edição de 16 de janeiro de 2023

e experimentou coisas novas. Entendemos
que isso deverá permanecer, porém o presencial
retomará um papel importante na
experiência do usuário e no contato principalmente
com produtos. Para isso, diversos
PDVs serão reformulados para facilitar
o momento em que o cliente estiver dentro
desse espaço.”
Para ele, os jovens, principalmente a
geração Z, são os consumidores mais familiarizados
com tecnologia e ajudaram a
acelerar a compra social. “Eles se sentem
confortáveis dentro desses ambientes digitais
e, com certeza, evoluirão para o virtual.
Têm menos apego e fidelidade com marcas.
Esses usuários continuarão a experimentar
novas marcas, principalmente as ‘direct-to-
-consumer’, e geram apelo para este público”,
relata. Andrade lembra ainda que essa
geração chega ao mercado de trabalho e
terá mais poder de compra e importância
como um todo. “Como esses novos consumidores
seguem muito influencers, as
marcas mainstream precisarão evoluir na
comunicação e posicionamento para atingir
tal público”.
vida mais sustentável
Maura Coracini: marcas devem influenciar os hábitos
Divulgação
seguem identificar se os produtos são ou
não éticos e sustentáveis e 61% declaram
que as certificações e selos explicando os
benefícios influenciariam a sua compra”,
comenta.
Para ela, as marcas melhorariam a vida
do consumidor ao influenciar a mudança
de hábitos para comportamentos mais sustentáveis,
informando e educando – 42%
dos consumidores não sabem onde encontrar
produtos sustentáveis e 57% têm muita
dificuldade em saber quais produtos são
bons ou maus eticamente e para o meio
ambiente. “Ser sustentável não é mais uma
questão de ter, mas quando. As marcas já
estão sendo pressionadas pelo mercado financeiro
para a demonstração concreta de
suas ações em relação à sustentabilidade.
Além do custo da não adaptação e mitigação
de riscos que as empresas precisarão
lidar caso ainda não estejam olhando para
essas questões, o grande custo de oportunidade
está em democratizar os produtos
e serviços sustentáveis, oferecendo
opções econômicas e possíveis de serem
adquiridas pela maior parte dos consumidores”,
define.
Ela afirma que não encontraram contradições
nas pesquisas, mas se surpreenderam
com o fato de o brasileiro estar
tão engajado e bem informado com questões
climáticas. “No nosso último barômetro,
entre as principais preocupações
dos consumidores, 26% dos brasileiros
declararam estar preocupados com a crise
climática (2º lugar), atrás somente de
problemas sociais (50%) e empatado com
a economia em geral (26%) e violência e
crime (26%)”, relata.
Sobre o comportamento do consumidor
em 2023, ela aponta que no estudo
pode-se notar que, apesar de todas as crises
que o país enfrenta nos últimos anos,
o desejo de ser mais sustentável não diminuiu
– inclusive perceberam que o consumidor
mais consciente sobre a importância
dessas questões e o impacto que
causam na sociedade. Segundo Maura, os
jovens declararam ter maior preocupação
em relação a temas sociais – como saúde
mental e racismo – do que os boomers,
que têm uma preocupação mais ligada ao
meio ambiente.
A pesquisa da Kantar revela, no Brasil,
99% dos entrevistados declaram que querem
ter um estilo de vida sustentável, mas
apenas 14% estão efetivamente mudando
seu comportamento. Há duas razões principais
para isso: 75% desejam fazer mais
pelo planeta, mas o alto custo de vida os
impede, e 43% não sabem onde encontrar
produtos sustentáveis, nem quais hábitos
adotar para ajudar mais.
Ns
raIo x da geração K
•25% da população brasileira
•41,4 milhões de jovens,
entre 16 e 34 anos, das classes B/C
•55% são negros
•55% têm ensino médio completo
•97% são digitalizados
•21% estão no Nordeste
e 45% no Sudeste
•655 bilhões de reais é o quanto
movimenta por ano
Guilherme Soter, CEO da GDB (Global
Data Bank), especializada em privacidade,
mídia e dados, vê que, mesmo após a crise
mais séria da pandemia, há um contínuo
aumento no consumo de vídeo. Para ele, as
pessoas gostam de se informar e se entreter
utilizando esse formato. “Além disso, estamos
acompanhando o crescimento das TVs
conectadas, com a TV linear perdendo força
– em especial entre os jovens. Prova disso
é o binge watching: maratonar as séries e
conteúdos favoritos já é um comportamento
enraizado no consumidor atual”, comenta.
Ele declara que vê uma grande oportunidade
neste cenário, que é a monetização do
setor. “Com o aumento da inflação e a redução
do poder de compra dos brasileiros,
há um claro reflexo na impossibilidade da
manutenção da assinatura de diversos serviços
de streaming por parte da população.
Neste contexto, os usuários buscam alternativas
ad supported, ou seja, plataformas
suportadas por anúncios, como PlutoTV,
YouTube e, mais recentemente, o próprio
Netflix”, explica.
Em relação aos jovens, a consolidação
do consumo de streaming já se faz mais do
que presente, segundo o executivo, não só
em conteúdos audiovisuais, mas também
nos games. “A publicidade precisa se adequar
para atender a esse nicho, com ações
menos intrusivas que estejam mais conectadas
à realidade desse público, principalmente
dentro do contexto do jogo. Ainda
vale destacar o streaming de áudio, que
já vinha em crescimento e está ganhando
ainda mais relevância da audiência com o
pós-pandemia, especialmente no trajeto
das pessoas, seja no trânsito, transporte
público ou em diversos outros momentos
do dia”. Soter diz ver pelo lado da transformação,
com as audiências migrando de
plataforma e continuamente aprimorando
seus hábitos, enquanto alguns valores permanecem
intocados: a confiança e a busca
por experiências mais completas, que
aliam relevância e prezam pelo respeito e
privacidade”, argumenta.
jornal propmark - 16 de janeiro de 2023 15