Editorial - Esaf - Ministério da Fazenda
Editorial - Esaf - Ministério da Fazenda
Editorial - Esaf - Ministério da Fazenda
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Crônica<br />
24 - CECO/Casa dos Contos - Maio de 2009<br />
Logo abaixo, na Farmácia acolhedora<br />
e amiga, junto a Síria e seus filhos,<br />
Castrinho manipulava as drogas do<br />
mundo para mostrar aos homens a arte<br />
de ser feliz. Em frente, na barbea ria, com<br />
o seu humor, Zeca contava histórias.<br />
Na curva fecha<strong>da</strong> <strong>da</strong> Rua Direita,<br />
o sobrado de Rafinha erguia-se como<br />
remanescente <strong>da</strong> antiga aristocracia<br />
comercial. No an<strong>da</strong>r térreo, a ven<strong>da</strong>,<br />
com as prateleiras onde se encontrava<br />
de tudo, desde os urinóis e as foices até<br />
a mais pura ren<strong>da</strong> francesa. No fim,<br />
na<strong>da</strong> restou, nem mesmo a casa senho-<br />
rial, destruí<strong>da</strong> mais pelo abandono dos<br />
homens do que pela força do tempo.<br />
Depois, o adro do Rosário, com sua<br />
rampa íngreme to<strong>da</strong> grama<strong>da</strong>, onde,<br />
em noites de luar, namorados procuravam<br />
a estrela cadente que realizaria,<br />
em segredo, to<strong>da</strong>s as aspirações de<br />
amor. Situado num outeiro, lá bem no<br />
alto, o adro nos enlevava e nos distanciava<br />
<strong>da</strong> baixa dimensão dos adultos.<br />
Dali, eu olhava o Rio <strong>da</strong>s Velhas, que<br />
já não existe mais, como já não existe<br />
a amorável ci<strong>da</strong>de dos meus sonhos<br />
de criança.<br />
Becos de ver<strong>da</strong>des inconfessáveis<br />
Vista parcial <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong>de, toma<strong>da</strong><br />
a partir do Adro<br />
do Rosário, com<br />
destaque para a<br />
Rua Direita<br />
A vi<strong>da</strong> não consegue apagar, no<br />
tempo, as visões <strong>da</strong> infância. Ca<strong>da</strong><br />
pedra do antigo calçamento é uma<br />
sau<strong>da</strong>de, dura e indestrutível como a<br />
própria pedra. O futebol no Largo –<br />
está aí o velho Tiá para não nos deixar<br />
mentir – Maurinho, Zezeu, Ubaldo,<br />
Felipe, Camilo, Marcelo, Antônio Tibúrcio,<br />
Cacique, Alonso, Aarão, Nozinho,<br />
Lula, Joca. Roberto Elísio e Marcinho<br />
mal saíram do cueiro. O brinquedo de<br />
“pegador” no adro do Rosário.<br />
O sino <strong>da</strong> Matriz, traduzindo, plangente,<br />
to<strong>da</strong> a alma sofri<strong>da</strong> de um povo<br />
à espera do na<strong>da</strong>. O “nego fugido” pelos<br />
becos <strong>da</strong>s ver<strong>da</strong>des inconfessáveis.<br />
A aventura arroja<strong>da</strong> de enfrentar o Rio<br />
<strong>da</strong>s Velhas, que engolia os homens e