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grande e há sempre necessidade de acudir

a situações pontuais e priorizar outras, mas

estamos a fazer investimento na reabilitação

e todas as que necessitem terão obras

de reabilitação. Intervimos há pouco tempo

na Escola Secundária Jaime Moniz e outras

estão a ser intervencionadas. Estivemos, até

2010, muito vocacionados em garantir que

todos os concelhos tivessem uma escola.

Houve um foco muito grande na construção

nova e, nos últimos anos, começou-se,

de facto, a direcionar o investimento mais

na reabilitação. Temos um parque habitacional

e escolar vasto e temos muitas reabilitações

para fazer. No Liceu Jaime Moniz

tivemos uma reabilitação recente, no anexo

onde havia infiltrações, na Francisco Franco

a reabilitação da cobertura do pavilhão. Vamos

lançar concurso para a reabilitação da

Escola Dr. Ângelo Augusto da Silva, que irá

ser reabilitada integralmente em duas fases:

a primeira, para transformar a piscina

num pavilhão multiusos e depois estender a

reabilitação por toda a escola. Terminámos

ainda a reabilitação da Escola do Estreito

de Câmara de Lobos, a Escola da Ladeira e

dos Lamaceiros irão ser alvo de reabilitação.

Reabilitámos igualmente a Escola do Porto

da Cruz, construímos a Escola da Ribeira

Brava, terminámos a Escola do Porto Santo,

entre muitas outras intervenções.

Como é que olha para as necessidades do

setor da construção civil no que diz respeito

à mão de obra?

- Lembro que a SREI não representa o setor

da construção civil, mas tenho todo o gosto

em dar a minha opinião. Faço-o até pois tenho

experiência no setor privado e público.

Neste momento, o setor da construção civil

está com muita dinâmica e o dinamismo é

tal que até há carências de mão de obra.

Estamos num ciclo de recrutamento de novos

quadros e gosto de olhar sempre para o

lado positivo desta questão. A situação presente

é muito diferente de há 10 anos, em

que quase diariamente se assistia ao despedimento

de trabalhadores na construção

civil. É certo que a falta de mão de obra é um

problema que está a afetar alguns prazos

de conclusão de algumas obras, mas este

cenário é uma demonstração inequívoca

de que se está a iniciar a recuperação económica

– ou já se iniciou - porque a falta de

mão de obra já vem de alguns meses. Nesta

fase é natural que as empresas tenham

de reajustar os recursos de mão de obra e

de equipamentos, face ao trabalho que têm

no momento e ao que se perspetiva para o

futuro. Isto é normal numa fase de recuperação

económica. Neste momento, temos

um ciclo em que as empresas terão de reajustar

o trabalho aos recursos que necessitam,

reajustamento esse que irá ser feito de

forma gradual do ponto de vista da mão de

obra. Encaro, por isso, esta problemática da

mão de obra com normalidade. Mas constato,

infelizmente, que o setor da construção

civil é um setor muito atingido por picos e

decréscimos acentuados de investimento.

Considero até que a grande falha no PRR é

essa: o ter de executar muito investimento

em muito pouco tempo, o que não é bom

para quem quer contratar, mas também

para quem é trabalhador. Quando existem

muitos picos de investimento é sempre

complicado e todos os setores económicos

precisam de alguma estabilidade e sustentabilidade.

Faço esta crítica ao PRR, mas naturalmente

estamos a trabalhar para cumprir

os prazos. A Região sempre foi cumpridora

destas metas e irá sê-lo, mas acho que poderia

ser mais espaçado no tempo para garantir

alguma estabilidade no investimento

e no sector.

Como é que se concilia engenharia e sustentabilidade?

- Com a subida das matérias-primas, não tenho

dúvidas de que o caminho é conseguir

sermos sustentáveis, apostar na economia

circular. O novo hospital é um bom exemplo.

Estamos a proceder às escavações e

está a haver a reutilização de muitos materiais

que estão a ser extraídos da obra. Porém,

é sim um dos grandes desafios deste

setor, a introdução de novos materiais na

construção que garantam sustentabilidade

e permitam minimizar o impacto da falta

de mão de obra e a subida dos preços das

matérias-primas. A adoção de práticas mais

sustentáveis nos novos projetos é o desafio

futuro no setor da construção civil, sem dúvida

alguma. A inovação tecnológica, a digitalização,

a descarbonização da economia e

a economia circular são medidas no combate

às alterações climáticas e garantem também

a sustentabilidade a este setor.

A guerra na Ucrânia de que forma está

a interferir no setor e na economia, em

geral?

- Na pandemia verificou-se já a inflação de

preços e a falta de mão de obra. Neste momento,

a situação agravou-se. No preço de

energia, haverá ligeiros aumentos, porque

estamos num mercado regulado. Mas esta

crise só reforça a política regional dos últimos

anos, de cada vez mais depender menos

dos combustíveis fósseis. No que diz

respeito às matérias-primas e bens de consumo,

iremos ser afetados, tal como todos

os outros. A guerra na Ucrânia veio agravar

os custos das obras, mas, para mim, mais

preocupante do que a mão de obra é a inflação

do preço das matérias-primas, que se

agravou na fase de pandemia e ficou ainda

mais visível agora com esta guerra. É um

problema que afetará o valor das obras, que

ficarão naturalmente mais caras. É incontornável

não se refletir no valor das obras.

Aliás, isto já se verifica no preço do ferro,

que tem batido valores recorde.

Do seu ponto de vista de engenheiro civil,

como é que se recupera um país devastado

pela guerra?

- Em primeiro lugar, quero deixar uma palavra

de solidariedade para com o povo ucraniano.

Falamos destas crises económicas,

mas a maior crise que está a acontecer é

humanitária. Há mais de 90 mil milhões de

estragos provocados. A guerra tem de parar

rapidamente. O povo ucraniano e o povo

russo não merecem o que está a acontecer

pela atitude irrefletida de um líder autocrático.

Temos de estar solidários para com o

povo ucraniano. É injustificável a atitude de

um só homem que põe em causa o bem-

-estar e a segurança mundial.

Disse atrás que a Engenharia Civil tem futuro

na Madeira. O que é que o levou para

esta área?

- Fui muito pragmático na minha decisão de

ser engenheiro civil. Sempre gostei de matemáticas

e Física e da área de Engenharia

Civil e o maior conselho que dou, do ponto

de vista pessoal, aos mais jovens é que não

usem só o coração e usem também a razão,

na escolha da profissão. É importante que

os jovens escolham um curso que gostem,

mas que tenha saída profissional. A Engenharia

Civil tem muita saída profissional na

Madeira. É escolher tendo em conta o que

o mercado de trabalho tem para oferecer.

Convém ter uma perspetiva de futuro e não

escolher a profissão só com o coração. No

meu caso, sempre gostei de Engenharia Civil,

mas também gostava de outras áreas

como a Medicina. A minha escolha recaiu

pela área de Engenharia Civil por ser uma

área abrangente. É um curso que permite

diversas saídas profissionais, não só construção

civil, mas também nos gabinetes de

projetos, no planeamento, nas infraestruturas

de transporte, no abastecimento de

água, na reabilitação urbana, entre outras.

Há também muitos engenheiros civis que

enveredaram pela carreira de gestão, portanto,

é uma área muito boa e com saída

profissional.

Temos bons engenheiros madeirenses?

- Com certeza. Na crise de 2010 exportámos

conhecimento para todas as partes do mundo,

muitos engenheiros saíram da Madeira

para Angola, Europa, Estados Unidos... Temos

excelentes profissionais, sem dúvida.s

8 saber abril 2022

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