Fu e Li (2004) mostraram a relativa importância das condições de umidade <strong>do</strong> solodurante a estação seca (primavera austral) para o início da estação úmida na Amazônia (outono).Eles discutiram as contribuições desse parâmetro para as variações interanuais de fluxos entre asuperfície e a atmosfera, determinan<strong>do</strong> as condições para a convecção em grande escala durante oinício <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> chuvoso, uma vez que o fator primordial desta hipótese é basea<strong>do</strong> na modificação<strong>do</strong>s parâmetros de instabilidades atmosféricas. O padrão de variabilidade de NDVI reflete o cicloanual da vegetação, e assim as alterações anômalas desse ciclo natural também interagem com aatmosfera, provocadas por mudanças no balanço radiativo (Wang et al., 2006). Eles mostraramtambém que, as interações entre a precipitação e NDVI na escala de tempo interanual pode impactarno ciclo de desenvolvimento da vegetação com defasagem de longo perío<strong>do</strong> (sazonal). Isso paracobertura vegetal de estepes em uma região semi-árida da América <strong>do</strong> Norte. Por outro la<strong>do</strong>,interações simultâneas ou de curto perío<strong>do</strong> (menor <strong>do</strong> que 2 meses) tendem a ser amortecidas. Issoporque em regiões semi-áridas, o desenvolvimento da vegetação tende a diminuir a capacidade deágua no solo mais rapidamente que a precipitação possa repor. Por outro la<strong>do</strong>, Colini et al. (2008)aponta apenas a umidade <strong>do</strong> solo como fator crucial para estabelecimento de uma estação úmidapreceden<strong>do</strong> a climatologia na América <strong>do</strong> Sul. Em outubro, independente de um grande ou suaveaumento da precipitação, a evapotranspiração no Brasil central não é significativamente alterada. Issopode demonstrar uma insensibilidade da vegetação em relação ao início anômalo de precipitação,seja este positivo ou negativo.Já Scanlon et al. (2002) encontraram que a variabilidade interanual <strong>do</strong> NDVI nas savanasafricanas é sensível à variabilidade <strong>do</strong> início da estação úmida, porém não ten<strong>do</strong> uma resposta linear,mas pelo contrário, poden<strong>do</strong> ocorrer ao longo <strong>do</strong>s meses seguintes. Isso é sustenta<strong>do</strong>, por exemplo,pela evolução da vegetação e mudanças no balanço de radiação, embora esses autores nãomostrem, necessariamente, uma relação de causa e efeito. Por outro la<strong>do</strong>, essas característicassugerem que as interações dessas variáveis refletem uma associação combinada entre atmosfera eecossistemas terrestres (e.g., o Cerra<strong>do</strong>) na variabilidade de baixa-freqüência, principalmente durantea fase de início das monções na América <strong>do</strong> Sul, e conseqüente início da estação úmida, culminan<strong>do</strong>com a evolução da vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>. Por isso, uma investigação em relação à vegetação <strong>do</strong>Cerra<strong>do</strong> associada às anomalias de precipitação e temperatura na variabilidade interanual mereceatenção para elucidar questões como essas.10
As anomalias climáticas no centro-leste da América <strong>do</strong> Sul dependem de fatores remotoscomo, por exemplo, a temperatura da superfície <strong>do</strong> mar (TSM) <strong>do</strong> Oceano Pacífico (e.g., Ropelewskie Halpert, 1987; Karoly, 1989; Halpert e Ropelewski, 1992; Kousky e Kayano, 1994; Montecinos et al.,2000; Souza et al., 2000; Los et al., 2001; Grimm, 2003; Muza e Carvalho, 2006). Entretanto, osmecanismos atmosféricos e oceânicos relativos à influência da variabilidade interanual no sudeste ecentro-oeste brasileiro ainda não são bem compreendi<strong>do</strong>s. Por outro la<strong>do</strong>, há também a influência <strong>do</strong>Atlântico subtropical, que apresenta um dipolo meridional na variabilidade interanual das anomaliasde TSM (Barreiro et al., 2002; Chaves e Nobre, 2004; Almeida, 2006; Muza et al., 2009) To<strong>do</strong>s essesestu<strong>do</strong>s mostraram o dipolo <strong>do</strong> Atlântico Sul com anomalias de TSM com sinal oposto à precipitaçãosob a ZCAS. De fato, o papel <strong>do</strong> Atlântico Sul aparece mais como uma resposta atmosférica, <strong>do</strong> queuma fonte de calor para os mecanismos de estabelecimento da convecção na ZCAS (Chaves eNobre, 2004). Porém, durante os meses de início <strong>do</strong> SAMS, anomalias positivas de TSM no AtlânticoSul subtropical podem contribuir para o estabelecimento <strong>do</strong>s primeiros eventos da ZCAS (Grimm,2003).Durante o SAMS, eventos de precipitação ou estiagem prolongada no sudeste e centrooeste<strong>do</strong> Brasil são modula<strong>do</strong>s pela circulação de grande escala, que transportam distúrbiostransientes modula<strong>do</strong>s por fenômenos de baixa-freqüência (Grimm, 2003). O escoamento de oeste éparte desse transporte, que é caracteriza<strong>do</strong> por trens de ondas nos padrões de circulação anômalasde baixa-freqüência (Barnston e Livezey, 1987; Hoskins e Ambrizzi, 1993; Grimm e Silva Dias, 1995;Liebmann et al., 2004). Estes contribuem para anomalias sazonais nessa região associadas aosmo<strong>do</strong>s característicos de fenômenos de mais lenta periodicidade na atmosfera. Por exemplo, opadrão de gangorra de precipitação entre sul-sudeste <strong>do</strong> Brasil é observa<strong>do</strong> principalmente navariabilidade intra-sazonal (Casarin e Kousky, 1986; Nogués-Paegle e Mo, 1997, Liebmann et al.,1999; Carvalho et al., 2004 Liebmann et al., 2004; Muza, 2005). Segun<strong>do</strong> Liebmann et al. (2004) oposicionamento <strong>do</strong>s trens de ondas incidin<strong>do</strong> sobre a América <strong>do</strong> Sul determina a fase que seencontra a gangorra de precipitação entre sul-sudeste. A intensificação da convecção na ZCAS e afraca atividade convectiva no sul <strong>do</strong> Brasil dependem da fase em que esses distúrbios avançamsobre a América <strong>do</strong> Sul, pois eles modificam o escoamento <strong>do</strong> ar a leste <strong>do</strong>s Andes (Liebmann et al,2004). Isto é, em baixos níveis o escoamento <strong>do</strong> ar associa<strong>do</strong> à anômala circulação ciclônica sobre osul <strong>do</strong> Brasil leva calor e umidade <strong>do</strong> ar para a região da ZCAS em detrimento a convecção no sul <strong>do</strong>Brasil. Esse ciclone anômalo concorda com os resulta<strong>do</strong>s de Grimm et al. (2007), que mostraram quesua formação depende da topografia da Serra <strong>do</strong> Mar e Serra da Mantiqueira no sudeste e sul <strong>do</strong>11
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