Editorial - Esaf - Ministério da Fazenda

História
14 - CECO/Casa dos Contos - Maio de 2009
Perseguidos na Europa
Em 1777, Francisco de Melo Franco,
brasileiro nascido em Paracatu, Minas
Gerais, em 17/09/1757, e estudante
de Filosofia e Medicina em Coimbra, foi
preso pelo Tribunal do Santo Ofício e
acusado de herege, naturalista, deísta,
blasfemo, apóstata, tolerante e dogmático
pelo fato de, juntamente com outros
colegas, alunos do Professor Domingos
Vandelli (líder maçom, amigo e mestre de
diversos estudantes brasileiros que passaram
por Coimbra), não seguir o preceito
de abstinência da quaresma, reunindo-se
alta noite em casas uns dos outros e, às
vezes, no Laboratório de Química
da Faculdade,
para comerem presuntos e lerem Rosseau
e outros autores considerados hereges.
Somente depois de cumprir quatro anos
de detenção em Rilhafoles, Francisco de
Melo Franco obteve licença para retomar
seus estudos, formando-se em medicina
em 1796.
Em 1791 outro mineiro foi alcançado
pelas malhas da Inquisição pelo cometimento
do “crime de maçonaria”. Foi o
Padre Francisco da Silva Queiroz e Vasconcellos,
natural de Mariana, com 44
anos, Clérigo Subdiácono e Cônego das
Sés de Guarda e Lisboa, mestre maçom
iniciado em Lisboa no ano anterior, que
passou a responder a processo perante
o Tribunal do Santo Ofício.
Em março de 1787 sabe-se que o
carioca José Joaquim da Maia, estudante
em Montpellier e emissário de negociantes
brasileiros na França, valendo-se do
pseudônimo (ou, mais provavelmente,
nome maçônico simbólico) Vendek,
conseguiu se corresponder e falar pessoalmente
com Thomas Jefferson, maçom
e então Ministro dos EUA na França, a
quem pediu apoio para a “revolução que
se pretendia fazer no Brasil”, movimento
que aqui ficaria conhecido como “Inconfidência
Mineira”.
Documento da Intendência de polícia de Portugal
comprova que quatro dos inconfidentes mineiros,
degredados para Angola e Moçambique, eram maçons