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edição de 16 de janeiro de 2023

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inspiração<br />

o que me enche os olhos d’água<br />

Fotos: Arquivo Pessoal<br />

“A propaganda me faz chorar. Superhumans, do Channel 4.<br />

Phelps, <strong>de</strong> Un<strong>de</strong>r Armour. Pillow Talk, clássico da Disney”<br />

João CaeTano0 BraSil<br />

especial para o ProPMarK<br />

Quem me conhece um pouquinho já sabe:<br />

eu choro. E não é que choro como<br />

todas as pessoas no planeta. Eu fico com<br />

os olhos cheios <strong>de</strong> lágrimas o tempo todo.<br />

Do nada. Algumas vezes <strong>de</strong> até encharcar o<br />

rosto, nas mais aleatórias situações.<br />

Em um show, conversando com as minhas<br />

filhas, Isadora e Lorena, ouvindo um<br />

podcast, assistindo a um filme, numa exposição.<br />

Tá bom, muita gente chora nesses momentos.<br />

Mas eu também choro no meio da<br />

torcida do Flamengo, num bar com o pessoal<br />

do Cachaça, meu grupo <strong>de</strong> WhatsApp<br />

preferido, quando um amigo me conta que<br />

o negócio <strong>de</strong>le está dando certo, escutando<br />

uma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> uma dupla que está começando<br />

na profissão ou apresentando essa i<strong>de</strong>ia<br />

para o cliente.<br />

O Rato e a Lu Rodrigues, dois parceiros<br />

queridos <strong>de</strong> agências e épocas diferentes,<br />

até passaram coinci<strong>de</strong>ntemente a emendar<br />

mais ou menos a mesma frase quando choro<br />

em reuniões: “É, o JC se emociona com<br />

as i<strong>de</strong>ias”.<br />

Depois <strong>de</strong> pensar muito sobre por que eu<br />

saio chorando por aí, cheguei a uma conclusão:<br />

o que me inspira me arranca lágrimas.<br />

Simples assim. A qualquer momento algo<br />

po<strong>de</strong> me <strong>de</strong>ixar com os olhos marejados.<br />

Não pratico esportes, mas acompanho<br />

bastante. O Luka Dončić brilhando, aos 23,<br />

ou o Lebron batendo tudo que é recor<strong>de</strong>,<br />

aos 38, me fazem chorar. O respeito, como<br />

vimos na <strong>de</strong>spedida do Fe<strong>de</strong>rer jogando em<br />

duplas com o Nadal, me coloca aos prantos.<br />

A Serena Williams, i<strong>de</strong>m. As gran<strong>de</strong>s viradas<br />

<strong>de</strong> jogo (alô, Lima 2019), as reviravoltas<br />

impensáveis, os retornos triunfantes me fazem<br />

quase soluçar. Imagina a minha cara ao<br />

ver o Messi ganhar a Copa.<br />

E não existe um tema específico ou um<br />

conjunto <strong>de</strong>les que me faça cair no choro.<br />

É randômico mesmo. A posse do Lula me<br />

fez pegar um lenço. O Silvio Almeida no<br />

Mano a Mano. Os Beatles tocando covers<br />

<strong>de</strong> rockabilly em Get Back, como faziam<br />

em Hamburgo, e finalmente voltando a se<br />

divertir. O punk rock. Os Racionais MC’s. A<br />

letra <strong>de</strong> Re<strong>de</strong>mption Song.<br />

A observação da Giovana Madalosso sobre<br />

o sono agitado das crianças e a relação<br />

disso com a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>las <strong>de</strong> sonhar<br />

mais do que os adultos, em Suíte Tóquio.<br />

Piadas. O documentário The Beat Diaspora.<br />

A feirante que me disse “se eu não confiar<br />

nas pessoas, fo<strong>de</strong>u”, no dia em que me <strong>de</strong>ixou<br />

levar a compra sem pagar porque esqueci<br />

a carteira em casa.<br />

E, claro, a propaganda me faz chorar.<br />

Superhumans, do Channel 4. Phelps, <strong>de</strong> Un<strong>de</strong>r<br />

Armour. Pillow Talk, clássico da Disney.<br />

The Talk, da P&G.<br />

E muitas outras i<strong>de</strong>ias. (Existe um movimento<br />

<strong>de</strong> menosprezar a inspiração que<br />

vem da própria publicida<strong>de</strong>, que, para<br />

mim, é comparável a rejeitar os políticos na<br />

política, e que a gente sabe bem on<strong>de</strong> dá.<br />

Mas isso é papo para outro texto.)<br />

Apesar <strong>de</strong> os assuntos aparentemente<br />

não terem nada a ver entre si, <strong>de</strong> tanto <strong>de</strong>rramar<br />

rios <strong>de</strong>sse líquido que tem o mesmo<br />

gosto do soro caseiro, consegui ver três fatores<br />

em comum naquilo que me faz verter<br />

lágrimas.<br />

A <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> como po<strong>de</strong>mos ser<br />

gigantes, o fazer e a nossa habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

não nos levar tão a sério. Por trás <strong>de</strong>sses fatores,<br />

está o humano. O humano é o que me<br />

inspira. Pronto, chorei bal<strong>de</strong>s.<br />

João Caetano Brasil é executive creative director<br />

da agência Grey Brasil<br />

jornal propmark - <strong>16</strong> <strong>de</strong> <strong>janeiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2023</strong> 9

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