ADVIR40
A Revista Advir (edição 40) é uma publicação da Associação de Docentes da UERJ.
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ção, funções estas que pouco ou nada são consideradas em editais de
fomento à pesquisa, mas que são cruciais para o funcionamento da universidade.
Percebemos que todas essas questões eram comuns às mães
cientistas de diferentes áreas.
Para além do que é comum entre nós, temos ainda especificidades
que são mais invisibilizadas ainda, como o caso das mães com filhos
com deficiência, ou que possuem alguma deficiência elas mesmas. Embora
esse possa ser um número de pessoas considerado pequeno no
universo acadêmico, levanta questões muito importantes para se pensar
essa questão da temporalidade, pois vivemos numa sociedade onde
ainda imperam barreiras arquitetônicas e
atitudinais que dificultam o trabalho do cuidado
para essas mães e exigem um tempo estendido
de cuidados diários, muitas vezes por toda
a vida. Temos também especificidades ligadas
à questão racial e geracional. As mulheres negras
ainda são minoria no quadro de docentes
das universidades, essa realidade tem mudado,
mas ainda lentamente, e essas mães enfrentam
questões particulares relacionadas ao racismo
estrutural, que dificultam o acesso das mulheres
negras à universidade.
Nosso objetivo
é agregar as
mães da
comunidade
acadêmica
como um todo,
discentes e
técnicas
No caso geracional, temos o trabalho do cuidado
que toma outra feição quando as docentes/pesquisadoras
envelhecem e, ou bem elas
precisam de cuidados também, ou precisam
cuidar ou gerenciar o cuidado de outros parentes, como maridos, ou
mesmo seus pais mais idosos. Podemos ainda falar da maternidade/
paternidade em casais homoafetivos, algo que também é pouco discutido.
Precisamos pensar novos modelos de licença-maternidade, por
exemplo, e de licença-paternidade também, que possa ser compartilhada
entre duas mães ou dois pais. Em nosso GT, temos essa diversidade
contemplada, temos mães negras, mães de filhos com alguma
deficiência, mães em relações homoafetivas, mães solo, mães com filhos
adolescentes ou já entrando na idade adulta, e mulheres que não
são mães também, e isso nos enriquece bastante, porque cada uma pode
trazer suas experiências e questões para somar.
Temos um desafio muito grande pela frente e por isso a importância
da institucionalização do GT, para que possamos realizar pesquisas
que fundamentem ações concretas e que se dirijam a toda a comunidade
uerjiana, pois nosso objetivo é agregar as mães da comunidade acadêmica
como um todo, discentes e técnicas, e construir políticas
institucionais que avancem para promoção de igualdade de gênero
dentro da UERJ e que possam transformar de alguma forma nosso olhar
Advir • dezembro de 2020 • 21