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ativo precioso nas mãos chamado ‘informação qualificada’. A gente<br />

não compete com birô de crédito, que é outro nicho. A gente vende<br />

a experiência de crédito para quem quiser ter acesso a ela, principalmente<br />

do mundo”, compara a CEO da Coface no Brasil, Rosana<br />

Passos de Pádua, complementando: “Não há um birô de crédito que<br />

dê a informação de qualquer país do planeta estalando os dedos.<br />

Tornamos isso um negócio e dizemos que isso é uma startup dentro<br />

de uma grande companhia já consolidada”.<br />

Quando se refere ao cenário do seguro de crédito no Brasil,<br />

Rosana alerta: “Você acha que faz sentido um administrador, um<br />

empresário, fazer seguro do transporte, fazer seguro da mercadoria,<br />

do estoque, do maquinário, da vida das pessoas, de absolutamente<br />

toda a cadeia dele, vender um produto, entregar para o cliente e<br />

não ter seguro do recebível? Infelizmente, é isso que acontece no<br />

Brasil. A Coface é a líder de mercado, temos pouco mais que 30%<br />

do market share, mas não temos nem 400 apólices”, revela a CEO da<br />

empresa, assinalando em seguida: “O que quero dizer com isso? Se<br />

você faz um cruzamento com a quantidade de empresas que há no<br />

Brasil, você pode observar que existe uma gama ínfima de empresas<br />

que se preocupam em cobrir o seu ativo mais precioso, porque o<br />

ativo mais líquido que a companhia tem é a primeira linha do fluxo<br />

de caixa de entrada, recebíveis. Se um cliente não pagar, seja porque<br />

a razão for, essa empresa vai ter um problema de fluxo de caixa.<br />

Provavelmente vai ter que tomar dívida para cobrir esse buraco”, interpreta<br />

Rosana.<br />

A realidade atual do mercado brasileiro, como resume a executiva<br />

da Coface, é de desconhecimento em relação à proteção: “Um<br />

pensamento equivocado. Quando oferecemos seguro, ouvimos<br />

muitas vezes: ‘Ah, mas eu conheço o meu cliente’. E a minha resposta<br />

está sempre na ponta da língua: o cliente só quebra uma vez. A arte<br />

é saber quando que isso vai acontecer.”<br />

CARLOS PORTUGAL GOUVÊA,<br />

do PGLaw<br />

UMA AVALANCHE CHAMADA ‘AMERICANAS’<br />

Meses atrás, o advogado Antônio Penteado Mendonça veiculou<br />

em sua coluna no jornal O Estado de S.Paulo que o caso da<br />

recuperação judicial da Americanas poderá ser traduzido como um<br />

dos maiores sinistros na história do mercado de seguros do país e<br />

que a carteira de seguro de crédito interno estaria diante de um<br />

“problema muito sério”. Escreveu: “a exposição das seguradoras, segundo<br />

gente próxima do assunto, pode variar entre R$ 1 bilhão e<br />

R$ 3 bilhões, que é um número bem maior do que o faturamento<br />

do seguro de crédito interno em 2022”. Considerando que outras<br />

recuperações judiciais de peso (a da Oi, por exemplo) impactaram o<br />

mercado como um todo, como avaliar, com exatidão, os riscos para<br />

a carteira de seguro de crédito interno? O efeito cascata do colapso<br />

da gigante do varejo certamente é um deles, como resume Rosana<br />

Passos: “Acabamos de passar pela situação da Americanas, onde<br />

mais de 5 mil fornecedores conheciam o cliente Americanas e não<br />

receberam na declaração da recuperação judicial. Muitos tiveram<br />

problemas e alguns já entraram (também) em recuperação judicial.”<br />

Para a CEO da Coface, a crise da Americanas é, sim, um grande<br />

sinistro, porque, primeiramente, o seguro de crédito é um seguro<br />

financeiro; segundo: a tomada de decisão é sempre baseada nas demonstrações<br />

financeiras das companhias,<br />

e as demonstrações financeiras auditadas<br />

das Americanas eram boas, então havia<br />

um bom rating. Consequentemente, e<br />

por fim, a empresa recebera muito crédito.<br />

“Quando houve a declaração da<br />

recuperação judicial (da Americanas),<br />

imediatamente começamos o processo<br />

de regulação do sinistro. No nosso caso,<br />

nós tínhamos 12 segurados, bastante,<br />

um volume muito alto de crédito concedido.<br />

Começamos a regulação e estamos<br />

pagando até o final deste mês (junho) os<br />

últimos segurados, porque o processo de<br />

regulação às vezes demora, é nota a nota”,<br />

frisa Rosana, sem omitir a preocupação<br />

com o rastro de fragmentação econômica<br />

deixado pelo caso “Americanas”. “Nosso<br />

índice de sinistralidade aumenta, mas<br />

é feito um fluxo de caixa porque tudo é<br />

ressegurado”, entende a executiva.<br />

Phillip Krinker acompanha atentamente<br />

cada capítulo da turbulenta recuperação<br />

judicial da Americanas, e faz uma<br />

ressalva: “Nunca é demais frisar que as indenizações<br />

vão ser um verdadeiro teste e<br />

prova. Mas as seguradoras de crédito operando<br />

no mercado de seguro de crédito<br />

estão financeiramente fortes e resilientes<br />

e absorverão os impactos desses sinistros<br />

sem colocar a saúde financeira das seguradoras<br />

em risco. Não podemos deixar de<br />

lembrar que todas as nossas seguradoras<br />

são muito bem fiscalizadas e reguladas<br />

pela Susep”, atenua o especialista. Além<br />

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