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e v i s t a<br />
Artigo imes<br />
pessoas no sentido de se obter a melhor performance<br />
no livre-mercado. Esse discurso, segundo os mesmos<br />
autores, está presente no quotidiano de corporações<br />
multinacionais capitaneadas por gerentes que<br />
possuem as habilidades exigidas pelos padrões<br />
internacionais para dar sustentação aos modelos<br />
globais de competição. Assim, aqueles que atuam<br />
em subsidiárias espalhadas pelo mundo são<br />
submetidos a diferentes símbolos importados das<br />
economias estáveis e de culturas diferentes, que ao<br />
serem reinterpretados em nível nacional-local podem<br />
não refletir exatamente as idéias originais e suas<br />
intenções, porque pode acontecer de as pessoas<br />
entenderem as idéias parcialmente.<br />
Os autores enfatizam a necessidade de um estilo<br />
de liderança mais participativo para superar os<br />
eventuais conflitos, investindo mais tempo na troca<br />
de idéias quando da implantação de novos modelos<br />
e técnicas do que lendo relatórios ou lidando com<br />
papéis. As qualidades de um líder estão ligadas à<br />
personalidade e à história de desenvolvimento<br />
individual.<br />
A gestão de forma mais participativa, de acordo<br />
com Lerner (1996), requer o binômio cooperação<br />
e resultados alicerçado na seleção das melhores<br />
estratégias, estruturas e tecnologias para que o<br />
desenvolvimento da organização ocorra.<br />
O desenvolvimento da organização “refere-se à<br />
mudança para ajuste de missão e objetivos e<br />
implica considerar as diferentes interfaces<br />
representadas pelas interações entre: indivíduo e<br />
indivíduo, indivíduo e grupo, grupo e grupo, grupo<br />
e organização, organização e organização,<br />
organização e meio ambiente” (Kanaane, 1995,<br />
p. 51). Em cada uma destas interfaces, as pessoas<br />
manifestam um maior ou menor grau de<br />
comprometimento com a mudança, contribuindo<br />
com o aprendizado e a evolução da organização.<br />
Essas interações evidenciam o Comportamento<br />
da Organização subdividido, segundo Wagner III e<br />
Hollenbeck (1999), em três níveis: a primeira área<br />
de análise, o comportamento microorganizacional,<br />
tem contribuições teóricas oriundas da<br />
Psicologia e focaliza os aspectos psicossociais do<br />
indivíduo e as dimensões de sua atuação no<br />
contexto organizacional. A segunda área de análise<br />
é o comportamento mesoorganizacional e que trata<br />
das questões relativas aos processos dos grupos<br />
julho/dezembro-2003<br />
e equipes de trabalho, cuja compreensão teórica é<br />
oferecida pelos estudos da Antropologia, Sociologia<br />
e Psicologia Social. A terceira área de análise é o<br />
comportamento macroorganizacional, com<br />
marcantes contribuições da Antropologia, Ciência<br />
Política e Sociologia, e enfatiza o entendimento da<br />
organização como um todo, com temas ligados a<br />
cultura, uso do poder, clima e políticas e práticas<br />
de RH.<br />
De acordo com Siqueira (1999), medir o<br />
Comportamento Organizacional – CO pode englobar<br />
desde atributos quantitativos sobre desempenho<br />
organizacional, a exemplo dos indicadores de gestão<br />
de: volumes, especificações técnicas ou resultados<br />
econômicos-financeiros, até atributos qualitativos,<br />
a exemplo dos efeitos psicossociais sobre os indivíduos<br />
ou grupos/equipes de trabalho, representados<br />
por constructos complexos como comprometimento<br />
organizacional, satisfação no trabalho e coesão<br />
grupal. Um contraponto teórico se instala neste<br />
instante entre os princípios da ética protestante<br />
apresentados por Weber (1999) e os princípios da<br />
modernidade reflexiva apresentados por Giddens<br />
(1997). Segundo o primeiro autor, a ética protestante<br />
como objetivo orientador valoriza a produção do<br />
dinheiro e sua acumulação, tornando-se para as<br />
pessoas a finalidade máxima da vida. Em uma<br />
sociedade capitalista, os indivíduos são selecionados<br />
em função do critério do mais forte. Em oposição, a<br />
visão do segundo autor destaca a busca da ação<br />
consciente das pessoas, de sua individualidade, sua<br />
capacidade de posicionar-se de forma ativa, autônoma,<br />
o que implica compreender a complexidade à<br />
sua volta. Esse comportamento, que de certa forma<br />
também espera-se das práticas de gestão das<br />
organizações, valoriza a interdependência para a<br />
realização de objetivos, bem como para as questões<br />
ligadas à responsabilidade na gestão das pessoas e<br />
das questões sociais. Esses autores elucidam as<br />
prováveis intenções das organizações em relação ao<br />
modelo de gestão vigente, ao tipo de gestão de<br />
pessoas que é praticado, bem como sobre a liberdade<br />
que as pessoas terão em relação às decisões a serem<br />
tomadas.<br />
Nesse sentido, Dutra (2002) desenvolveu um<br />
modelo para gestão de pessoas que procura<br />
apresentar como o equilíbrio pode ser obtido:<br />
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