12.04.2013 Views

Di.rio fim-de-semana 4876 : Plano 56 : 1 : P.gina 1 - Económico - Sapo

Di.rio fim-de-semana 4876 : Plano 56 : 1 : P.gina 1 - Económico - Sapo

Di.rio fim-de-semana 4876 : Plano 56 : 1 : P.gina 1 - Económico - Sapo

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

22 | Outlook | Sábado, 24.4.2010<br />

BEST OF<br />

Ver, ser visto<br />

e comer bem<br />

Fica em pleno Chiado um dos mais<br />

requisitados restaurantes <strong>de</strong> Lisboa.<br />

Chefe famoso, <strong>de</strong>sign com assinatura<br />

<strong>de</strong> prestígio. Tudo com boa comida<br />

Que não se vá ao engano. Não obstante ter um dos mais<br />

prestigiados Chefes portugueses e <strong>de</strong> se comer bem, o<br />

Largo não é um restaurante gastronómico, mas um lugar<br />

‘trendy’ com boa comida. Confusos? Explico. Num restaurantegastronómicoacozinhaéopratoprincipaletudoàvolta<strong>de</strong>verácontribuirparaavalorizar.Numrestaurante‘trendy’,ou<strong>de</strong>tendências,oespaçoeoambiente<br />

são tão ou mais importantes<br />

do que a comida e os três vectores trabalham para o todo.<br />

Este aviso é sobretudo para quem esperava que o regresso do Chefe<br />

Miguel Castro Silva às li<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um restaurante <strong>de</strong> topo fosse para um espaço<br />

gastronómico. No entanto as características da sua cozinha <strong>de</strong><br />

base tradicional portuguesa, com influência <strong>de</strong> outras proveniências,<br />

apresentadas <strong>de</strong> forma cuidada mantêm-se neste lugar cosmopolita<br />

com a assinatura <strong>de</strong> outro Miguel, Câncio Martins, autor do <strong>de</strong>sign <strong>de</strong><br />

inte<strong>rio</strong>res <strong>de</strong> espaços como o Buddha bar, ou o Bar Fly, em Paris).<br />

Mal se entra no Largo apercebemo-nos que estamos num ambiente<br />

cosmopolita, sofisticado, mas informal. O espaço está bem dividido<br />

e parece menor do que na realida<strong>de</strong> é (mais <strong>de</strong> 100 lugares). A <strong>de</strong>coração<br />

arrojada, on<strong>de</strong> predominam o branco, o ver<strong>de</strong>eopreto,não<br />

será consensual. No entanto há um pormenor (neste caso, um ‘pormaior’)<br />

que é já marca <strong>de</strong>ste sítio: os enormes aquá<strong>rio</strong>s, embutidos na<br />

pare<strong>de</strong> central, habitados por <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> medusas que ao movimentarem-se<br />

geram um efeito harmonioso.<br />

As mesas, bem compostas, são espaçosas e asseguram uma distância<br />

confortável entre comensais. Já as ca<strong>de</strong>iras são <strong>de</strong>masiado fundas, incómodas<br />

na zona lombar e pesadas, o que torna um suplício a movimentação<br />

(o facto <strong>de</strong> rodarem apenas atenua o esse <strong>de</strong>sconforto).<br />

O menu não sendo extenso tem muito <strong>de</strong> interessante para escolher.<br />

No couvert (3€), tostas (algumas, moles), broa <strong>de</strong> mistura, pão <strong>de</strong><br />

cereais (banal, daquele que se encontra num vulgar supermercado),<br />

manteiga e, valha-nos, um boa pasta <strong>de</strong> tomate e azeitonas. Nas entradas,ocreme<strong>de</strong>coentros(9€)estavacremosoeosabor<br />

<strong>de</strong>sta erva aromática,<br />

domado, o que acabou por contrastar bem com o sabor forte<br />

do cubos <strong>de</strong> queijo <strong>de</strong> cabra. O t<strong>rio</strong> <strong>de</strong> peixes (15€) era composto por<br />

um bem apaladado tártaro <strong>de</strong> salmão com pepino; fatias <strong>de</strong> robalo,<br />

como num ‘crudo’ à italiana, com flor <strong>de</strong> sal e azeite; e atum braseado<br />

que <strong>de</strong>ixou algo a <strong>de</strong>sejar <strong>de</strong>vido à sua textura <strong>de</strong>masiado mole. Nos<br />

pratos principais, tivemos Miguel Castro Silva no seu melhor. O bacalhau<br />

<strong>de</strong> cura portuguesa a 80º (21€) foi um prato notável: produto <strong>de</strong><br />

óptima qualida<strong>de</strong>, bem trabalhado (ao pressionar o lombo as lascas <strong>de</strong><br />

carne firme soltavam-se facilmente) e <strong>de</strong> sabor intenso a revelar boa<br />

cura. A ajudar à festa, umas migas <strong>de</strong> poejos e hortelã da ribeira muito<br />

bem feitas, com o sabor amentolado <strong>de</strong>stas aromáticas a aportar frescura<br />

ao conjunto. Como se não bastasse, o prato seguinte, o carré <strong>de</strong><br />

borrego (22.5€), ainda esteve melhor. Na versão apresentada, mais<br />

rústica, a peça praticamente não foi aparada, ao contrá<strong>rio</strong> do que fazem<br />

os franceses, e parece ter sido assada sem a habitual crosta <strong>de</strong> ervas.<br />

Ao separar as costeletas o rosado da carne <strong>de</strong>nunciava o bom ponto<br />

<strong>de</strong> cocção. A acompanhar, legumes salteados on<strong>de</strong>, entre pimentos,<br />

cebola e courgete, se realçava o sabor do bolbo <strong>de</strong> funcho. E a valorizar<br />

o conjunto, um molho feito a partir <strong>de</strong> um fundo <strong>de</strong> carne e <strong>de</strong> uma redução<br />

<strong>de</strong> vinhos, tinto e Porto. De 1 a 20:19,5 valores.<br />

Com as sobremesas o entusiasmo <strong>de</strong>sceu uns furos, proporcional<br />

ao ritmo e aos <strong>de</strong>cibéis da música ambiente que iam aumentando.<br />

Não é que o pudim <strong>de</strong> mel, o requeijão batido e o doce <strong>de</strong> abóbora, ou<br />

atarte<strong>de</strong>mascarponeeageleia<strong>de</strong>frutosvermelhos,fossemmaus,<br />

apenas se mostraram <strong>de</strong>masiado sób<strong>rio</strong>s para um palato a<strong>de</strong>pto <strong>de</strong><br />

doces mais intensos (que os havia).<br />

Em relação aos vinhos a carta é <strong>de</strong>masiado curta para o restaurante.<br />

No entanto os preços são razoáveis e há opções a copo.Bebeu-se um<br />

brancoeumtinto,ambosCARM,loteMiguelCastroSilva,boaopçãoem<br />

termos <strong>de</strong> preço/qualida<strong>de</strong> (19.5€, a garrafa ; 5.5€, a copo).<br />

Nota final para o serviço que foi afável, discreto e competente.<br />

Não sei se foi da boa disposição que a refeição proporcionou, mas fomos<br />

ficando à conversa, afundados na ca<strong>de</strong>ira, rodopiando discretamente<br />

ao som da música, enquanto o pé ia marcando o ritmo. Vantagens<br />

<strong>de</strong> um restaurante ‘trendy’. MIGUEL PIRES<br />

http://mesamarcada.blogs.sapo.pt — http://almatepida.wordpress.com/<br />

DR<br />

O LARGO<br />

–<br />

Preço da refeição <strong>de</strong>scrita com uma água e dois cafés:<br />

123€ (2 pessoas).<br />

–<br />

Contactos: Rua Serpa Pinto, Nº10, Chiado – Lisboa;<br />

–<br />

Tel.: 21 347 72 25; www.largo.pt

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!