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LÁ FORA<br />
COVID DESEMPREGA 13<br />
MILHÕES DE MULHERES<br />
NA AMÉRICA LATINA<br />
O dia internacional da mulher, assinalado a 8 de Março, foi um bom pretexto<br />
para que instituições multilaterais como a OIT e a ONU divulgassem dados<br />
sobre os quais vale a pena reflectir para empreender mudanças efectivas<br />
a<br />
Texto Celso Chambisso • Fotografia D.R.<br />
crise<br />
económica que<br />
decorre da pandemia<br />
do covid-19 agravou as<br />
disparidades de género<br />
na força de trabalho e<br />
gerou um retrocesso de<br />
pelo menos uma década na América<br />
Latina e no Caribe, onde 13 milhões<br />
de mulheres perderam os seus empregos,<br />
de acordo com o último Panorama<br />
Laboral da Organização Internacional<br />
do Trabalho (OIT), divulgado<br />
recentemente. A taxa de participação<br />
da mão-de-obra feminina em 2020 sofreu<br />
uma queda histórica de 5,4 pontos<br />
percentuais, para 46,4%, o que significa<br />
que 12 milhões de mulheres deixaram<br />
a força de trabalho na América<br />
Latina e no Caribe devido à perda<br />
dos seus empregos. De acordo com os<br />
dados da OIT, uma taxa tão baixa de<br />
participação feminina no mercado de<br />
trabalho não é registada há mais de<br />
15 anos. Além disso, a taxa de desemprego<br />
regional das mulheres subiu de<br />
10,3% para 12,1%, acima da taxa de desemprego<br />
global, que aumentou para<br />
10,6%, o que significa que aproximadamente<br />
1,1 milhão de mulheres ficaram<br />
desempregadas (totalizando 13,1<br />
milhões). O declínio na taxa de participação<br />
da força de trabalho feminina<br />
reflecte a percentagem de mulheres<br />
que ficaram sem emprego por causa<br />
da pandemia, mas não está à procura<br />
de novo trabalho por não haver em-<br />
pregos ou porque tiveram de atender<br />
a outras responsabilidades familiares.<br />
Já o aumento da taxa de desemprego<br />
representa a percentagem de mulheres<br />
que estão à procura de trabalho,<br />
mas não conseguem encontrá-lo. Estes<br />
13,1 milhões de mulheres que perderam<br />
emprego somam-se a cerca de<br />
12 milhões que já eram afectadas pelo<br />
desemprego antes da pandemia.<br />
Desemprego chega a 25 milhões<br />
Cerca de 25 milhões de mulheres estão<br />
desempregadas ou fora da força de<br />
trabalho neste momento, diz o relatório<br />
da OIT. “Esta crise sem precedentes<br />
agravou as disparidades de género nos<br />
mercados de trabalho da região, empurrando<br />
milhões de mulheres para<br />
fora da força de trabalho e revertendo<br />
ganhos anteriores”, disse o director da<br />
OIT para a América Latina e o Caribe,<br />
Vinícius Pinheiro. “Retrocedemos mais<br />
de uma década num ano, e agora precisamos<br />
de recuperar esses empregos<br />
e pisar no acelerador da igualdade de<br />
género”, acrescentou. Pinheiro salientou<br />
que “neste Dia Internacional da Mulher<br />
(8 de março), é crucial reafirmar o<br />
compromisso de recuperar o terreno<br />
perdido durante o desastre económico<br />
e social nos nossos países”.<br />
Trabalhos em serviço e comércio<br />
O grave impacto da pandemia no trabalho<br />
feminino deve-se ao facto de as<br />
“Retrocedemos mais de uma década num ano, e agora<br />
precisamos de recuperar esses empregos e acelerador a<br />
igualdade de género... é crucial refirmarmos compromissos”<br />
mulheres estarem empregadas principalmente<br />
nos sectores económicos<br />
mais afectados pelas restrições estabelecidas<br />
para evitar a propagação<br />
da pandemia. De acordo com o Panorama<br />
Laboral do Trabalho da OIT para<br />
a América Latina e o Caribe, a retracção<br />
no universo de empregos em 2020<br />
foi particularmente significativa nos<br />
sectores de serviços como a hotelaria<br />
(-17,6%) e comércio (-12%).<br />
Outro factor que tem afectado e pode<br />
condicionar as perspectivas de recuperação<br />
de empregos das mulheres é<br />
a dificuldade de conciliar o trabalho<br />
remunerado com as obrigações em<br />
casa. “A tudo isso deve ser acrescentado<br />
o aumento do teletrabalho e do<br />
trabalho em casa num contexto de encerramento<br />
ou suspensão dos espaços<br />
de cuidados associados às medidas de<br />
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www.economiaemercado.co.mz | Março <strong>2021</strong>