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PROFISSÕES DO FUTURO<br />
Mudança muito lenta<br />
João Gomes, partner da Jason Moçambique, tem feito vários<br />
estudos que abordam questões da área do trabalho, skills,<br />
e tecnologia, e confirma que o movimento está só a começar,<br />
e de forma tímida. Ou seja, há pouquíssimas empresas<br />
e pessoas que já têm noção do que está a acontecer, muito<br />
menos as que estão a investir na migração para o trabalho<br />
do futuro. Estas poucas resumem-se apenas nas entidades<br />
que dão suporte a todas as redes de pagamentos, assim como<br />
as empresas de telefonia móvel e o sistema financeiro.<br />
Mas todos estes “estão numa fronteira muito distante da robotização,<br />
embora haja informação suficiente para tentar<br />
trazer o futuro para agora”, explicou o responsável.<br />
Esta linha é partilhada por outros especialistas. Para Samuel<br />
Maputso, Director de Capital Humano do BancABC,<br />
com participação em várias iniciativas como o Fórum dos<br />
Recursos Humanos de Moçambique, “olhando para os resultados<br />
das pesquisas feitas fora, arrisco-me a dizer que se<br />
estivermos a ganhar alguma consciência da mudança, que<br />
será inevitável, ainda estamos tímidos. Quando converso<br />
com a maior parte dos meus colegas dos Recursos Humanos<br />
(RH) não sinto grande nível de consciência em relação<br />
a este tema. Já falámos sobre o assunto em algumas conferências,<br />
mas ainda estamos numa fase de curiosidade com<br />
alguma descrença”. Também Paulo Santos, líder da Heading,<br />
empresa que estabelece a ponte entre quem procura<br />
e quem oferece mão-de-obra qualificada, entende que “do<br />
lado dos nossos (seus) clientes, ainda não há sinais de que tenham<br />
começado a equacionar essa nova lógica no perfil dos<br />
Recursos Humanos, mas vai começar a acontecer e terá de<br />
ser liderada por pessoas mais autónomas, com maior capacidade<br />
de decisão, de auto-motivanção e perfis que vão ser<br />
cada vez mais adaptadas às novas tecnologias”, observou.<br />
Já a Contact, uma das mais destacadas empresas de recrutamento<br />
do mercado, mesmo sem ser específica, assume<br />
ser “racional afirmarmos que já começa a haver algumas<br />
profissões que estão a cair em desuso em Moçambique por<br />
conta das novas exigências do mercado forçadas pelo avanço<br />
tecnológico e, recentemente, pela pandemia do covid-19”.<br />
Pobreza e o risco de “ver o comboio passar”<br />
João Gomes deu grande ênfase às características socioeconómicas<br />
do País ao prever o futuro do trabalho. Para o<br />
especialista, uma questão fundamental a ter em consideração<br />
é que o processo de transição para as novas profissões<br />
será selectivo.<br />
As pessoas que terão maior facilidade de mudar de carreira<br />
não são as que estarão, necessariamente, em busca de<br />
trabalho, e sim as profissional e economicamente bem-sucedidas<br />
e que, com bons salários, buscarão novas carreiras<br />
por estarem emocionalmente esgotadas de fazerem as<br />
mesmas coisas.