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Revista dependências - Novembro 2007

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32 | Dependências | Distrital do PS Porto visita Casa de Vila Nova e exige saber o que a autarquia pretende fazer<br />

“A Câmara do Porto não se pode<br />

demitir das suas responsabilidades”<br />

Dep – Que motivos o levaram a visitar este<br />

dispositivo e a reunir com os responsáveis<br />

pela Delegação Regional do Norte do IDT?<br />

F.A. - Tivemos uma reunião de trabalho com a<br />

Direcção Regional do IDT na passada semana<br />

e acordámos realizar uma visita a este centro,<br />

justamente para tomarmos conhecimento in<br />

loco da situação. Mas a questão fundamental<br />

que se coloca é a seguinte: amanhã há reunião<br />

da Câmara Municipal do Porto e tenciono<br />

colocar uma questão que consiste em saber<br />

como pretende a Câmara Municipal assumir<br />

as suas responsabilidades na questão do combate<br />

à toxicodependência. Como é sabido, a<br />

CM Porto decidiu, unilateralmente, romper<br />

o contrato que esteve na base do Programa<br />

Porto Feliz. Estavam em curso negociações<br />

com o IDT, que tinha apresentado uma série<br />

de propostas à CMP, essas propostas foram<br />

inicialmente aceites pelos técnicos do Programa<br />

Porto Feliz e, mais tarde, por decisão<br />

política da Câmara e, creio eu, do Presidente<br />

da Câmara, romperam unilateralmente todo<br />

esse processo negocial. A Câmara está pois,<br />

sem qualquer projecto ou programa a este<br />

nível para a cidade. É preciso que o Dr. Rui<br />

Rio diga ao executivo e à cidade o que pretende<br />

fazer. Qual é a sua orientação, qual é o<br />

seu projecto, qual é a forma como a Câmara<br />

pretende assumir as suas responsabilidades<br />

neste processo. É inaceitável que se vitimize<br />

e demita das suas responsabilidades. Face<br />

a esta polémica em torno do Porto Feliz, vou<br />

também propor ao Dr. Rui Rio que aceite a realização<br />

de uma auditoria externa ao Programa.<br />

Nunca se fez uma auditoria externa a este<br />

programa que tinha um cunho experimental e<br />

é preciso saber o que correu bem e o que correu<br />

mal. A par disso, também me pareceria<br />

interessante que fosse possível contrapor publicamente<br />

os argumentos dos responsáveis<br />

pelo Programa Porto Feliz com os argumentos<br />

do IDT. Eu falei com o IDT nestes últimos<br />

dois dias e verifiquei que os argumentos que<br />

apresenta são muito sérios e rigorosos. Em<br />

primeiro lugar, é preciso que qualquer programa<br />

municipal esteja integrado num programa<br />

mais genérico de tratamento do fenómeno da<br />

toxicodependência, o que não acontecia com<br />

o Porto Feliz. Era um programa relativamente<br />

exterior ao conjunto de programas a levar<br />

a cabo sob a superintendência do IDT neste<br />

âmbito. E se há área em que as coisas só têm<br />

sucesso a prazo se forem tratadas de forma<br />

integrada, é precisamente esta. Depois, há<br />

um outro argumento, não de somenos importância,<br />

que tem a ver com os custos. O Estado<br />

português não está em condições de estar a<br />

financiar exageradamente um determinado<br />

programa tendo como consequência um sub<br />

financiamento de outros. Os cidadãos são todos<br />

iguais. E o custo do Programa Porto Feliz<br />

era muito elevado, o que até se poderia compreender,<br />

durante algum tempo, admitindo<br />

que o Programa tinha um cunho experimental<br />

mas que não pode ser percebido como um<br />

custo permanente estrutural.<br />

Propomos, em primeiro lugar, que a CMP retome,<br />

de imediato, o diálogo com o IDT. Questionei<br />

os responsáveis do IDT sobre o que se<br />

faz nas outras câmaras da Área Metropolitana<br />

do Porto de Matosinhos, Gaia e Gondomar,<br />

três câmaras com orientações políticas diversas<br />

e a resposta que obtive foi no sentido<br />

da existência de um trabalho em articulação<br />

com o IDT, envolvendo as várias associações e<br />

IPSS que estão a trabalhar neste sector e que<br />

as coisas correm bem. É isso que a CMP tem<br />

que fazer. Aliás, em relação à questão da auditoria<br />

externa, é caso para perguntar por que<br />

é que o Dr. Rui Rio, que está sempre a falar<br />

em rigor e transparência, tem tanto medo da<br />

realização de uma auditoria externa ao Porto<br />

Feliz. Tem medo que se divulguem os custos<br />

reais do Programa? Tem medo que se faça<br />

uma avaliação rigorosa dos seus efeitos reais?<br />

O Dr. Rui Rio passa a vida a dizer que quase<br />

toda a Europa estava prestes a render-se a<br />

este Programa mas, na verdade, não conheço<br />

nenhuma cidade europeia que se tenha rendido<br />

ao Programa. E esta é a maioria municipal<br />

que conheço no País inteiro mais claramente<br />

vinculada à direita desde o ponto de vista do<br />

tratamento das questões sociais e culturais.<br />

Dep – Considera que o Dr. Rui Rio mentiu<br />

quando afirmou que o Programa foi avaliado<br />

por uma universidade do Porto?<br />

F.A. – O Programa foi avaliado por pessoas<br />

que nele participavam, as mesmas pessoas<br />

que tinham avaliado o programa anterior e<br />

tinham achado que o mesmo era excelente.<br />

Eu não ponho em causa a seriedade individual<br />

dessas pessoas mas é evidente que são pessoas<br />

envolvidas no processo e elas próprias<br />

deveriam ter tido o cuidado de não participar<br />

nessa avaliação, que está ferida de morte no<br />

que diz respeito à sua credibilidade, independentemente<br />

da qualidade profissional dessas<br />

pessoas.<br />

Dep – O Dr. Rui Rio insurgiu-se ainda contra<br />

o facto de a Associação Ares do Pinhal,<br />

sedeada em Lisboa, estar a receber fundos<br />

públicos e de ter existido um alegado favorecimento<br />

pelo facto de o Dr. Nuno Miguel<br />

presidir essa mesma instituição, sendo um<br />

quadro do IDT…<br />

F.A. – Isso é falso… E, aliás, eventuais erros<br />

que até fossem cometidos em Lisboa não deveriam<br />

servir nunca para explicar erros aqui<br />

no Porto. Além do mais, pelo que percebi, o<br />

número de utentes atendidos por essa associação<br />

em Lisboa é muitíssimo maior do que<br />

o número de utentes do Porto Feliz, tem um<br />

custo per capita muito inferior e essa associação<br />

trabalha em articulação e dentro das<br />

regras estabelecidas pelo IDT. Neste sector,<br />

havendo um programa que não trabalhe<br />

em articulação com outros projectos, tem<br />

consequências catastróficas do ponto de vista<br />

do tratamento efectivo da toxicodependência.<br />

E, se quisermos, também poderemos ir ver<br />

quem são as pessoas que trabalham no Porto<br />

Feliz e que ligações têm com a maioria municipal…<br />

mas essa não é uma discussão em

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