stricto sensu - PUC-Campinas
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Em alguns momentos percebem-se pontos nas falas destes leitores/escritores que se diferem da<br />
proposta da revista, pois não admitem que os caminhos percorridos devam ser simplesmente copiados por<br />
outras instituições – encaram o espaço oferecido pela revista como uma possibilidade de troca de<br />
experiências que devem ser analisadas dentro do contexto que a escola está inserida.<br />
Por isso, a mesma complexidade encontrada na análise das entrevistas, é observada aqui – a<br />
revista reforça uma administração escolar para a eficácia pedagógica, mas ao dar voz aos sujeitos que<br />
estão inseridos no cotidiano educacional, abre espaço para o modelo da relevância cultural.<br />
Analisou-se a seção ―Cartas‖ – espaço da revista destinado à publicação de opiniões de leitores<br />
sobre as temáticas abordadas na edição anterior, revelando a receptividade do público aos assuntos<br />
tratados. Neste estudo foram analisados os comentários referentes às seções selecionadas para a pesquisa,<br />
uma vez que as opiniões a respeito das outras seções ficariam descontextualizadas.<br />
O primeiro número difere-se do restante, já que não há edição anterior para ser comentada – as<br />
colocações referem-se à própria publicação de uma nova vertente da revista da Nova Escola, direcionada<br />
aos gestores da educação. O comentário em destaque é do professor do Instituto de Psicologia da<br />
Universidade de São Paulo, Lino de Macedo – ―Os gestores agora podem compartilhar experiências e<br />
problemas comuns e ter de volta o valor da liderança na função e nos projetos que podem conceber e<br />
realizar em favor dela‖ (MACEDO, 2009, p. 8, grifo nosso).<br />
Ao retomar a análise das demais seções da Revista Nova Escola Gestão Escolar, percebe-se que o<br />
comentário do professor Macedo defende uma das principais características desta, que é o diretor numa<br />
posição de liderança, responsável pelo sucesso ou fracasso da instituição escolar.<br />
Na segunda edição, todas as colocações referem-se à necessidade de orientações para enfrentar<br />
problemas presentes nas escolas e como a primeira edição correspondeu a esta expectativa dos leitores. Os<br />
comentários revelam ser uma expectativa do leitor que se traga orientações para os gestores, reforçando<br />
outra característica marcante em suas matérias: exemplos de escolas que através de algumas ações<br />
superaram uma dificuldade.<br />
Ressalta-se que tal posicionamento da revista reforça a ideia de que algo que foi implantado em<br />
determinada escola pode ser colocado em prática em outra. Esta questão traz a seguinte problemática – a<br />
receita de como atingir o sucesso está posta, cabendo aos gestores apenas executá-la; como algumas<br />
escolas colocaram em prática e alcançaram resultados, quando o gestor, leitor da revista, não consegue<br />
atingir o esperado, a responsabilidade do fracasso recai sobre sua figura.<br />
Há apenas uma colocação a respeito de outra seção que não seja a ―Capa‖ – refere-se a primeira<br />
entrevista da revista, e apoia a tese defendida pela entrevistada Heloísa Lück a respeito da gestão<br />
participativa. Como já foi abordado anteriormente, é importante ressaltar que a gestão participativa<br />
defendida pela entrevistada difere-se da gestão democrática – trata-se de uma participação direcionada,<br />
pois não cabe aos sujeitos definirem as metas que almejam para a escola, estas já estão postas e o diretor<br />
deve engajar todos os envolvidos na consecução destas.<br />
Na terceira edição os comentários analisados referem-se à Capa anterior – os comentários<br />
reforçam o ensino de técnicas, característico da revista, na forma de receitas. Não há um posicionamento<br />
crítico, como as técnicas são aplicadas em algumas escolas com respostas positivas de acordo com a<br />
revista, serão incorporadas a prática pedagógica sem nenhum questionamento.<br />
Na edição quatro todos os comentários a respeito da capa da edição anterior tratam do papel do<br />
educador para aproximar os pais à escola, como a própria reportagem sugere. Dão ênfase ao papel do<br />
gestor para que essa relação aconteça, sendo o gestor mero executor do proposto na reportagem – o papel<br />
que o gestor ocupa não é do agente reflexivo, que pensa e orienta sua práxis a partir de um<br />
posicionamento que reflita os interesses da comunidade escolar, pelo contrário, não há necessidade de<br />
questionar o seu trabalho pedagógico e de toda equipe da escola, pois a revista já traz as orientações do<br />
que deve ser feito, no caso desta edição, para trazer os pais à escola.<br />
A quinta edição traz apenas um comentário a respeito da capa, e pode-se levantar a hipótese que<br />
talvez não tenha sido bem recebida pelo público. A temática mais comentada foi a entrevista ―Escola<br />
Pública não é lugar de religião‖. As considerações publicadas apoiam a entrevistada, principalmente sobre<br />
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