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Sapeca n° 39

Nº 39 – Setembro/2022 – Editor: Tonico Soares e-mail: ajaimesoares@hotmail.com

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SOU ÚTIL

INDA

BRINCANDO

Achei, no Google, show com Roberto Silva e ao final, continuei na era do rádio,

com Cyro Monteiro. Cantor por cantor, Roberto e Cyro empatavam, no repertório,

jeito de cantar, jinga malandra. Já programa por programa, curti mais o do Cyro, em

sua mesa de jantar, com Carminha Mascarenhas fazendo contracanto, Lúcio Alves, ao

violão e Sérgio Cabral (pai). Enfeitando a mesa, Elke Maravilha, na flor da idade –

estava ali porque namorava o filho do homenageado. Por sinal, Cyro, Roberto e Lúcio

eram os três maiores, para João Gilberto, depois de Orlando Silva, o “maior cantor do

mundo, no seu tempo”, frisou o baiano. Para mim, é João.

Um prazer rever e ouvir a Mascarenhas, depois de décadas (recomendo Per omnia

sæcula sæculorum amen, de Miguel Gustavo). Artistas trabalham se divertindo, e

é o que eles estavam fazendo ali, felizes e, como diz a escultura de Mestre Valentim,

no Passeio Público, “Sou útil inda brincando”, que Sapeca passa a usar neste número

como slogan. O dito Passeio é uma das joias barrocas do Rio, que preserva o aspecto

que tinha na inauguração, em 1783. Bravo! Pois no Brasil cada prefeito maquia a

cidade a seu jeito, espero que o Iphan preserve a nossa.

Cyro tinha suas peculiaridades, como manter conta corrente no pipoqueiro para

usufruto da molecada da área. Outra era mandar camisa infantil do Flamengo sempre

que nascia filho de amigo, por isso era chamado de aliciador de menores e assim o fez

para Sylvia, primogê nita dê Chico Buarquê. Chico, fluminênsê doêntê,

respondeu com um samba sapeca, levando na “esportiva”, coisa de artista.

Ilmo. Sr. Cyro Monteiro (ou Receita pra virar casaca de neném)

Amigo Cyro,

muito te admiro,

o meu chapéu de tiro.

Muito humildemente,

minha petiz

agradece a camisa

que lhe deste à guisa

de gentil presente,

mas, caro nego,

um pano rubro-negro

é presente de grego,

não de um bom irmão:

nós, separados

nas arquibancadas,

temos sido tão chegados

na desolação.

Amigo velho,

amei o teu conselho,

amei o teu vermelho

que é de tanto ardor.

mas quis o verde

que te quero verde,

é bom pra quem vai ter

de ser bom sofredor.

Pintei de branco o teu preto,

ficando completo

o jogo da cor,

virei-lhe o listrado do peito

e nasceu desse jeito

uma outra tricolor.

Mas, como lembrou Cyro, na conversa, a menina virou flamenguista.

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