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Artigo 1<br />
Autores:<br />
Jussiara S. da Silva, Camilla D. F. Carvalho, Sérgio S. Henrique Júnior, Andréa A. R. Alves<br />
10<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Jun/Jul 2020<br />
Análises Estatísticas<br />
Alguns aparelhos de análise-traço determinam<br />
após a leitura, a concentração real do<br />
analito na amostra, como o caso do aparelho<br />
de espectrômetro de absorção atômica em<br />
chama (EAA) utilizado neste trabalho. Para<br />
as análises dessa técnica, é esperado que as<br />
concentrações lidas estejam dentro da faixa da<br />
curva de calibração a partir das concentrações<br />
dos padrões de Pb e Cu. Com os dados de concentração<br />
detectados pelo aparelho, pode-se<br />
observar se as amostras de sombras em pó de<br />
maquiagem têm resíduos dos metais analisados<br />
e se estão dentro dos valores máximos<br />
permitidos pela legislação vigente. Para isso,<br />
existem os limites de detecção (LD) e quantificação<br />
(LQ) que foram realizadas segundo<br />
normas do INMETRO (2016) e são importantes<br />
para a análise das curvas analíticas e determinantes<br />
para a detecção da concentração de<br />
resíduos dos metais.<br />
O LD de um procedimento analítico individual<br />
é a menor quantidade de analito na<br />
amostra que pode ser detectada, mas não necessariamente<br />
quantificada sob as condições<br />
estabelecidas para o ensaio. O limite pode ser<br />
estimado pela Equação 1. 15<br />
Equação 1: LD = 3,3 s b<br />
O LQ de um procedimento analítico individual<br />
é a menor quantidade do analito na amostra<br />
que pode ser quantitativamente determinada<br />
com precisão e exatidão aceitáveis. O limite<br />
pode ser estimado pela Equação 2. 15<br />
Equação 2:<br />
LD = 10 s b<br />
Legenda – Equação 1 e 2:<br />
s: desvio padrão da resposta do branco (quando o branco<br />
não gera sinal, pode-se adotar para o valor de “s” o desvio<br />
padrão do menor nível da curva analítica);<br />
b: inclinação (coeficiente angular) da curva analítica (a<br />
inclinação “b” pode ser estimada por meio da curva analítica<br />
do analito construída na avaliação da linearidade).<br />
Resultados e Discussão<br />
A digestão ácida é considerada a mais<br />
eficaz dentre os dois métodos, pois garante<br />
a maior atomização (processo no qual uma<br />
amostra é convertida em átomos ou íons<br />
na fase gasosa) das amostras de sombras<br />
de maquiagem, isto é, consegue remover o<br />
analito da amostra e deixá-lo mais disponível<br />
para a atomização. A análise no EAA levou<br />
questão de segundos (3-10 segundos)<br />
e a leitura foi realizada em triplicata. Foi<br />
gerado um material para auxílio das análises<br />
e tabulação dos resultados. As amostras<br />
de sombra de maquiagem A, B e C foram<br />
digeridas pelos métodos 1 e 2 e pôde-se<br />
observar a aparência de cada solução e que<br />
por digestão ácida, a solução adquiriu coloração<br />
mais clara e limpa, aspecto desejável<br />
para análise no EAA.<br />
Assim, observou-se: no método 1, amostra<br />
de sombra de maquiagem A: a solução<br />
apresentou cor muito próxima da cor anterior<br />
ao tratamento e observou-se que antes<br />
do aquecimento em banho sônico, nada<br />
ocorreu, no entanto após os 15 minutos de<br />
digestão, resultou em uma solução de aparência<br />
turva e brilhosa e com menos amostra<br />
de sombra de maquiagem no fundo do<br />
béquer. Após a filtração, a cor dessa solução<br />
permaneceu clara e a solução homogênea<br />
até a leitura no EAA. As amostras de sombras<br />
de maquiagem B e C apresentaram<br />
comportamento muito similar à amostra<br />
A. O mesmo procedimento foi realizado em<br />
ambas as amostras e todas com aparência<br />
turva e brilhosa antes da filtração, porém a<br />
cor da amostra de sombra B se destacou,<br />
pois mudou totalmente após o aquecimento.<br />
Já a amostra C, permaneceu com a sua<br />
colação antes e após a digestão. Acredita-<br />
-se que pela mudança total da coloração da<br />
amostra de sombra B, os metais estivessem<br />
mais dispostos em solução devido a quebra<br />
das ligações de seus compostos orgânicos<br />
devido ao aumento da temperatura. Essa<br />
diferença de visual pode ter ocorrido pela<br />
distinta composição química das sombras<br />
em pó de maquiagem.<br />
Pelo método 2, as amostras A, B e C sofreram<br />
modificação aparente. Ao longo da adição<br />
de H2O2 e HNO3, as soluções apresentaram<br />
excitação e mudança de cor em intervalos de<br />
tempo até atingir sua coloração final: a amostra<br />
A, que inicialmente apresentou coloração<br />
clara, e após a digestão sua aparência mudou<br />
para transparente. Já a amostra de sombra B,<br />
mudou totalmente para coloração mais escura.<br />
E a amostra C, mudou da sua cor clara para<br />
transparente. Todas as 3 amostras mudaram<br />
de cor e além disso, apresentaram aparência<br />
mais nítida, pouquíssimo corpo de fundo<br />
(amostras das sombras) no béquer e nenhum<br />
brilho após a digestão e antes da filtração, aspectos<br />
que não ocorreram no método 1 antes<br />
da filtração.<br />
Cobre<br />
A técnica de absorção atômica é muito eficiente<br />
para se determinar este elemento, inclusive<br />
é um elemento usado para se otimizar<br />
os equipamentos. 14<br />
A curva de calibração para a determinação<br />
de Cu compreendeu a faixa de 0,00 a 4,00 mg<br />
L-1, com os seguintes pontos: 0,00; 0,10; 0,20;<br />
0,50; 1,00; 2,00; 4,00 mg L -1 . Faria (2017) utilizou-se<br />
para a curva de calibração do metal Cu<br />
a faixa de 0,1 a 2,5 mg L-1, para determinação<br />
do elemento em cosméticos batom e sombras<br />
de maquiagem por espectrometria de absorção<br />
atômica em chama.9 As absorbâncias e as<br />
concentrações obtidas estão representadas na<br />
Tabela 1.<br />
15 Instituto Nacional De Metrologia, Qualidade E Tecnologia. Orientação sobre Validação de Métodos<br />
Analíticos DOQ-CGCRE-008. Coordenação Geral de Acreditação 2016, 5, 13-16. [Link]<br />
16 Skoog, West, Holler, Crouch. Fundamentos de Química Analítica, 8a ed., Thomson: Norte<br />
Americana, 2006.<br />
Tabela 1: Dados para a curva de calibração do Cu através da análise no EAA em chama. Fonte:<br />
Autores.<br />
Concentração<br />
Inserida<br />
ID Sinal<br />
DPR<br />
(mg L -1 ) (Abs)<br />
(mg/L) (mg/L) (%)<br />
(%)<br />
Branco 0,000 0,00 0,00 0,00 0,62<br />
0,10 0,005 0,10 0,12 23,00 8,22<br />
0,20 0,007 0,20 0,19 2,50 17,10<br />
0,50 0,018 0,50 0,48 2,80 2,46<br />
1,00 0,043 1,00 1,11 11,40 3,00<br />
2,00 0,085 2,00 2,20 10,20 1,97<br />
4,00 0,148 4,00 3,85 3,73 1,41<br />
Legenda:<br />
ID: Identificação das concentrações inseridas para leitura em mg L -1 , no EAA.<br />
Sinal (Abs): Absorbância lida para uma dada concentração.<br />
Concentração Tabela inserida: 1: Dados Concentração para padrão a curva inserida de Cu calibração para leitura no do aparelho. Cu através da<br />
Concentração calculada: Concentração lida pelo aparelho de acordo com a concentração inserida.<br />
DPR<br />
análise<br />
(%): Desvio<br />
no<br />
padrão<br />
EAA<br />
relativo<br />
em chama.<br />
em porcentagem.<br />
NA: Cálculo não aplicado, pois a concentração inserida e calculada é zero.<br />
Fonte: Autores.<br />
Concentração<br />
Calculada<br />
Erro<br />
Relativo<br />
Tabela 2: Dados como sinal, concentração e DPR % das sombras A, B e C, em relação ao método 1,<br />
para o Cu através da análise no EAA em chama. Fonte: Autores.<br />
Legenda:<br />
Sinal Concentração DPR<br />
Sombras<br />
(Abs) (mg L<br />
ID: Identificação das concentrações inseridas para leitura em mg -1 ) (%)<br />
L-1, no EAA.<br />
A 0,004 0,09 0,05<br />
Sinal (Abs): Absorbância lida para uma dada concentração.<br />
B 0,032 0,83 0,06<br />
Concentração inserida: Concentração padrão inserida de Cu para leitura no<br />
C 0,001 0,03 0,14<br />
aparelho. Concentração calculada: Concentração lida pelo aparelho de acordo<br />
com a concentração inserida. DPR (%): Desvio padrão relativo em porcentagem.<br />
NA: Cálculo não aplicado, pois a concentração inserida e calculada é zero.<br />
Legenda:<br />
ID: Identificação das concentrações inseridas para leitura em mg L -1 , no EAA.<br />
Sinal (Abs): Absorbância lida para uma dada concentração.<br />
Concentração inserida: Concentração padrão inserida de Cu para leitura no aparelho.<br />
Concentração calculada: Concentração lida pelo aparelho de acordo com a concentração inserida.<br />
DPR (%): Desvio padrão relativo em porcentagem.<br />
Tabela 3: Dados como sinal, concentração e DPR% das sombras A, B e C, em relação ao método 2,<br />
para o Cu através da análise no EAA em chama. Fonte: Autores.<br />
Sombras<br />
Sinal<br />
(Abs)<br />
Concentração<br />
(mg L -1 )<br />
DPR<br />
%