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em análise...
Francisco Gomes
Analista político
O caldeirão
apetecido
A comédia trágica em que se
tornou o mercado imobiliário
da Madeira tem outras figuras
sinistras, incluindo advogados
que se especializaram em
encontrar na lei o buraco da
agulha por onde esses milhões
podem entrar, contabilistas
que se especializaram em
‘operações’ que fazem ao
dinheiro o que certas máquinas
fazem à roupa e ‘agentes’
imobiliários que, de comissão
em comissão, alimentam
com a gasolina da ambição
sem limites o triste motor da
especulação.
Carolina rodrigues
Odireito a uma vida digna é uma
das noções que são mais enfaticamente
assumidas pela Carta
dos Direitos Humanos, a qual,
criada nas cinzas da Segunda Guerra Mundial,
permanece, até hoje, o documento que
mais deveria orientar a vida de qualquer
país. Associado ao direito a uma vida digna
está o direito a uma habitação digna, pela
qual se entende não apenas um telhado por
cima da cabeça, mas condições de conforto,
saneamento, privacidade e acessibilidade
que permitam potenciar o trabalho (isto é,
a capacidade produtiva e criativa de cada
ser humano) e proteger o bem-estar físico
e psicológico dos que vivem dentro da habitação.
Recordadas estas ideias, que são do
conhecimento geral, torna-se óbvio que, nos
dias que correm, o direito a uma habitação
digna foi feito tábua rasa e letra morta por
algumas das forças que gerem a nossa sociedade
e pelas lideranças políticas que deveriam
lutar mais e melhor para preservar o
Bem Comum. E tal torna-se amplamente óbvio
quando, pela mais simples observação,
notamos que, numa Região como a nossa,
onde o índice de pobreza é elevado, onde
mais de um-quarto da população sobrevive
com menos de quinhentos euros por mês
e onde os dramas humanos aumentam a
cada semana, com milhares de pessoas,
muitas com emprego, a lutar com os preços
que sobem, com a inflação que cresce
e com os índices cada vez mais elevados de
exploração laboral para conseguir com que,
apesar de tudo, a comida não falte na mesa.
Não procuram luxos. Não procuram carros
de última geração. Não exigem férias nas
10 saber junho 2022