25.02.2022 Views

metallica-a-biografia-mick-wall

metallica-a-biografia-mick-wall.pdf

metallica-a-biografia-mick-wall.pdf

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

cervejas espalhadas na cozinha e na sala de estar, mas ninguém em casa. Havia velas acesas.

Assim, eu fechava as portas, fazia o café e ia para a escola. Voltava para casa e tinha de acordar

meus pais...” Se por um lado isso o tornava “bastante independente”, por outro, era bastante

solitário. “Para os meus pais, eu poderia ir ver o Black Sabbath doze vezes por dia, mas eu

tinha de me virar, entregando jornal ou qualquer outro jeito de conseguir dinheiro para

comprar os ingressos. E também precisava achar uma maneira de ir ao show e voltar.” A paixão

por rock pesado barulhento — estilo que combinava muito mais com sua personalidade

sociável e expansiva — continuou no início da adolescência e, embora seu futuro ainda

estivesse ligado às mesmas quadras de tênis onde o pai ficara famoso, a dedicação ao esporte

começava a minguar. Esse processo se acelerou quando, aos treze anos, ganhou da avó a

primeira bateria — não um kit para iniciantes, mas uma Ludwig, uma bateria de ouro entre

roqueiros.

Por conta de sua personalidade extrovertida e do excesso de vontade de ser o porta-voz do

Metallica (segundo alguns), perguntei certa vez por que um frontman nato terminou no fundo

do palco como baterista. “Bem, existe um probleminha”, respondeu Lars sorrindo. “Eu não

sabia cantar. Quando eu tentava cantar no chuveiro, minha voz me irritava. Então, como não

conseguia ganhar nem uma plateia de um só no chuveiro, vi que não ia rolar. E eu sempre

adorei tocar bateria. Nem me lembro de um dia ter pensado: ‘Ser baterista e ter uma

personalidade tipo A vai gerar conflito’. Nunca me ocorreu que eu não poderia ser eu mesmo.

Aquele lance de se você for o baterista terá de ficar calado e só falar quando lhe dirigirem a

palavra, em segundo plano. Nunca encanei nisso.”

Ironicamente, foi apenas quando deu o primeiro passo como tenista profissional que sua

atenção enfim se focou na bateria — ao se matricular, aos dezesseis anos, na agora

mundialmente famosa academia de tênis de Nick Bollettieri (então, a primeira do gênero) na

Flórida. Segundo Lars, “quando se cresce nos círculos [do tênis] você praticamente é

arrastado. Não me lembro de ter parado para pensar e tomar a decisão de ser um tenista

profissional; eu só conhecia aquilo. Somente mais tarde, depois que terminei a escola e nos

mudamos para os Estados Unidos para eu me dedicar mais ativamente ao esporte — por

minha própria conta, longe da sombra do meu pai —, percebi que não apenas não tinha o

talento para seguir seus passos como tampouco a disciplina necessária. Você tem dezesseis

anos, já bebe umas cervejas, tem as primeiras experiências com garotas e outras coisas e, de

repente, precisa passar seis horas por dia rebatendo aquelas merdas de bolas de tênis pra lá e

pra cá. Ficou meio... disciplinado demais para o meu gosto”. Ele riu.

No final, ficou menos de seis meses na Flórida estudando com Bollettieri. “Foi em 1979

depois que terminei a escola — meio que para descobrir se queria fazer aquilo. Eu ainda estava

mais ou menos apaixonado pelo esporte. Foi no primeiro ano [em que funcionou], muito antes

de Monica Seles, [Andre] Agassi, Pete Sampras ou qualquer um dos outros [que foram para

lá].” Juvenil ranqueado entre os dez melhores da Dinamarca, ir para os Estados Unidos foi um

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!