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madeira

Mais importante do que eu produzir

imagens sobre um lugar ou comunidade

é poder transmitir esta gramática e

linguagem a essas pessoas e elas próprias

contarem a sua história

Fotógrafos há muitos, mas com o

percurso académico e profissional

que esta fotógrafa madeirense

apresenta, pode dizer-se que

há poucos. Especialista em

Restauro Digital de Fotografias

Antigas, fundou o Foto Arquivista

[fotoarquivista.pt] projeto que foi

um dos vencedores do programa

StartNow da Startup Madeira

2021. Fotógrafa, professora,

assistente de Arqueóloga, Ana

Marta Sales Caldeira, apesar

dos seus 41 anos, tem já um

relevante percurso na área da

Fotografia, onde é licenciada

pelo Instituto Politécnico de

Tomar. A colaboração no projeto

de fotografia participativa com

comunidades piscatórias da

Madeira é outro dos projetos em

que a fotógrafa está atualmente

envolvida, conforme conta nesta

entrevista. A Foto Arquivista está

no Facebook e no Intagram em

fotoarquivista

Dulcina Branco

D.R. (direitos reservados).

18 saber junho 2022

Ana Marta

É especialista em restauro digital de fotografias

antigas, tendo criado, neste âmbito,

a Foto Arquivista. Como é que surgiu e

está a decorrer este projeto?

- Somos a geração que mais fotografa mas

também a que mais perde fotografias. Nunca

se fotografou tanto como agora. Temos

fotografias espalhadas por todo o lado que

são difíceis de encontrar, entre duplicados,

fotografias muito parecidas, memes, printscreens,

etc. Organizar todas estas fotografias

pode ser um projeto assustador quando

não se tem o conhecimento técnico, paciência

ou tempo. É aí que nós entramos. Queremos

que as famílias tenham uma coleção

de fotografias organizada, acessível e segura

para que possam partilhar com as futuras

gerações. Em 2019, participei num projecto

de digitalização e conservação de fotografias

no Arquivo Regional e Biblioteca Pública da

Madeira (ABM) e, desde dessa altura, tenho

me dedicado às fotografias antigas. No ano

passado, participei do programa StartNow

da Startup Madeira, sendo uma das equipas

vencedoras com o projecto Foto Arquivista.

A sede da Foto Arquivista é na Madeira mas

a equipa vai desde São Paulo, passando por

Lisboa e Leiria até à Ucrânia. Oferecemos os

serviços de organização de fotografias impressas

e digitais, a digitalização de fotografias

e conversão e filmes caseiros em vários

formatos, o restauro digital, a edição de foto

livros e impressões. No fundo, queremos

oferecer paz de espírito e uma máquina no

tempo.

É diferente trabalhar sobre fotografia

antiga comparativamente à fotografia

física?

- Qualquer fotografia pode ser considerada

para arquivo, então, acima de tudo, é

importante manter o seu contexto: Quem

fotografou?; O que fotografou?; Quando?;

Onde?; Como?; Porquê?; Qual a sua origem?;

Qual a sua história? Claro que, nem sempre

é possível responder a todas estas perguntas,

mas quanto mais informação tivermos

sobre uma fotografia, melhor. Outro aspecto

importante é a qualidade da mesma e o

seu estado de conservação. Nas fotografias

digitais, ou digitalizadas, devemos manter

os ficheiros originais, digitalizar na maior

resolução possível e fazer cópias de segurança

adequadas. No caso das fotografias

físicas, é importante ter alguns cuidados de

conservação no seu armazenamento. As fotografias

devem viver connosco. Isto é, não

devem estar escondidas em sótãos ou caves.

Em caso de incêndio ou inundação, as

fotografias de família são das primeiras coisas

em que pensamos não perder. O ideal, é

ter em caixas com PH neutro, numa prateleira

superior, longe de humidade e sol directo.

A cor está presente nos seus trabalhos de

que forma?

- A fotografia é uma linguagem com a sua

própria gramática. Dependendo do que

queremos transmitir, utilizamos a composição

para poder transmitir essa ideia. A cor,

ou o preto e branco, ou mesmo o azul e

branco (cianotipia), fazem parte dessa gramática.

Cada um no seu lugar. Pessoalmente,

gosto de experimentar vários formatos

e formas de produzir imagens. Hoje em dia

até fotografo mais com o meu telefone do

que com uma câmara convencional. A fotografia

é cada vez mais democrática no seu

acesso e produção. E por isto, acho cada vez

mais importante apostar na literacia visual.

Somos bombardeados por imagens diariamente,

mas muitas vezes não as sabemos

ler. Mais importante do que eu produzir

imagens sobre um lugar ou comunidade é

poder transmitir esta gramática e linguagem

a essas pessoas e elas próprias contarem

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