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stricto sensu - PUC-Campinas

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envolvimento real da comunidade com os processos decisórios da escola, valorizando a diversidade e os<br />

princípios democráticos, reconhecendo a especificidade de cada unidade escolar.<br />

Na pergunta feita ao educador Rui Canário, percebem-se algumas questões referentes às<br />

características observadas nas matérias de capa intrínseca na pergunta (que traz o gestor como<br />

responsável, além de vários termos gerenciais), como do próprio entrevistado, que se contrapõe,<br />

colocando a responsabilidade para todos os envolvidos e a especificidade de cada escola:<br />

Então, para promover a escola e dar visibilidade a ela, o gestor precisa reconhecer a<br />

diversidade, ser inovador nas propostas e, ao mesmo tempo, otimizar a utilização de<br />

recursos?<br />

CANÁRIO As escolas não são governáveis por controle remoto. Cada uma vive uma<br />

realidade única, e isso em diversos aspectos, a começar pela localização, o que faz com<br />

elas atendam a públicos diferenciados. Os espaços e os equipamentos disponíveis variam<br />

muito e, claro, as equipes pedagógicas têm distintos perfis. Portanto, para bem cumprir<br />

suas funções, as escolas precisam desenvolver e utilizar da melhor maneira possível o<br />

potencial criativo do diretor, do coordenados pedagógico, do corpo docente e dos<br />

alunos para definir metas, identificar problemas e mobilizar recursos. Se todos juntos<br />

traçarem uma estratégia, ficará mais fácil construir uma identidade única e alcançar<br />

melhores resultados (NADAL, 2009b, p. 16, grifo nosso).<br />

A entrevistada Maria Helena Guimarães de Castro ao trazer aspectos gerenciais e meritocráticos<br />

como fundamentos para a melhora da educação, reforça que a qualidade se reflete no bom desempenho em<br />

avaliações externas. A respeito do papel do gestor observa-se a responsabilização deste pela criação de<br />

uma boa convivência, que se reflete numa educação de qualidade, desconsiderando-se as diversas questões<br />

que influem na escola.<br />

Há duas entrevistas cujos entrevistados defendem a gestão gerencial, afastando-se completamente<br />

dos pressupostos da gestão democrática – a primeira, trata do gestor enquanto líder, e a quinta, que traz o<br />

subsecretário de educação de Nova York, Chris Cerf. Ambos reforçam características das matérias de<br />

capa: gestor como liderança em favor do bem coletivo, defesa da gestão participativa nos moldes<br />

gerenciais, família enquanto fiscalizadora e não participante dos processos decisórios da escola, índices<br />

em avaliações externas como parâmetro de qualidade, e receitas de sucesso que podem ser seguidas em<br />

qualquer contexto educacional.<br />

Em relação as entrevistas, ressalta-se que independente do entrevistado, as perguntas são<br />

genéricas, de pouca problematização e profundidade. Referem-se ao como fazer, buscando receitas que<br />

possam ser aplicadas em qualquer contexto, o diretor como principal agente na resolução de problemas da<br />

escola, sem problematizar entraves encontrados por estes profissionais.<br />

Pode-se considerar que o modelo de administração predominante nesta seção é o da eficácia<br />

pedagógica, pois cabe ao diretor, numa postura de liderança, implantar ações para atingir certo padrão de<br />

qualidade, seguindo receitas prontas, adaptadas de outros contextos educacionais, além de reforçar a<br />

transferência de conceitos próprios do gerencialismo empresarial para o campo da educação, como<br />

proposta para a solução dos problemas existentes.<br />

Vale apontar a especificidade desta seção ao dar voz a diferentes posicionamentos a respeito da<br />

educação. Encontram-se falas que defendem a diversidade e o respeito, o questionamento das condições<br />

de trabalho no campo da educação, a defesa de uma gestão democrática, sendo desta forma não centrada<br />

no gestor, considerando que a comunidade deve participar das decisões no interior da escola. Ao trazer<br />

estes posicionamentos, a revista acaba abrindo espaço a outro modelo de administração: o da relevância<br />

cultural, pois<br />

o conceito de relevância [...] dá primazia às considerações culturais da administração da<br />

educação e ao ideal de qualidade de vida humana coletiva como critério orientador para<br />

a atuação política na escola e na sociedade. Esta orientação visa precaver o<br />

administrador da educação contra os perigos do ativismo extrínseco desprovido de valor<br />

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