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ENTREVISTA<br />
as impressões em 3D. Recentemente, o<br />
Hospital Central de Maputo recebeu<br />
uma impressão e estão já a produzir<br />
viseiras para reduzir os riscos de infecção<br />
pela covid-19. A Robótica avançada<br />
e outros materiais essenciais que<br />
a tecnologia 5G e 6G vão disponibilizar<br />
farão algum tipo de trabalho que apenas<br />
os robots poderão realizar, devido<br />
à natureza do mesmo. Na área digital<br />
teremos a internet das coisas, a<br />
relação entre as coisas, serviços e pessoas<br />
através de redes digitais. Na categoria<br />
biológica teremos inovações<br />
no campo da biologia, particularmente<br />
na genética. Teremos, igualmente, a<br />
biologia sintética, que consiste em modificar<br />
organismos já existentes, alterando<br />
a sua resistência às adversidades<br />
e capacidade de regeneração<br />
em quantidades nunca antes verificadas.<br />
Um pouco por todos os países, incluindo<br />
o nosso, já observamos estas<br />
mudanças.<br />
De Moçambique, que exemplos práticos<br />
pode citar?<br />
Veja na cidade do Maputo a quantidade<br />
de técnicos reparando telefones celulares.<br />
Isto acontece em cada esquina<br />
e mercado. Igualmente, observe os<br />
clientes usando plataformas digitais<br />
para as transacções financeiras. O M-<br />
-pesa, M-kesh, e-mola e etc., são uma<br />
prova evidente de que os clientes da<br />
banca convencional já foram, de forma<br />
irreversível, superados por estes<br />
novos usuários e a inclusão financeira<br />
será inevitável. Os dados do último<br />
censo provam que a banca comercial<br />
só responde por 6,7% da população,<br />
sendo 4,5% homens e 2,2% mulheres,<br />
contra um total de 52,2% de cidadãos<br />
moçambicanos já integrados<br />
nas diferentes plataformas financeiras<br />
anteriormente mencionadas. Diga-se<br />
de passagem, que estes têm sido<br />
os melhores exemplos da revolução<br />
digital no nosso país, pois facilitaram<br />
a banca e ampliaram vários serviços<br />
financeiros.<br />
Sem perder de vista o facto de estarmos<br />
num País com orçamento<br />
deficitário, nota-se que a disrupção<br />
que se pretende tem, neste aspecto,<br />
um dos maiores obstáculos. É uma<br />
equação difícil…<br />
Ao longo de anos, a formação foi feita<br />
com os mesmos recursos e com os<br />
apoios da comunidade internacional.<br />
Somos signatários do Acordo de Dakar<br />
e temos de ter a consciência que devemos<br />
pautar pela inclusão e não pela<br />
exclusão. Mas a questão que coloca<br />
tem um sentido mais restrito. Teremos<br />
como embarcar para um novo modelo<br />
de formação, sobretudo, desfrutamos<br />
das tecnologias 5G e 6G? Então, a<br />
resposta tem de ser: vamos ajustar os<br />
orçamentos e transformar a base de<br />
aprendizagem.<br />
Deixar que os jovens possam ter acesso<br />
a tecnologias fará deles pessoas<br />
responsáveis pela disrupção no sistema.<br />
Temos de acreditar mais nos jovens<br />
e dar-lhes mais oportunidades.<br />
O ensino superior técnico-profissional,<br />
nos últimos anos, não recebeu novos<br />
ingressos. Este ano, a perspectiva<br />
será de receberem um pouco menos<br />
que 300 jovens em cada sub-sector e<br />
isso será irrisório para essa disrupção<br />
que almejamos.<br />
No nível superior também já se<br />
vem discutindo a transformação<br />
dos modelos de formação introduzindo<br />
rigor na pesquisa científica,<br />
mas a mudança parece lenta…<br />
Admitamos que os progressos e as reformas<br />
curriculares nas instituições<br />
de ensino registaram mudanças significativas.<br />
Porém, estas têm acontecido<br />
de uma forma lenta, hesitante e pouco<br />
ousada. As crises globais de educação,<br />
www.economiaemercado.co.mz | Março <strong>2021</strong><br />
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