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RELATÓRIO AZUL 1996 - Marcos Rolim

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Relatório Azul <strong>1996</strong>Página48O Brasil está envelhecendoQuase 8% da população brasileira é formada por pessoas com mais de 65 anos de idade.Esse número é superior à população total da Bélgica, da Suécia ou de Portugal. A populaçãocom mais de sessenta anos aumenta 5% a cada ano e já é de 12 milhões. Em 2025, quando aatual geração de trinta anos terá mais de sessenta, a população idosa chegará a 35 milhões,três vezes o número atual, representando a sexta nação do mundo em idosos.Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil concentra maior númerorelativo de idosos do que o Japão, China, Estados Unidos e México.A maior concentração de idosos no Brasil é nas regiões Sudeste (55%) e Nordeste (24%).Analisando os estados, entretanto, constata-se que o Rio Grande do Sul é o terceiro empercentual de idosos (8,91%), depois do Rio de Janeiro (9,2%) e da Paraíba (9,04%).O índice de analfabetismo é enorme: 48% das mulheres e 40% dos homens com mais desessenta e cinco anos não sabem ler nem escrever.O processo de envelhecimento da população, decorrente da queda da taxa de natalidadee do aumento da expectativa de vida, já vem causando impactos sociais e gerando demandas depolíticas básicas para esse segmento da sociedade. A tendência do avanço desse processosugere a necessidade urgente de um projeto político para uma parcela cada vez menosminoritária da população. Não se trata da elaboração de políticas de atendimento, mas sim daelaboração de políticas de infra-estrutura para a vida das pessoas com mais de sessenta e cincoanos, que inclua possibilidades de acesso, usufruto e intervenção crítica em todos os momentose locais, para um exercício da cidadania. As pessoas com mais de sessenta e cinco anos deidade, teoricamente, deixam de exercer apenas uma atividade pública: o trabalho remunerado,chamado produtivo. Numa sociedade que se pretende construir baseada no respeito aos DireitosHumanos não há lugar para o critério de produtividade como condição para a cidadania. Sefosse assim, crianças e adolescentes, deficientes múltiplos, idosos, mulheres donas de casa edesempregados seriam considerados menos merecedores de direitos do que a chamadapopulação economicamente ativa. Na realidade, é assim que são concebidos e, portanto,atendidos esses segmentos da população.Mas é equívoco pensar que os idosos não exercem atividades produtivas. Quase ametade (40%) dos idosos continua trabalhando, por prazer ou por medo do envelhecimento,pelo risco de se sentirem abandonados, ou por necessidade financeira. A aposentadoria é baixapara sobrevivência, as famílias estão cada vez menores e com seus membros cada vez maisocupados em atividades como trabalho e estudo, e os asilos são, muitas vezes, verdadeirosdepósitos de seres humanos. A saída é continuar “útil”, ou seja, contribuindo para a renda epara a organização familiar. Quando isso não é possível, seja por falta de oportunidade ou decondições físicas para o trabalho, a pessoa idosa passa a ser tratada como um peso para afamília, tendo que lidar com a solidão em casa ou fora dela.Direito à saúdeAlém de injusta, a prática de atendimento de saúde do Estado aos idosos é cara eineficiente.A saúde dos idosos é um dos itens mais caros do Sistema Único de Saúde (SUS).Segundo dados do Ministério da Saúde, divulgados no simpósio “O envelhecimento populacionaldo Brasil”, na 48ª reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em 1995o custo por pessoa entre 15 e 59 anos, para o SUS, foi de R$11, enquanto o custo por idoso foide R$ 61. E o pior é que o alto custo não reverteu, de forma alguma, em qualidade de vida paraessas pessoas.Preconceito e violênciaO preconceito contra os velhos parece provir de duas origens: da incapacidade do serhumano em admitir o fato inexorável de sua própria velhice e, no limite, de sua própria morte, eda percepção da velhice como um segmento improdutivo, caro e sem futuro da população. Isso

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