stricto sensu - PUC-Campinas
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anos nas disciplinas: matemática, ciências e leitura. O Ministro da Educação Fernando Haddad,<br />
em entrevista ao Correio Braziliense em 08 de dezembro de 2010, fez a seguinte análise: cerca de<br />
20 mil alunos em todos os estados participaram dessa avaliação. O Brasil ficou com a média de<br />
401 pontos em 53º posição, porém apresentou uma boa evolução em relação aos outros anos, com<br />
um a diferença de 33 pontos, das três disciplinas avaliadas, a que apresentou maior evolução se<br />
relaciona com leitura (412 pontos), seguida de ciências (405 pontos) e matemática (386 pontos).<br />
Mas qual a razão de centralizar esforços para que as crianças não sejam reprovadas?<br />
Segundo Freitas (2004), o objetivo de se reduzir a reprovação está alicerçada em três<br />
aspectos: social, político e econômico. Quanto ao aspecto social, há a preocupação com os alunos<br />
excluídos tornarem-se suscetíveis à violência e às várias desordens sociais ou envolvimento com<br />
a criminalidade. O aspecto político centra-se no ponto de vista da submissão, o aluno pode não<br />
aprender os conteúdos básicos, mas permanecendo na escola aprenderá a obedecer, e o terceiro<br />
aspecto, o econômico, que aborda a problemática: quanto mais tempo o aluno fica na escola<br />
reprovando, mais gasto para o Estado.<br />
Para que esses três aspectos sejam transformados, os ciclos foram implantados, com o<br />
discurso de repensar os tempos e os espaços da escola e a partir da concepção de um processo de<br />
construção e reconstrução, valorizando o aluno enquanto principal agente do processo ensinoaprendizagem,<br />
aquilatando seus saberes e propondo uma organização da proposta curricular<br />
diversificada a partir de acepções coletivas, uma proposta curricular que se articula aos temas<br />
transversais e às disciplinas obrigatórias (FREITAS, 2004).<br />
Ao repensar tempos e espaços, enfatiza-se a avaliação com o paradigma emancipador,<br />
contemplando tempos diferenciados de aprendizagem e propondo formas de ensinar que<br />
contemple os níveis e ciclos, ou seja, o estudante não retoma do zero na aprendizagem, mas a<br />
partir do estágio em que ele se encontra. (FREITAS, 2004).<br />
No regime seriado, o aluno tinha seu tempo dividido em bimestres e com a avaliação ao<br />
final do ano ele poderia ser aprovado ou reprovado; quando reprovado o aluno iniciava o ano<br />
revendo todos os conteúdos, mesmo os que já havia dominado. Com as propostas dos ciclos há<br />
um prolongamento do tempo, respeitando o ritmo de aprendizagem do aluno. No regime seriado<br />
imperava uma avaliação de caráter classificatória e excludente, com a finalidade de promover ou<br />
reter o aluno; os ciclos propõem uma ruptura na cultura avaliativa tradicional, induzindo uma<br />
reflexão sobre o papel de avaliação no processo de ensino aprendizagem, ressignificando<br />
avaliação nesse novo contexto (ARCAS, 2009).<br />
A implementação de ciclos no estado de São Paulo no ensino fundamental ocorreu em<br />
1992, juntamente com o regime de progressão continuada. A progressão continuada tem como<br />
objetivos respeitar o ritmo de aprendizagem do aluno, bem como implementação e adequação dos<br />
recursos, para a efetivação do bom desempenho dessa aprendizagem. Mas quando submetemos<br />
alunos com diferentes ritmos a um mesmo tempo de aprendizagem, produzimos desempenhos em<br />
níveis diferenciados, ou seja, alunos que dominam mais ou menos do que outros.<br />
Faz-se necessário diversificar os tempos de acordo com o ritmo do aluno para que esse<br />
regime seja eficiente e eficaz. Mas será que esse tempo realmente foi oferecido ao aluno? Os<br />
alunos continuam fazendo provas bimestrais, o ano permaneceu da mesma forma que no sistema<br />
seriado após a adoção desse regime. Pensando dessa forma, a progressão continuada não se opõe<br />
à seriação, limitando-se a aprovação em massa e preservando, desta forma, as características da<br />
seriação. O funcionamento do regime de progressão não deveria prever apenas um tempo maior<br />
ao aluno, mas oferecer igualmente um suporte, uma ajuda pontual para que o aluno apreenda<br />
(BERTAGNA, 2003; FREITAS, 2004).<br />
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