar em muitos lugares ...

E eu tenho a herança de uma Pátria despida

De amor a si própria...

Cantaste a portugalidade

E foste poeta tal como Luís Vaz de Camões

Lá perto do Castelo Almourol o Tejo irá ser eternidade...

Foste um amante da educação física e serviste na Marinha

foste professor toda a vida

mas foi a Música que te levou a cantar e a conhecer todo

o mundo !

O ultimo trovador ...

António Pedro da Silva Chora Barroso

O maior canta-autor português !

De Sempre !!

foi entregue ao eterno !

Não merecia estes tempos ... nem este adeus, os palcos vão sentir

a tua falta as pessoas também e eu vou sentir falta de ti pai.

Amo-te muito e agradeço a honra de ter sido teu filho.

Os aplausos da despedida talvez mais tarde se ouçam...

Talvez mais tarde ...

Obrigado pai

Até sempre saudade

Do teu filho

(*) Nuno Barroso - filho

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ENTREVISTA

Nuno Barroso, escreve ‘O Último

Trovador’, em memória de Pedro

Barroso, durante a entrevista

O FOCUSMSN foi encontrar Nuno Barroso, no seu

retiro em praia de São Julião, freguesia da Carvoeira,

onde vive há 15 anos, com um sentimento

de dor, pela recente perda da sua referência familiar

e poética, mas ao mesmo tempo sereno,

movido pela inspiração e esperança para encarar

o futuro com firmeza e honrar o legado poético,

deixado pelo seu pai.

Numa sala rodeado de instrumentos musicais,

Nuno Barroso, aceitou conversar, recordar e sonhar.

Obrigado por me receberes, é uma honra partilhar

contigo memórias de um homem que muito deu a

cultura em Portugal e que tu com certeza as irás

perpetuar.

JOAQUIM GALANTE

FOCUSMSN: Nuno, fala-me da tua infância, como e onde

a passaste, os amigos, onde estudaste, as brincadeiras,

eras um jovem rebelde? Fala-me de ti.

Nuno: Tive uma infância relativamente boa, nasci em Oeiras,

cresci em Carcavelos, mas a primeira fase da minha vida passei-a

no bairro de Caselas, perto do Restelo, estudei na Voz

do Operário na instrução primária, na Ajuda, e depois mudamo-nos

para Carcavelos onde a minha mãe também tinha uma

casa, aí estudei na preparatória e secundária.

Foi uma infância muito feliz dividida entre Carcavelos e Riachos

(Torres Novas), sempre com o Ribatejo no coração, onde

era a casa de família do meu pai e eu, ou estava com ele ou

com a minha mãe.

F: Eras rebelde…

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ENTREVISTA

37

Nuno: Sim, fui um jovem rebelde, mas criativo, gostava de estar

com os amigos, de andar pela rua, de brincar, de dar voltas

de bicicleta, era louco por jogar futebol, sempre fui traquinas,

parti várias vezes a cabeça nas minhas brincadeiras, fazia trinta

por uma linha (rs).

F: Sentes saudades desses tempos, que sentimentos de

nostalgia te trazem à memória ?

Nuno: Sinto muita nostalgia desses tempos, de ser jovem, de

não ter as responsabilidades que tenho hoje. Foi nessa altura

que a música começou a mexer comigo, o facto de estar rodeado

de instrumentos musicais, como podes ver aqui na sala,

foi o catalisador que precisei para seguir os meus sonhos.

F: Quando decidiste que os querias realizar ?

Nuno: Foi na secundária em Carcavelos, que surgiu o meu

primeiro projecto musical, chamou-se Anubis, tinha 14 anos,

antes disso já fazia alguns espectáculos nas escolas da linha

de Cascais, e desde aí nunca mais parei, recordo um concerto

para crianças de escola, em que imitei o Michael Jackson

(rs)

F: Que importância teve a tua mãe na tua evolução como

pessoa e se também te apoiou no teu percurso profissional

?

Nuno: A minha mãe foi das pessoas que mais me ajudou e

impulsionou a seguir a carreira artística, curiosamente eu entro

no mundo da música através da minha mãe. Quando eu estava

no 9º ano, ela percebeu que eu estava interessado e ligado

a área musical, eu até tinha escolhido a área de saúde, tive

também uma breve passagem por economia, mas ela colocou-me

numa escola profissional de artes no Estoril. Na altura

os professores dessa escola tinham pertencido a orquestra de

Moscovo, tinham ido tocar a Gulbenkian e acabaram por pedir

asilo politico e ficaram em Portugal. A partir daqui deu-se a

transformação total da minha vida em termos académicos e

profissionais.

F: Como surgiu esse teu amor incondicional pelo Belenenses

?

Nuno: Eu morei no bairro de Caselas, estudei na Voz do Operário,

na Ajuda, o meu avô e o meu pai, levavam-me a assistir

aos jogos no Restelo, comecei a frequentar as piscinas do

clube, com cerca de cinco anos, mas como não era do meu

agrado, mais tarde inscrevi-me no futebol.

Entrei num torneio inter-escolas pela Voz do Operário que vencemos,

o Belenenses convocou-me para os treinos de captação

e por lá fiquei a jogar futebol, dos sete aos dezassete anos

e depois ainda joguei no Estoril-Praia.

O meu amor incondicional ao Belenenses vem desde muito

cedo, onde passei toda a minha juventude ligado ao clube

desportivamente falando, acompanho a sua vida, embora a

maioria das vezes à distância, compus a marcha do ‘Belém’, o

meu pai compôs o hino, que foi gravado em Riachos no nosso

estúdio chamado ‘Quinta da voz’. É assim, sempre que posso

ajudo naquilo que me pedem.

Curiosamente eu e o meu pai cantámos no CCB no Centenário

do Clube, no grande auditório, foi dos últimos espectáculos

em que cantamos juntos e mesmo estando muito debilitado,

ele não quis deixar de estar presente. Foram momentos que

nunca irei esquecer.

F: Fotografei o teu pai no Restelo aquando da festa de subida

de divisão em 2013, em que também estiveste presente,

e novamente em 2019 na gala do Centenário. Mesmo

debilitado o teu pai fez questão de estar no CCB. Diz-me o

que representava para ele o Clube e ser Belenenses, costumavam

falar acerca disso ?

Nuno: O meu pai, levado pelo meu avô começou a frequentar

o Restelo, naqueles gloriosos anos, em que o Belenenses

lutava por títulos nacionais e enchia o estádio. Mas para além

disso havia outros factores que faziam com que o meu pai levasse

o Belenenses no coração.

O Belenenses está ligado a portugalidade, ao expansionismo,

a Cruz de Cristo representa a fé e era a Cruz que ondulava nas

velas dos navegadores, ver o Tejo das bancadas, era um simbolismo

muito forte.

O Belenenses representa desportivamente toda a glória de um

país nas suas formas de arte, de cultura e dos descobrimentos,

como o meu pai foi muito ligado às questões do mar e do

rio Tejo, compôs muito sobre isso, viu talvez no Belenenses

uma fonte de inspiração musical paralelamente ao aspecto

desportivo.

É um amor que tem passado gerações.

F: Como foi crescer ao lado de um pai que era uma figura

pública muito querida, um homem da arte e da cultura.

Sentias-te orgulhoso ? Ele era muito exigente contigo ?

Que conselhos te dava ?

Nuno: Crescer ao lado de uma figura pública é realmente diferente

do normal, tive que ter mais cuidado no que dizia e fazia

para que isso não me pudesse prejudicar a mim e beliscar a

carreira do meu pai.

Ele nem sempre estava presente, por vezes ausentava-se em

tourné, mas quando comecei a poder ir com ele, muita coisa

mudou, ajudou-me a conhecer o mundo do espectáculo, os

bastidores, os camarins e comecei logo a ver como as coisas

se processavam. Toda aquela paixão do meu pai pelo palco,

a envolvência com o público marcou-me profundamente. Ser

filho de uma figura conhecida da arte e da cultura, é como tudo

na vida, tem coisas boas e más mas no geral ajudou-me muito

a crescer como pessoa e músico, o que foi positivo.

F: Orgulhoso do teu pai…

Nuno: Sempre tive orgulho no meu pai pelo seu trajecto, embora

por vezes tivéssemos discordado em algumas ocasiões,

pois éramos diferentes na nossa maneira de pensar e de agir,

mas sempre me aconselhou de forma a que eu tivesse os pés

bem assentes na terra em relação à minha carreira, para não

pensar que era um mar-de-rosas, que no mundo da música

era muito dificil singrar, mas eu estava decidido e quis segui-lo.

F: Estavas decidido, era o mundo que querias abraçar. De

que forma o teu pai te ajudou ?

Nuno: Ajudou-me muito na minha carreira antes, depois e durante,

era jovem e levou-me em tourné com ele durante 3 anos,

aí pude aprender e experimentar vários instrumentos musicais,

aliás foi o lançamento para largos anos de parceria. Foi quando

comecei a tocar percursões, cavaquinhos, pianos, guitarra,

fiz vozes, tudo sob orientação do meu maestro, mentor e ídolo.

F: Quando começaste a compor as tuas próprias músicas

?

Nuno: Desde muito novo que comecei a compor e a tocar piano

nos seus temas, fizemos algumas canções em parceria,

umas vezes fazia a música e ele o poema e vice versa, partilhamos

sempre a paixão por criar, eramos ambos cantautores.

Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU


38

ENTREVISTA

F: Mas querias seguir o teu próprio caminho……

Nuno: Sempre segui um trajecto individual, paralelo ao do meu

pai, sempre quis ser independente, trilhar o meu próprio caminho

e evitei que o meu percurso musical ficasse conotado ao

nome do meu pai.

F: Por isso criaste os Alémmar ?

Nuno: Sim, criei os Alémmar sem que soubessem que era filho

do Pedro Barroso (rs). Durante anos os meus colegas não souberam

e só quando comecei a editar os meus discos a solo é

que ficaram a saber. Sempre quis fugir da comparação e também

que dissessem que singrava na carreira por influência do

meu pai.

F: Querias ter sucesso por mérito teu….

Nuno: Foi isso, queria ter sucesso por méritos próprios embora

sempre houvesse uma ligação muito forte e essa ligação esta

espelhada em muitos trabalhos que fizemos em parceria e que

perdurarão para sempre. No último álbum fizemos dois duetos,

partilhamos imensas músicas ao longo da minha carreira, tanto

nos meus discos como nos dele.

F: Tens algum trabalho em perspectiva para ser editado em

breve ?

Nuno: Vai sair em breve um álbum que se irá chamar ‘Novembro’,

é um álbum do meu pai em que eu gravei os pianos. Em relação

a mim estou em duas frentes, a compor para os Alémmar

e também para a minha carreira a solo, saiu há pouco tempo o

single ‘Mundos cruzados’ dos Alémmar. Hoje acabei de compor

a canção ‘O último trovador’, dedicada ao meu pai.

F: O teu estilo de compor é identico ao do teu pai ?

Nuno: Sempre senti uma grande diferença entre mim e ele na

forma de arranjar os temas, ele usava um estilo minimalista na

composição, poucos arranjos e muito pensados, de modo a

que se pudesse ouvir o silêncio, era um pensador, um trovador,

de voz melodiosa, forte mas suave. Era uma voz de uma textura

fascinante, para mim uma das melhores vozes da música portuguesa,

foi uma honra partilhar o palco com ele.

F: Ele sabia como conquistar o público…

Nuno: Tinha uma enorme personalidade poética, grandiosidade

e sensibilidade, sabia fazer vibrar uma plateia com emoções,

com palavras, a música era o veículo para a beleza dos poemas

e isso está cada vez mais ultrapassado, a expressão das palavras

caiu em desuso, cantava Portugal, o mar, as mulheres, a

paixão, o amor, etc

F: Sentias que o teu pai procurava a perfeição ?

Nuno: Sempre procurou a beleza das coisas, encontrar o belo,

a arquitetura das palavras, encontrar o jardim de poetas que

ele tanto falava, e construir o templo da beleza. Neste aspecto

o meu pai foi um navegador do futuro, um navegador das palavras,

procurando sempre algo que fizesse mais sentido que a

razão, foi muito crítico socialmente e muito interventivo, não se

calava, gostava de dar a sua opinião, sempre numa visão construtiva,

sempre com intenção de melhorar.

F: Foi nestas premissas que foste construindo a tua carreira

?

Nuno: Exactamente, fomos construindo a nossa carreira, ele

claro ja com ela consolidada, eu iniciando o meu trajecto com

os Alémmar e com projectos a solo, escrevi e compus para ele

e outros artistas, trilhei o meu caminho como Nuno Barroso.

F: Tiveste êxito imediato ou demorou a atingir o patamar

que pretendias ?

Nuno: Recolhi alguns êxitos logo no inicio da minha carreira,

nomeadamente com os Alémmar, com músicas como ‘Deixa-

-me olhar’, ‘Já não há mais baladas’, ‘Mais um dia’, ‘Acreditar’, ‘A

vida dá muitas voltas’, ‘Poeta solitário’, ‘Só tu podes ser’, entre

outros, canções que as pessoas cantam por Portugal fora em

diversas situações. O disco ‘Deixa-me olhar’ permaneceu durante

cinco meses no top um das rádios nacionais.

F: Qual a música que o teu pai tocava que mais te marcou,

que mais te fazia sonhar e que sonhos ficaram por realizar

?

Nuno: Uma das canções que sempre gostei muito de o ouvir

cantar era ‘Viva quem canta’, e claro também ‘Cantarei’, ‘Menina

dos olhos d’água e ‘Pedra filosofal’. Um sonho ficou por realizar,

foi o de fazer com ele um disco de piano e poesia, talvez o

faça um dia a solo para o homenagear.

F: O teu pai sempre foi fonte de inspiração para ti mas o

teu estilo musical é diferente, tens um estilo pop/rock nos

Alémmar e a solo não és um trovador e nem cantor de intervenção.

Achas que os estilos teu e do teu pai se completam,

são divergentes ou tem pontos comuns ?

Nuno: Somos estilos diferentes na forma de cantar, divergentes

mas ao mesmo tempo com pontos comuns, eu tenho um timbre

de voz que ao longo do tempo foi-se aproximando da do meu

pai, embora eu tenha mais agudos e ele tivesse mais graves.

F: E na escrita ?

Nuno: Em relação aos poemas tenho alguns que são muito parecidos

com o estilo do meu pai, o próximo trabalho a solo que

estou a preparar, vai ter uma dose maior de intimismo, aproximando-me

em alguns trechos do estilo dele. Muito diferente

são as músicas que componho e canto nos Alémmar que tem

características musicais completamente distintas, mais pop/

rock.

F: Cresceste numa época musical diferente.

Nuno: Sim, apesar dos pontos comuns, eu tenho uma obra que

considero bastante boa tanto a solo, como com os Alémmar,

uma discografia rica e premiada, com alguns discos de Ouro.

Cresci numa geração pop/rock, o meu pai abraçou um estilo

mais tradicional, mais intimista, mais acústica que particularmente

gosto e me fascina. Vamos ver o que vai acontecer num

próximo trabalho.(rs)

F: Sinto-te empolgado, o que estás a pensar fazer, queres

revelar ?

Nuno: Estou a pensar em o homenagear, aproximando-me da

sua forma de pensar, de falar e cantar, honrar o seu legado, tentarei

dar o melhor de mim cantando algumas coisas dele, nos

próximos espectáculos a solo ou quem sabe até também nos

Alémmar, fazendo alguns arranjos, numa homenagem à carreira

dele, ao autor, ao poeta, no fundo dedicá-lo ao meu pai.

F: Como surgem os Alémmar ?

Nuno: Surgem como evolução do projecto Anubis criado em

1991, éramos muito jovens, começamos a ter algum sucesso,

os concertos começaram a ter muito público, era uma banda de

culto da linha de Cascais, a uma dada altura, resolvemos então

mudar o nome da banda para Alémmar, em 1996, porque tinha

mais a ver com Portugal.

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ENTREVISTA

39

Quando em 1991 reuni um grupo de músicos, começamos logo

a fazer ensaios e a coisa foi-se tornando cada vez mais séria.

Logo no início disse aos meus colegas, que isto ía ser a minha

vida, motivei-os para não faltarem aos ensaios, a estudarem e a

investir na música (rs). Tinha 14 anos na altura e foi uma evolução

muito bonita, muito ‘naíve’ de amor à criação e à arte.

Mais tarde os Alémmar passaram a ter a sua ‘base’ em Riachos

(Torres Novas) onde ensaiamos, nesta fase editamos em 1997 o

álbum ‘Carolina, de onde saíram os singles “Deixa-me Olhar” e

“Já não há mais baladas”. Em 1999, lançamos o segundo álbum,

‘Viver’, onde se destaca os singles “Ordem Natural”, “Olhares

Cúmplices” e “Império em Chamas”.

Depois de alguns anos em ponto-morto, regressamos em 2006

com o álbum ‘Acreditar’. A música ‘Deixa-me olhar’ foi adoptada

pela TVI para título e canção de uma das suas novelas.

F: Tens uma carreira a solo e esporadicamente actuações

com os Alémmar porque é que os Alémmar nunca foram

uma banda com um trajecto contínuo ?

Nuno: Os Alémmar são uma banda de sonoridade ligada ao pop/

rock e de algumas baladas, quando eu componho canções dentro

deste estilo, são os Alémmar que a interpretam. Não fazia

sentido eu compor fados ou o estilo de música do disco ‘Música

mundi’ e canta-los nos Alémmar, que tem sonoridades alicerçadas

na bateria, guitarra acústica, eléctrica, teclado, etc., eu a solo

tenho maior liberdade para cantar e tocar outros estilos musicais

e maior versatilidade na utilização de outros instrumentos.

F: O Nuno Barroso e os Alémmar têm estilos musicais distintos

?

Nuno: Sim, temos estilos distintos e caminhos diferentes a percorrer,

durante o meu percurso a solo também componho para

outros artistas, o que enriquece o meu trajecto, acabei de compor

um fado para a Dora Maria, ja escrevi para a Yola Dinis, no

álbum de duetos que compus a solo, trabalhei com muita gente

de diversas áreas da música e isso é algo que me enriquece.

F: Isso não será um dilema…

Nuno: Tenho vários dilemas (rs) não fosse eu poeta ou seja, sou

pianista de formação, compositor, ao mesmo tempo tenho uma

banda (Alémmar), a par das minhas ambições autorais que por

vezes não se enquadram no estilo da banda (rs), como sou eu

o compositor das minhas coisas, vou utilizando os mecanismos

que tenho para escoar a minha obra autoral. Acima de tudo sou

um cantor, compositor e pianista.

Neste momento com os Alémmar, um grupo de excelentes músicos,

juntos há largos anos, estamos a trabalhar afincadamente

para em breve anunciarmos uma tourné pelo país e dar com certeza

muitas alegrias aos fans.

F: Os anos vão passando e a vida começa a ter altos e baixos,

em termos profissionais quais foram os teus momentos

altos e os momentos baixos ?

Nuno: Obviamente na vida de um autor, cantor, pianista, poeta,

esses momentos fazem parte da nossa vida de artista, não se

pode ser sempre numero um (rs), já fui numero um, cem, dez,

cinco, são as diversas fases da nossa vida, onde há alturas que

obtemos mais reconhecimento do público em detrimento de outras.

Não trabalho apenas pelo reconhecimento mas pelo gosto

que tenho pela profissão que abracei. Adoro produzir obra e esse

vai ser o meu legado. Também pintei diversos quadros e cheguei

a fazer algumas exposições (rs).

A minha necessidade de criar é natural, é assim que me sinto

bem, o amor à arte ter-se tornado também em profissão, deixa-

-me feliz e realizado.

F: Como estas a viver este momento atribulado da pandemia

do Covid, tens tido muitos espectáculos cancelados ?

Nuno: Devido à situação pandémica que atravessamos, muitos

concertos foram cancelados, cerca de trinta e cinco, e não sei

quando serão retomados, tenho conversado com a agência que

cuida da minha agenda, a ‘Simples aplauso’, e vamos ver o que

acontece num futuro muito próximo.

Obrigado Nuno por me teres recebido. Foi um prazer enorme ter

conversado contigo.

Single de regresso:

https://youtu.be/AyNwfS1lWx8

Discografia:

ALÉMMAR:

1998: Álbum – “Alémmar” (Disco de Ouro nesse ano)

1999: Álbum – “Viver”

2007: Álbum -“Acreditar”

2020: Lançamento do single – “Mundos Cruzados” (single de

regresso)

Em nome próprio Nuno Barroso:

2001: Álbum – ”Mistério sem Fim”

2006: Álbum – ”A vida dá muitas voltas “

2011: Álbum – “Música Mundi” (piano)

2014: Álbum – ”Coração Rebelde”

2018: “Amigos & Duetos” (Disco de ouro em 2019)

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Os grandes homens

morreram porquê?

No entanto deviam ter surgido, se fosse cumprida a definição

de loucura erradamente atribuída a Einstein e a Benjamim

Franklin: “ loucura é fazer a mesma coisa uma vez e outra e

esperar obter resultados diferentes”. Podíamos dizer que circunstâncias

idênticas produzem resultados idênticos e concluir

que as grandes crises produzem grandes homens. Ora,

não produziram.

A explicação da História a partir da ação e do impacto dos indivíduos

determinantes por carisma, génio ou impacto político

foi muito popular na Europa no final do século XIX e no início

do XX. Em Portugal manteve-se dominante durante o Estado

Novo, com uma historiografia assente na epopeia e na figura

do “herói”, de Viriato a Salazar, passando por Vasco da Gama.

Thomas Carlyle, um historiador, ensaísta e professor escocês

durante a era vitoriana considerou que “A história do mundo é

apenas a biografia de grandes homens”, mas teve a presciência

de definir a economia como uma “ciência sombria”.

Então porque não produziram “grandes homens” as crises das

últimas décadas, desde o desaparecimento dos que dividiram

o mundo em Ialta, no pós-Segunda Guerra (Roosevelt, Estaline

e Churchill) e dos que se reuniram em Bandung, na Indonésia,

em 1955 para lançarem o conceito de Terceiro Mundo e o Movimento

Descolonizador (Nheru, Sukarno, Nasser) e do emergir

da China como ator mundial com Mao Tse Tung? Porque desapareceram

os “grandes homens” da paisagem da história?

CARLOS MATOS GOMES (*)

Por homem, neste contexto, entenda-se um ser

humano, masculino ou feminino. Neste sentido

tanto serve para o 3º Conde de Castelo Melhor,

reorganizador das tropas portuguesas para expulsar

os espanhóis após 1640, como para a rainha

Filipa de Lencastre, inspiradora (no mínimo)

da expansão marítima portuguesa. Parece que

sim, que os “grandes homens” morreram sem

descendência. Pelo menos não os encontramos

nesta crise, nem na anterior, a de 2008, a do sistema

financeiro, nem na guerra da Sérvia, nem na

Invasão do Iraque, nem no ataque ao Afeganistão,

nem na implosão da União Soviética… nem…

nem…

A má qualidade das classes dirigentes, má semente de onde

não brotam “grandes homens”, tem servido para justificar quer

o atraso quer a decadência de Portugal após a já longínqua

loucura de Alcácer Quibir, quer a atual insignificância da União

Europeia nos jogos de poder mundial, mas se continuamos

a acreditar no padrão histórico de que as grandes ocasiões

produzem grandes homens, porque não os têm gerado estas

últimas crises?

Aqui em Portugal o terramoto de 1755 teve o condão de fazer

grande (o que é distinto de engrandecer) um vulgar cortesão,

o que viria a ser o Marquês de Pombal — enterremos os mortos

e tratemos dos vivos. Foi um grande homem apesar das

monstruosidades cometidas e não só contra os Távoras. Mais

perto no tempo, a Segunda Guerra transformou um truculento

e pouco considerado Primeiro Lord do Almirantado, criticado

por belicista e imprudente, no Winston Churchill, primeiro-ministro

e figura decisiva nos destinos da humanidade ameaçada

nos seus fundamentos pelas potências do Eixo, isto apesar

da linguagem desbragada, do comportamento pessoal pouco

formal, do alcoolismo e do tabaco. E do humor cáustico, hoje

inadmissível num político.

Estamos “habituados” a ver surgirem grandes homens nos momentos

de crise, que apesar das suas imperfeições são uma

força positiva, promotores do bem, da melhoria da justiça, do

bem-estar, que vencem perigos. E necessitamos deles, apesar

das críticas à visão da História centrada nas personalidades,

porque exclui da definição do destino coletivo grupos inteiros,

os “movimentos de massas”, tão bem representados na im-

Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU


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Do filme, “Novecento”, de Bernardo Bertolucci

pressionante e bela fotografia do thrilller do filme Novecento,

de Bernardo Bertolucci, com os camponeses a avançarem em

direção a nós, à câmara, que representa o futuro.

A imagem é muito romântica, mas não corresponde à realidade

histórica. Atrás daqueles camponeses em revolta existiam

dirigentes, ativistas, pensadores. Existia um trabalho de organização,

de mobilização. Como, aliás, existiu na retaguarda das

“massas” de sans culottes que assaltaram a Bastilha, ou na dos

proletários que entraram no Palácio de Inverno. Ou até na condução

dos camponeses que em Portugal, em 1975, ocuparam

os latifúndios alentejanos. Não existem revoluções selvagens.

É falaciosa a tese de as decisões nas grandes voltas da História

da humanidade terem resultado de “movimentos de massas”,

espontaneamente desencadeados por uma quebra da coesão

social provocada por insuportáveis tensões. Os movimentos de

massas são tão espontâneos como a explosão de uma granada.

Antes da explosão o artefacto teve de ser preparado e de

seguida lançado sobre um objetivo previamente escolhido e os

resultados foram apropriados por alguém. Não há tsunamis sociais.

Mesmo os tsunamis naturais resultam de um processo de

acumulação de energia que obedece às leis da física.

O que vai seguir-se em termos políticos, sociais e económicos

a esta crise causada pela epidemia do coronavírus será conduzido

por alguém que não sabemos quem é — e devíamos

saber. Uma das vantagens dos “grandes homens” nos grandes

momentos é terem rosto, serem identificáveis. Eles não surgem

porque há quem deliberadamente os impeça de se desenvolverem.

Esta é a questão!

É estranho que não perguntemos a razão de ter secado o meio

e de terem sido esterilizadas as condições que tornavam indispensáveis

os “chefes”. A mais conhecida revolta de escravos,

em Roma, teve uma chefia representada por Spartacus. As revoltas

camponesas na Idade Média, as revoltas de cariz ideológico-religioso,

as lutas contra as heresias, a revolução francesa,

a revolução russa, as revoltas dos escravos brasileiros que

originaram os quilombos tiveram sempre em fundo uma ideologia

resultante de um processo de análise de uma situação,

uma hierarquia e um grupo dirigente. O golpe militar do 25 de

abril de 1974, um caso que nos diz diretamente respeito e que

ocorreu com uma geração ainda em parte sobrevivente, não foi

um ato espontâneo, mas sim fruto da organização de um grupo

restrito, com chefias e hierarquias criadas para responder

a uma circunstância de impasse militar e político. O processo

revolucionário, o dito PREC, resultou da ação de personagens

que organizaram e chefiaram vários grupos. Os movimentos de

massas foram, como é historicamente recorrente, peões de um

jogo dirigido por reis, rainhas, bispos. A manifestação da Fonte

Luminosa, as mocas de Rio Maior, ou os assaltos às sedes dos

partidos de esquerda no Norte, foram movimentos tão “espontâneos”

como a criação dos SUV (Soldados Unidos Vencerão),

os desfiles de camponeses alentejanos e de operários da Lisnave

em Lisboa! A realidade é que a humanidade, como uma

espécie gregária, só sobrevive em cooperação dos seus elementos

e com uma direção.

Estamos habituados a definir os “grandes homens” como aqueles

que dirigem os seus povos na “boa direção”, que lhes criam

as melhores condições de sobrevivência. Mas há o reverso, os

“grandes homens negros”, os que conduzem as massas para o

abismo. E são esses “invisíveis grandes homens negros” que

nos têm marcado o destino e nos conduziram ao vazio e à “terra

arrasada” a que se referiu Bolsonaro, um dos mais recentes e

toscos exemplares dessa nova espécie de dirigentes de saque,

como os definiu Voltaire: “Daqueles que comandaram batalhões

e esquadrões só resta o nome. O género humano nada

tem para mostrar de uma centena de batalhas travadas. Mas

os grandes homens de que falo prepararam puros e perenes

prazeres para os homens que ainda vão nascer. Uma eclusa

ligando dois mares, um quadro de Poussin, uma bela tragédia,

uma nova verdade — são coisas mil vezes mais preciosas do

que todos os anais da corte ou todos os relatos de campanhas

militares. Sabem que, comigo, os grandes homens são os primeiros

e os heróis os últimos. Chamo «grandes homens» a todos

aqueles que se distinguiram na criação daquilo que é útil

ou agradável. Os saqueadores de províncias são meros heróis.”

Repugna-me a ideia de estarmos à mercê de saqueadores

de províncias. Apesar do risco, entendo que faltam os “grandes

homens”, os que transmitem grandes esperanças, como

os definiu Thomas Fuller, um religioso e historiador inglês do

século dezassete. “As grandes esperanças fazem os grandes

homens.“ A afirmação pode ser colocada de forma inversa: os

grandes homens são os que motivam grandes esperanças.

Aqueles cujo caráter é sempre grande, sempre igual em todos

os momentos.

Stephen King, um escritor norte-americano de best-sellers, por

isso pouco conceituado entre os intelectuais, mas que é um

“rapaz” da minha idade, com alguns vícios de vida, incluindo o

álcool, e de quem gosto, não por isso, mas pela liberdade de

pensar, distinguiu a grandeza das obras da grandeza do ser:

“Quase sempre admiramos os homens por aquilo que criaram;

e criar é usar uma capacidade que recebemos gratuitamente

e desenvolvemos por nosso esforço. Mas nem todo o valor de

uma pessoa se encontra naquilo que ela cria: o ser humano é

sempre superior ao fruto do seu trabalho.”

Não é certo que o ser humano seja sempre superior ao fruto

Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU


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do seu trabalho, mas é quase certo que seja diferente. Parece

no entanto aceitável admitir que a grandeza do homem não depende

da criação de nenhuma obra visível e muitos são grandes

simplesmente pelo que são, e não pelo que fazem. Precisamos

de quem seja. De quem nos motive a esperança aqui em Portugal,

na Europa, no Mundo. Mas para eles surgirem necessitam

de condições de nascimento e desenvolvimento e é a sociedade,

somos nós, os que vivemos no mesmo grupo que temos o dever

de proporcionar o ambiente que promova hierarquias resultantes

de uma seleção dos melhores e dos mais capazes, como fazem

os enxames com a abelha-mestra, por exemplo.

Embora a cultura nos distinga dos outros animais, porque promove

transformações na forma como os humanos se relacionam

entre si e o meio ambiente, na essência somos animais sociais.

Esopo, o escravo que no século sexto antes de Cristo inventou as

fábulas, atribuiu aos animais as características dos homens adequados

a encontrar o caminho da sobrevivência em momentos

de crise. O leão representa a força; a raposa, a astúcia; a formiga,

o trabalho.

Através de Esopo obtivemos uma primeira aproximação ao que

no Ocidente pode ser entendido como um grande homem. Será

aquele que conjuga adequadamente força, astúcia e trabalho

para se impor no seu grupo. As fábulas de Esopo, curiosa e sabiamente,

não promovem salvadores, mas referem muitas vezes

um monstro que tudo devora e que é necessário vencer. La Fontaine,

um dos maiores divulgadores dos textos de Esopo, considerava

que ele criou as fábulas com o objetivo de transmitir a

verdadeira sabedoria, assente na capacidade de os humanos se

organizarem e de utilizarem os melhores de entre o seu grupo, o

bando inicial, para se adaptarem às circunstâncias e sobreviverem.

O discurso de “os políticos são todos farinha do mesmo saco”

assenta na convicção que os populistas e os “corruptos de banda

larga e grande profundidade”, os donos de tudo, de facto,

foram inculcando nas “massas” de que os dirigentes são extraterrestres.

Este tipo de discurso demagógico que os órgãos de

comunicação de massas se encarregam de impor é tudo menos

inocente e bem-intencionado. É uma estratégia política friamente

elaborada. É uma caça seletiva que impede, sob a aparência de

luta contra a corrupção, a favor da transparência, da busca dos

escândalos nos interstícios mais recônditos da vida, que ascendam

ao poder aqueles que podem ser incómodos à minoria dos

detentores dos poderes de facto, os que na sombra desencadeiam

guerras para garantirem lucros e domínio. A informação

tablóide, sob a aparência de neutralidade e de atacar todos por

igual, é uma arma nessa estratégia de arrasar e matar seletivamente

e à nascença aqueles que podem causar prejuízos à ordem

estabelecida.

A estratégia do populismo assenta na máscara. Apresenta-se

como um impoluto movimento de incorruptíveis, como uma Inquisição,

ou uma igreja evangelista, como uma santa religião

cujos pregadores, televangelistas, jornalistas de sextas à noite e

de tudo a nu, exorcistas que acusam quem convém ser anulado

e exigem de braços elevados aos céus e vozes esganiçadas medidas

de sanidade, de bons costumes, práticas de honestidade e

pureza, exigência de qualidades angelicais, de castidade e até de

santidade aos candidatos a dirigentes políticos, mas por detrás

dessa máscara, o populismo é uma ideologia e uma estratégia de

tomada e manutenção do poder — que secou deliberadamente a

terra de onde podiam surgir os tais “ditos grandes homens” que,

por definição, agem fora dos cânones.

O populismo dominante, neoliberal e global, tem imposto com

sucesso uma interpretação metafísica que já os sumérios faziam

sobre os responsáveis pelas calamidades e que teve em Portugal

duas expressões, uma no sebastianismo e outra no marianismo,

de que o “milagarismo” de Fátima é a marca mais visível. Agora

substituídas pelas campanhas de desinformação e de manipulação

nos órgãos de comunicação social, através de santos e santas

de olhos arregalados, equipados e equipadas com câmaras

e telemóveis, como as antigas mulheres de virtude se equipavam

de bolas de cristal e tijelas para fumigações.

O populismo levou aqui em Portugal à demissão de um ministro

(João Soares) por ter oferecido um par de bofetadas a um cronista

maldizente, mas esse é apenas um aspeto caricato que esconde

a “essência do mal”: o populismo que nos centros de poder

mundial mantém presos Julien Assange, ou Snowden por serem

detentores de segredos que são uma arma de chantagem a utilizar

contra quem ameaçar a “ordem” estabelecida e de promoção

de factótuns insípidos e conduzidos pela trela

Os “grandes homens” existem. A diferença do nosso tempo para

os anteriores é que os “poderes” se tornaram invisíveis, logo muito

mais perigosos. Ameaçam a nossa sobrevivência. Os grandes

homens, os autores e atores das transformações, não surgem

porque foram esmagados pelas bases de dados de informações

das grandes corporações, que mantêm uma lâmina de guilhotina

sobre o pescoço dos que poderiam desempenhar esse papel

com um escândalo sempre à mão para ser transmitido às cadeias

de manipulação.

Sobrevivência! É disso que se trata quer nos tempos de normalidade

quer nos de turbulenta incerteza. A questão que esta epidemia

nos coloca é a da sobrevivência e daí a necessidade de

“grandes homens” visíveis, expostos, com virtudes e defeitos,

com escândalos, mas que acendam uma luz que permita descobrir

um caminho e vencer os monstros que nos aprisionam na

Caverna, aquela que na alegoria de Platão pretende incentivar

o ser humano a libertar-se. O politicamente correto promovido

pelos politicamente determinados é uma ameaça à nossa sobrevivência.

O papa Francisco, e eu não sou religioso, expôs esse

perigo ao afirmar ser preferível um pecador que não acredita em

Deus a um hipócrita cristão.

O politicamente correto é um movimento de hipocrisia para esconder

a grande corrupção, a que permite dominar povos e continentes,

desencadear proveitosas guerras e desgraças associadas

à destruição e à reconstrução. A propósito, os populistas e

os seus meios de comunicação expõem à turba os criminosos

depositantes em offshores, uma ação meritória, mas nunca atacam

quem cria as condições para operar e instalar offshores, o

maior dos quais é a City de Londres, seguido de Wall Street…

Escondem sempre a mão que atira a pedra!

Correndo o risco de levantar um clamor de conhecidas rejeições

— do perigo alemão à ausência de carisma — a única figura

que a Europa tem neste tempo para apresentar como “grande

homem” é uma mulher insípida e aparentemente triste, Angela

Merkel, que foi o melhor que se pode conseguir e a quem, apesar

da sua insossa normalidade ainda assim os tais monstros da caverna

chantageiam e procuram limitar o raio de ação, mandando

publicar de tempos a tempos umas imagens ditas de juventude,

com ela ou alguém parecido nua a passear num campismo.

Mas, além de Angela Merkel, o resto dos dirigentes europeus

com que um cidadão de regular comportamento pode conversar

e beber um copo são patrulhas, como afirmava o meu amigo

Armando Baptista Bastos na sua época de militância no Partido

Comunista, a uma mesa de tertúlia, referindo-se às pequenas

formações de esquerda radical de que eu e o tão mal reconhecido

Nuno de Bragança éramos próximos. O máximo que o populismo

deixa surgir na direção da Europa são funcionários mais ou

menos simpáticos, mas que não ponham em causa a “ordem”,

que sejam obedientes e respeitem a cartilha.

***

O tema dos “grandes homens” continuará a entreter-me e a estar

à disposição dos meus amigos num próximo texto.

Interrogo-me porque considero Boris Johnson o grande homem

do momento na Europa, em versão negra, do tipo do Nero, ou

de Coriolano que irá pegar fogo a esta herança romana que é a

União Europeia… isto apesar de saber que está infetado pelo coronavirus…

e lhe desejar as melhoras, como a todos os doentes.

(*) Escritor e ex-Militar de Abril

(*) autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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44

HUMOR

ÁGUA VINHO?

Foi comprovado em pesquisa científica que

se beberes mais de 1 litro de água por dia,

durante 1 ano, no final do ano terás ingerido

mais de 1 quilograma de coliformes fecais

que estão diluídos na água, ou seja: 1 quilo

DE MERDA!!!

Já bebendo vinho... não se corre esse risco

uma vez que esses coliformes não sobrevivem

ao processo de fermentação.

Por isso peço que comuniquem a todos os

que bebem água que essa porra faz mal!

Está dado o alerta! Depois não digam que

não avisamos.

Quem tiver consciência vai chegar à conclusão

de que:

É muito melhor beber vinho e dizer umas

merdas, do que beber umas merdas e não

dizer nada'.

Emergência no avião

Há cinco pessoas no avião: Bolsonaro, Boris

Johnson, o Papa, a Angela Merkel e um

garoto de 10 anos de idade.

O avião avariou e estava a cair e no avião

só havia quatro para-quedas.

Bolsonaro diz: “Um é meu. Eu já fui para-

-quedista e Brasil precisa de mim”. Coloca-o

às costas e salta.

Johnson diz: “O Reino Unido está numa

encrizilhada e precisa de mim”. Pega em

outro para-quedas e salta.

O Papa diz: “A Igreja de Pedro precisa de

mim para a guiar”. Pega outro e salta.

Merkel diz: “Vai lá, garoto. Pega o para-

-quedas que sobrou. A minha vida está a

terminar e a tua está no começo”.

E o garoto aflito responde: “Não precisa,

porque há ainda dois para-quedas. Aquele

senhor que disse que já foi para-quedista

saltou com minha mochila de escola”.

Problemas de um polícia de trânsito,

em tempos de quarentena.

....

Depois de arrumar toda a bagagem do Papa

FRANCISCO, o motorista reparou que o

Papa ainda se encontrava no exterior do

veículo. --”Desculpe-me Sua Santidade”,

disse o motorista, “Não se importa de ocupar

o seu lugar para que possamos seguir?”.

--”Bem, para dizer a verdade”, diz o Papa,

“No Vaticano nunca me deixavam conduzir

quando era Cardeal, como Papa ainda menos,

e apetecia-me mesmo conduzir hoje!”.

--”Desculpe-me Sua Santidade, mas não

posso fazer isso. Perderia o meu emprego!

E se acontecesse alguma coisa?” protestou

o motorista, desejando não ter ido trabalhar

nessa manhã.

--”E quem é que vai contar?, diz o Papa

com um sorriso.

Relutante, o motorista senta-se atrás, enquanto

o Papa ocupa o lugar ao volante.

O motorista imediatamente se arrepende

pois, mal deixam o aeroporto o Papa mete

o prego a fundo acelerando o carro até aos

cento e muitos km/h.

.--”Por favor, Sua Santidade!” implora o

preocupado motorista; mas o Papa continua

com o prego a fundo até que se ouvem

sirenes.

--”Oh, meu Deus, vou perder a minha carta

de condução e o emprego!”,

soluçava o motorista.

O Papa encosta o carro e desce o vidro

quando o polícia se aproxima;

Quando este olha para ele, regressa à mota

e estabelece contacto rádio com a Central.

--”Preciso de falar com o Chefe”, informa

ao operador.

O Chefe responde e o guarda diz-lhe que

mandou parar um carro que seguia a mais

de 120 km/h.

--”Então aplica-lhe a multa”, diz o Chefe.

--”Não creio que devamos fazer isso, ele é

mesmo importante”, diz o polícia.

O Chefe exclama, “Por isso mesmo, multa

o sacana!”

--”Não, é que é MESMO importante”, insiste

o guarda.

Então o Chefe pergunta, “Quem tens aí, o

Presidente da Câmara?”

E o polícia: “Mais alto”.

O Chefe: “Um deputado?”

Polícia: “Mais importante”.

Chefe: “O Primeiro Ministro?”.

Polícia: “Muito mais!”.

--”Bolas”, diz o Chefe, “Então quem é?”.

O polícia: “Acho que é Deus!”.

O Chefe fica atrapalhado, “E o que te leva

a pensar que seja Deus?”.

Polícia: “É que o motorista dele ... é o

Papa!”.

DATAS COMEMORATIVAS - 2020

01 QUA Dia das Mentiras - 1º de Abril

01 QUA Dia Internacional da Diversão no Trabalho

02 QUI Dia Internacional do Livro Infantil

02 QUI Dia Mundial da Consciencialização do

Autismo

04 SÁB Dia Mundial do Rato

04 SÁB Dia Internacional Contra as Minas Antipessoais

05 DOM Domingo de Ramos

05 DOM Dia Nacional da Artrite Reumatoide

06 SEG Dia Mundial da Actividade Física

06 SEG Dia Internacional do Desporto ao Serviço

do Desenvolvimento e da Paz

07 TER Dia Mundial da Saúde

07 TER Dia Internacional do Castor

07 TER Dia Internacional para Reflexão do Genocídio

de 1994 contra os Tutsi em Ruanda

08 QUA Dia Internacional do Cigano

10 SEX Sexta-Feira Santa

11 SÁB Sábado Santo

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11 SÁB Dia Mundial da Doença de Parkinson

12 DOM Páscoa

13 SEG Dia do Beijo

14 TER Dia Internacional do Café

15 QUA Dia Mundial da Arte

16 QUI Dia Mundial da Voz

17 SEX Dia Mundial da Hemofilia

22 QUA Dia Mundial da Terra

23 QUI Dia Mundial do Livro

23 QUI Dia Mundial do Escutismo

23 QUI Dia Nacional da Educação de Surdos

24 SEX Dia Mundial do Animal de Laboratório

25 SÁB Dia da Liberdade - 25 de Abril

26 DOM Dia Mundial da Propriedade Intelectual

27 SEG Dia Mundial do Design Gráfico

28 TER Dia Nacional de Prevenção e Segurança

no Trabalho

29 QUA Dia Mundial da Dança

29 QUA Dia Internacional do Cão-Guia

30 QUI Dia Internacional do Jazz


Confie em si...

Controle a ansiedade de uma

forma natural

Sabia que você é a sua melhor companhia? Só você pode e deve ditar o

rumo da sua vida. Então confie em si e invista numa bela parceria com você

mesmo. Leia, escreva e oiça boa música de qualidade. E desta forma você

será forte para lidar com a ansiedade do dia a dia.

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Baptista Soares

(Endireita)

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46

HORÓSCOPO

RV - JOANA ARAÚJO (*)

CARNEIRO

Muita energia durante toda a semana. A única

coisa a que deve prestar mais atenção é

à ingestão de água, que deve ser abundante.

No amor terá muita necessidade de demonstrar

os seus sentimentos, podendo

chegar ao exagero.

Não encontrará a resposta que procura na

pessoa que ama.

No trabalho demonstrará muita actividade

e capacidade de improvisação para solucionar

alguns problemas.

Esta altura constitui já a passagem a um

momento mais tranquilo, mais interiorizado.

A passagem da Lua será responsável por

esta gradual transformação do seu diálogo

com o mundo. Pode trazer-lhe, por um lado,

uma súbita falta de confiança, mas, por outro,

um diálogo esclarecedor e construtivo.

LEÃO

Se necessita tomar medicamentos, opte

pela via natural, e melhorará a sua qualidade

de vida.

Sairá com a pessoa que ama mais vezes do

que o habitual e procurarão locais diferentes

para os momentos de mais intimidade.

Um trabalho que dava por terminado, reaparecerá

para sofrer pequenas alterações

e ser melhorado na sua totalidade.

SAGITÁRIO

As costas e os órgãos sexuais poderão

dar-lhe algum problema que será de fácil

solução se consultar o médico a tempo.

Uma ligeira indisposição deixará a pessoa

que ama em baixo de forma, mas saberá

como levantar- lhe a moral e o ânimo.

Assumirá responsabilidades que não são

suas e saberá ultrapassar as dificuldades

que surgirem.

Touro

Marte em Oposição à Lua representa um

momento de emoções intensas e conflitos

emocionais. Neste momento poderá ser

difícil lidar com o sexo oposto, embora fosse

bom nesta altura desse mais importância

aos aspectos positivos de qualquer relação.

Virgem

Como está com uma certa falta de concentração

nesta fase deve evitar tomar decisões

importantes tanto nos negócios como na

sua vida pessoal. Poderá sentir-se enervado

sem saber a causa. Este é uma boa altura

para se auto examinar.

Capricórnio

Embora possa sentir uma maior vontade de

tirar mais partido da casa e da família, vai

ser aí onde as coisas se poderão mostrar

um pouco mais atabalhoadas, menos harmoniosas

ou menos controladas.

GÉMEOS

Haverá uma preocupação exagerada com a

saúde e com a estética corporal, podendo

chegar à obsessão.

Continuará a pensar em alguém do seu

passado que deixou marcas profundas na

sua vida e a pessoa que está actualmente

consigo notá-lo-á.

A chegada de novos companheiros de trabalho

serão a desculpa para um rendimento

mais alto do que o habitual e também para

quebrar a rotina.

Caranguejo

BALANÇA

Necessitará dormir mais horas do que tem

dormido até aqui e o seu organismo agradecerá

se fizer alguma dieta depurativa.

A sua relação não passa por dos seus melhores

momentos e a pessoa que ama estará

em baixo de forma e necessitando estar

sozinha. Façam uma pausa no caminho!

Sentirá o apoio dos seus companheiros de

trabalho para realizar uma tarefa que é da

sua responsabilidade.

Escorpião

Está a entrar num momento de grande descontracção,

sobretudo devido à sua paz

interior. Terá uma real sensação de segurança,

tranquilidade, sem a preocupação

de assuntos pendentes que noutras alturas,

embora nem sejam significativos, o deixam

insatisfeito.

AQUÁRIO

Respire mais ar puro e melhorará grandemente

a sua saúde. Corrija posições incorrectas

no trabalho.

A pessoa que comparte a sua vida, comparte

também os seus gostos e juntos poderão

viver momentos de muita cumplicidade.

Começa uma nova etapa profissional que

estimulará a sua competitividade e dará a

conhecer as suas capacidades.

Peixes

Durante este trânsito de Mercúrio pode tomar

iniciativas, mas prepare-se para defender

as suas ideias com unhas e dentes.

Da sua convicção e determinação poderá

nascer a vitória. A insatisfação e intranquilidade

que agora sente é passageira, ainda

assim, no entanto, preferirá o isolamento e

a reflexão ao convívio.

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OPINIÃO

Sobre os 46 anos

do 25 de Abril

MANUEL ARAÚJO

Muitos saudosistas, dizem hoje que naquele tempo

é que era bom e que, até éramos ricos. Sim, éramos

ricos, os cofres do Estado Novo estavam a abarrotar,

mas o povo morria com fome, havia miséria, não

tinha liberdade de pensar, de agir e a grande maioria

da população era ainda por cima analfabeta, sendo

este era o grande trunfo do Estado Novo. — Quanto

mais ignorante e burro melhor —

Havia bufos da PIDE por todo o lado, que intimidavam

e prendiam indiscriminadamente quem lhe

apetecia e muitas vezes, os prisioneiros eram deportados

para o Tarrafal, o campo de concentração

do ditador Salazar, onde muitos chegaram a morrer

sem sequer serem julgados…

É desse tempo que uma classe política, que com

a ajuda de quase toda a comunicação social nos

querem fazer esquecer…

Salazar, a Igreja e o regime caminharam sempre

lado a lado. O Estado Novo orientava-se segundo

os princípios da tradição: Deus, Pátria, Família,

Autoridade, Hierarquia, Moralidade, Paz Social e

Austeridade.

Esses princípios, foram os principais causadores do

atraso, da tirania, da prepotência da classe dominadora,

da fome, da falta de liberdade, da censura,

do analfabetismo, do medo e da guerra colonial,

onde ingloriamente, morreram perto de DEZ MIL

jovens portugueses… para nada.

Salazar, foi para Portugal e para o seu povo, o PIOR

de todos os portugueses, desde a fundação da nacionalidade.

Pensemos um pouco…

Hoje, o povo poderá não estar a viver como desejaria

e devemos continuar a lutar para melhorar as suas

condições de vida, mas aqueles que comparm o

tempo da escravatura, da fome, do arbítrio, da deportação,

da censura, do obscurantismo, da opressão

do maldito ditador Salazar, com o tempo que hoje

vivemos, é pura má-fé, ignorância, estupidez, (ou

tudo junto) do que foi uma das mais tenebrosas,

estúpidas, retrógradas e analfabetas ditaduras da

Europa, marcada pela máxima, orgulhosamente sós.

Viva a Democracia, viva o 25 de Abril!

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Escravos, sonâmbulos e zombies

CARMINDO DE CARVALHO

LITERATURA

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Mais um sábado temperado com uma sessão de trabalho.

Saio de casa. São 4:20. A cidade dorme. Mesmo indo por zona residencial, em cerca de 9 quilómetros

não vejo vivalma.

Cruzo-me com um gato, mais à frente outro e eles fazem-me pensar que afinal tinha razão quando por

várias vezes disse que a noite existe para os animais caçarem.

Na noite, os humanos normais, ora se divertem em festanças, ora se refregam numa saborosa massagem

enrolados em lençóis, ora dormem o sono dos justos.

Na lista musical procuro algo que me espicace, que me remexa os neurónios, que sirva de tónico para

arranjar apetite para enfrentar mais um sábado danado.

Agora, que de uns tempos a esta parte, trabalhamos quase grátis para arranjar minutos que diariamente

nos vão tirando. Simplesmente porque os senhores do grande capital cada vez mais alargam o cinto e de

nós exigem cada vez mais.

E assim vão eliminando direitos que levaram décadas a serem conseguidos.

Tudo isto nas barbas dos governantes cúmplices, calados e tolerantes porque é esse mesmo grande capital

que os senta no cadeirão do poder.

Porque sou branco, sinto-me um escravo moderno.

E lembro-me e comparo-me àqueles desgraçados escravos negros de outros tempos .

“ Sou mais um escravo caçado por um qualquer negreiro e este meu carro é o navio negreiro que me vai

levar até lá, à casa da escravatura”, penso.

Sinto-me violado, violentado na minha dignidade de Ser humano, prostituto, neste meu querer tentar

aguentar até à meta por mim traçada.

Há-de chegar o dia de fazer uma faixa a dizer : “Adeus casa de ratazanas.”

Já nas redondezas da fábrica começo a ver outros que também se vão pôr a jeito...

Lá dentro os do turno da noite, circulam amarelados, calados como ratos, sonâmbulos, mais zombies

que humanos.

E hoje, tenho que trabalhar mais quinze minutos porque o senhor, decidiu não pagar todo o tempo da

pausa. Coisa nunca vista nestes vinte e sete anos que por aqui, por estas paredes já cumpri.

18 de Março de 2017

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50

LITERATURA

Mãe galinha

Mãe, teu ventre me gerou

E o berço me embalou.

Teu doce falar

Ao acarinhar

Teu saber grandioso

Para a vida me soube preparar

Fazendo de mim trabalhador lutador

E não ocioso preguiçoso.

No ventre me transportaste

Imagino quanto peso carregaste!

Quantos sacrifícios passaste!

Tantos filhos criaste!

Mãe, sei que meu silêncio te faz sofrer.

Olha, não é palavra vã

Mesmo, mesmo amanhã te vou escrever.

E para alegrar teu coração

Sem mais demora

Que já é hora

A carta mando de avião.

Por favor

Se não gostas do meu sim

Então faz uso do teu direito

Eleva a essência

Do teu Ser

Dá-me o teu não

E a acutilância

Da tua indignação.

Mas por favor

Não me dês a conhecer

O que certamente

Será amargo

E degradante

O Sabor

Da tua Submissão.

Junho, 2016

Embalo envolvente

Se é verdade que uma imagem vale por

mil palavras, também verdade é que apenas

algumas palavras ( menos de mil ), podem

gerar muitas imagens.

Bastará que nos deixemos levar na

melodia que elas nos cantam! ...

E assim num embalo envolvente e

cativante poderemos ir, sem sair ... a sítios

onde nunca iríamos de outra forma.”

Junho, 2016

VCARMINDO

DE CARVALHO

Ghttps://www.fa-

cebook.com/carmindo.

carvalho

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CLZ

1. Fique em casa.

INFECTADO?

Cuidados a ter no domicílio

EDIÇÃO

DIGITAL

Abril 2020

2. Evite contacto com outras pessoas dentro de casa, dentro do possível. Deve ficar numa divisória arejada separada dos restantes

conviventes, com a porta fechada. Preferencialmente, use um quarto de banho próprio, bem como toalhas e utensílios de

higiene pessoal. Na impossibilidade de quarto de banho individual, reforce a limpeza da casa de banho após a sua utilização,

com água e lixívia.

3. Use uma máscara facial (cirúrgica) sempre que contactar com outras pessoas.

4. Cubra a boca com o braço ou um lenço de papel sempre que tossir ou espirrar. Coloque o lenço usado no lixo.

5. Lave as mãos com frequência com água e sabão durante 20 segundos e seque-as bem. Evite tocar nos olhos, nariz e boca

com as mãos sujas.

6. Evite a partilha de objetos dentro de casa.

7. A louça e a roupa usadas podem ser lavadas como habitualmente.

8. Não receba visitas.

9. Evite o contacto com animais domésticos. Caso o faça, lave as mãos antes e após o contacto.

10. Coloque todo o lixo, incluindo lenços de papel e máscaras, num saco e feche-o quando cheio. Insira esse saco dentro de

um segundo saco e feche-o e coloque-o no lixo normal.

11. Vigie os sintomas. Em caso de agravamento, em Portugal contacte a linha de apoio SNS 24 através do número 804 24 24 24,

indicando preferencialmente o seu número de utente, antes de se dirigir ao hospital, na Suíça +41 (0)58 464 44 88.

12. Mantenha estas medidas até 14 dias após o regresso da área ou contacto de risco e até resolução completa dos sintomas.

13. Todos os conviventes devem reforçar a higiene das mãos.

Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital São João - Porto

Saiba tudo sobre o Coronavírus neste esclarecedor video: https://youtu.be/BtN-goy9VOY

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