Di.rio fim-de-semana 4876 : Plano 56 : 1 : P.gina 1 - Económico - Sapo

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40 Diário Económico Sábado 24 Abril 2010 DESTAQUE A GESTÃO DE JOSÉ MOURINHO Estratégias de Mourinho dão origem atesedeGestão Livro apresenta as estratégias de liderança de Mourinho, o treinador que, segundo o autor, motiva e gere as equipas como um todo. Mafalda de Avelar mafalda.avelar@economico.pt Recorda-se quando, em Maio de 2007, o Chelsea empatou com o Manchester United e perdeu assim o título inglês? José Mourinho, o Special One (denominação atribuída pelos jornalistas ingleses a Mourinho depois de o próprio ter afirmado que era especial por ter ganho a Taça UEFA e a Liga dos Campeões em anos consecutivos), acabara de perder o grande título após ter estado três anos à frente dos blues - um episódio que ninguém esperava ver. O que aconteceu com essa derrota? Os olhos, no final do jogo, estavam mais do que nunca postos no treinador português. Todos queriam saber como “o vencedor”, que agora perdera, iria reagir. Afinal falamos de Mourinho, o treinador que junta vitórias mas nem sempre simpatias. Isto devido ao seu estilo “intocável”, algo que o leva a ser considerado um convencido por muitos; um arrogante para outros tantos. Mas como reagiu Mourinho? A resposta, dada por Luís Lourenço (autor dos dois únicos livros oficiais do treinador) na sua nova obra intitulada “Mourinho – A Descoberta Guiada”, e à qual o Diário Económico teve acesso em primeira-mão, abre este livro. Diz Luís Lourenço que Mourinho reagiu como um verdadeiro líder. De uma forma muito descritiva, que aliás poderia ser facilmente adaptada a guião de cinema, Lourenço escreve, no primeiro capítulo deste livro (“O líder antecipa-se”) que “Na hora da derrota Mourinho mais não fez que voltar a reunir a sua tribo que perdeu, sim, mas de cabeça erguida e por isso mesmo merece todo o aplauso. É justamente esse o significado do seu gesto (a mão por debaixo do queixo a levantálo)” diz este mestre em Mourinho, que é amigo pessoal do treinador e que se dedica ao estudo da liderança deste guru das vitórias. Desenvolvendo o tema, o autor conclui ainda que essa derrota foi rapidamente transformada em motivaçã. Escreve Luís Lourenço que “O presente é apenas algo que constantemente já passou. O futuro é o que importa “ Opresente é apenas algo que constantemente já passou. O futuro é o que importa em cada momento presente e, como tal, vivido,eéaprojecção que fazemos desse futuro que faz de nós aquilo que somos. José Mourinho é, assim, um predador de vitórias, mas só daquelas que estão para vir. Por isso, por paradoxal que pareça, as vitórias, tanto quanto as derrotas, não chegam a interessar muito. O que conta é apenas o que ainda não se conseguiu.” IN LIVRO “Mourinho - A Descoberta Guiada” Luís Lourenço PrimeBooks, 174 páginas, 13,90 euros em cada momento presente e, comotal,vivido,eéaprojecção que fazemos desse futuro que faz de nós aquilo que somos. José Mourinho é, assim, um predador de vitórias mas só daquelas que estão para vir”. Fazendo um paralelo comportamental entre esta derrota, que levou à motivação, e a histórica vitória do Benfica em Junho de 2005 (quando ao fim de 11 anos o Benfica ganhou o título de campeão nacional) que levou as águiasàdispersãoeàderrota frente ao Vitória de Setúbal na Taça de Portugal, retira o autor o primeiro ensinamento de gestão, que se prende com a boa liderança. Tivemos a resposta “de um grande campeão e, acima de tudo, de um grande líder”, que partilha as vitórias com a equipa, onde ninguém é considerado “galáctico”. Todos são estrelas do universo Mourinho, que quer esteja em Portugal, Inglaterra ou Itália demonstra capacidades de gestão de equipa, muito semelhantes à gestão que levam à vitória em qualquer campeonato - seja ele desportivo ou económico (ver ao lado). E se existem poucos fenómenos mundiais que levem as massaspopularesaorubro,o futebolé um deles. Talvez por isso considere este Doutorando em Ciências Económicas e Empresariais tão pertinente estudar o fenómeno Mourinho, o homem que goza de carácter de figura mediática global, o “líder influenciador de massas”, o “007 da Samsung”, o homem da American Express, que está “um passo à frente” e o senhor que arrasta multidões. Com o estudo da gestão em mente, confessa o autor que“O que aqui se pretende”é “o transfer de um certo “Mourinho´s way” para o mundo organizacional em geral. Dividida em seis capítulos, esta obra apresenta o Paradigma da complexidade, as Teorias sobre liderança aplicadas ao trabalho de Mourinho, a Inteligência Emocional, a Contextual e as Equipas. Um bom guia para quem quer entender como ser um bom líder e que leva o leitor a concluir que ter a bola na mão não chega. É preciso saber geri-la! ■ Reuters Photographer / Reuters Instruções aos portistas antes do prolongamento na final da Taça UEFA (3-2 com o Celtic). Giampiero Sposito / Reuters Sorridente depois da conquista do título italiano pelo Inter na época passada. Livro contou com a participação de Mourinho e de “A gestão de uma equipa de futebol e a gestão de uma empresa/organização não é muito diferente. No global, os pressupostos são os mesmos: 1) Motivação e liderança; 2) Definição de estratégia e alinhamento de objectivos; 3) Potenciar o trabalho de equipaparaaobtençãodeelevado rendimento; 4) Colocar o interesse da equipa (o todo) acima de interesses individuais (as partes).” In “Mourinho, a Descoberta Guiada” de Luís Lourenço “De facto, acredito que a liderança, ou a falta dela, tem sido uma das razões fundamentaisparaaausência de ambição e de capacidade de realização no nosso país. Triste fado? Onde estão os portugueses que ousaram descobrir e liderar novos mundos? Este é um tema fulcral para o nosso país. Somos confrontados sistematicamente com afirmações sobre os portugueses fora de Portugal – são óptimos, excelentes trabalhadores, eficazes e produtivos, muitas vezes até grandes empreendedores–edepoistaiscaracterísticas não sobressaem, salvo algumas excepções, no nosso país. Será que não temos capacidade de ser e desenvolver bons líderes e moldar o nosso futuro?”, Isabel Vaz, Presidente Espírito Santo Saúde in Prefácio “Lembro-me, por exemplo, a primeira vez que fomos a Barcelona jogar para a Liga dos Campeões, na época de 2004/05. Foi a primeira mão e ainda tínhamos de disputar o segundo jogo em Inglaterra, em nossa casa. Nesse jogo eu levei um cartão vermelho e considero que o árbitro não esteve bem. No final Mourinho foi particularmente duro com o árbitro e fez-lhe muitas críticas. Depois da conferência de imprensa, ele voltou para o balneário e dissenos que falou para os jornalistas e falou muito mal do árbitro. Depois disse-nos: «E vocês vão ver, lá em Stamford Bridge vamos ter o Colina a apitar o jogo (Pierluigi Colina considerado ainda hoje como o melhor árbitro do mundo de todos os tempos). Vocês vão ver, é certo.» E quem foi o árbitro em Inglaterra? Pode ir ver: Colina! Amazing!!! Didier Drogba, internacional da Costa do Marfim e jogador de Mourinho no Chelsea, em Março de 2010 em entrevista publicada neste livro.
PONTOS-CHAVE Como Mourinho pensa que é visto pelos outros: “A nível mundial, abrangendo outro tipo de culturas e não apenas pessoas do futebol, acho que me vêem mais como líder, como gestor de recursos humanos, alguém que consegue retirar um bom rendimento das pessoas que comigo trabalham, alguém que consegue atingir resultados numa determinada área – neste caso o futebol – mas que poderia atingir resultados numa outra qualquer área, tendo em conta as minhas características de liderança. Relativamente ao mundo do futebol, se perguntarmos, hoje, à grande maioria dos jogadores que comigo trabalharam, quais os momentos que eles guardam de mim, que momentos os marcaram mais, eu acredito que, mais do que eles responderem que foi esta ou aquela substituição no jogo tal, ou que na vitória X foi a decisão Y, mais que qualquer aspecto técnico das minhas decisões, o que verdadeiramente os marcou, o que mais lhes ficou na memória foram as características da minha personalidade, se quisermos, as características da minha liderança, a forma como liderei o grupo, enfim, a forma como os marquei em termos hu- Tese de Mestrado sobre a liderança de José Mourinho deu origem a livro sobre liderança, motivação e superação. Um manual que ensina a formar e gerir equipas de sucesso. manos. É isto que eu acho, sem ter feito, nunca, esse tipo de pergunta a alguém, nomeadamente, a algum jogador com quem já tenha trabalhado no passado.” É de Matilde, a mulher de Mourinho, a história que se segue e que nos ajuda a compreender o comprometimento do treinador com o seu trabalho, mesmo quando está supostamente fora dele. “(…) Depois dos jogos nas Antas vamos, geralmente, os dois jantar fora. No início do jantar começa por me perguntar como foi o meu dia e o dia dos miúdos. A meio do jantar já está a falar de futebol e na sobremesa pega num pedaço de papel e começa a fazer a equipa e a escrever a táctica para o jogo seguinte. Ele é assim e não à «volta» a dar-lhe. Vai ser sempre assim…” Sobre o relacionamento de Mourinho com os jogadores: “Nós sempre o vimos como um homem normal, não um superhomem. Contudo, também o víamos com grande admiração. Aceitávamo-lo incondicionalmente “O Mhghghk Luís ( Lourenço) df df gdjkfhg foi a pessoa sdfhglkhsdlfjgh que até hoje sdjfgh mais e melhor sjdfh g estudou hsdfkjgho meu trabalho enquanto ksdfjgsjdfhkgjh líder”, sdfjkgh diz Joséksjdfh Mourinho gkj shdfkjgh sobre sdjkfhgk o autor jsdhfkgjh desta skdfjgobra. sdfg. Reuters Photographer / Reuters O gesto é elucidativo: a Taça dos Campeões que ganhou pelo FC Portoem2004frente ao Mónaco (3-0). Em Inglaterra foi bicampeão com o Chelsea de Abramovich. alguns dos mais carismáticos jogadores liderados pelo “Special One”. Leia os testemunhos. comoonossolíder. Nós sentíamos que ele tinha algo de diferente, com admiração. Não sei se pelo discurso se pela imagem que passava, se calhar pelos dois factores, mas fundamentalmente pelo trunfo muito importante que ele tinha e tem: as decisões que tomava, no fundo, a sua capacidade decisória, em que tudo batia certo... “ Jorge Costa “O que mais me marcou era o controlo psicológico que ele tinha sobre todos os jogadores. Ele sabia, exactamente, como tinha de agir com cada um dos jogadores. Sabia, também, que por vezes tinha de ser duro com um ou com outro e tinha a exacta noção de como isso se iria reflectir no próprio jogo. Sabia, ainda, como indirectamente podia dar algum «poder» ao jogador para discutir consigo a táctica do jogo, mas sem perder autoridade, e ao mesmo tempo elevando a moral do futebolista em causa porque sabia que, pelas suas características de personalidade, Livro Mhghghk será lançado df df gdjkfhg na próxima sdfhglkhsdlfjgh quinta-feira, 29 desdjfgh Abril, um dia sjdfh depoisg do hsdfkjgh confronto entre o Inter de Milão ksdfjgsjdfhkgjh de Mourinho e o Barcelona. sdfjkgh ksjdfh O vencedor gkj estará shdfkjgh na finalsdjkfhgk da Liga dos Campeões, dia jsdhfkgjh 22 de Maio, skdfjg no Estádio sdfg. Santiago Bernabéu. Dylan Martinez / Reuters Alessandro Garofalo / Reuters Sempre interventivo na vitória (3-1) do Inter sobre o Barcelona. o jogador precisava de um estímulo dessa natureza. Então, o que eu achava fantástico era esse controlo, essa percepção de saber até onde poderia ir com um qualquer jogador e como, por isso, poderia retirar dele o seu rendimento máximo. E não estou a falar em termos técnicos ou tácticos, mas sim em termos psicológicos. Nesse campo ele sabia exactamente como tirar o melhor de cada um.” Deco “Ele é perfeitamente focalizado na vitória, viciado diria mesmo. Neste aspecto ele é bastante claro nos seus objectivos e não deixa dúvidas a ninguém acerca da única coisa que pretende: vencer. E para o conseguir a mensagem de confiança que ele nos transmite é bastante poderosa. Por isso, para além desta confiança que ele nos transmitia nós sentíamo-nos os melhores jogadores do mundo. Poderíamos não sê-lo, mas no nosso íntimo era isso que sentíamos.” Vítor Baía Sábado 24 Abril 2010 Diário Económico 41 Cronologia de José Mourinho 2008-2009 Vencedor da Supertaça de Itália Campeão italiano 2007-2008 Recorde de 66 jogos consecutivos em casa na Premier League sem perder 2006-2007 Vencedor da Taça de Inglaterra; VencedordaTaçadaLigaInglesa Semifinalista da Liga dos Campeões 2005-2006 Campeão Inglês (1º lugar Premier League); Vencedor da Supertaça Inglesa; Treinador do ano pelo site da UEFA; Melhor treinador do mundo pela IFFHS 2004-2005 Campeão Inglês (1º lugar Premier League); Vencedor da Taça da Liga Inglesa; Semifinalista da Liga dos Campeões; Treinador do ano pelo site da UEFA; Melhor treinador do mundo pela IFFHS 2003-2004 Vencedor da Liga dos Campeões Campeão Português (1º lugar Superliga); Vencedor da Supertaça de Portugal 2002-2003 Vencedor da Taça UEFA; Campeão Português (1º lugar Superliga); Vencedor da Taça de Portugal Treinador Principal: 2000/01 Benfica (2 meses) 2001/02 União de Leiria (6 meses) 2001/02 FC Porto (Janeiro….) 2002/03 FC Porto 2003/04 FC Porto 2004/05 Chelsea 2005/06 Chelsea 2006/07 Chelsea 2007/08 Chelsea (2 meses) 2008/09 Inter de Milão 2009 Inter de Milão Antes de ser Treinador Principal: ● Treinador dos juniores do Vitória de Setúbal; ● Estrela da Amadora, Adjunto de Manuel Fernandes; ● Sporting, Adjunto de Bobby Robson; ● FC Porto, Adjunto de Bobby Robson; ● Barcelona, Adjunto de Bobby Robson; ● Barcelona, Adjunto de Louis van Gaal
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