25.02.2022 Views

metallica-a-biografia-mick-wall

metallica-a-biografia-mick-wall.pdf

metallica-a-biografia-mick-wall.pdf

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

da noite — ouvindo um monte de discos de jazz, Hendrix, Stones, The Doors e Janis Joplin...

Muitos músicos, escritores, artistas e afins circulavam pela casa quando eu era pequeno.”

Além de rock e jazz, contou Torben, Lars também foi exposto à “música indiana, todos os tipos

de música asiática, cantos budistas, música clássica. O quarto dele ficava colado à sala onde eu

tocava esse som a noite inteira, e acho que ele também ouvia enquanto estava dormindo, então

pode ter captado muita coisa sem ter consciência disso”.

O relacionamento próximo de Torben com a emergente cena jazzista dinamarquesa

culminou no convite a Dexter Gordon para ser padrinho de Lars. Na verdade, sua primeira

participação num palco profissional se deu aos nove anos, pulando e berrando ao microfone

durante uma apresentação do padrinho numa boate em Roma, aonde os pais foram durante

uma noite de folga do Aberto da Itália. “Parecia um cachorro louco”, nas palavras do pai. As

viagens constantes também deram a Lars facilidade com idiomas, sendo capaz de conversar

desde pequeno em dinamarquês, inglês, alemão e “um pouquinho de outras línguas”. Era um

estilo de vida itinerante que lhe deixaria “sempre à vontade na estrada. Fui a lugares com meu

pai aonde nunca fomos com o Metallica”. Isso também deu ao menino uma sensação suprema

de direito adquirido; uma autoconfiança muito forte de que nenhuma porta ficaria fechada para

ele por muito tempo, a ideia de que talvez não fosse bem-vindo em algum lugar nunca lhe

passou pela cabeça.

Embora Lars tenha herdado do pai o amor por música e arte, foi da mãe, Lone, que

herdou a capacidade gerencial que aplicaria na carreira com o Metallica. Além de cuidar bem

dos dois homens de sua vida, “minha mãe era a administradora, uma espécie de gerente da

família”, ele me contou na última vez em que conversamos em 2009, nossa zilionésima

entrevista numa amizade que agora já dura mais de 25 anos. “Meu pai não sabia que horas

eram, em que mês estávamos, qual era o ano. Ele não sabia em que país estava. Ele era um

desses caras eternamente perdidos, de uma maneira linda, no momento presente. Falo isso de

um jeito muito positivo. Já minha mãe cuidava em tempo integral de todos os elementos

práticos da vida dele. Então, sem dúvida foi da minha mãe que herdei parte da minha

capacidade organizacional mais rígida.”

Acima de tudo, naquela época, havia o tênis. O pai de Torben também havia sido um

tenista de sucesso. Durante mais de vinte anos foi executivo do mercado publicitário e

participou de 74 jogos pela Copa Davis antes de virar presidente da Associação Dinamarquesa

de Tênis na Grama. Quase inevitavelmente, embora não houvesse uma pressão explícita para

fazer isso, Lars cresceu esperando seguir o que virara o negócio da família. Mas, para ele, o

tênis e o amor pela música se harmonizariam de modo ainda mais significativo. Em 1969,

durante a estada anual de seis semanas da família em Londres — em função de Wimbledon e

torneios satélites em Eastbourne e Queen’s —, o pequeno Lars, com cinco anos, foi levado ao

seu primeiro show de rock: o famoso concerto gratuito feito pelos Rolling Stones para 250 mil

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!