sentimentos-que-aprisionan-a-alma
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ciente dessa advertência (Gn 3.3). Deste modo, no dia em que
tomaram do fruto proibido, eles temeram a ação divina (Gn
3.10): o que viria a ser a morte, esse evento completamente
incógnito? Adão e Eva sabiam o que era viver, morrer, não.
Diante dessa realidade, é possível afirmar que o alicerce
de todos os medos humanos está na consciência do fato de
que todos, invariavelmente, um dia, morreremos.
2.1. O medo essencial de todos os homens no
decorrer das eras
Quando a expectativa de vida não passava de 30 anos,
talvez pudéssemos supor que seria mais fácil aceitar a morte
como um fato natural; contudo, no transcurso da História,
esse padrão de comportamento jamais se observou. A raça
humana interpreta a morte como o
elemento que se opõe à vida, desde
os tempos mais remotos.
Nos dias atuais, assim como no
passado, a contagem regressiva,
que se inicia no dia em que adentramos
este mundo, apavora todos
aqueles que ainda não compreenderam
o plano salvífico (Jo 3.16); aqueles
que ainda não entenderam que
Cristo tornou inoperante a morte e
trouxe à luz a vida e a imortalidade
por meio do evangelho (2 Tm 1.10).
É fato: ninguém viverá
pacificado enquanto não
resolver em si a fobia da
morte, o elemento essencial
que deflagra na raça humana
todos os outros tipos
de medo.
2.2. O homem diante da certeza da morte
Parece haver na raça humana um grito desesperado de
perda, que a faz existir sob o chicote do “eu tenho que”. Muitas
vezes essa angústia aparece na hiperatividade infantil;
outras tantas, nos perigos aos quais adolescentes e jovens
submetem-se cotidianamente, na tentativa de se autoafirmarem
como os únicos seres capazes de desafiar o fim. Na idade
adulta, essa aflição aparece travestida de responsabilidades
neuróticas: é preciso casar, ter filhos, ganhar dinheiro, adquirir
confortos, construir uma reputação etc. Quando se chega
à maturidade, o relógio da vida, em uma toada de agonia
crescente, faz muitos repensarem os caminhos escolhidos.
Nesta fase, aparece o que se convencionou chamar de crise
da meia-idade; momento em que o indivíduo racionaliza: Que
fiz da minha vida até aqui? Dos objetivos e metas que tracei,
quais foram alcançados? Como só tenho uma vida, que em
breve acabará, “tenho que” completar o que não fiz ou mudar
a rota, antes que seja tarde.
Praticamente tudo o que o homem faz nesta vida advém
da consciência que ele tem da realidade da morte; suas atitu-
Sentimentos que aprisionam a alma — Uma abordagem teológica
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