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Revista dependências - Novembro 2007

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que vale a pena responder aos novos desafios,<br />

para se dar um salto qualitativo acrescido nas<br />

respostas e na globalidade dos treze concelhos<br />

que integram o CRI do Oeste.<br />

Dep – Partindo do diagnóstico realizado no<br />

âmbito do PORI, que prioridades destacaria<br />

em termos de intervenção neste território?<br />

N.C. – Após a realização do diagnóstico relativo<br />

ao território do Oeste, foram seleccionados os<br />

concelhos de Peniche e de Caldas da Rainha como<br />

áreas de intervenção prioritária. Começarse-á,<br />

entretanto, pela cidade de Peniche, cuja<br />

realidade do que se passa nos locais identificados<br />

de tráfico e de consumo de substâncias<br />

psicoactivas é bastante bem conhecida. Tudo<br />

isto decorre do importante trabalho que tem<br />

vindo a ser desenvolvido pela Equipa de Rua,<br />

em estreita parceria com o CAT, actual Equipa<br />

de Tratamento de Peniche, ao nível da redução<br />

de comportamentos de risco, troca de seringas<br />

e apoio individualizado no âmbito psicossocial<br />

e de saúde.<br />

Dep – Está a ser desenvolvido um plano de acção?<br />

N.C. – Está, com base no diagnóstico realizado,<br />

pois é fundamental que haja um investimento<br />

continuado numa intervenção mais focalizada,<br />

com metodologias selectivas e cujo alvo sejam<br />

os grupos populacionais vulneráveis que evidenciem<br />

comportamentos de risco associados<br />

ao uso ou abuso de substâncias psicoactivas e<br />

a doenças infecto-contagiosas, mas também<br />

precariedade associada ao desemprego e a<br />

meios sócio-económicos desfavorecidos. Os<br />

próprios CRI vão justamente funcionar no espírito<br />

do PORI, isto é, com áreas de missão interdependentes<br />

para que se possa optimizar as<br />

sinergias disponíveis nos seus respectivos territórios.<br />

Dep – Como referiu, e face à reestruturação do<br />

IDT, a intervenção em alcoologia passa a ser<br />

uma nova valência…<br />

N.C. – Já está gradualmente a sê-lo…<br />

Dep – Como está a decorrer a integração com<br />

a equipa do CRAS?<br />

N.C. – A formação em alcoologia que tem vindo<br />

a ser proporcionada aos técnicos do CRI do<br />

Oeste, pela Unidade de Alcoologia da Delegação<br />

Regional de Lisboa e Vale do Tejo do IDT,<br />

constitui um contributo importante. Por um lado,<br />

é decisiva a aprendizagem de competências<br />

relativas à prestação de cuidados ao nível<br />

dos problemas ligados ao álcool – por exemplo,<br />

no diagnóstico de situações de síndrome<br />

de abuso e de síndrome de dependência do álcool,<br />

no conhecimento dos seus trajectos evolutivos<br />

e nas respectivas metodologias de intervenção.<br />

Por outro lado, para além da resposta<br />

ao nível do internamento na Unidade de Alcoologia<br />

de pessoas acompanhadas no CRI do<br />

Oeste com síndrome de dependência do álcool,<br />

estes encontros formativos também geram<br />

pontes inter-institucionais, as quais são sempre<br />

fecundas na construção do apoio e retaguarda<br />

do trabalho que, em regime de ambulatório, as<br />

Equipas de Tratamento desenvolvem.<br />

Dep – O advento dos CRI corresponde à criação<br />

das respostas de que o país precisava face<br />

às novas realidades e perfis de consumos que<br />

vão emergindo?<br />

N.C. – Respondo-lhe a partir do título da intervenção<br />

que vou, daqui a pouco, fazer no encer-<br />

O CRI Oeste<br />

Paulo Seabra<br />

Dependências na Região Oeste | Dependências | 17<br />

Na sequência dos recentes estatutos do IDT, I.P. – em Maio último – é criado o Centro de<br />

Respostas Integradas para a área territorial do Oeste. Este Centro integra três Equipas de<br />

Tratamento sedeadas em Caldas da Rainha, Peniche e Torres Vedras, e abrange os concelhos<br />

de Alenquer, Alcobaça, Arruda dos Vinhos, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha,<br />

Lourinhã, Mafra, Nazaré, Óbidos, Peniche, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras.<br />

O CRI do Oeste dá resposta à população residente nestes 13 concelhos, a qual, de acordo<br />

com o Censos de 2001, é constituída por 392 mil 370 habitantes, dispersos por uma área<br />

geográfica de 2 mil 511 Km2 que compreende 138 freguesias.<br />

O CRI do Oeste é dirigido pelo Dr. Nuno Cotralha e integra a seguinte equipa de coordenadores:<br />

Dr. Luís Fonseca – Coordenador da área do Tratamento do CRI e das Equipas de Tratamento<br />

de Peniche e das Caldas da Rainha; Dr. Rui Negrão – Coordenador da Equipa de<br />

Tratamento de Torres Vedras; Dra. Paula Andrade – Coordenadora da área da Prevenção<br />

do CRI; Enf. Paulo Seabra – Coordenador da área da Redução de Riscos e Minimização de<br />

Danos do CRI; e Dra. Conceição Rodrigues – Coordenadora da área da Reinserção Social<br />

do CRI.<br />

Dep – Ao nível da redução de riscos, os dispositivos existentes<br />

são os necessários ou os possíveis?<br />

Paulo Seabra (P.S.) – A esse nível, os mecanismos existentes<br />

são os que foram possíveis até ao momento e que estão a ser<br />

reavaliados. Estamos a pensar na melhor forma de, com os<br />

existentes, aumentar o seu raio de acção e capacidade de resposta<br />

e, concerteza, estamos a pensar também em novas respostas<br />

a nível da nossa área de intervenção.<br />

Dep – Quantas equipas de rua existem?<br />

P.S. – No âmbito do CRI temos uma equipa de rua que já intervinha<br />

no concelho de Peniche. Funciona apenas na cidade<br />

de Peniche, tratando-se de uma equipa que trabalhava articuladamente<br />

com o antigo CAT local e que desenvolve um trabalho<br />

de proximidade numa zona com muitos problemas de<br />

toxicodependência e exclusão social. Em Torres Vedras, temos<br />

um programa de redução de riscos e minimização de danos a<br />

funcionar há dois anos e que já era gerido pela equipa do CAT.<br />

Dep – Que programas estão a ser implementados no terreno?<br />

P.S. – É realizada a troca de seringas, o programa de substituição com metadona de baixo limiar, isto<br />

para além da tentativa de reorganização e motivação para a modificação de hábitos e práticas e<br />

comportamentos de risco.<br />

ramento deste Encontro: «Pés na terra, olhar<br />

no futuro, bom senso e paciência – para tudo,<br />

o mais possível!». A realidade actual do nosso<br />

país é a que todos nós conhecemos. Estou optimista<br />

com a possibilidade efectiva das equipas<br />

das unidades de intervenção local poderem<br />

no seu terreno – que melhor do que ninguém<br />

conhecem –, integrar respostas transversais<br />

e complementares às várias áreas de missão.<br />

Tudo isto também propiciará, julgo eu, a incrementação<br />

de boas respostas de proximidade à<br />

população, através de parcerias com decisores<br />

e entidades locais – o que me parece inevitável<br />

vir a acontecer pela considerável área geográfica<br />

do CRI do Oeste. Todavia, é muito im-<br />

portante que os técnicos das Equipas de Tratamento<br />

recebam continuada formação e supervisão<br />

do trabalho que desenvolvem nas áreas<br />

das toxico<strong>dependências</strong> e do álcool, com particular<br />

enfoque nos consumos das novas substâncias<br />

psicoactivas e nas características desses<br />

mesmos consumidores. Por fim, deixo uma<br />

nota relativa ao investimento nos profissionais:<br />

é fundamental que os técnicos que têm um saber<br />

feito de experiência ao longo de vários anos,<br />

possam, futuramente, continuar a integrar as<br />

Equipas de Tratamento para que estas se estabilizem<br />

e se consolidem. De outro modo, julgo<br />

que não é possível pensar numa boa qualidade<br />

de resposta institucional.

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