Editorial - Esaf - Ministério da Fazenda

Restauração
No Brasil de hoje, já no início do
século XXI, há maior consciência sobre o
valor e a necessidade da preservação de
nosso patrimônio, que abrange, de fato
e de direito, desde a Constituição de
1988, aspectos arqueológicos, paisagísticos,
históricos, artísticos e artesanais,
bem como saberes e manifestações do
povo brasileiro.
Desde 1986 teve início também a
preocupação com a conservação preventiva.
Em muitos cursos de arquitetura, museologia,
biblioteconomia e artes visuais
vêm sendo ministradas disciplinas que
iniciam os alunos no conhecimento do
patrimônio brasileiro e na sua conservação
e restauração. Na UFBA e na UFMG
existem atualmente dois mestrados e
dois doutorados que têm a Conservação
como uma de suas áreas de concentração.
Em 2008 começou a funcionar na
UFMG o primeiro curso de graduação
do país, em nível de bacharelado, em
Conservação e Restauração de Bens
Culturais Móveis.
Atualmente, os recursos financeiros e
de pessoal destinados à conservação e
(*) Beatriz Coelho
é conservadora e restauradora,
Professora Emérita da Escola de Belas-Artes da UFMG;
foi fundadora e primeira diretora do
Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais
Móveis da UFMG (Cecor).
Santa Ceia, de Manoel da Costa Ataíde, no
Colégio do Caraça, restaurada pelo Cecor
Mais consciência, poucos recursos
preservação do patrimônio continuam
escassos, embora ampliados com as atividades
cobertas pelas leis de incentivo
à Cultura, tanto no nível federal quanto
no estadual e municipal. A maior parte
dos trabalhos de conservação e restauração,
mesmo quando urgentes, depende
ainda do apoio de grandes empresas,
que, por sua vez, aprovam e liberam
recursos apenas quando se beneficiam
com as leis de incentivo, terminando,
desse modo, por estabelecer diretrizes e
políticas para a preservação.
O Iphan dispõe de número insignificante
de conservadores e restauradores
pata atender às necessidades de acompanhamento
e fiscalização dos trabalhos
que se realizam.
Entretanto, é preciso reconhecer que
os conceitos e as atividades de preservação
do patrimônio evoluíram muito
no Brasil, com formação adequada de
profissionais, culminando com a aprovação
pelo Senado, em 2008, da lei de
reconhecimento e de regulamentação da
profissão de conservador / restaurador
de bens culturais móveis.
CECO/Casa dos Contos - Maio de 2009 - 10