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ESPECIAL SEGURO DE VIDA
TECNOLOGIA
HENRIQUE VOLPI, da Associação
Brasileira das Insurtechs
de oportunidade de oferta para atender
essa crescente demanda por seguros de
vida e proteções”, pondera Dornelles.
Inegavelmente houve um aumento
da contratação do seguro de vida
durante a pandemia, mas, como aponta
o advogado Eduardo Bruzzi, também especialista
na área de seguros, é possível
identificar em todo o setor um importante
efeito: a imediata busca por adaptação,
com desenvolvimento de novos
produtos e serviços, e uma forte aceleração
no processo de digitalização das
operações, muito por força do isolamento
social e do home office. “Há um estudo
recente elaborado pela consultoria
Ernst Young (Os desafios do mercado segurador
num ambiente Covid-19: now,
next, beyond) que indica, na verdade,
MARCOS CENTIN DORNELLES,
da Youse
uma necessidade de mudança de foco nos investimentos a serem
realizados, visando o cenário pós-pandemia, mais voltado para novas
atividades de negócio, especialmente aquelas ligadas para o
seguro massificado, bem como avaliação de parcerias voltadas às
novas oportunidades no bojo do movimento das insurtechs”, afirma
Bruzzi.
A pandemia realmente não afetou significativamente o apetite
dos investidores pelas startups de seguros, como sinaliza o líder
da Distrito Dataminer, Tiago Ávila, baseando-se em números e fatos:
entre 2019 e 2020, houve uma queda de 14% no volume investido,
fato este — frisa Ávila — que tem mais relação com as rodadas late
stage (em estágio avançado) realizadas em 2019 na Pitzi e na Minuto
Seguros que propriamente com a pandemia. “Em 2020, vimos
muitas insurtechs recebendo investimento no early stage (em estágio
inicial), uma tendência que parece se repetir em 2021, isso nos
mostra que corporações e investidores estão ‘adubando’ o setor e
que teremos soluções mais maduras nos próximos anos”, grifa Ávila.
Há, portanto, um saudável e francamente visível surto global
de inovação no setor de seguros. A coleta e a análise de dados, a
digitalização, a inteligência artificial, o wearables e toda tecnologia
capaz de encurtar o caminho que leva o consumidor a uma apólice
correta, devidamente personalizada e precisa, estão em franca expansão.
Tem sido assim no mundo inteiro, e o mercado de seguros
no Brasil não foge à regra, sobretudo o segmento que corresponde
à carteira de vida.
Para o CEO e cofundador da Tuia Seguros, Adriano Fernandes,
as insurtechs devem colaborar com a revisão e atualização dos
modelos operacionais e de negócios, buscando aproveitar com
eficiência as oportunidades. Simplesmente digitalizar os processos
existentes não é suficiente, diz ele, e justifica: “Por exemplo, a famosa
declaração pessoal de saúde. Na Lei Geral de Proteção de Dados
(LGPD), as informações de saúde são consideradas sensíveis. Alguns
processos ainda são no modelo de o cliente enviar a DPS ao corretor
e depois o corretor digita e envia para a seguradora, ou seja, é
um trabalho meramente operacional. Historicamente, esse processo
gera desconforto ao cliente, pois ele está compartilhando sobre a
sua saúde para alguém que não é um médico. Além disso, se for uma
insurtech de distribuição de produtos, ela precisa estar bem capitalizada
para garantir o deslocamento no fluxo de caixa. No seguro de
vida, o prêmio é mensal e com isso há um deslocamento no recebimento
das receitas, impactando o fluxo de caixa, pois o custo de
aquisição entra no primeiro mês e o faturamento entra diluído.”
O contexto é, entretanto, favorável. Há muitas oportunidades
com seguro de vida e acidentes pessoais em alguns nichos específicos,
mas o que suportará o crescimento destas iniciativas é o
sucesso das operações, como prevê o presidente do Clube Vida em
Grupo São Paulo (CVG-SP), Marcos Kobayashi. “Para isso, é importante
ter um planejamento consistente, com os segmentos bem definidos,
produtos e serviços aderentes às necessidades deste público,
projeção de vendas clara e objetiva e, evidentemente, oferecer
um processo e experiência totalmente digital. Mais do que buscar
custos diferenciados é fundamental ser acessível, com uma linguagem
simples, ágil, prática e inovadora”, recomenda.
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