30PUBLICIDADEEm tempo de Pandemia...Amigos, espero que estejam todos bem. Para entreter nestes tempos conturbadoslembrem-se que na ausência de melhor, leiam os meus livros... Cuidem-se!encurtador.com.br/ahorUAbril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU
PEDROBARROSOÓBITO31“só peço que na fase pior, depois medêem muita morfina...” - Pedro BarrosoMANUEL ARAÚJOPedro Barroso, que foi colaborador do Lusitano deZurique, morreu na terça-feira, dia 17, aos 69 anos,em Lisboa, onde se encontrava internado desde o dia8 de Março.Começo por dizer, que sinto-me ainda desconfortável a escreversobre a morte do meu amigo Pedro Barroso. Irei ser breve e apenasdizer, que senti a dor do seu desaparecimento, lento e doloroso,como senti em alguns casos da perda de pessoas próximas.Conheci o Pedro pessoalmente há quase três décadas, primeirodevido à profissão e mais tarde na luta pela vida, contra o malditocancro. Sobre essa luta, poderia escrever muito mais, mas achoque não é ainda o momento para o fazer. Apenas direi, que tudo fizpara o ajudar a ultrapassar o problema oncológico que o minava,uma doença que eu bem conhecia e nos tornaou cumplices e nosfez tremer. O esforço de ambos pelo êxito foi grande, mas devido avários factores que agora não interessa especificar, falhamos.Durante todos estes anos, o Pedro foi um amigo incondicional,conselheiro e colaborador do jornal que fundei na Suíça na décadade noventa, tendo no início de 2005, a colaborador com a revistado Centro Lusitano de Zurique, a qual edito desde esse ano. Emmeados do ano 2000, convidado por mim, deu apoio a um projectointeressante mas falhado, destinado às Comunidades no estrangeiro,de uma “rádio, jornal e TV”, criado em Braga por um lunáticopouco digno.Ficou tanta coisa por dizer e fazer. Entre outras, vir a Braga comeraquele “Bacalhau à Braga” prometido, “mas desta vez uma coisade jeito”, pois o último que comemos na zona do Porto, de “Bacalhauà Braga” só tinha o nome e desapontou-nos. Ficou tambémpor “fazer a prova dos nove” à minha afirmação, de que a melhorLampreia que se come no norte, é na terra do Chefe Silva, Termasde Caldelas, a minha terra.O prefácio - “meia página”- de um livro de “apontamentos” queainda estou a escrever, ficou também por concretizar. O encurtamentoprecoce da vida, não lhe deu tempo de o escrever, mas oespaço no livro irá ficar em branco, em sua memória…O tempo estava a esgotar-se e ele sabia isso melhor que ninguém.As idas aos hospitais eram constantes e o prognóstico era sombrio…Pouco tempo antes de uma das suas últimas idas ao hospital, estivemosa conversar via Skype, onde a tristeza, preocupação e odesânimo era notório e indisfarçável. Triste e com o coração acelerado,eu bem tentei mostrar-me forte e transmitir-lhe ânimo, maserai difícil... Pedi-lhe desculpa por não o poder ter ajudado mais epelo falhanço do plano que havíamos previsto. Ele, já conformadocom o veredicto dos médicos, com uma voz estranhamente firme ecalma respondeu-me - “Desculpa bom amigo, mas só peço que nafase pior, depois me dêem muita morfina e pronto. Mas obrigado,obrigado mesmo e nunca és chato... grande abraço”...Aos filhos e à esposa Manuela, apresento os meus mais sentidos eprofundos pêsames.Adeus amigo, adeus companheiro!Abril 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU