Di.rio fim-de-semana 4876 : Plano 56 : 1 : P.gina 1 - Económico - Sapo
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umas, e outras que se sugerem. Quando foram<br />
os ais que por ali se <strong>de</strong>ram. Sete, claro.<br />
O resto da história vem nos livros. E isto enquanto<br />
se está na espreguiça<strong>de</strong>ira, <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong> ter passado pela sala on<strong>de</strong> se serve o lanche<br />
e ter “roubado” uma queijada para o<br />
caminho. A rua continua a chamar porque<br />
o famoso f<strong>rio</strong>zinho <strong>de</strong> Sintra teima em não<br />
se fazer sentir apesar do adiantado da hora.<br />
Sete e meia <strong>de</strong> um sábado <strong>de</strong> Abril com jantar<br />
agendado para o restaurante do hotel.<br />
Não há relógio mas adivinha-se que ainda<br />
há tempo para uma volta pelo jardim. Cheira<br />
a Verão, já tem barulho <strong>de</strong> verão antes do<br />
tal lusco-fusco. E abre-se uma janela, <strong>de</strong><br />
alguém que assumiu aquele palácio como<br />
seu e se instala na varanda como em casa.<br />
Quanto custa o luxo? Varia consoante<br />
a disponibilida<strong>de</strong> do hotel. Por esta altura<br />
um quarto duplo fica por 270 euros e a<br />
suite custa 395 euros. Há vidas mais baratas,<br />
mas...<br />
O MEU MUNDO<br />
Tyler Brûlé<br />
Como sobreviver<br />
a uma vida sempre a voar<br />
A caixa <strong>de</strong> correio <strong>de</strong>sta coluna está<br />
sempre cheia <strong>de</strong> surpresas. Está geralmente<br />
no seu melhor às terças-feiras, altura em que<br />
as mensagens electrónicas começam a chover<br />
e quando os leitores começam a enviar<br />
as notas que foram tirando ao sábado, dia em<br />
que esta coluna é publicada e o meu assistente,<br />
Alex, começa a abrir as cartas que<br />
acabaram <strong>de</strong> chegar.<br />
Ele gosta <strong>de</strong> começar pelas cartas com<br />
carimbo <strong>de</strong> uma prisão ou com o en<strong>de</strong>reço<br />
escrito com letra <strong>de</strong> criança. No meio <strong>de</strong><br />
perguntas sobre restaurantes e hotéis em<br />
Quioto, a correspondência <strong>de</strong>sta <strong>semana</strong><br />
continha também perguntas pedindo<br />
soluções para vencer o jet lag e como<br />
sobreviver aos voos <strong>de</strong> longo curso.<br />
No início pensei que a chuva <strong>de</strong> perguntas<br />
tinha que ver com o facto <strong>de</strong> termos muita<br />
gente em férias escolares mas, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ler<br />
algumas cartas dos leitores, percebi que a<br />
economia estava a recuperar, uma vez que<br />
eram muitos os leitores que afirmavam<br />
que as suas companhias estavam<br />
a levantar a proibição <strong>de</strong> voar e que<br />
estavam a fazer-se <strong>de</strong> novo à pista.<br />
Decidi que respon<strong>de</strong>ria a todos quando<br />
estivesse bem instalado no meu voo para Hong<br />
Kong no final <strong>de</strong>sse dia. Mas não foi isso que<br />
aconteceu, pois o sono <strong>de</strong>u conta <strong>de</strong> mim e<br />
acor<strong>de</strong>i ao som das vozes com sotaque<br />
australiano da tripulação da Cathay<br />
Pacific que nos comunicava que faltavam<br />
30 minutos para aterrar.<br />
Adiei a respostas aos leitores para quarta-feira<br />
à noite mas voltei a falhar quando o jantar<br />
que <strong>de</strong>i na Upper House foi transferido<br />
para o bar e <strong>de</strong>pois para o meu quarto.<br />
Quando me apercebi já era manhã e<br />
estava a correr na passa<strong>de</strong>ira do ginásio<br />
e sem tempo para escrever.<br />
Ainda cheguei a consi<strong>de</strong>rar a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> escrever um carta genérica mas<br />
rapidamente pus <strong>de</strong> lado essa i<strong>de</strong>ia, uma<br />
vez que nunca fizera tal coisa e <strong>de</strong>cidi que<br />
talvez fizesse mais sentido emitir um aviso<br />
para todos aqueles leitores que estavam<br />
<strong>de</strong> volta aos aviões. Eis aqui, por or<strong>de</strong>m<br />
aleatória, a resposta a algumas das<br />
perguntas mais frequentes:<br />
1. Há dois anos que não viajo em classe<br />
executiva. Qual a companhia que me<br />
aconselha?<br />
Muita coisa mudou nos últimos dois anos<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a última vez que voou em classe<br />
executiva. Algumas transportadoras<br />
<strong>de</strong>rraparam verda<strong>de</strong>iramente quando o<br />
número <strong>de</strong> passageiros começou a cair e os<br />
seus directores <strong>de</strong>sviaram o olhar da bola.<br />
Mas outros houve que souberam melhorar<br />
as coisas. A classe executiva <strong>de</strong> longa<br />
distância da Finnair melhorou bastante agora<br />
que se livrou dos velhos aparelhos MD-11 e<br />
introduziu assentos diferentes no seu novo<br />
A330. A ANA continua a ser a minha<br />
transportadora favorita no Japão. Ainda não<br />
tive a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> experimentar nenhum<br />
dos seus serviços a bordo, mas os assentos <strong>de</strong><br />
primeira classe da Cathay surpreen<strong>de</strong>ram-me<br />
na terça-feira à noite.<br />
Outlook | Sábado, 24.4.2010 | 25<br />
2. Parece correr mundo escrevendo para esta<br />
coluna. Qual o seu regime quando está a voar?<br />
Não escrevo só para esta a coluna mas<br />
também para os meus dois projectos.<br />
Caso não tenha lido a minha última coluna <strong>de</strong><br />
Perguntas e Respostas, sou seu próp<strong>rio</strong> quem<br />
financia as viagens para esta pá<strong>gina</strong> – não<br />
aceito ofertas, upgra<strong>de</strong>s, viagens <strong>de</strong> imprensa.<br />
O meu regime a bordo ten<strong>de</strong> a variar muito,<br />
mas muito planeamento prévio para garantir<br />
que entro na cabine num estado <strong>de</strong> relativa<br />
serenida<strong>de</strong>. Para po<strong>de</strong>r passar mais<br />
rapidamente na segurança tenho alguns<br />
truques – não usar cinto, calçar sapatos<br />
<strong>de</strong> luva e levar dois sacos <strong>de</strong> mão para po<strong>de</strong>r<br />
retirar mais facilmente o estojo <strong>de</strong> toilette<br />
(há cerca <strong>de</strong> um ano que uso um da Muji e<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> então nunca mais ninguém me pediu<br />
para colocar os líquidos num saco vedado)<br />
e o computador. Quando estou a bordo,<br />
só preciso <strong>de</strong> dois copos <strong>de</strong> vinho, a minha<br />
écharpe, que mais parece um cobertor,<br />
ver<strong>de</strong> azeitona da Comme <strong>de</strong>s Garçons e, se<br />
possível, uma almofada <strong>de</strong> penas (a ANA t<br />
em as melhores almofadas) <strong>de</strong> modo a garantir<br />
que vou dormir durante oito horas. Tento não<br />
comer e quando o faço, mais não como do que<br />
uma sopa ou uma salada. Quando me estou a<br />
aproximar do meu <strong>de</strong>stino, esfrego a cara<br />
com toalhetes húmidos para o rosto da<br />
Gatsby (disponíveis em qualquer loja <strong>de</strong><br />
conveniência japonesa) para retirar as<br />
marcas da almofada e os papos <strong>de</strong> urso.<br />
3. Qual a companhia com<br />
melhor classe económica?<br />
Passo.<br />
4. Como é que lida com o jet lag?<br />
Dormir o máximo possível durante o voo e<br />
fazermo-nos à vida mal aterramos.<br />
Não fale do voo longo que teve com os seus<br />
colegas e amigos, uma vez que é aborrecido<br />
e toda a gente sabe quanto dura um voo<br />
<strong>de</strong>sses e os fusos horá<strong>rio</strong>s que se atravessam.<br />
O melhor é mesmo ignorar isso e seguir em<br />
frente. Uma boa sessão no ginásio ajuda-o<br />
a dissipar um pouco essa sensação <strong>de</strong> estar<br />
meio zonzo. Dormir no táxi é também uma<br />
boa solução quando vamos e vimos <strong>de</strong> uma<br />
reunião.Eomaisimportanteéquese<br />
acordar duas horas antes da hora pretendida,<br />
não volte a dormir. Vai ficar com<br />
uma terrível ressaca <strong>de</strong> sono horas mais tar<strong>de</strong>.<br />
5. Como vão as coisas com a mala-trolley<br />
que comprou?<br />
Já vou ma minha terceira viagem<br />
com esta mala e até agora tudo bem<br />
– a mala da Rimowa já está bem rodada.<br />
Nesta viagem vou ter que fazer o check-in da<br />
mala, uma vez que ou passar por Hong Kong,<br />
Taipei, Ho Chi Minh City, Seul e Tóquio<br />
numa viagem que durará 11 dias, mas tenho<br />
uma saco <strong>de</strong> back up (<strong>de</strong> nylon preto<br />
da Tokyo Hands) que coloco no meu saco.<br />
Contém calções, duas camisas e uma T-shirt<br />
para o caso <strong>de</strong> a mala que <strong>de</strong>spachei se per<strong>de</strong>r.<br />
Tyler Brûlé é director da revista Monocle<br />
Exclusivo Financial Times<br />
Tradução <strong>de</strong> Carlos Tomé Sousa