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Revista dependências - Novembro 2007

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8 | Dependências | Reunião científica internacional sobre salas de consumo<br />

Nasceu a Rede Internacional<br />

de Salas de Consumo<br />

Salas de consumo de drogas: experiências e novos desafios foi o tema da primeira<br />

reinião científica internacional, organizada pelos Médicos do Mundo Munduko Medikuak<br />

que atraiu à cidade basca de Bilbao responsáveis de salas de consumo assistido e<br />

técnicos da área da redução de riscos.<br />

A participação portuguesa fez-se representar por António Caspurro,<br />

da Arrimo, que apresentou uma perspectiva cronológica sobre a intervenção<br />

em Portugal em matéria de redução de riscos, seguida de<br />

uma caso prático, demonstrativo da necessidade da implementação<br />

deste tipo de dispositivos num contexto específico: o Bairro São<br />

João de Deus, no Porto, onde actua a equipa de rua da Arrimo. Na<br />

reunião marcou ainda presença uma delegação da equipa do GiruGaia,<br />

composta por Marta Pinto e Susana Peixoto. Os temas desenvolvidos<br />

ao longo do dia foram organizados em várias mesas<br />

de trabalho. A saber: Situação sócio-sanitária asociada ao consumo<br />

de drogas ilegais: uma visão global, estatal e autonómica; Salas<br />

de consumo: experiências e futuro; Desde o aprendido, criação de<br />

salas de consumo em novos contextos; Novas estratégias de actuação:<br />

programas de administração de heroína; e, finalmente, a mesa<br />

constituinte da Rede Internacional de Salas de Consumo.<br />

Numa altura em que as salas de consumo assistido já demonstraram,<br />

com base em estudos, monitorizações e avaliações, constituir<br />

uma estratégia eficaz e eficiente na redução de riscos e minimização<br />

de danos associados ao consumo de drogas ilícitas em diferentes<br />

países, esta reunião nasceu como uma proposta dirigida à incrementação<br />

do fluxo de conhecimento científico gerado neste tipo de<br />

recursos e afirmou-se como um primeiro passo para a constituição<br />

de uma rede internacional que compreenda a actividade coordenada<br />

e trabalho em conjunto entre os dispositivos existentes, destinados<br />

a ampliar as possibilidades de intervenção noutros contextos<br />

de necessidades.<br />

Dependências esteve em Bilbao e conversou com alguns responsáveis<br />

de salas de consumo<br />

José Julio Pardo, responsável pela sala de Bilbao<br />

“Como é sabido, no próximo mês, a sala de<br />

consumo de Bilbao cumprirá quatro anos de<br />

existência e, durante este tempo pensámos<br />

que seria muito conveniente e necessária a<br />

criação de uma rede internacional de salas de<br />

consumo para que, juntos, trabalhemos com<br />

uma maior transmissão de inquietudes, de<br />

problemas e de respostas aos mesmos. Acerca<br />

destes últimos quatro anos, devo realçar<br />

que, inicialmente, a sala abriu apenas com a<br />

valência do consumo por via injectada e, posteriormente,<br />

começou a consumir-se também<br />

por via snifada. Há aproximadamente um ano,<br />

acrescentamos a via inalada. Com esta última,<br />

lográmos chegar a uma série de pessoas e etnias<br />

que não vinham até nós. Durante este ano,<br />

chegámos a um número considerável com<br />

mais de 1800 processos. O número de seringas<br />

dispensadas cifrou-se nas 218 mil 998, 78<br />

mil 836 das quais foram utilizadas em consumos<br />

dentro da própria sala. Quanto aos consumos<br />

realizados na sala, registámos um total de<br />

96 mil 387, 59 mil 227 dos quais se procederam<br />

por via injectada. Por via inalada registaram-se<br />

27 mil 435 consumos e por via snifada<br />

1827. Aparte o consumo, também se realizam<br />

oficinas de trabalho na sala. Recentemente realizámos<br />

uma exposição de pintura com os<br />

trabalhos realizados nessa oficina. As pessoas<br />

que trabalham na sala realizaram 11 mil 286<br />

intervenções sócio-educativas e mais de 1500<br />

intervenções específicas acerca de práticas de<br />

consumo de menor risco. Realizaram-se mais<br />

de 300 oficinas de trabalho, com uma média<br />

de participação na ordem dos oito utentes por<br />

oficina. O que pretendemos é reduzir os riscos<br />

e danos produzidos a nível sanitário e social na<br />

pessoa que utiliza drogas mas também reduzir<br />

os riscos e danos a nível comunitário derivados<br />

destes consumos. Detectámos que 83,5<br />

por cento dos utentes são homens e 16,5 por<br />

cento são mulheres e constatámos que a percentagem<br />

de mulheres consumidoras cresce<br />

na sala de inalado. Também se verifica uma diferença<br />

entre o consumo endovenoso e o inalado<br />

relativamente à substância consumida: pela<br />

primeira, o que mais se consome é cocaína,<br />

seguida de heroína e da mistura de ambas. Por<br />

via inalada, o que mais se consome é heroína,<br />

depois cocaína e, por fim, a mescla”.

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