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PERSONALIDADE
19
Caldelas
Chefe Silva
Biografia I
Em 1934, com o nome curto e simples
de António da Silva, nasceu
em Caldelas uma criança, filha de
Domingos Rodrigues, com 75 anos
e de Teresa de Jesus da Silva, uma
jovem de 30 anos. Logo à nascença
ficou marcado o cunho singular
que haveria de o acompanhar por
toda a vida.
AMÍLCAR MALHÓ (*)
1934, ano de nascimento. Caldelas, lugar
de nascimento. António da Silva, nome
de registo.
Em 29 de Março de 1834 nasceu, no concelho
de Vila Verde, o Abade de Priscos,
cujo nome ficou ligado ao Pudim Abade
de Priscos. Deixou o manuscrito ‘Livro de
Receitas Culinárias.
Um século depois, o ano de 1934 ficou
marcado, entre outros acontecimentos, por:
A nível internacional
O nascimento, em Londres, de Mary Quant,
conhecida mundialmente como a criadora
da mini-saia, da actriz italiana Sophia Loren,
de Richard Chamberlain, famoso no papel
de Dr. Kildare e do poeta e cantor canadiano,
Leonard Cohen que foi cozinheiro
durante seis anos.
Na sequência da morte de Hindenburg
fizeram-se eleições, controladas pelos
nazis, nas quais Hitler é o mais votado,
assumindo o poder.
Neste mesmo ano, Hitler encomendou ao
engenheiro austríaco Ferdinand Porsche o
desenvolvimento de um carro pequeno que
fosse, ao mesmo tempo, barato e económico;
um «carro popular», que em alemão
se dizia Volkswagen.
A nível nacional
A 18 de Janeiro de 1934 deu-se a revolta da
Marinha Grande, um levantamento operário
que fez tremer Salazar.
Fernando Pessoa publicou Mensagem.
Inauguração do monumento ao Marquês
de Pombal, em Lisboa.
Foi inaugurado o Cine-Teatro Beatriz Costa
na Malveira.
Realizou-se, no Porto, a 1ª Exposição Colonial
Portuguesa.
O Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel
Cerejeira, visitou o Cristo Redentor do Rio
de Janeiro e decidiu construir em Portugal
uma obra semelhante.
O Decreto nº 24402 estabelecia as oito
horas de trabalho diárias para a indústria e
comércio. O descanso semanal obrigatório
era ao Domingo.
Foi inaugurado no Porto, o Restaurante
Escondidinho, em Lisboa a Taberna da Tia
Matilde e em Cacilhas a Floresta do Ginjal.
No Porto, nasceu Francisco Sá Carneiro,
o fundador do Partido Social Democrata.
Em Lisboa, nasceu Frei Hermano da Câmara
Em 29 de Março nasceu um menino baptizado
com o nome de António da Silva, no
concelho de Amares, lugar de Caldelas.
O nome de Caldelas (Caldellas na grafia antiga),
é todo de origem latina e o seu significado relaciona-se
directamente com as nascentes mínero-
-medicinais. Assim, etimologicamente, o vocábulo
“Caldellas” é uma palavra derivada do étimo latino
“calda” (que significa água quente) com o sufixo
diminutivo “ella” igualmente latino (que junta a ideia
de pequenez), sendo o plural utilizado para referir
duas nascentes. “Caldellas” significa portanto,
literalmente, “pequenas águas quentes”, sendo
que o nome da povoação está ligado ao período
da romanização, existindo registos escritos deste
nome desde o século XIII. Caldelas, só com um “l”,
é a grafia moderna, adoptada no primeiro quartel
deste século.
Em 1779, Frei Cristóvão dos Reis, um frade carmelita
descalço, administrador da botica do Convento
do Carmo em Braga, publicou “Reflexões Experimentais
Metódico-Botânicas (e outras notícias de
águas minerais)”, onde faz várias considerações
sobre as duas nascentes termais, a que chamou
Caldas do Albito, na freguesia de Caldelas.
Para as águas das duas nascentes refere virtudes
terapêuticas extraordinárias nas áreas de tratamentos
cutâneos e gástrico-intestinais,
As águas mínero-medicinais de Caldelas começaram
a ser administradas pelos frades do Mosteiro
de Rendufe em 1780 e foi na sua administração
que se operou, nas Caldas do Albito, a transição
da fase de utilização primitiva, para uma utilização
disciplinada, a caminho da exploração moderna.
Caldelas é uma das 24 freguesias do concelho
de Amares, um dos 14 que integram o distrito
de Braga.
Amares é terra de Solares Medievais e Mosteiros
das Ordens Beneditina e de Cister. As suas gentes,
simples e hospitaleiras, encantam-se pelo
sussurrar das águas dos rios Homem e Cávado,
enquanto colhem da terra e levam para a mesa
a gastronomia de paladar caseiro acompanhada
por um dos melhores vinhos verdes brancos da
região e das famosas laranjas de Amares.
A gastronomia deste município minhoto, que pode
dividir-se em senhorial, termal, conventual e rural,
rica e variada, serviu certamente de inspiração ao
seu famoso “filho da terra”.
Papas de sarrabulho, rojões “à Minhota”, cozido
à portuguesa, arroz de pato, bacalhau “à Abadia”,
pastéis de bacalhau, pataniscas de bacalhau,
perna de porco assada no forno, cabrito assado
no forno, leitão assado no forno, vitela assada e
arroz de “pica no chão”, constituem alguns dos
pratos fortes da gastronomia de Amares.
Para sobremesa, a oferta também é irresistível:
leite creme queimado, pudim de laranja, arroz
doce, formigos, rabanadas, peras bêbedas, bolo
rei, pão de ló, doces de laranja e de romaria e a
laranja ao natural, sobretudo nos meses sem “r”,
ou seja, de Maio a Agosto.
Do excelente vinho aqui produzido, com predominância
da casta loureiro, desconhece-se a origem
da designação “Verde”, mas talvez derive da sua
juventude, uma vez que se bebe novo (preferencialmente
no ano seguinte à colheita).
Em Junho de 2004 a Câmara Municipal de Amares
atribuiu a Medalha de Ouro do Concelho a um
ilustre munícipe que, em Caldelas, por iniciativa
da Junta de Freguesia, tem uma rua com o seu
nome: António Silva (Chefe Silva).
(*) com o Patrocínio da Comissão Vitivinícola Regional
de Lisboa (Vinhos de Lisboa)
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