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e v i s t a<br />

Artigo imes<br />

organização. “A comunicação e a cultura de uma<br />

organização estão umbilicalmente associadas.<br />

Na verdade, a comunicação é o espelho da cultura<br />

organizacional, refletindo o processo de gestão”<br />

(Bueno, 2003, p. 47).<br />

“Portanto, analise bem o que sua empresa está<br />

dizendo de si mesma para o mundo. Não apenas<br />

por meio da propaganda, mas também de sua<br />

postura no mercado e seu comportamento na<br />

sociedade.<br />

O anúncio é, apenas, uma parte desse<br />

contexto. É a fala, o discurso. Ele deve corresponder<br />

ao que sua empresa diz de si mesma<br />

como entidade no mundo turbulento da<br />

comunicação.” (Cabral, 2001, p. 19-20)<br />

Adler e Firestone consideram a publicidade o<br />

aspecto mais visível do marketing (2002, p. 28-<br />

29) e que pode ser vista “como uma instituição<br />

que é parte integrante da cultura mais ampla em<br />

que ela atua”.<br />

Um único anúncio pode não representar valores<br />

típicos organizacionais, pois o anunciante pode ter<br />

ficado alheio à sua concepção. Porém, mesmo que<br />

seja concebido por uma agência, o anúncio traz,<br />

marcadamente, valores do anunciante, pois é ele<br />

ou seu representante quem o aprova, da mesma<br />

forma que é ele quem contrata os serviços da<br />

agência, merecendo por parte de qualquer<br />

pesquisador essa reflexão quando da correlação<br />

“publicidade” com “cultura organizacional”.<br />

Ao impactar públicos internos e externos, a<br />

publicidade interage com a cultura organizacional,<br />

ajudando-a a se difundir e se realimentar. Mas, ao<br />

reconhecer-se que a cultura organizacional é um<br />

sistema eminentemente interno da instituição, e<br />

que a publicidade reflete valores desse ambiente<br />

interno, faz-se necessário também admitir que tais<br />

fatores alcançam a opinião pública, impactando-a.<br />

“O sistema de comunicação é bom quando não<br />

se nota que ele existe... Todavia, embora muitas<br />

organizações possam estar fazendo um bom<br />

trabalho de comunicação, suas ações às vezes<br />

contradizem suas palavras. A empresa que faz<br />

downsizing e, ao mesmo tempo, aumenta a<br />

remuneração do executivo-chefe (CEO), não está<br />

fazendo o que diz ... A empresa que proclama seus<br />

recordes ambientais e depois é citada por poluição<br />

incorre no mesmo erro. O caminho para a comunicação<br />

bem-sucedida é a credibilidade. Quando<br />

as ações não correspondem às palavras, surgem<br />

julho/dezembro-2003<br />

mecanismos auto-corretores, por meio dos boatos,<br />

do governo ou da mídia.” (Corrado, 1994, p. 5)<br />

Tavares admite que “o discurso oficial a respeito<br />

da organização sobre sua estrutura interna é pobre”<br />

e que há discrepâncias entre o discurso oficial e a<br />

realidade, exemplificando com estatísticas que<br />

mostram menor empregabilidade para mulheres e<br />

negros, enquanto o discurso não admite essa<br />

prática (1993, p. 63).<br />

Ottman considera que a sequência de experiências<br />

negativas que o cidadão observa em relação<br />

àquilo que o empresário diz e faz pelo meio ambiente<br />

afeta proporcionalmente sua credibilidade e o<br />

discurso empresarial como um todo. Aponta uma<br />

pesquisa de 1991, em que apenas 37% das pessoas<br />

acreditavam no que executivos de negócios e<br />

associações industriais falavam sobre questões<br />

ambientais, o mais baixo índice de todas as<br />

instituições e lideranças (1994, p. 52).<br />

Maimon (1996, p. 23-24), citando o que Duclos<br />

chama a dualidade do “ser” e do “parecer”, classifica<br />

três tipos de comportamentos organizacionais:<br />

– Responsável, em que o discurso corresponde à<br />

ação efetiva e aos patamares éticos ambientais,<br />

executando uma gestão de longo prazo e<br />

compromisso com os interesses da sociedade,<br />

além de atitude pró-ativa.<br />

– Seguidoras, pois não possuem um discurso,<br />

caracterizando a questão da sobrevivência mais<br />

do que a responsabilidade ambiental. Estão<br />

isoladas das discussões ecológicas, obedecendo,<br />

quando podem, aos órgãos de controle ou<br />

pressões ambientalistas.<br />

– Mentirosas, pois usam subterfúgios diversos<br />

para argumentar danos ambientais, como a<br />

defesa do emprego e da empresa nacional.<br />

Adotam estratégias de curto prazo, retratando<br />

os bens e serviços ambientais como meras<br />

mercadorias. Caracterizam-se por práticas de<br />

bloqueio às ações contrárias a esta postura,<br />

inclusive bancando pesquisas e minimizando os<br />

efeitos ecológicos decorrentes de suas<br />

atividades.<br />

A postura contraditória do anunciante pode se<br />

expressar de duas formas básicas: incoerência do<br />

discurso na própria peça publicitária ou entre o<br />

anúncio e outras manifestações da organização.<br />

No primeiro caso, o próprio texto ou a mensagem<br />

contém informações e significados que são<br />

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