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e v i s t a<br />
Artigo imes<br />
postos de trabalho. O segundo fato observado<br />
refere-se à atuação das áreas de Recursos Humanos<br />
e Qualidade, proporcionando a internalização do<br />
modelo de gestão dos cinco eixos e a integração<br />
do novo funcionário tanto nos aspectos técnicos<br />
como nos sociais.<br />
No processo de desenvolvimento de pessoas a<br />
capacitação ocorre principalmente em atividades<br />
junto aos postos de trabalho. São reuniões de<br />
solução de problemas, aconselhamentos da linha<br />
de comando e palestras de qualidade que sustentam<br />
o modelo cinco eixos. O desempenho é discutido<br />
formalmente por meio de um instrumento de<br />
avaliação anual. Pelos relatos obtidos junto à direção<br />
da fábrica, as lideranças são preparadas para<br />
conduzir a reunião de discussão do desempenho e<br />
negociar os objetivos futuros. No entanto, tais<br />
encontros acabam não se limitando ao campo<br />
racional/formal e pequenos conflitos existentes<br />
anteriormente vêm à tona. A empresa estimula para<br />
que eventuais desentendimentos pessoais sejam<br />
discutidos e eliminados.<br />
As pessoas são valorizadas quanto a sua remuneração<br />
exclusivamente quando avançam no<br />
domínio de novas competências e habilidades. Não<br />
se observou a premiação de pessoas que apresentam<br />
desempenhos excepcionais, e mesmo o plano<br />
de participação nos resultados existente desvinculou-se<br />
das metas operacionais, transformandose<br />
em um plano de participação nos lucros<br />
mediante negociação com o sindicato.<br />
julho/dezembro-2003<br />
CONCLUSÃO<br />
Ao iniciarmos este artigo, tínhamos como proposta<br />
central da pesquisa estudar as modificações<br />
introduzidas no modelo de gestão de uma indústria<br />
de auto-peças nacional que, há seis anos, teve o<br />
controle de seu capital transferido para uma<br />
multinacional francesa. Integrou ainda a proposta<br />
do pesquisador, apresentar o processo de mudança<br />
ocorrido para a implantação do novo modelo e<br />
se ele poderia ser caracterizado como participativo.<br />
Quando se apresentaram as características do<br />
modelo de gestão da Plásticos Univel – empresa<br />
adquirida pela Valeo Sistemas de Segurança –<br />
constatou-se que o referido modelo estava<br />
alicerçado nas crenças pessoais do proprietário,<br />
no paternalismo e em sua facilidade de acesso às<br />
montadoras. A priori poderia se imaginar que<br />
inexistia qualquer modelo de gestão, mas se<br />
observarmos com mais cautela, constata-se ser um<br />
modelo com características empíricas e pragmáticas<br />
sem qualquer fundamento científico e/ou<br />
preocupação sistêmica com a competitividade;<br />
mesmo assim era um modelo, pois conseguia<br />
mesmo que precariamente simplificar a realidade<br />
complexa onde a empresa inseria-se e tornava o<br />
entendimento facilitado em relação ao ambiente<br />
para as pessoas que ali trabalhavam. Já o modelo<br />
de gestão implantado no Brasil pela Valeo estava<br />
alicerçado nos conceitos da TPS – Toyota Productive<br />
System, e que já havia sido comprovadamente<br />
testado em outras unidades da empresa no mundo,<br />
garantindo plena confiança no mesmo por parte da<br />
alta <strong>Adm</strong>inistração.<br />
A segunda conclusão que a análise nos permite<br />
efetuar é que se trata de uma mudança que<br />
transformou a personalidade da organização,<br />
alterando profundamente os padrões de como os<br />
processos eram executados e de como as pessoas<br />
seriam gerenciadas a partir daquele momento. Para<br />
as pessoas que permaneceram na organização, o<br />
nível de profissionalização e de capacitação técnica<br />
e interpessoal aumentou significativamente. Uma<br />
característica que possibilitou a sobrevivência das<br />
pessoas na organização e a conseqüente adaptação<br />
ao novo modelo foi suportar a pressão em sentido<br />
top-down no que se refere à busca do zero defeito<br />
e à prestação de um serviço interno/externo com<br />
qualidade total.<br />
Para a empresa, os indicadores econômicos<br />
inequivocamente apontam para o benefício direto<br />
que o modelo proporcionou. Para os clientes, o<br />
modelo transmitiu confiabilidade e a certeza de que<br />
a maioria dos processos poderia ser rastreada e as<br />
não conformidades poderiam ser evitadas ou<br />
minimizadas. Para as pessoas, embora o caráter<br />
participativo seja apregoado, evidencia-se que esta<br />
participação é relativa, pois os indicadores de<br />
gestão, ao serem estabelecidos pela matriz francesa<br />
em sua maioria, carregam consigo uma preocupação<br />
em assegurar ao Conselho de <strong>Adm</strong>inistração da<br />
empresa que a estratégia esteja sendo bem<br />
executada, tal como se prevê em um bom manual<br />
de governança corporativa. A liberdade que as<br />
pessoas possuem para alterá-los é mínima, ficando<br />
a negociação restrita aos níveis hierárquicos<br />
superiores e que habitualmente fornecem<br />
explicações à França por eventuais impossibilidades<br />
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