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E & M MZ Edição_35 MARÇO 2021

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LÁ FORA<br />

COVID DESEMPREGA 13<br />

MILHÕES DE MULHERES<br />

NA AMÉRICA LATINA<br />

O dia internacional da mulher, assinalado a 8 de Março, foi um bom pretexto<br />

para que instituições multilaterais como a OIT e a ONU divulgassem dados<br />

sobre os quais vale a pena reflectir para empreender mudanças efectivas<br />

a<br />

Texto Celso Chambisso • Fotografia D.R.<br />

crise<br />

económica que<br />

decorre da pandemia<br />

do covid-19 agravou as<br />

disparidades de género<br />

na força de trabalho e<br />

gerou um retrocesso de<br />

pelo menos uma década na América<br />

Latina e no Caribe, onde 13 milhões<br />

de mulheres perderam os seus empregos,<br />

de acordo com o último Panorama<br />

Laboral da Organização Internacional<br />

do Trabalho (OIT), divulgado<br />

recentemente. A taxa de participação<br />

da mão-de-obra feminina em 2020 sofreu<br />

uma queda histórica de 5,4 pontos<br />

percentuais, para 46,4%, o que significa<br />

que 12 milhões de mulheres deixaram<br />

a força de trabalho na América<br />

Latina e no Caribe devido à perda<br />

dos seus empregos. De acordo com os<br />

dados da OIT, uma taxa tão baixa de<br />

participação feminina no mercado de<br />

trabalho não é registada há mais de<br />

15 anos. Além disso, a taxa de desemprego<br />

regional das mulheres subiu de<br />

10,3% para 12,1%, acima da taxa de desemprego<br />

global, que aumentou para<br />

10,6%, o que significa que aproximadamente<br />

1,1 milhão de mulheres ficaram<br />

desempregadas (totalizando 13,1<br />

milhões). O declínio na taxa de participação<br />

da força de trabalho feminina<br />

reflecte a percentagem de mulheres<br />

que ficaram sem emprego por causa<br />

da pandemia, mas não está à procura<br />

de novo trabalho por não haver em-<br />

pregos ou porque tiveram de atender<br />

a outras responsabilidades familiares.<br />

Já o aumento da taxa de desemprego<br />

representa a percentagem de mulheres<br />

que estão à procura de trabalho,<br />

mas não conseguem encontrá-lo. Estes<br />

13,1 milhões de mulheres que perderam<br />

emprego somam-se a cerca de<br />

12 milhões que já eram afectadas pelo<br />

desemprego antes da pandemia.<br />

Desemprego chega a 25 milhões<br />

Cerca de 25 milhões de mulheres estão<br />

desempregadas ou fora da força de<br />

trabalho neste momento, diz o relatório<br />

da OIT. “Esta crise sem precedentes<br />

agravou as disparidades de género nos<br />

mercados de trabalho da região, empurrando<br />

milhões de mulheres para<br />

fora da força de trabalho e revertendo<br />

ganhos anteriores”, disse o director da<br />

OIT para a América Latina e o Caribe,<br />

Vinícius Pinheiro. “Retrocedemos mais<br />

de uma década num ano, e agora precisamos<br />

de recuperar esses empregos<br />

e pisar no acelerador da igualdade de<br />

género”, acrescentou. Pinheiro salientou<br />

que “neste Dia Internacional da Mulher<br />

(8 de março), é crucial reafirmar o<br />

compromisso de recuperar o terreno<br />

perdido durante o desastre económico<br />

e social nos nossos países”.<br />

Trabalhos em serviço e comércio<br />

O grave impacto da pandemia no trabalho<br />

feminino deve-se ao facto de as<br />

“Retrocedemos mais de uma década num ano, e agora<br />

precisamos de recuperar esses empregos e acelerador a<br />

igualdade de género... é crucial refirmarmos compromissos”<br />

mulheres estarem empregadas principalmente<br />

nos sectores económicos<br />

mais afectados pelas restrições estabelecidas<br />

para evitar a propagação<br />

da pandemia. De acordo com o Panorama<br />

Laboral do Trabalho da OIT para<br />

a América Latina e o Caribe, a retracção<br />

no universo de empregos em 2020<br />

foi particularmente significativa nos<br />

sectores de serviços como a hotelaria<br />

(-17,6%) e comércio (-12%).<br />

Outro factor que tem afectado e pode<br />

condicionar as perspectivas de recuperação<br />

de empregos das mulheres é<br />

a dificuldade de conciliar o trabalho<br />

remunerado com as obrigações em<br />

casa. “A tudo isso deve ser acrescentado<br />

o aumento do teletrabalho e do<br />

trabalho em casa num contexto de encerramento<br />

ou suspensão dos espaços<br />

de cuidados associados às medidas de<br />

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www.economiaemercado.co.mz | Março <strong>2021</strong>

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