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A.B.C: É fácil estar casada com uma pessoa

que vive há tantos anos para a política?

Elisabete: Hoje, posso dizer que sim, mas os

primeiros anos foram complicados...

O que foi complicado, exactamente?

E.: A disponibilidade de tempo.

O tempo. Um político é sempre um político...

E.: Pois. Mas antes de entrar na política era

diferente. Fiz o meu curso no período nocturno

e ele acompanhava-me sempre. Eu era

a menina dos olhos dele - e continuo a ser -

mas depois deixou de haver essa disponibilidade

de tempo.

José António, explique lá o que é isso da

‘menina dos olhos dele’, uma expressão

curiosa. Há quanto tempo se conhecem?

José António.: Conhecemo-nos há 16 anos.

Quando começámos a namorar – sou mais

velho do que ela nove anos – ela tinha 21 e

eu já tinha 30, portanto a ‘menina dos olhos’

vem daí...

E menina ia porque tinha ‘guarda-costas’

ou ia também para aprender banca

e seguros?

J.A.: Não. Na altura tinha a minha vida organizada,

já trabalhava, tinha as minhas coisas.

Como ela estudava à noite acompanhava-a

até à escola e depois de terminadas as

aulas regressávamos juntos. Aproveitávamos

esse tempo de regresso a casa para estarmos

juntos. No entanto a vida muda e quando

temos outras coisas para fazer torna-se

mais complicado estarmos juntos, daí que

ela diga que no início foi complicado porque

já não estávamos tanto tempo juntos como

antigamente.

Há quantos na política, directa ou indirectamente?

J.A.: Estou na política há muitos anos. Comecei

na JSD-M, fui presidente da JSD de São

Vicente, fiz parte da Comissão Política Regional

da JSD-M, fui Secretário-Geral Adjunto da

JSD-M e depois foi quando surgiu o desafio

autárquico em 2013. Embora a JSD seja uma

escola política em que se aprende muita coisa

acabamos por não ter a visibilidade em

termos da política autárquica.

Está a ver o seu marido a fazer outra coisa

que não política?

E.: Não.

Então, o que poderá ser a vida do José

António a partir de 2025?

E.: Só ele é que saberá.

E o José António, sabe?

J.A.: A nossa vida é um desafio e nesse desafio

aparecem vários desafios. Em 2013 surgiu

o desafio político e segui-o, portanto, em

2025 poderá surgir outro desafio, quer político,

quer não. Só temos de estar preparados

para qualquer desafio e temos de olhar para

os mesmos e decidir se queremos assumir

esse desafio ou não.

E, se amanhã, um dos vossos filhos quiser

enveredar pela carreira política, leva dois

pares de estalos [risos]...?

E.: Leva três! [risos] O que dizemos é que não

queremos essa vida para eles.

Neste momento estamos a falar de crianças

e as crianças não têm a noção do

papel que o pai desempenha [presidente

da Câmara Municipal de São Vicente] mas

algum deles já manifesta alguma ‘curiosidade’?

E.: Eles têm o blá-blá do pai, a conversinha

do pai...[risos]

Mas é uma conversinha que dá votos...

E.: Sim [risos]. Eles já ganham votos.

Não me diga que já fazem campanha ‘porta-a-porta’

com o pai...

E.: Não, mas são já muitos anos do José António

nesta vida política e, realmente, ele tem

jeito e os miúdos são influenciados por ele,

tanto que, já mostram ter aquela ‘conversinha’

de político [risos]...

O José António Garcês é aquela pessoa

que conhecemos enquanto político, só

que não gostaria de circunscrever esta

conversa apenas à política. Assim sendo,

quem é o José António Garcês fora da sua

rotina política?

J.A.: Quando somos políticos e exercemos de

alguma forma a política em termos de cargos

públicos ou políticos, é difícil sair desse registo.

Somos políticos 24 horas por dia. Num

fim de semana destes fui com uns amigos ver

um jogo de futebol e nem mesmo assim descolo

da imagem de ‘presidente’, «senhor presidente!»,

e toda a gente a olhar para mim.

Quero dizer que nem mesmo os amigos são

capazes de dissociar o José António Garcês

do cargo político que ocupa neste momento.

É como o Dr. Alberto João Jardim, que cada

vez que está em algum sítio eu próprio

continuo a tratá-lo por presidente [risos]...

J.A.: Pois, não se consegue dissociar. Agora

obviamente que temos os nossos momentos

na política e temos os nossos momentos privados.

Recentemente fui jantar com os meus

amigos e jogar à bisca e este é um momento

para os amigos, em que conversamos e

jogamos à bisca, fazemos aquelas brincadeiras

de amigos, mas é certo que dificilmente

se consegue dissociar o cargo da pessoa. Em

muitas situações as pessoas não vêem o José

António Garcês mas o Presidente da Câmara

de São Vicente. Quando se ocupa este tipo de

cargo, é compreensível.

Isso acontece quando vão ao cinema, por

exemplo?

J.A.: Não me recordo da última vez que

fomos ao cinema, mas já fomos várias vezes,

mais nestes últimos anos com os miúdos, e

ver filmes vocacionados para eles – num dos

últimos a que assistimos cheguei a pegar

no sono – mas vamos ao cinema, passeamos,

gostamos de ir ao Madeira Shopping

onde aproveitamos para almoçar ou fazer

outras coisas em família. Perto de casa tem

um pequeno campo de futebol que aproveitamos

para jogar. Gostaria de poder passar

mais tempo com a família, mas há sempre

aqueles momentos que são nossos, e quando

estou com os meus filhos procuro desfrutar

ao máximo, concentrar-me naquele

momento e não pensar na política ou noutras

coisas. O meu filho mais novo gosta

muito de futebol e, em casa, está sempre a

perguntar à mãe quando é que chego para

irmos jogar futebol [risos]. São momentos

que são só nossos e tentamos esquecer o

resto, a não ser quando o telefone toca e

temos de atender a chamada.

Uma vida dedicada à banca e aos seguros,

Elisabete. O que a puxou nessa direcção?

Por que não outra área e o que é que

a atrai – ou continua a ser atraída – nesta

área de trabalho?

E.: Na altura foi uma oportunidade – estudava

e trabalhava ao mesmo tempo – e sou sincera

neste aspeto já que se não fosse o apoio

dele (ajudava-me em tudo, inclusive nos trabalhos

escolares) - porque era trabalhar

durante o dia e estudar à noite - não tinha

conseguido. O meu marido foi a minha força

e devo-lhe muito. A banca e seguros foi uma

oportunidade que aproveitei, foi um desafio

de que aprendi a gostar e continuo a gostar.

É uma área de trabalho em que se sente

realizada?

E.: Não direi realizada porque gostaria de ter

um negócio nosso, em nome próprio, dos

dois. Nesse tempo, quando comecei a trabalhar,

falámos sobre o facto de avançarmos

com um negócio nosso, mas toda a gente

trabalhava na banca e seguros e eu, como a

banca não me seduzia, acabei por ir para os

seguros. Até quando só Deus sabe.

Tiramos a Elisabete da área dos seguros

para um lugar que a faria mais feliz. O que

saber junho 2022

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