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edição de 13 de abril de 2020

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editorial<br />

Armando Ferrentini<br />

aferrentini@editorareferencia.com.br<br />

Problemas brasileiros<br />

São muitos e difíceis <strong>de</strong> enumerá-los, numa época em que não param <strong>de</strong><br />

crescer. Mesmo assim, temos <strong>de</strong> acreditar em uma solução, ainda que<br />

paliativa, para que os seus 200 milhões <strong>de</strong> habitantes possam, no mínimo,<br />

nutrir esperanças <strong>de</strong> melhora.<br />

Para que isso a nosso ver aconteça, temos <strong>de</strong> manter no tabuleiro do jogo político<br />

nacional, por ora, as mesmas peças que formam o conjunto <strong>de</strong>sse jogo,<br />

sem o que correríamos o risco <strong>de</strong> uma ruptura institucional que a própria<br />

história já <strong>de</strong>monstrou ser inútil.<br />

Logo após as diversas rupturas que tivemos, o Brasil <strong>de</strong> uma certa forma<br />

ficou pior, redundando no que po<strong>de</strong>mos enxergar neste momento: um país<br />

<strong>de</strong> povo dividido, com gran<strong>de</strong> parte não sabendo sequer enten<strong>de</strong>r a fundo o<br />

regime político em que vivemos.<br />

Essa anormalida<strong>de</strong> nos leva a crer que o menos pior é prosseguir como estamos,<br />

lutando e pressionando por acertos mínimos que se fazem necessários.<br />

Vamos começar pelo presi<strong>de</strong>nte da República, acostumado no Brasil a ser a<br />

maior autorida<strong>de</strong> pátria, o que o faz em tese respeitado por tudo e por todos.<br />

Neste momento <strong>de</strong> embate <strong>de</strong> forças políticas divergentes, teria <strong>de</strong> prevalecer<br />

a figura <strong>de</strong>ssa autorida<strong>de</strong> máxima, que todavia se <strong>de</strong>sfaz em meio a<br />

erros primários, muito provavelmente mais por teimosia do que falta <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>.<br />

tes: Bolsonaro aparentemente passou a evitá-los, preocupando-se mais<br />

com o seu mandato atual do que com um eventual e quase impossível,<br />

até aqui, segundo mandato. Não po<strong>de</strong>ríamos encerrar esse comentário,<br />

jornal tradicional do meio publicitário brasileiro que somos (há 55 anos<br />

consecutivos a serem completados em maio), sem uma observação muito<br />

particular e na qual muito apostamos o <strong>de</strong>sgaste do atual presi<strong>de</strong>nte: sua<br />

aversão à propaganda.<br />

Des<strong>de</strong> quando tomou posse em 1º <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2019, Bolsonaro tem se mostrado<br />

avesso às armas da comunicação em larga escala, com severas críticas<br />

principalmente à publicida<strong>de</strong>, algo incompreensível nos dias atuais, quando<br />

mais e mais são utilizados esses recursos da comunicação, principalmente<br />

entre disputantes a cargos eletivos.<br />

Sua aversão à propaganda chega a tal ponto, que mesmo as estatais ligadas<br />

ao governo fe<strong>de</strong>ral abandonaram ou minimizaram sua propaganda, embora<br />

atuando em mercados competitivos, com outras congêneres da iniciativa<br />

privada que se valem da força da publicida<strong>de</strong> para subirem na preferência<br />

popular. Para o presi<strong>de</strong>nte, a propaganda não po<strong>de</strong> ser a alma do negócio.<br />

Ele prefere o embate, geralmente corpo a corpo, o que muitas vezes lhe trai,<br />

quando se <strong>de</strong>fronta com um adversário com dose superior <strong>de</strong> recursos próprios<br />

<strong>de</strong> comunicação.<br />

***<br />

Vejamos a questão que mais nos atormenta e ameaça neste momento, que<br />

é o novo coronavírus: por muito pouco e provavelmente por um incompreensível<br />

ciúme da capacida<strong>de</strong> do seu ministro Man<strong>de</strong>tta, no que diz respeito<br />

à saú<strong>de</strong> pública, terrivelmente abalada pela progressão da pan<strong>de</strong>mia em<br />

nosso país, S.Exa. esteve a ponto <strong>de</strong> <strong>de</strong>miti-lo lá atrás, o que só não <strong>de</strong>ve<br />

ter ocorrido porque o ministro colocou a saú<strong>de</strong> pública brasileira acima das<br />

questões digamos assim pessoais com Bolsonaro.<br />

Para muitos, o recuo do ministro foi uma <strong>de</strong>rrota, para nós um gesto <strong>de</strong> sabedoria<br />

e humilda<strong>de</strong> porque, em meio ao combate a essa terrível pan<strong>de</strong>mia<br />

que ainda nos assola, o profissional médico levou mais em conta seu compromisso<br />

com Hipócrates do que o <strong>de</strong> menor monta com o presi<strong>de</strong>nte.<br />

Do lado <strong>de</strong> cá, o presi<strong>de</strong>nte Jair Bolsonaro dá claras evidências do seu <strong>de</strong>scontentamento<br />

em manter o médico Man<strong>de</strong>tta no seu Ministério, principalmente<br />

após o reconhecimento pelo ministro <strong>de</strong> que a medida tomada pelo<br />

governador João Doria em São Paulo, com um “feriadão” jamais visto na<br />

história brasileira, era necessária para se <strong>de</strong>ter o avanço do novo coronavírus,<br />

facilitado pelas aglomerações da população em <strong>de</strong>terminados locais e<br />

momentos do dia e da noite.<br />

Sem dúvida, um pouco <strong>de</strong> razão restava ao presi<strong>de</strong>nte, ao prever que a economia<br />

brasileira seria seriamente abalada com isso, como estamos vendo<br />

em nosso cotidiano.<br />

Mas a opção presi<strong>de</strong>ncial po<strong>de</strong>ria causar um estrago irreparável em todo o<br />

país, mal se sabendo até on<strong>de</strong> iriam as suas consequências. Por outro lado,<br />

tínhamos o governador João Doria, candidato ainda não oficialmente <strong>de</strong>clarado<br />

à sucessão <strong>de</strong> Bolsonaro na Presidência da República, travando um embate<br />

quase que diuturno com este, pouco importando as condições locais.<br />

Doria, mais bem preparado do que Bolsonaro e acostumado em suas li<strong>de</strong>s<br />

profissionais e empresariais a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r com clareza e luci<strong>de</strong>z seus pontos <strong>de</strong><br />

vista, aproveitou-se <strong>de</strong>ssa superiorida<strong>de</strong> em relação a Bolsonaro para firmar<br />

junto à opinião pública brasileira a evidência <strong>de</strong> quem sairá vencedor nas<br />

próximas eleições presi<strong>de</strong>nciais, caso eles se encontrem no segundo turno.<br />

Para uma coisa que julgamos boa neste momento, serviram esses emba-<br />

Como praticamente todos os setores <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s empresariais e profissionais,<br />

o mercado publicitário brasileiro se retraiu diante da pan<strong>de</strong>mia do<br />

novo coronavírus, com muitos profissionais trabalhando em home office e<br />

as agências fechadas por <strong>de</strong>terminação legal no estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Mesmo assim, algumas poucas campanhas e peças isoladas têm sido veiculadas<br />

na mídia, em número maior as que falam da pan<strong>de</strong>mia, recomendando<br />

o recolhimento. As opiniões <strong>de</strong> empresários do setor são no sentido <strong>de</strong><br />

que, uma vez terminado o prazo do recolhimento e em sensível baixa o exército<br />

inimigo, a propaganda voltará ao mercado com força total, procurando<br />

seus anunciantes recuperar no todo ou pelo menos em parte os prejuízos<br />

que todos tivemos com a paralisação, plenamente justificáveis porém em<br />

virtu<strong>de</strong> da causa. A mídia torce para que assim seja.<br />

***<br />

Faleceu na última semana João Natale Neto, que na presidência da APP –<br />

Associação Paulista <strong>de</strong> Propaganda - adquiriu, através <strong>de</strong> uma criativa passagem<br />

<strong>de</strong> chapéu junto às empresas <strong>de</strong> comunicação po<strong>de</strong>rosas da época, a<br />

se<strong>de</strong> da entida<strong>de</strong> na Rua Hungria, em um dos pontos mais movimentados<br />

<strong>de</strong> São Paulo. Natale chegou a ser sócio <strong>de</strong> uma metalúrgica pertencente à<br />

família do seu pai. Foi nela que cunhou grandiosamente as primeiras medalhas<br />

metálicas conferidas aos responsáveis pela criação e aprovação dos<br />

trabalhos premiados nas primeiras versões do Prêmio Colunistas. Trocando<br />

mais recentemente a publicida<strong>de</strong> pelo jornalismo, Natale era membro da<br />

Aca<strong>de</strong>mia Paulista <strong>de</strong> Jornalismo, em cujas reuniões sempre se <strong>de</strong>stacou em<br />

<strong>de</strong>fesa das causas da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />

***<br />

Um dos maiores gênios da propaganda brasileira e até por isso chamado<br />

<strong>de</strong> “o pai <strong>de</strong> todos”, Alexandre José Periscinoto, o Alex <strong>de</strong> tantos amigos<br />

e histórias, completou, neste 8 <strong>de</strong> <strong>abril</strong>, 95 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. A ele, a quem o<br />

PROPMARK muito <strong>de</strong>ve, os nossos mais sinceros cumprimentos e maiores<br />

homenagens por ter conduzido sua riquíssima carreira profissional, formando<br />

profissionais e não abandonando jamais uma das maiores virtu<strong>de</strong>s do ser<br />

humano, em nosso idioma grafada como ética. Salve Alex, nos 96 faremos<br />

outro registro!<br />

4 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark

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