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em análise...

Francisco Gomes

Analista político

Mais uma

trapalhada

ocidental

Já vimos este filme. Não acaba

bem. E quem sofre não são os

tais senhores e as senhoras

que produzem inócuas

declarações que enchem os

telejornais. Quem sofre são

aqueles que ficaram presos nos

abrigos subterrâneos de Kiev,

que fugiram da sua terra com a

sua vida dentro de uma mala,

que viram as suas famílias

quebradas, que viram os seus

mais queridos serem mortos.

Carolina rodrigues

Antes de tudo o mais, tem de ficar

bem claro que não há nada – nenhum

interesse estratégico, nenhum

objectivo financeiro, nenhuma

contenta histórica e nenhuma disputa

territorial – que justifique uma guerra. A

guerra é a negação da inteligência e da capacidade

de diálogo que nos definem como

seres humanos, e, como tal, é a rejeição da

nossa própria humanidade e a sua substituição

pelos instintos da sobrevivência e da

violência, que, na realidade, não nos levam

a lado nenhum e são geradores apenas de

mais violência, animosidade e destruição.

Dito isto, e apesar de todo o coro de condenação

pública gerado pela comunicação

social e pelas redes sociais em torno do

governo russo, o qual, sem dúvida, merece

uma boa dose de reprovação pelo conflito

gerado na Ucrânia, é justo e importante que

se ponha nos pratos da balança o que foi

a conduta dos governos europeus e americanos

em todo este processo, pois carregam

uma impagável e grande da culpa pelo

drama humanitário vivido naquela zona do

globo. Aquando o colapso da União Soviética,

no início dos anos noventa, o Ocidente,

liderado pelo governo americano, assumiu

vários compromissos com a liderança soviética,

já em fase de clara decadência. Entre

esses compromissos estavam o de respeitar

a posição geopolítica da futura Federação

Russa e o de não agravar as tesões militares

entre os blocos russo e ocidental. Na mesma

altura, ficou acertado que os canais políticos

através dos quais estes dois pontos seriam

prosseguidos seria a redução significativa

do arsenal nuclear acumulado pelos EUA e

pela Rússia (algo que tem vindo a ser feito) e

a não-expansão da aliança NATO para as zonas

fronteiriças da Federação Russa. Como

é hoje claro, este segundo compromisso –

assumido, se não na letra, então no espírito

– foi feito tábua-rasa por europeus e americanos,

como demonstrado pela entrada na

NATO de várias repúblicas que previamente

10 saber abril 2022

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