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NOVEMBRO 2020 - edição nº 270

Orgão oficial do Centro Lusitano de Zurique

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PERSONALIDADE

19

Caldelas

Chefe Silva

Biografia I

Em 1934, com o nome curto e simples

de António da Silva, nasceu

em Caldelas uma criança, filha de

Domingos Rodrigues, com 75 anos

e de Teresa de Jesus da Silva, uma

jovem de 30 anos. Logo à nascença

ficou marcado o cunho singular

que haveria de o acompanhar por

toda a vida.

AMÍLCAR MALHÓ (*)

1934, ano de nascimento. Caldelas, lugar

de nascimento. António da Silva, nome

de registo.

Em 29 de Março de 1834 nasceu, no concelho

de Vila Verde, o Abade de Priscos,

cujo nome ficou ligado ao Pudim Abade

de Priscos. Deixou o manuscrito ‘Livro de

Receitas Culinárias.

Um século depois, o ano de 1934 ficou

marcado, entre outros acontecimentos, por:

A nível internacional

O nascimento, em Londres, de Mary Quant,

conhecida mundialmente como a criadora

da mini-saia, da actriz italiana Sophia Loren,

de Richard Chamberlain, famoso no papel

de Dr. Kildare e do poeta e cantor canadiano,

Leonard Cohen que foi cozinheiro

durante seis anos.

Na sequência da morte de Hindenburg

fizeram-se eleições, controladas pelos

nazis, nas quais Hitler é o mais votado,

assumindo o poder.

Neste mesmo ano, Hitler encomendou ao

engenheiro austríaco Ferdinand Porsche o

desenvolvimento de um carro pequeno que

fosse, ao mesmo tempo, barato e económico;

um «carro popular», que em alemão

se dizia Volkswagen.

A nível nacional

A 18 de Janeiro de 1934 deu-se a revolta da

Marinha Grande, um levantamento operário

que fez tremer Salazar.

Fernando Pessoa publicou Mensagem.

Inauguração do monumento ao Marquês

de Pombal, em Lisboa.

Foi inaugurado o Cine-Teatro Beatriz Costa

na Malveira.

Realizou-se, no Porto, a 1ª Exposição Colonial

Portuguesa.

O Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel

Cerejeira, visitou o Cristo Redentor do Rio

de Janeiro e decidiu construir em Portugal

uma obra semelhante.

O Decreto nº 24402 estabelecia as oito

horas de trabalho diárias para a indústria e

comércio. O descanso semanal obrigatório

era ao Domingo.

Foi inaugurado no Porto, o Restaurante

Escondidinho, em Lisboa a Taberna da Tia

Matilde e em Cacilhas a Floresta do Ginjal.

No Porto, nasceu Francisco Sá Carneiro,

o fundador do Partido Social Democrata.

Em Lisboa, nasceu Frei Hermano da Câmara

Em 29 de Março nasceu um menino baptizado

com o nome de António da Silva, no

concelho de Amares, lugar de Caldelas.

O nome de Caldelas (Caldellas na grafia antiga),

é todo de origem latina e o seu significado relaciona-se

directamente com as nascentes mínero-

-medicinais. Assim, etimologicamente, o vocábulo

“Caldellas” é uma palavra derivada do étimo latino

“calda” (que significa água quente) com o sufixo

diminutivo “ella” igualmente latino (que junta a ideia

de pequenez), sendo o plural utilizado para referir

duas nascentes. “Caldellas” significa portanto,

literalmente, “pequenas águas quentes”, sendo

que o nome da povoação está ligado ao período

da romanização, existindo registos escritos deste

nome desde o século XIII. Caldelas, só com um “l”,

é a grafia moderna, adoptada no primeiro quartel

deste século.

Em 1779, Frei Cristóvão dos Reis, um frade carmelita

descalço, administrador da botica do Convento

do Carmo em Braga, publicou “Reflexões Experimentais

Metódico-Botânicas (e outras notícias de

águas minerais)”, onde faz várias considerações

sobre as duas nascentes termais, a que chamou

Caldas do Albito, na freguesia de Caldelas.

Para as águas das duas nascentes refere virtudes

terapêuticas extraordinárias nas áreas de tratamentos

cutâneos e gástrico-intestinais,

As águas mínero-medicinais de Caldelas começaram

a ser administradas pelos frades do Mosteiro

de Rendufe em 1780 e foi na sua administração

que se operou, nas Caldas do Albito, a transição

da fase de utilização primitiva, para uma utilização

disciplinada, a caminho da exploração moderna.

Caldelas é uma das 24 freguesias do concelho

de Amares, um dos 14 que integram o distrito

de Braga.

Amares é terra de Solares Medievais e Mosteiros

das Ordens Beneditina e de Cister. As suas gentes,

simples e hospitaleiras, encantam-se pelo

sussurrar das águas dos rios Homem e Cávado,

enquanto colhem da terra e levam para a mesa

a gastronomia de paladar caseiro acompanhada

por um dos melhores vinhos verdes brancos da

região e das famosas laranjas de Amares.

A gastronomia deste município minhoto, que pode

dividir-se em senhorial, termal, conventual e rural,

rica e variada, serviu certamente de inspiração ao

seu famoso “filho da terra”.

Papas de sarrabulho, rojões “à Minhota”, cozido

à portuguesa, arroz de pato, bacalhau “à Abadia”,

pastéis de bacalhau, pataniscas de bacalhau,

perna de porco assada no forno, cabrito assado

no forno, leitão assado no forno, vitela assada e

arroz de “pica no chão”, constituem alguns dos

pratos fortes da gastronomia de Amares.

Para sobremesa, a oferta também é irresistível:

leite creme queimado, pudim de laranja, arroz

doce, formigos, rabanadas, peras bêbedas, bolo

rei, pão de ló, doces de laranja e de romaria e a

laranja ao natural, sobretudo nos meses sem “r”,

ou seja, de Maio a Agosto.

Do excelente vinho aqui produzido, com predominância

da casta loureiro, desconhece-se a origem

da designação “Verde”, mas talvez derive da sua

juventude, uma vez que se bebe novo (preferencialmente

no ano seguinte à colheita).

Em Junho de 2004 a Câmara Municipal de Amares

atribuiu a Medalha de Ouro do Concelho a um

ilustre munícipe que, em Caldelas, por iniciativa

da Junta de Freguesia, tem uma rua com o seu

nome: António Silva (Chefe Silva).

(*) com o Patrocínio da Comissão Vitivinícola Regional

de Lisboa (Vinhos de Lisboa)

Novembro 2020 | Lusitano de Zurique | WWW.CLDZ.EU

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