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2.1. Personagens bíblicos e a inveja

É possível afirmar que a inveja não apela para os nossos

pontos fracos, mas, sim, para os fortes. Quando analisamos detidamente

a Escritura, somos tomados pela compreensão de

que alguns personagens bíblicos julgaram que poderiam ter

(ou ser) aquilo que, em tese, estava ao alcance de suas mãos,

mas, como não foram eles os escolhidos por Deus para determinado

fim, invejaram seus pares.

O primeiro fratricídio de que se tem notícia na História foi

motivado pela inveja (Gn 4.1-11). Em vez de olhar para Abel

como fonte de inspiração, Caim tirou-lhe a vida, como se este

ato pudesse anular o fato de Deus ter atentado para a oferta

de seu irmão e ter rejeitado a dele.

Deparamo-nos também com Raquel (até então estéril), que

invejou sua irmã, Leia, por ela ter dado filhos a seu marido,

Jacó (Gn 30.1). Lemos ainda a história de José (Gn 37.1-28),

que foi vendido como escravo por seus invejosos irmãos (Gn

3.11), porque Jacó amava-o mais do que a todos os seus filhos

(Gn 37.3). E, como último exemplo, citamos Saul, um monarca

entronizado que, por inveja, tentou matar um menino que tinha

um coração de rei (1 Sm 18.1-11).

2.2. O lastro da inveja

Tomás de Aquino disse que a inveja caracteriza-se por uma

tristeza do bem alheio enquanto se considera como mal próprio,

porque diminui a própria glória ou excelência. É inevitável,

a inveja traz consigo duras consequências. Vejamos alguns

exemplos nos subtópicos seguintes.

2.2.1. A inveja faz-nos viver à sombra da existência

Há grande tristeza na inveja; ela sombreja os horizontes

e impede-nos de enxergar o bem que, cotidianamente, recebemos

das mãos de Deus. Quando tomados por essa emoção,

lamentamos a falta, em vez de celebrar as inúmeras dádivas

imerecidas; somos consumidos pela admiração do outro e deixamos

de enxergar nesse outro uma fonte de divina inspiração.

2.2.2. A inveja retira de nós a capacidade de admirar o belo

Na tentativa de subtrair do invejado seus atributos e qualidades,

o invejoso vai perdendo a capacidade de apreciar a

beleza, a bondade, a dignidade e a honradez. Pouco a pouco,

os que se deixam dominar por esta emoção tornam-se especialistas

na arte de depreciar.

2.2.3. A inveja ignora o fato de que Deus tem os Seus

próprios mistérios

Os que são acometidos pela inveja acreditam que são capazes

de descobrir o segredo de Deus — ou o truque da vida —

Sentimentos que aprisionam a alma — Uma abordagem teológica

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