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Actualidade

desempenha um papel importante. A segunda é através

da disponibilização de melhor protecção em países onde

a maioria dos refugiados procura por asilo: “fortalecer a

assistência ao asilo e proporcionar ajuda humanitária e de

desenvolvimento que facilite a inclusão dos refugiados nos

serviços sociais desses países e nas actividades económicas

até se encontrar uma solução”.

É urgente que a Europa perceba a dor e sofrimento de

mais de 82 milhões de pessoas no mundo, refugiados

ou deslocados internos, empurrados pelo desespero da

guerra e atraídos por uma mentira: a existência de uma

política de acolhimento e integração de refugiados na UE.

Os propósitos de Lukashenko são tudo menos inocentes:

ao pressionar a UE a levantar as sanções, instrumentaliza

milhares de pessoas, incluindo crianças, que morrem de

frio e desidratação. A manobra não pode passar impune.

UMA EUROPA DE ARAME FARPADO

No entanto, em vez de uma solução diplomática — por via

de sanções ou outra —, a Polónia, Estado-membro da UE,

o tal “vizinho democrático” que von der Leyen mencionava

e se tem destacado por limitar a liberdade de imprensa

e degradar a separação dos poderes político e judicial,

militarizou a fronteira, atacou os refugiados e impediu

o acesso de jornalistas e associações humanitárias ao

território.

Depois de uma lei que impede os refugiados de pedirem

asilo e que determina a sua expulsão sumária, o Governo

de Morawiecki aprovou a construção de um muro ao

longo da fronteira. Não é o único. Na Europa que tanto se

indignou contra o muro de Trump, na Europa vencedora

do Nobel da Paz em 2012, são poucos os países que não

se cercaram de muros e arame farpado, fazendo de um

problema social e humanitário uma ameaça à segurança.

Este Governo de extrema-direita afirma-se contra uma

invasão que na verdade é um cortejo de menos de três

mil vítimas privadas de qualquer dignidade. O “vizinho

democrático” da ditadura bielorrussa, a Polónia, subscritora

de todas as convenções internacionais de direitos humanos,

deixou morrer 13 pessoas, entre elas uma criança de um

ano, até deixar entrar ajuda humanitária.

Em vez de sanções, a UE, em vez de uma política de

acolhimento de refugiados e imigrantes, gasta milhares

de milhões de euros em respostas militares, ou a pagar a

outros vizinhos de iguais qualidades democráticas, como

a Turquia ou a Líbia, para servirem de tampão repressivo

aos fluxos de pessoas. É irrelevante para a UE que

nenhum destes países sequer reconheça as convenções

internacionais de direitos humanos .

Lukashenko é um ditador desumano? E a Europa culta,

adulta, democrática e cristã, é exemplo de quê?

Como se diz por cá, no Minho, é exemplo de “m...” nenhuma.

(*) António Costa Guimarães,

é Jornalista, foi Capelão

Militar e Director do jornal

Correio do Minho

Neurociência

O abraço

NADA SUBSTITUIRÁ O SER HUMANO

V Nelson S Lima

Nunca houve um tempo como este em que

mais precisássemos uns dos outros.

Num mundo frenético e complexo, é por vezes difícil mantermo-nos

sem o apoio, a palavra ou a presença de alguém que nos faculte uma

sensação de segurança, uma espécie de referência honesta, quase

um guia da vida que nos ajude a orientar-nos.

Nas sociedades ancestrais eram os anciãos - os mais idosos e experientes

das tribos- que desempenhavam esse papel e a quem até os

guerreiros pediam conselhos.

Agora somos todos quase órfãos. Os anciãos desapareceram da nossa

sociedade. Metêmo-los em “lares” de idosos ou deixámo-los sozinhos

nas suas aldeias remotas. Ou, simplesmente, considerámo-los

senis porque o que está na crista da onda é ser-se jovem, como se a

sabedoria de alguém estivesse no corpo.

Andamos muito perto de sermos “zombies”, mais ainda agora em

que o expoente máximo da inteligência é a “artificial”. Creio que estamos

a perder o chão, as referências que orientaram os mais velhos.

Mas ainda estamos a tempo de travar esse deslize que nos iria atirar

para um monte de inúteis e desesperados cidadãos.

Cultivemos boas amizades sobretudo agora em que “smartphones”

e outros aparelhos “inteligentes” fazem parte do nosso mundo. Nada

há que possa substituir o ser humano. E ensinemos isso aos mais novos

porque o futuro vai ser mais difícil do que eles imaginam.

AS GLÓRIAS QUE VÊM

TARDE JÁ CHEGAM

FRIAS

Paulo Marques

ALEXANDROS AVRAMIDIS

Veja-se o que aconteceu a Camões que

se situa hoje entre os grandes poetas líricos

de todos os tempos. Grande entre

os grandes.

Apesar da tença anual de quinze mil

réis, por três anos, que lhe foi concedida

por Dom Sebastião, após a publicação

de «Os Lusíadas», nos últimos anos

de vida confrontou-se com gravíssimas

dificuldades materiais.

Valeu-lhe o auxílio de Jau, o seu escravo

negro, que pedia esmola pelas ruas

de Lisboa, de modo a que o amo não

vivesse na mais indigna miséria. Só lhe

colocaram a coroa de louros quando

menos necessitava dela…

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