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stricto sensu - PUC-Campinas

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O novo Ensino Fundamental brasileiro (EF) passou a vigorar com a Lei nº 11.274/06,<br />

ampliando a sua duração de oito para nove anos. Fato recente na educação brasileira requer<br />

mudanças organizacionais, estruturais, curriculares e de gestão, sobretudo para as crianças de seis<br />

anos que estão em processo de adaptação, como ressaltam os documentos do Ministério da<br />

Educação e Cultura (MEC):<br />

É necessário assegurar que a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental<br />

ocorra da forma mais natural possível, não provocando nas crianças rupturas e impactos<br />

negativos no seu processo de escolarização (BRASIL, 2004b, p. 22).<br />

Os processos educativos precisam ser adequados à faixa etária das crianças ingressantes<br />

para que a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental aconteça sem<br />

rupturas traumáticas para elas. A ampliação tem implicações, que não podem ser<br />

subestimadas, em vários aspectos: proposta pedagógica, currículo, organização dos<br />

espaços físicos, materiais didáticos e aspectos financeiros. Também repercute sobre a<br />

Educação Infantil, pois as diretrizes em vigor para esta etapa precisarão ser reelaboradas<br />

(BRASIL, 2004a, p.2).<br />

Depreende-se que a passagem da Educação Infantil (EI) para o EF deverá ter, ao menos<br />

relativa continuidade; mas, na prática, sabemos que ela é marcada por dicotomias que podem ser<br />

assim sintetizadas: na EI a criança brinca e no EF ela estuda.<br />

Tradicionalmente, toda transição é, potencialmente, uma ruptura já que a passagem do<br />

conhecido para o desconhecido pode desencadear sentimentos de ansiedade, expectativas<br />

positivas e negativas, tensões, estresses, medos, traumas e crises que, no caso de ocorrência,<br />

incidem sobre o desenvolvimento biopsicológico da criança (FACCI, 2004; SARETTA, 2004;<br />

VYGOTSKI, 1996). Apesar da importância teórica dada às transições e seus impactos na vida<br />

dos sujeitos, o processo de adaptação escolar é um tema ainda escassamente estudado na<br />

literatura científica brasileira; quanto à transição da EI para o EF de nove anos, esta escassez se<br />

acentua, por ser quadro recente na educação do Brasil.<br />

Estes dados vem ratificar a necessidade de maior aprofundamento sobre o assunto, tendo<br />

em vista que estas transições podem deixar profundas marcas na vida da criança como também<br />

podem ser bastante produtivas.<br />

Mas, o que dizem as crianças sobre isso? As pesquisas têm escutado as crianças ou tem<br />

renunciado às suas vozes?<br />

Como bem postulado por Campos (2008, p.35): ―A criança faz parte da pesquisa<br />

científica há muito tempo, principalmente na condição de objeto a ser observado, medido,<br />

descrito, analisado e interpretado‖. É bastante frequente a presença das crianças em pesquisas da<br />

área educacional: muito tem se falado nelas, mas pouco elas tem sido ouvidas. Ouvir as crianças<br />

é um passo fundamental para analisar suas necessidades, interesses, vontades, permitindo-nos<br />

acessar o ideário infantil, colocando-a na posição de sujeito ativo e também protagonista do<br />

processo educacional.<br />

As pesquisas com crianças são ainda discretas, mas vem despertando o interesse dos<br />

pesquisadores (tais como ARFOUILLOUX, 1980, CAMPOS, 2008, DEMARTINI, 2002 e<br />

outros). Soma-se isso ao fato de que as pesquisas que dão voz às crianças na passagem da EI para<br />

o EF são praticamente inéditas, justificando a relevância da presente investigação, em que se<br />

assume como principal problema o seguinte questionamento: ―Como as crianças interpretam a<br />

sua passagem da EI para o EF de 9 anos?‖.<br />

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