Elas por elas 2010
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
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[ Saúde ]
Feminização da aids
Superação exige mudança de comportamento
por Débora Junqueira
Casada, três filhos, Ana (nome fictício) levava
uma vida normal como qualquer dona de casa da
periferia de Belo Horizonte. Como doméstica,
trabalhava há mais de 10 anos na mesma casa para
ajudar o marido no sustento do lar. Nunca imaginou,
no entanto, que um dia pudesse ser contaminada pelo
vírus da aids, assim como a maioria das mulheres,
hoje, engrossam as estatísticas, o que demonstra ser
cada vez menor a diferença entre os sexos, nessa síndrome.
Atualmente, no Brasil, há 1,5 homens infectados
com HIV para cada mulher, em 1985, a
proporção era de 16 homens com aids para cada mulher.
No mundo todo, as mulheres já representam
50% da população infectada e, no continente africano,
já são maioria, com 60%. O fenômeno, conhecido
como a feminização da aids, remete às questões
sociais e relações patriarcais que ainda existem na
atualidade. E, não há dúvida, exige uma mudança
urgente de comportamento entre homens e mulheres.
Aos 34 anos, Ana começou a perder peso e a ter
uma série de sintomas, até um médico pedir o teste
de HIV. “Meu marido era namorador. Sabia que ele
era pai de 18 filhos fora do casamento, mas mesmo
sabendo de tudo, nunca consegui que ele usasse a
camisinha”, relata. Ao contar ao marido e alertá-lo
sobre a possibilidade de estar contaminado, ele
respondeu: “estou gordo, não tenho isso”. Dois anos
depois, os sintomas da doença apareceram. “Descobri
que a aids não tem cara”, reflete Ana.
Ela se separou e logo saiu do emprego, no qual,
num ato que considerou preconceituoso, foi transferida
de cozinheira para arrumadeira. Mais tarde conseguiu
se aposentar, uma conquista que nem sempre os
soropositivos conseguem facilmente. Passou por fases
de depressão, ficando cerca de quatro anos sem sair
de casa, com vergonha de sua aparência e do
preconceito. Após 12 anos de tratamento, conseguiu
superar os momentos mais difíceis com a ajuda de
grupos de apoio, onde faz trabalhos voluntários,
academia e participa de um coral.
Campanha “Quem tem amor próprio usa. Camisinha, um direito seu.”
Divulgação
28 ELAS POR ELAS - SETEMBRO DE 2010