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Espectáculo

Espectáculo

Pedro

de Tróia

“Tinha de ser assim”

JOAQUIM GALANTE (*)(*)

Vou esquecer por momentos

o que aprendi

em jornalismo, acerca

da escrita directa e não

romanceada, e descrever-vos

o melhor possível

o que aconteceu no

evento a que assisti no

passado dia 13, um texto

tipo ‘Viagens na Minha

Terra’ de Almeida

Garrett.

Naquele dia fui ao teatro Capitólio/Lisboa,

fui nas calmas,

ainda passei pelo Coliseu

para cumprimentar a promotora

do concerto que ali ia ocorrer (Anselmo

Ralph) e fui depois em passo lento

para o dito teatro a pensar no que o

Pedro, de Tróia, teria para me/nos oferecer.

Entrei nas calmas, afinal ainda faltava

cerca de uma vintena de minutos

para começar o show e, passada

hora e meia, saí a correr, bom não foi

bem a correr, mas foi a andar depressa,

demorei vinte minutos a chegar a

casa, moro no Castelo de S. Jorge, não

lá dentro, não sou nenhum rei, mas

moro ao lado.

Entrei, larguei a tralha rapidamente

e fui buscar um livro que o meu pai

diz que usava na primária e que fala

de adjectivos superlativos absolutos

analíticos sintéticos e não sei mais o

quê, bom não vos vou explicar o que

são estas coisas da língua portuguesa,

porque simplesmente não sei bem

explicar, mas queria encontrar um adjectivo

acompanhado de um advérbio

para destacar o verbo que tinha

acabado de me encher o coração e a

alma.

O verbo era sem dúvida Pedro de

Tróia. Não encontrei nem adjectivo ou

advérbio adequado o suficiente para

classificar o que tinha assistido, ainda

estará por inventar. Na história mitológica,

Tróia perdeu a guerra mas o Pedro

ganhou um público que encheu

o Capitólio, ganhou fãs e ganhou-me

também a mim que saí rendido a tamanho

talento.

Mas comecemos pelo princípio, o Pedro

entrou no palco, com os músicos

que o acompanhavam, João Eleutério,

Rita Laranjeira, Silas Ferreira, Tomás

Branco e a participação especial de

Ana Claudia no back vocal, num ambiente

escuro e cheio de fumo (como

eu odeio aquele fumo), agarrou-se ao

microfone, e cantou com voz firme e

melodiosa três seguidas sem parar tal

como na rádio. Faltou-lhe o fôlego,

deduzo eu, e começou então a falar.

Começou logo por dizer que era tímido,

não precisava de o dizer já todos

tínhamos reparado nisso, mas depois

não se calava, de repente pensei estar

num stand up comedy de tão divertida

a intervenção que até me esqueci

que tinha ido ali para assistir a um

concerto musical.

Depois de cantar ‘Namorada’, ‘Gosto

Tanto de Ti’ e ‘Dor no Ombro’, sem

falar com ninguém, anunciou que ia

cantar o tema ‘Embaraçado’ que, segundo

ele, foi como tudo começou,

não sei há quanto tempo foi porque

actualmente de embaraçado não tem

nada.

Desembaraçado, o Pedro de Tróia, tal

como o cavalo grego que enganou os

troianos, enganou-nos também a nós,

a classificação de tímido e embaraçado

para ele não deve ter a mesma

conotação. Depois vieram as dedicatórias,

Passarinho dedicou-a ao agente

Pedro Valente e explicou que era

graças a ele que estava hoje a pisar

o palco do Capitólio. Bem tínhamos

algo em comum, eu também ali estava

graças ao Pedro Valente da promotora

Azáfama.

Depois cantou ‘Ballet’, ‘Rés-do-chão’,

‘Dente de Leão’, ‘Salvadora’ e ‘Mãe’,

cada uma delas dedicada a um dos

membros que o acompanhavam na

banda, todos eles com méritos por o

terem ajudado a trilhar o caminho,

mas tudo bem explicado antes de

soltar a voz, musicalmente falando.

Pelo meio um dueto com Rui Reininho

nas canções ‘Carrossel’ e ‘Asas

(eléctricas)’ dos GNR, o Rui rapidamente

disse que iam dar duas sem

tirar talvez para evitar conversas e

mais dedicatórias. As ‘asas servem

para voar’ cantava o vocalista da

famosa banda de rock portuguesa,

mas por esta altura já o Capitólio pairava

nas nuvens.

Depois do tema ‘Mãe’, Pedro anunciou

o término da sua actuação no

emblemático teatro lisboeta, pensava

ele, pensou mal, o público obrigou-o

a um encore.

Regressou e de luz nos olhos, um pedido

que fez ao técnico para não encarar

o público e se emocionar, pelo

regresso aos palcos depois de treze

meses de ausência devido à pandemia,

aproveitou para dedicar as próximas

músicas a mais alguém, foram

tantos mais que cheguei a pensar

que se não tivesse a luz nos olhos era

capaz de conseguir ver-me e incluir-

-me na lista.

Agradeceu, entre muitos outros, à

Sara Espírito Santo e ao Ricardo Rodrigues

a promoção e divulgação do

evento, outro ponto em comum eu

também lhes agradeço pela simpatia

e disponibilidade para intermediar

o acesso aos mesmos.

Cantou então no regresso ‘Não te vou

deixar para trás’, acompanhado pelo

primo à viola, a quem ele ensinou a

tocar sem mesmo ele saber tocar, a

seguir ‘Nunca falo demais’ já com a

banda e terminou com Carrossel, o

single de avanço do seu novo trabalho

‘Tinha de ser assim’, que era para

ter sido em dueto com o Rui Reininho

mas este já devia ter voado a outras

paragens.

Depois de tudo isto quero dizer-vos

que aquilo que me levou ao Capitólio,

foi exactamente assistir ao lançamento,

ao vivo, pelo Pedro de Tróia

do seu mais recente trabalho musical,

um álbum que tem por título ‘Tinha

de Ser Assim’.

Quem teve a felicidade de estar presente

assistiu certamente a um dos

melhores concertos do ano por toda

a envolvência, tudo foi óptimo, a

qualidade musical e instrumental, os

vocais de apoio (back vocal), a interacção

com o público, conseguiu fazer

com que o público se integrasse

e se sentisse parte do espectáculo, a

alegria e a energia emanada do palco

foram o tónico para um concerto

para recordar. Até eu o acompanhei

com o meu ‘front vocal’, mesmo sem

saber antecipadamente as letras, ele

é que não se apercebeu certamente,

faltou-me a amplificação.

Pedro de Tróia é figura incontornável

no panorama musical português.

Ex-vocalista da banda pop Os Capitães

da Areia, aventurou-se a solo em

2020, com o álbum “Depois Logo Se

Vê”, onde se destacaram os singles

“Embaraçado”, “Salvadora” e “Nunca

Falo Demais”. Hoje anunciou para

breve um terceiro álbum de inéditos,

a curiosidade é grande.

Quem não pode estar presente no

Capitólio com certeza terá outras

oportunidades, um espectáculo com

esta qualidade não pode ser único.

Alinhamento: Namorada – Gosto

Tanto De Ti – Dor No Ombro – Embaraçado

– Passarinho – Ballet – Rés-do -

-Chão – Dente de Leão – Carrossel –

Asas – Salvadora – Mãe Encore: Não

Te Vou Deixar Para Trás – Nunca

Falo Demais – Carrossel

(*)

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