A LITURGIA (OFÍCIO DIVINO): CENTRO DA EXISTÊNCIA ...
A LITURGIA (OFÍCIO DIVINO): CENTRO DA EXISTÊNCIA ...
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dedicados: RB 18,24), pensum (officium) servitutis (os deveres e<br />
encargos de nossa servidão: RB 16,2; 49,5; 50,4), oratio (oração 20,4-<br />
5) e principalmente, evidentemente, opus Dei / opus divinum (ofício<br />
divino: RB 43,3.10; 19,2). Os termos “officium”, “servitium”, e<br />
“opus”, equivalem à palavra grega “ergon”, que nós vimos na deficição<br />
de Leitourgia: o serviço (com relação subentendida a serviço público,<br />
comunitário). O termos opus Dei, que São Bento recebeu da tradição<br />
patrística, tem um duplo conteúdo:<br />
a) a obra ( o serviço) que Deus realiza no homem, para o<br />
homem ( genitivo subjetivo)<br />
b) a obra (o serviço) que o homem dirige para Deus, diante de<br />
Deus (genitivo objetivo).<br />
É deste modo que o termo opus Dei corresponde exatamente à<br />
dupla orientação da liturgia, tal como a definiu o Concílio Vaticano II:<br />
a linha descendente (ação de Deus) e a linha ascendente (resposta e<br />
ação do homem). Na antiga tradição da Igreja, opus Dei designava o<br />
conjunto da liturgia e igualmente toda a existência cristã e monástica<br />
que tem seu centro unificador na oração e no louvor de Deus.<br />
Infelizmente, com o tempo, o sentido do termo se restringiu até não<br />
designar mais que a liturgia das horas; este é já o caso falado na regra<br />
de São Bento. Esta concepção subsiste em nossos dias: quando, pois,<br />
falamos de opus Dei (no terreno da liturgia!) pensamos na liturgia das<br />
horas, no ofício. Pelo contrário, nosso pai São Bento, na célebre<br />
máxima de RB 43,3: “Nada se anteponha ao Ofício Divino” (Nihil<br />
operi Dei praeponatur), compreende, entretanto, um opus Dei num<br />
sentido muito mais extenso e teológico. Podemos constatar isso<br />
comparando esta frase com duas outras passagens da regra, cuja<br />
formulação se assemelha a esta: Nada antepor ao amor de Cristo (RB<br />
4,21) (Ninhil amori Dei praeponere) e Nada absolutamente<br />
anteponham a Cristo (RB 72, 11 Christo omnino ninhil paeponant). O<br />
paralelo Opus Dei / Christus é impressionante, mas teologicamente,<br />
isto não é surpreendente, pois a liturgia, como a celebração do Mistério<br />
de Cristo é um dos laços mais profundos do encontro de Cristo e da<br />
união com Ele 14 .<br />
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