Revista dependências - Novembro 2007
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26 | Dependências | IV Jornadas da Juventude de Lousada: um evento para os jovens desenhado com os jovens<br />
Concelho mais jovem da União Europeia<br />
constrói o futuro integra(n)do<br />
A Câmara de Lousada promoveu, no passado<br />
dia 9, as IV Jornadas da Juventude. Paralelamente,<br />
à noite decorreu o II Festival da Juventude.<br />
A iniciativa teve o condão de demonstrar<br />
uma vez mais a dinâmica e sentido pragmático<br />
da autarquia de Lousada que, numa<br />
sessão em que se discutiam assuntos muito<br />
sérios, logrou organizar um tipo de seminário<br />
interactivo, com mesas constituídas por profissionais<br />
que, de uma forma ou de outra se<br />
encontram directamente ligados, em diversas<br />
vertentes, ao presente e futuro dos jovens portugueses.<br />
Jovens esses que estiveram mesmo<br />
no centro da discussão mas, desta feita, tomando<br />
parte activa na mesma. Para além da<br />
presença de um presidente de associação de<br />
estudantes de uma escola local, foi congratulante<br />
e inusitada a participação de estudantes<br />
lousadenses que se envolveram de forma<br />
muito activa na discussão das questões que<br />
mais os apoquentam e propuseram mesmo<br />
soluções à plêiade de oradores “adultos”. E<br />
foi muito agradável constatar que, durante toda<br />
a tarde, e em período lectivo, os jovens se<br />
revezavam entre entradas e saídas do auditório<br />
e a escola que frequentam. A sala, essa,<br />
manteve-se sempre cheia: de jovens, de emoções,<br />
inquietações e irreverências muito bem<br />
expostas, como tão bem caracteriza uma nova<br />
geração ainda mais informada dos seus direitos<br />
e que encontra no município de Lousada<br />
um palco quase perfeito em termos de<br />
meios, estruturas, alternativas de lazer, educação,<br />
desporto e cultura e os mais diversos<br />
apoios conjugados numa verdadeira rede social<br />
para a concretização de um plano de vida.<br />
Políticos, desde o Secretário de Estado da Juventude<br />
e do Desporto, Laurentino Dias, Jorge<br />
Magalhães e Cristina Moreira da autarquia de<br />
Lousada, a Governadora Civil do Porto, Isabel<br />
Oneto, representantes da DREN, do Instituto<br />
de Segurança Social do Porto, do IPJ, do IE-<br />
FP, da Escola Superior de Educação do Porto<br />
e ainda da revista Dependências interagiram<br />
com crianças e jovens lousadenses sob o tema<br />
“Acordar para as oportunidades”.<br />
Os trabalhos começaram com sessões de informação<br />
acerca do programa Novas Oportunidades<br />
e da campanha municipal “Escola<br />
para todos e para sempre”, tendo sido divulgados<br />
os serviços disponibilizados pela autarquia<br />
na área da juventude.<br />
A tarde iniciou-se com uma actuação dos alunos<br />
do Conservatório do vale do Sousa, seguindo-se<br />
a assinatura de um protocolo entre<br />
a Câmara de Lousada e a Universidade do<br />
Porto respeitante à Universidade Júnior, a que<br />
a autarquia tem aderido desde há dois anos.<br />
Os trabalhos foram moderados pela Vereadora<br />
do pelouro da Juventude, Dra. Cristina<br />
Moreira. A primeira intervenção relativa<br />
ao tema “A escola como espaço de<br />
promoção do sucesso educativo” esteve<br />
a cargo do Prof. Doutor Luís Rothes, da<br />
Escola Superior de Educação do Porto.<br />
Um outro tema em debate foi “O IPJ como uma<br />
oportunidade”, apresentado por Victor Dias,<br />
Delegado do Instituto Português da Juventude<br />
da Região Norte. A mesa foi ainda constituída<br />
por Vasco Campos, presidente da Associação<br />
de Estudantes, António Leite, Director Regional<br />
Adjunto da Educação do Norte, Pedro Machado,<br />
Vice-Presidente da Câmara Municipal<br />
de Lousada e António Teixeira Marques, Vice-<br />
Reitor da Universidade do Porto.<br />
Seguiu-se um animado debate, com os jovens<br />
a colocarem pertinentes questões, nomeadamente<br />
no que respeita a aspectos relacionados<br />
com as oportunidades profissionais e<br />
a premência da concretização de um percurso<br />
académico superior. O modelo de escola<br />
actual, no que concerne a conteúdos programáticos<br />
e cargas horárias, a necessidades especiais<br />
evidenciadas por alguns formandos,<br />
à criação de um estatuto do estudante foram<br />
questões evidenciadas pelos jovens.<br />
Na mesa seguinte, Serafim Queirós, técnico<br />
dos apoios sócio-educativos da DREN, apresentou<br />
uma prelecção subordinada ao tema<br />
“Querer é Poder”. De forma entusiástica<br />
e muito bem-humorada, demonstrou a sua<br />
grande esperança nesta geração, evidenciando<br />
a força de vontade, o empreendedorismo,<br />
o tal “querer” como ferramenta para<br />
se alcançar os objectivos definidos, o tal “poder”.<br />
À tão propalada falta de oportunidades<br />
que assola os jovens aquando da transição<br />
da vida estudantil para a profissional, Serafim<br />
Queirós contrapôs a emergência de novos<br />
recursos à disposição da juventude, a maior<br />
acessibilidade relativamente ao saber, a cada<br />
vez mais visível igualdade de oportunidades,<br />
mesmo em relação aos cidadãos portadores<br />
de deficiência. Relativamente à forte<br />
competitividade que os afecta diariamente,<br />
Serafim Queirós aconselhou os jovens rumo<br />
à diferenciação ou especialização, ou seja, a<br />
encontrarem factores que os distingam pela<br />
positiva de outros, aquilo para que realmente<br />
dispõem de aptidões inatas ou não e que<br />
poderão aperfeiçoar ainda mais no sentido de<br />
obterem vantagens competitivas numa sociedade<br />
cada vez mais exigente. Sérgio Oliveira,<br />
da revista Dependências socorreu-se da apresentação<br />
de uma história real: a de um menino<br />
pobre, desestruturado familiarmente, com<br />
níveis de concentração baixos na escola provenientes<br />
de uma baixa auto-estima e num estado<br />
depressivo face ao estado de saúde da<br />
mãe. Esse mesmo menino, na altura descriminado<br />
socialmente quer na escola – até pela<br />
sua professora - quer nos grupos de amigos<br />
da mesma idade, porque não vestia bem nem<br />
participava activamente nas aulas, tinha, no<br />
entanto, um dom: o “poder” da aprendizagem<br />
e a vontade de vencer. Quando, afinal, a professora<br />
constatou que o tal menino não fazia<br />
corresponder as suas baixas expectativas às<br />
excelentes notas obtidas nos exames, começou<br />
a vê-lo de outra forma e a tentar ajudá-lo.<br />
Uma história que se traduziria num final feliz,<br />
com contornos de romancismo, que serviu<br />
para, no final, demonstrar algumas desigualdades<br />
e descriminações que podem constituir<br />
factores de risco para futuros desvios<br />
comportamentais. Sérgio Oliveira fez ainda<br />
um périplo pelas <strong>dependências</strong> sem substâncias<br />
psicoactivas para demonstrar que, afinal,<br />
os estímulos externos vivenciados diariamente<br />
pelos jovens, mas também pelos adultos,<br />
deverão ser muito bem filtrados e tratados em<br />
família sob pena de nos tornarmos dependen-